Mestiça escrita por Tayná Milene


Capítulo 1
Capítulo 1 - Eu e os Lobos


Notas iniciais do capítulo

Essa foi a primeira fanfic que escrevi, havia postado ela faz alguns anos, mas este ano resolvi reescrevê-la para futuramente transformá-la em um livro com personagens autorais, ficarei muito grata a quem comentar o que está achando e no que eu poderia melhorar!



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EM UMA NOITE DE TEMPESTADE EM LA PUSH, UM HOMEM ANDAVA PELA RUA carregando uma cesta, dentro desta se encontrava uma linda menininha dormindo tranquilamente. Enquanto ele andava a chuva havia ficado mais forte e o vento balançava a copa das árvores com violência. 

O homem parou em frente à casa dos Blake, onde moram Billy, Sarah e suas duas filhas. Este seria o lugar perfeito para deixar a estranha menina. Ele colocou a cesta em frente a porta, tirou uma carta do bolso e colocou entre as cobertas da criança. 

Ele bateu na porta e saiu, se escondeu atrás de uma árvore próxima à casa, esperando que os donos achassem a criança. O que não tardou a acontecer, pois a bebê acordou e começou a chorar audivelmente. 

Dentro de casa Sarah estava preparando o jantar quando uma batida seguida de um choro lhe chama a atenção, ela vai até a sala, mas todos estavam bem, ouvindo o choro de novamente percebe que este vinha de fora de sua casa. Ela abre a porta e vê a garotinha deitada na pequena cesta. 

—Billy vem aqui! –grita ela. 

—O que foi querida? –pergunta ele e então vê a menina. 

Sarah pega a menininha no colo, o que a faz parar de chorar no mesmo instante, enquanto isso Billy vê uma carta entre as cobertas e a pega. 

—Querida tem uma carta! –diz ele. 

—E o que diz ai? –pergunta Sarah. 

—Só um minuto. –diz Billy e então começa a ler: 

''Os pais desta aberração estão mortos e eu não sou parente da menina, apenas testemunhei seu nascimento, sinto muito por deixar esse fardo na mão de vocês, mas como último desejo a mãe dela me pediu para deixar a bebê entre o povo Quileute, espero que vocês façam a coisa certa, se fosse por mim a menina já estaria morta .  

 A criança veio ao mundo dia 25 de Junho, matando sua mãe durante o parto. Eu aviso que ela não é uma criança normal, por isso sei que vocês têm meios de controlá-la mais tarde. A mãe dela se deitou com um demônio, um frio! A criança é uma mestiça! Provavelmente será uma bebedora de sangue! Vocês sabem o que lhe deve acontecer! 

Como meu dever, mas contra a minha vontade, devo avisar que Isabella (nome que sua mãe lhe deu) é herdeira de uma grande fortuna e se decidirem por criar este monstro, poderão acessar sua herança para auxiliar com os custos de sua criação, envio em anexo instruções para tal. Espero que escolham com sabedoria. 

Billy ficou visivelmente assustado, mas não falou nada, pois sua mulher não sabia do segredo que corria no sangue e nas lendas de seu povo. 

—Quem escreveu isso deve ser louco! Como uma menina tão linda pode ser filha de um demônio? –pergunta Sarah consternada. 

—O que vamos fazer com ela? –perguntou Billy. 

—Temos que cuidar dela! –disse Sarah. 

—Mas... –disse Billy, mas Sarah interrompeu. 

—Mas nada, ela foi deixada aqui e nós vamos tomar conta dela, ela é nossa responsabilidade agora! –disse Sarah irritada. 

—Certo então. –disse Billy derrotado. 

Sarah deu um beijo na bochecha de Billy e foi para dentro de casa com um sorriso de vitória, enquanto Billy ficou na varanda. 

—Quem é essa mãe? –Billy escutou Rebecca perguntar. 

—É sua nova irmãzinha. –disse Sarah e Billy revirou os olhos com a resposta da esposa. 

—Irmã? Como é o nome dela? –perguntou Rachel. 

—Isabella. 

—Ela é tão linda! –diz Rebecca. 

Billy então entrou em casa e fechou a porta. O homem que ainda espreitava entre as árvores vai então embora, com a esperança de que a criança seja contida ou eliminada. 

 

Uma semana depois... 

Billy esta reunido com os outros anciões da tribo para falar sobre Isabella, a menina que apareceu em frente à sua casa. 

—Então Billy, por que me pediu que reunisse o conselho? –pergunta Harry. 

—Bem eu tenho uma coisa a falar... –começou ele. 

—Ande Billy fale! –encoraja Sue. 

Billy se move até o centro do círculo e olha para todos. 

—Bem... Vocês já devem saber que uma menina foi deixada na porta de minha casa. –comenta Billy. 

—Sim sabemos, aqui é uma cidade pequena, as noticias correm rápido. –fala Quil. 

—Eu vou ler a carta que deixaram com ela. –diz Billy e então lê a carta. 

—Isso é impossível! Vampiros não podem ter filhos! –exclama Harry. 

—Quem escreveu isso não deve saber do que está falando! –resmunga Quil. 

—Me expliquem então como a criança cresceu tão rápido! –exclama Billy. 

—As crianças crescem rápido Billy. –acalma Sue. 

—Então como uma criança que parecia só dois meses de idade agora parece ter dois ou três anos? –grita Billy. 

—Então teremos fazer o que deve ser feito! –exclama Trévor. 

—Vocês devem estar loucos! Não podemos matar uma criança! –grita Sue, indignada. 

—Ela tem razão. –concorda Carli. 

—Então o que vamos fazer? –perguntou Harry. 

—Matá-la! - Trévor insiste. -Se ela é uma bebedora não temos outra opção! Querem esperar até que ela mate alguém? 

—Deve haver outra solução! - Billy exclama. 

—Acredito que ninguém aqui teria sangue frio o suficiente para matar uma garotinha. - fala Harry olhando nos olhos de cada um presente. 

—Vamos deixá-la aqui. –diz Sue. 

—Com quem? –perguntou Trévor. 

—Com Billy, aposto que Sarah já se apegou a menina... - começa Sue. 

A discussão continua acalorada, mas no fim todos entram em consenso, a menina seria deixada sob os cuidados de Billy e sob a vigilância constante de todos os membros do conselho, havendo qualquer passo em falso medidas necessárias seriam tomadas. 

 

 

Anos depois... 

Ponto de vista de Isabella 

Eu passei a tarde com Leah na praia, conversando sobre tudo e todos, adorava a sensação de normalidade que ela me passava. Apesar de sermos amigas, Leah não sabe de meu segredo e do conselho. Ao passar a tarde juntas, notei que o cheiro caracteristicamente humano de Leah havia mudado, sendo substituído pelo aroma animalesco ao qual eu estava mais habituada, uma verdade surpresa: Leah iria fazer parte da matilha e uma mulher nunca havia se transformado. 

Eu estava voltando da praia quando encontrei Jacob dormindo no colchão no chão de nossa casa. Era pra ele estar fazendo a ronda em nosso território. 

—Jacob acorda! Agora você tem que fazer a ronda! –eu grito irritada dando um chute nele. 

Eu sabia que meu chute não o machucaria, mas acordaria ele pelo menos, ele me olhou assustado e eu sentei no sofá. 

—Que hora é? –pergunta ele sonolento. 

—Hora de vocês fazerem a ronda da reserva, Collin, Paul e Embry devem estar putos com você! –eu digo. 

—Taaaa criatura irritante! Já to indo! –exaspera Jacob levantando-se e indo até a porta. 

Assim que ele sai eu ligo a TV e fico assistindo ao noticiário. Depois de uma hora e meia Billy chega em casa. 

—Oi Billy. –eu digo me levantando e indo abraçá-lo. –quer que eu prepare o jantar? 

—Oi Bella, se você quiser pode preparar. –disse Billy. 

—Ok. Pode ser peixe? –pergunto indo em direção à cozinha. 

—Pode sim. –disse ele sentando no sofá. 

Eu vou até a cozinha e tiro o peixe do freezer e coloco no microondas para descongelar, depois pego uma frigideira e coloco azeite. 

A nossa cozinha é pequena, com dois armários, uma pia, dois balcões, um fogão, uma mesa de quatro cadeiras e um microondas. 

—Billy você poderia reunir o conselho amanhã à noite? –pergunto. 

—Posso sim, algum motivo em especial? 

—Na verdade não, apenas rotina. -murmuro. 

—Certo então, vou avisar o pessoal. 

—Muito obrigada! 

—Jacob esta patrulhando? –pergunta Billy. 

—Sim. 

—Até que horário hoje? 

—Se ocorrer tudo bem antes das 10:00. 

—Hum... Você, Sam e Ted vão patrulhar depois deles? 

—Sim, infelizmente. -falo fazendo uma careta inconscientemente. 

—Infelizmente? 

—O Ted só está com agente há um mês e já teve um imprinting com a Lori, ele está insuportável, eu, Seth e o Sam não conseguimos mais aturar ele. –eu digo revirando os olhos. 

—Me lembre de agradecer o Ted por isso. –disse Billy dando uma gargalhada. 

—Billy, muito obrigada! –falo sarcástica e atiro um pano de louça nele brincando e ele acaba gargalhando ainda mais. -se você não parar vai ficar sem jantar. –eu digo sorrindo e ele para de rir na mesma hora. 

—Isabella não sabe brincar... –murmura Billy, mas eu consigo ouvi-lo. 

—Eu ouvi isso! –eu digo fingindo estar irritada. 

—E era pra ouvir mesmo. –diz ele rindo e eu não resisto e acabo rindo também. 

Acabo de fazer o jantar e coloco dois pratos na pequena mesa da cozinha. 

—Está pronto Billy! –anuncio me sentando. 

Logo Billy aparece e eu coloco alguns peixes no prato de Jacob e o guardo no microondas. Billy começa a comer e eu faço uma careta, o fazendo com que ele sorria. 

—Ficou bom? –pergunto retirando o prato quando ele acaba de comer. 

—Ótimo. –diz Billy e eu sorrio. –mas eu poderia ter feito melhor. –ele completa. 

Eu mostrei a língua pra ele assim como uma criança de seis anos, ele começa a rir novamente. 

—Muito adulto Bella. 

—O que posso fazer? Só tenho 20 anos. –brinco. 

Tudo bem, eu tenho a aparência de uma garota de 17 anos, mas na verdade tenho 20, é estranho, mas minha espécie chega à maturidade física com 7 anos e depois disso fica congelada na aparência que atingiu, sem jamais envelhecer.  

Billy vai novamente para a sala assistir TV, eu fico na cozinha e lavo a louça. Logo em seguida vou para a sala e vejo que Billy está sentando no nosso único sofá e o colchão do Jake ainda se encontra no chão, eu guardo o colchão e depois sento no chão encostando-me no sofá. 

—Billy, você se lembra da conversa que tivemos outro dia? –pergunto. 

—Qual? 

—Aquela que você me disse que eu deveria começar a ir á escola... 

—Sim, eu lembro. 

—Você disse que na reserva eu não poderia estudar porque eu não envelheço e as pessoas iriam começar a suspeitar... 

—Isso mesmo. –concorda Billy. 

—Que tal eu ir morar em Forks? É ao lado da reserva e eu posso continuar rondando com os garotos. 

—Parece ser uma boa ideia, pode aproveitar a casa que você já tem por lá, ela está pronta para morar já que você passa um tempo lá com os garotos sempre, certo? -pergunta Billy coçando o queixo. 

—Sim, Molly passa de tempos em tempos por lá para deixá-la limpa – digo. 

—Mas como você vai explicar que você mora sozinha? 

—Já tenho os documentos falsos de minha emancipação que Jenks conseguiu. -anuncio. 

—Então tudo bem, mas você pretende ir logo? –pergunta ele tristemente. 

—Eu ainda não sei... –eu murmurei. - mas acredito que nos próximos dias, já que as aulas já começaram a uma semana, se não perco muitos dias de aula... 

De repente uma reportagem no noticiário me chamou a atenção: 

O corpo de Guilhermino Dutan foi encontrado num beco em Seattle, apenas trê horas atrás, ele se encontrava com vários cortes profundos no pescoço e nem uma gota de sangue em suas veias. Com Guilhermino já se somam seis mortes com as mesmas características nessa região... –disse a repórter. 

—Acredito que esse tipo de assassinato conhecemos, certo? –pergunta Billy. 

—Ao que tudo indica são os frios. –eu digo e me levanto rapidamente. 

—Vá contar a Sam ligeiro! 

—Estou indo. –eu digo e saio correndo em direção à casa de Emily. 

A floresta passa como um vulto por mim, pulo troncos e pedras com enorme facilidade, eu adoro correr, sentir o vento passando rapidamente por meus cabelos é maravilhoso. 

A casa de Emily fica na parte mais afastada de La Push, perto da floresta. Não demorou muito e eu já estava lá, dei uma leve batida e abri a porta, me deparando com Emily na cozinha. 

Emily é da minha altura e bem bonita, tem olhos castanhos escuros, pele morena, um cabelo preto e grosso, mas o que mais chama a atenção é uma cicatriz que vem de sua testa até sua boca deixando um canto mais repuxado, mas isso não diminuí em nada sua beleza. 

A cicatriz foi causada por Sam, seu atual noivo, ele teve um imprinting com ela e os dois começaram a namorar, um dia eles estavam discutindo e Sam perdeu o controle a acabou se transformando, Emily estava perto demais e acabou sendo ferida, Sam se culpa até hoje por isso. 

—Emily onde está Sam? –pergunto. 

—Está na sala assistindo TV. 

—Obrigada. –eu digo e vou para a sala. 

A sala é pequena, tem dois sofás, uma TV, uma mesa de centro e uma janela na parede direita. Ela podia ser pequena, mas era muito limpa e arrumada. Sam estava sem camisa deitado no sofá que ficava na frente da TV. 

Sam é alto e forte, tem a pele avermelhada, cabelo curto e mal cortado (assim como todos os garotos), seus olhos são castanho-escuros e ele é o alfa. 

—Sam, precisamos conversar. –eu digo remexendo minhas mãos ansiosamente. 

—Sobre...? –pergunta ele. 

—Venha comigo. –eu digo indicando a porta. 

Ele se levanta e anda comigo até fora de casa. Eu paro quando estávamos próximos a floresta, longe o suficiente para Emily não ouvir, não quero deixá-la preocupada. 

—O que ouve Bella? –pergunta Sam com tom de preocupação. 

—Você viu o noticiário? –pergunto. 

—Não, por quê? 

—Bem, várias mortes estão acontecendo e todos os corpos são encontrados com ferimentos no pescoço, eu acho que um frio está fazendo isso. 

—Onde foi encontrado o último corpo? 

—Em um beco de Seattle quase no limite da cidade, faz apenas três horas, acredito que consigo farejar. –eu falo. 

—Então temos que avisar os outros. Vamos! –diz ele correndo para dentro da floresta. 

Corri pra lá também e em alguns segundos alcanço Sam, que agora se encontra na forma de um lobo gigante de pelos castanhos escuros. Eu conectei a minha mente com a de Sam e com a dos outros garotos que estavam na forma de lobo. 

“Precisamos conversar, venham aqui, é urgente” — pensa Sam. 

“Estamos indo” – pensaram Jacob e Seth ao mesmo tempo. 

Bella, você acha que eles podem vir pra La Push?”— pergunta Sam por pensamento. 

“Eu não sei, mas tenho um pressentimento que sim, estavam perto da fronteira, melhor não arriscarmos e acabarmos com isso logo!” — eu penso. 

Os lobisomens, quando se transformam, podem se comunicar pela mente, tudo o que um pensa os outros podem ouvir. Eu tenho o poder de conectar a minha mente com a das pessoas, mas quando eu conecto a minha, eles apenas podem ouvir os pensamentos que quero que ousam. 

“Eles quem?”— pergunta Seth. 

“Alguns frios” – Sam responde. 

“Quer dizer que vamos ter um pouco de ação por aqui?” – pensa Seth animado. 

“Não, isso quer dizer que os humanos estão em perigo” – eu penso um pouco irritada com sua imaturidade. 

“Eu concordo, isso não é diversão, é perigo” – pensa Sam. 

“Seth você vai ter uma pequena surpresa na próxima semana” – eu penso rindo lembrando de Leah. 

Seth é irmão de Leah e a odeia, simplesmente os dois não se suportam e então Seth irá ficar muito bravo por Leah se transformar também, pois isso mesmo sendo o mais novo ele pensava que sempre teria só para si. Sam, antes de se transformar, era namorado de Leah, mas depois sofreu um imprinting com Emily, prima de Leah, e teve que deixá-la. 

“Como assim Bella?” — pensa Jacob se referindo a surpresa. 

“Amanhã conversamos sobre isso” – eu digo agora um pouco desanimada. 

“O que ouve maninha?” – Jacob pergunta carinhoso. 

“Amanhã vocês saberão, mas Sam, você não vai gostar nem um pouco do que vai acontecer” – penso um pouco incomodada. 

“Fala logo” – Seth como sempre impaciente. 

“Só o que eu posso dizer é que vamos ter mais uma pessoa na matilha” – eu penso. 

Então Jacob e Seth chegaram. Os pelos de Seth são cor areia e ele é bem mais baixo que Sam. Jacob é o segundo no comando, assim como eu, ele é da mesma altura que Sam e seus pelos são marrons avermelhados. 

“Os frios estão atacando pessoas em Seattle” – pensa Sam. 

“Tem certeza?” – pensa Jacob. 

“Quase...” – eu penso. 

“Quase?” – Seth pensou. 

“Billy também acha que são os frios” – eu comunico. 

“Passou no noticiário que os corpos são encontrados com cortes no pescoço” – Sam informa. 

“Ao total são seis mortos e ninguém tinha sequer uma gota de sangue nas veias” — eu penso. 

“Ao que tudo indica são os frios, mas temos que ter certeza!” – Jacob pensa preocupado. 

“Eu posso ir a Seattle e ver se consigo localizar o cheiro e ver quantos são, se faz apenas três horas que encontraram o corpo o cheiro ainda deve estar bem forte.” – eu penso. 

“Eu acho que é uma ótima ideia.” – Sam pensa. 

“Eu não acho, e se eles te virem? Se eles te atacarem?” — Pergunta Jacob preocupado. 

“Eu sei me cuidar.” – eu penso irritada. 

“Todos sabem que você sabe se cuidar, mas... sozinha?” — Jacob pensou. 

“Pare de ser infantil Jacob!” – eu exaspero. 

“Eu não sou infantil!” – Jacob pensou irritado. 

“É verdade, o Seth é que é a única criança aqui.” – eu pensei rindo. 

“Hei! Eu não sou criança!” – pensou Seth indigando. 

“Está decidido, Isabella vai a Seattle sozinha” – pensou Sam autoritário interrompendo nossa discussão. 

“Hei! Tem uma reunião e vocês não me chamaram?” – perguntou Ted por pensamento. 

Eu e Sam bufamos ao mesmo tempo e depois vi Ted aparecendo na forma de lobo. Ele era menor que Seth, tinha pelos acobreados e era o mais irritante de todos. 

Sam mandou os garotos embora e foi comigo até o limite de La Push. 

“Estou indo” – pensei e ele assentiu. 

“Se encontrá-los tente trazer eles para o nosso território” – pensou Sam. 

“Pode deixar” – eu pensei. 

“Tome cuidado” – pensou Sam. 

“Eu sempre tomo” – eu ri em pensamento e desconectei nossas mentes. 

Eu corri pelas florestas de Forks até chegar a Seattle, lá andei pelas ruas procurando o beco que passou no noticiário. Sem muita dificuldade o encontrei e o cheiro de vampiros era evidente no local, e o pior, não apenas de um, consegui distinguir o cheiro de três frios! 

Segui o cheiro até a floresta e ele apenas ficava mais forte, coloquei meu escudo para impedir que eles me ouvissem quando cheguei perto do local, lá haviam quatro vampiros conversando. Assim que pus meus olhos neles flashes de momentos passaram em minha mente, conversas e nomes distorcidos. Consegui distinguir seus nomes dentre os flashes de imagens que me acometiam: James, Victória, Laurent e Juan. 

Victória era um palmo mais alta que eu, tinha os cabelos cacheados e ruivos que vinham até a metade de suas costas, tinha os olhos vermelhos como sangue e parecia irritada. James era um pouco mais alto que Victória, tinha os cabelos loiros compridos presos em um rabo de cavalo, os olhos vermelhos. Juan também era loiro, tinha os cabelos curtos e era do mesmo tamanho de James. Laurent era negro, tinha os cabelos compridos presos à sua costa, ele era um pouco mais alto que Juan e os olhos também eram de um vermelho vívido. 

Todos eram pálidos feito giz e possuiam olheiras profundas pretas sobre os olhos. Eles pareciam estar discutindo. 

—Quer dizer que existem outros vampiros em Forks? –perguntou Laurent. 

—Sim, eles não chegaram a me ver, mas eu fiquei sabendo que são vegetarianos. –falou James com uma careta. 

—Interessante, vamos falar com eles um dia, mas não agora, talvez na próxima semana, sempre quis saber como era essa dieta vegetariana. –falou Laurent pensativo. 

—Você está louco? E se eles nos atacarem por caçarmos em seu território?! –perguntou Juan gritando. 

—Chega vocês dois! Vamos decidir depois se vamos falar com eles!! –gritou Victória. –eu vou caçar agora, ainda estou faminta, o lanchinho que compartilhamos antes não serviu pra quase nada. 

Eu não podia deixar ela ir, caçar significava mais mortes, e eu não poderia deixá-los matar mais ninguém, estando em nosso território ou não. Tirei o meu escudo e andei até que eles pudessem me ver. 

—Vocês vão sair de minhas terras! –eu falei em posição de ataque. 

—Vejam só, temos aqui uma humana corajosa! –exclamou Laurent curioso. 

—De humana eu só tenho a aparência. –falei ameaçadoramente. 

—Ela acha que é alguma coisa! –falou Victoria gargalhando. -parece que não vou precisar ir muito longe... 

—Um bom joguinho... –falou James se aproximando um pouco. -posso quebrar esse seu pescocinho delicado com tanta facilidade 

—Ela é minha!- falou Juan, tomando a dianteira. 

—Então venha me pegar! –falei o desafiando. 

—Ora, ora, ela acha que pode contra mim! – falou Juan rindo. 

—Eu não acho, eu tenho certeza. –falei rindo. 

Ele então pulou em cima de mim, suas mãos na direção de meu percoço, mas não chega a me tocar, pois peguei seu braço e o joguei pra longe. Sabendo que consegui a atenção do grupo, comecei a correr em direção a La Push. Os quatro me seguiam, visivelmente espantados e curiosos com minha força e velocidade, mas eu era rápida demais para eles me alcançarem.  

Sam me aguarda nos limites da cidade, com toda a matilha atrás de si, uma emboscada preparada. Assim que entro em nosso território paro e me viro para os vampiros. Eles param a minha frente e eu sorrio prevendo a ação que irá acontecer. Com um sinal de cabeça faço os lobos saltarem das sombras da floresta. Jacob pegou Juan rapidamente, o jogou pra mim, ele tenta me alcançar, mas é em vão, me esquivo à todas as investidas, consigo segurar seu braço por tempo suficiente para mais um de meus dons entrar em ação e então ele cai inconsciente a meus pés. Volto a olhar para os lobos. 

Haviam três lobos na frente de Victória, encurralando-a contra a encosta de uma montanha. Laurent já havia fugido sem olhar para trás e James havia acabado de jogar Embry contra uma árvore, Jared então se posiciona na frente de James, mas este, muito esperto e rápido, consegue fugir. 

Vejo que Juan já estava voltando a consciência então vou até ele e mordo seu pescoço arrancando sua cabeça, seu corpo cai aos meus pés e jogo sua cabeça no chão. 

Nesse meio tempo Sam havia dado uma mordida em Victória, mas essa conseguiu fugir ao jogar um lobo contra o outro. Sem muito o que fazer, faço uma fogueira e jogo as partes do corpo de Juan ali, elas queimaram rapidamente. 

—Alguns de nós não estão preparados para um ataque de vampiros. –falou Sam já na forma humana e vestido. 

—O problema é que não podemos matá-los no lado dos frios do tratado, se pudéssemos ir atrás deles agora conseguiríamos pegá-los. –falou Jacob saindo de trás das árvores. 

—É verdade, nós deveríamos poder segui-los e matá-los, mas temos o tratado. –falou Paul. 

—Da próxima vez eu tento trazê-los mais pra dentro dos limites. –falei e fui até Embry, que estava na forma humana e já vestido. 

Dou uma examinada em seu corpo, alguns locais já tem marcas arroxeadas, o dano não foi tão grande quando parecia ao vê-lo. 

—O que eu quebrei desta vez? –perguntou Embry triste. 

—Duas costelas e seu braço; Vamos até minha casa e eu irei colocar os ossos no lugar.- falei e ele fez uma careta. – o que foi? 

—Odeio pessoas cuidando de mim. –murmurou ele e eu ri. 

Só estavam aqui Sam, Jacob, Paul, Embry, Jared, Dean e Quil. Então supus que Seth, Ted e Will ficaram para proteger os humanos. 

—Eu, Jacob e Paul vamos fazer a ronda até o sol nascer. –falou Sam. –os outros podem ir pra casa. 

—Vem Embry! Você vem Jake? –perguntei. 

—Sim, vamos. –ele disse. 

Eu, Embry e Jacob começamos a caminhar calmamente em direção a casa, Embry foi gemendo de dor quase todo o percurso, mas se recusava a ser auxiliado. Depois de um tempo em silêncio comecei a olhar a lua cheia por entre as folhas das árvores, a noite estava clara e as estrelas salpicavam o céu. 

—Eu vou me curar logo? –perguntou Embry. 

—Provavelmente se você não mexer muito suas costelas e seu braço por um dia e você vai estar novinho em folha. –respondi. 

—Que bom, mas eu vou ficar um dia sem patrulhar... –murmurou Embry. 

Depois de longos minutos andando chegamos à casa, eu fui logo para o meu quarto e peguei as coisas que precisava para ajudar Embry. 

Coloquei uma tala em seu braço e passei um pano ao redor para poder imobilizá-lo completamente. Coloquei panos apertados em volta de seu corpo para que as costelas ficassem no lugar e então eu guardei minhas coisas. 

—Obrigado. –falou Embry se levantando. 

—Não tem de quê. –falei. 

—Qual é a história que você vai usar? –perguntou Jacob a Embry. 

—Eu cai de uma árvore. –falou Embry. 

—Acho que vai funcionar, tchau Embry. –falei vendo-o sair pela porta. 

—Tchau. –ele falou e Jacob deu um aceno. 

—Eu vou dormir. –anunciou Jacob. 

—Boa noite. –falei pra ele. 

—Boa noite pra você também. –falou Jacob. 

Ele saiu e foi em direção do seu quarto. Apenas eu, Jacob e Billy, meu pai, morávamos aqui; Rebecca e Rachel, minhas irmãs, já haviam saído de casa. Rachel estava casada e morando no Havaí, ela só vinha nos visitar no natal e raras outras datas comemorativas. Já Rebecca estava fazendo faculdade, mas vinha nos visitar sempre que podia. Sarah, minha mãe, havia falecido 10 anos atrás, e ela ainda fazia muita falta. 

Eu não via Rachel desde o natal, mas Rebecca veio visitar três semanas atrás. Rebecca havia ficado apenas um dia e não saiu de dentro de casa (o que me incomodava muito, pois amo ficar ao ar livre), ela disse que queria aproveitar a família, na verdade, quando Rebecca vinha visitar adorava paparicar Jacob e Billy, fazendo todas as suas vontades. 

Eu sou adotada, mas nunca me senti diferente ou excluída, nós não tínhamos o mesmo sangue, mas eles eram realmente minha família e eu os amava muito. Billy é um pai ótimo, é brincalhão, mas quando precisa sabe ser firme e ele faz parte do conselho da tribo, o que nos tornou muito próximos. 

Jacob é meu irmão caçula, ele sempre consegue me fazer rir, mesmo quando estou triste, é brincalhão como o pai, adora aprontar e é um amigo pra todas as horas, nós nos provocamos muito, mas que irmãos que não fazem isso? 

Rachel é a encrenqueira da família, fala o que pensa e não tem medo das consequências, ela adora a família e só é doce conosco e com seu marido, mostrando suas fragilidades. Ela se casou cedo, mas ama o marido muito, apesar de três anos mais velha que eu, é muito infantil e a maioria das vezes me trata como irmã mais velha. 

Rebecca é a certinha da família, adora estudar, nunca namorou e é mais que atenciosa com a família, ela sempre esperou e ainda espera o príncipe do cavalo branco, ela também me trata na maioria das vezes como irmã mais velha. 

Rebecca é irmã gêmea de Rachel, mas as duas não se parecem em nada, nem fisicamente nem intelectualmente, Rebecca nasceu 1 minuto antes de Rachel e sempre faz questão de ressaltar isso. 

Fui tirada de meus devaneios por um ronco de Jacob, que havia pegado no sono no quarto ao lado, assim como Billy. Eu era a única que não dormia, mas eu tinha um quarto, fui até ele e me deitei na cama, coloquei meus fones de ouvido e comecei a ouvir músicas para me acalmar um pouco, a primeira que tocou era Clair de Lune, minha música preferida. 

Eu não era um lobisomem, mas eu fazia parte da matilha, sou uma das únicas de minha espécie. Eu sou a segunda no comando, assim como Jacob, e Sam, desde sua transformação, é o alfa. Eu sabia que Leah logo iria entrar na matilha, mas agora a matilha era formada apenas por Sam, Jacob, Paul, Quil, Embry, Jared, Seth, Will, Ted e eu. Sempre foi assim, eu e os lobos. 


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Notas finais do capítulo

Agradeço por lerem, e lembrem: Um comentário move um autor!