As semanas que se passaram foram tranquilas. Como Fury não deixava que Clint saísse de perto de Lena nem por um segundo, Rita achou melhor ele ficar morando com eles, até Fury liberá-lo da tarefa.

Os treinamentos eram tranquilos. Como não era mais Natasha quem treinava Lena, Clint ficava esperando por ela no lado de fora. Lena achava Ward um verdadeiro enigma. Pois vira que ele também era traidor. Mas, havia algo nele que a intrigava. Pois, parte dele, aparentemente só queria fazer o que era certo. Parte dele só seguia ordens.

Ela achou melhor não perguntar ou comentar, pois ele era o tipo de pessoa que não se deve contrariar.

Porém, isso não importa agora, afinal, é semana de Natal, e Frankie com Safira estão chegando.

– O que nós vamos fazer hoje, heim Clint? – Dani perguntou animado.

– Ham...- ele olhou pra Lena que deu de ombros. – Eu não sei. – ele falou lentamente. - O que você quer fazer?

– Podíamos andar de trenó, ou brincar de guerra de neve, ou melhor ainda! Podíamos fazer um boneco de neve! – o garotinho disparou animado.

Lena e Clint se entreolharam cogitando a ideia.

– Bom, poderíamos fazer um boneco de neve bem bonito pra quando a mamãe e a Frankie chegarem. – Lena falou. Dani a olhou com os olhinhos azuis brilhantes. – Vai pegar seu casaco. – Lena o incentivou, e ele correu pras escadas todo animado. Ela encostou-se no sofá em que estava sentada ao lado de Clint. Ela o olhou e ele arqueou as sobrancelhas.

– Que foi? – ele perguntou.

– Ele gosta de você. – ela falou sorrindo.

– Há! Eu acho que não. – Clint riu. – Não me dou muito bem com crianças.

– Como não? Você se deu bem comigo.- ela retrucou.

– É diferente. – ele cruzou os braços.

– Clint! Me ajuda com as luvas? – Dani pediu descendo as escadas. Lena o olhou como quem diz : Eu não disse?

– Ham... claro. – ele se levantou. Ele estava surpreso. O pedido era simples, mas... de certa forma comovente.

...

Clint observava Lena e Dani terminando o boneco de neve.

– Você trouxe o nariz de cenoura? – Lena perguntou arrumando o cachecol do boneco de neve.

– Trouxe. – Dani tirou uma cenoura do bolso.

– Quer colocar? – Lena perguntou, o garotinho concordou e Lena o ergueu de forma que ficasse na altura da cabeça do boneco. Dani colocou o nariz. – Pronto. – Lena o soltou.

– E a cartola? – Dani perguntou.

– Hum... – Lena pensou. – O vovô deve ter uma no sótão. Espera aqui com o Clint que eu vou lá buscar. – ela falou entrando em casa.

Subiu até o sótão e começou a fuçar nos baús, caixas e prateleiras. Foi até um baú de madeira encostado na janela. Pelo vidro, pôde ver Clint e Dani conversando calmamente. Deu um pequeno sorriso. Abriu o baú. Viu lá dentro algumas peças de roupas, e lá no fundo, encontrou das Berettas 92 e uma Eckle semiautomática. Deu um pequeno sorriso. Ali não se devia mexer, por enquanto. Fechou o baú e se levantou olhando em volta. Ao constatar que não tinha nenhuma cartola, se dirigiu à porta, e viu que bem ali, pendurada no gancho atrás da porta, estava a bendita cartola. Pegou o chapéu e saiu.

Ao sair de casa, viu a última coisa que esperava presenciar. Clint e Dani, numa batalha épica de bolas de neve. Ela os observou, surpresa e estática. Os dois a viram, mas ao invés de pararem, Clint jogou uma bola de neve em Lena, que soltou a cartola e revidou com outra, e depois em Dani. Logo, estava infiltrada nessa batalha épica.

Lena acertou uma bola de neve na cara de Clint que perdeu o equilíbrio e caiu. Dani sentou em cima dele e começou a fazer-lhe cócegas. Clint ria e implorava por misericórdia. Lena estava surpresa por isso, era a última coisa que podia esperar do agente durão. Não parecia mais o mesmo cara que ela conheceu à um mês atrás. Ele estava diferente.

Ouviram o som de carro estacionando, se viraram e viram o carro de Jorge parando na garagem. A porta do carro se abriu e a mãe de Lena saiu.

– Mamãe!! – Dani gritou saindo de cima de Clint e correu até Safira pulando em seu colo. Lena foi até Clint e o ajudou a se levantar. Ele bateu a neve da roupa. Os dois observaram a cena até que uma jovem saiu do carro. Ela tinha cabelos loiros e lisos num tom Champanhe, pele clara e olhos dourados. Ela vestia um sobretudo de couro preto, botas de couro de cano alto, e luvas marrons escuras. Aparentava ter entre 19 a 20 anos. Tinha ar gentil. Era tão bonita quanto uma modelo britânica, e até se parecia com uma.

– Frankie! – Lena foi quem correu desta vez. E só parou ao sentir os braços da irmã mais velha a envolverem. Ela devia ter mais ou menos a altura de Clint, só um pouquinho mais baixa. – Que saudades!

– Também senti, minha pequena. – ela beijou-lhe o topo da cabeça. O que a fez se lembrar de Natasha. – Deixa eu ver você! – ela segurou-lhe os ombros. – Nossa! Como cresceu!

– Você é quem ficou mais baixinha! – Lena brincou.

– Ah! É como senti saudade disso minha palhacinha! – ela a abraçou forte. Frankie a soltou olhando pra varanda. – Aí, quem é o homem de gelo?

– Ah! É o boneco de neve que eu e Dani fizemos pra você e a mamãe. – Lena falou.

– Não, me refiro ao cara que tá parado na porta da casa da vovó. – Frankie falou.

– Ah! Aquele é o Clint. É um amigo, vai passar o natal com a gente. – Lena explicou.

– Legal. – Frankie concordou indo pegar suas malas.

– Oi meu amor. – Safira a abraçou.

– Oi mamãe. – Lena a abraçou forte. – Cadê o Fluffy? – Lena a soltou.

– Bom, a vovó me disse que tinha um pastor alemão aqui, então eu o deixei com minha colega de apartamento. Ele vai estar em boas mãos. – Safira falou. Lena olhou desconfiada. – Calma meu anjo, ela é veterinária.

– Tá. – Lena fungou insatisfeita. – O papai vem?

– Não. As coisas apertaram pra ele lá na Índia, ele tá tratando de uns assuntos urgentes. – ela respondeu.

– Como todos os anos. – ela suspirou. Safira pegou suas malas, e entrou. Lena foi até Frankie que estava mexendo no porta malas. – O Site vai vir?

– Não. Will conseguiu um emprego com o professor de Física Quântica. Vai passar o fim de ano em Oxford. – Frankie respondeu. Site era o nome do namorado de Frankie, os dois estudavam em Oxford.

– Pelo menos nós temos Skype. – Lena falou conformada. Frankie concordou rindo.

– Deixe-me ajuda-la com as malas, senhorita. – Clint falou pegando uma mala das mãos de Frankie.

– Ao menos é educado. – Frankie comentou.

– Sou Clint Barton. – ele estendeu-lhe a mão. Lena revirou os olhos.

– Comprometida. – Frankie apertou. – Mas, pode me chamar de Frankie.

– Ah! Então você é a famosa Frankie Carter. Irmã mais velha da Lena. – Clint sorriu gentil. Frankie pareceu desconfiada pelo tom extremamente gentil de Clint. E Lena notou isso.

– Relaxa, mana. Esse cara aí não é muito chegado em loiras com pinta de britânica. Ele gosta mais das barras pesadas. Né Clint? Cê curte uma ruivinha russa, né? – Lena provocou. Clint a fitou com os olhos azuis brilhando de ódio.

– E você deve gostar MUITO de morenos, né? Até ficou de rolo com dois. – Clint rebateu.

– Como assim?? – Frankie se espantou.

– Ela não contou do incidente do Baile? – Clint perguntou num tom de voz inocente.

– Barton, eu te mato! – ela ameaçou entre dentes.

– Não é tão engraçado com você, né loirinha? – Clint falou sorrindo.

– Você é desprezível. Seu tarado! – Lena chingou.

– Não sou tarado. Desprezível talvez. Mas, tarado não. – Clint falou.

– É tarado sim. Tá dando em cima da minha irmã. – Lena retrucou. Clint riu irônico.

– Como você é inocente, loirinha. Acredite, você não me viu dar em cima de alguém ainda. – Clint rebateu. – Com licença milady. – Clint falou se afastando com a mala da Frankie.

– Deixa no meu quarto! - Lena gritou. Clint lhe mostrou o dedo do meio. – Coisa feia heim?!

Frankie a encarou.

– Relaxa, ele pode ser grosseiro, mas tem bom coração. Ele é um doce. – Lena sorriu pegando outra mala das mãos de Frankie, as duas entraram.

– Que história é essa de você ficar de rolo com dois? – Frankie perguntou.

– É sério? – Lena soltou a mala dela. Frankie arqueou a sobrancelha. Então, Lena se tocou de algo. – Ah! – ela bateu na testa. – A cartola do vovô.- ela saiu correndo. Frankie riu pegando as malas e subindo as escadas.

Lena, ao descer as escadas correndo, escorregou no gelo e caiu de cara no na neve.

– Olha, estou começando a achar que você gosta de cair. –ela ouviu uma voz conhecida falar. Ela ergueu o rosto cheio de neve e olhou quem lhe falava. Steve estava de pé na sua frente com a cartola nas mãos. Ele riu ao ver a cara dela cheia de neve. Ajudou-a a se levantar. Ela limpou a neve da roupa e da cara, e ele tirou-lhe a neve do cabelo.

– Oi Steve. – ela o abraçou.

– Oi netinha. – ele a abraçou forte. – Bonita cartola. – ele a soltou. – Me faz lembrar dos nobres ingleses da minha época. – ele colocou a cartola fazendo uma pose de nobre. Lena riu.

– É pro boneco de neve. Quer colocar? – ela perguntou. Steve sorriu e eles colocaram a cartola no boneco de neve que já tinha sido esquecido.

Ao entrarem em casa, Frankie, Clint e Dani estavam na sala. Rita e Safira estavam na cozinha, e Jorge devia estar guardando as malas de Safira.

– Olha só quem veio! – ela declarou. Todos olharam.

– Steve!!!! – Dani veio correndo e se atirou no colo de Steve que o segurou.

– Oi garotão! – Steve o abraçou. – Como é que você está? – ele perguntou.

– Tô bem. – Dani respondeu olhando pra ele.

– Tá se comportando direitinho, parceiro?

– Tô. – Dani sorriu.

– Ah! Mas é claro que tá. Você é o meu amigão! – ele o abraçou.

– Oi Steve. – Rita se aproximou. Steve soltou Dani e a abraçou.

Frankie se aproximou. Steve a olhou.

– Essa é sua irmã? – ele perguntou sorrindo. Lena confirmou num aceno. – Sou Steve.

– Sou Frankie. – ela apertou-lhe a mão. Frankie olhou pra Lena.

– Te conto depois. – Lena prometeu.