Lena encostou-se no muro do lado de fora do colégio e fechou os olhos suspirando e tentando se acalmar. Não acreditava no que fizera.

– Você toca bem. – ela ouviu uma voz ao seu lado. Abriu os olhos olhando na direção da voz. Era Clint. Ela esquecera completamente dele.

– Você viu? – ela perguntou com a voz sumida.

– Eu consegui ficar até você errar anota, depois disso Coulson ligou pra mim. Só agora que consegui fazer ele calar aboca. – ele mostrou o celular. Ela deu um pequeno sorriso. – Você está bem?

– Podemos ir pra casa? – ela perguntou.

– Claro. Ham... tá com... o batom borrado. – ele apontou pra própria boca.

– Ah! – ela cobriu a boca. – Tá. Valeu, eu... eu já volto. – ela se afastou. Entrou no colégio e foi direto pro banheiro.

Limpou o borrado com papel toalha. Olhou seu reflexo.

– Você me decepcionou. Qual o seu problema afinal!- ela brigou consigo mesma. Quem olhasse diria que ela precisa de um psiquiatra. Mas, ela não estava sem um parafuso a menos, só estava nervosa. Suspirou. – Que foi que eu fiz? – ela se perguntou se apoiando na pia.

– Lena! – ela ouviu Chris chamar ao longe. Virou-se pra porta e Chris entrou correndo.

– Que foi? – Lena perguntou.

– O Ben tá brigando com um garoto lá no pátio. Acho que é com aquele guri com quem você veio. – Chris informou ofegante.

– Peter. – Lena concluiu jogando o papel no lixo e seguindo a amiga. Entraram no pátio, um aglomerado de alunos abriam uma clareira onde Ben e Peter se embolavam no chão. Lena pensou rápido.

– Chris, tem um homem loiro lá fora, ele tá de terno sem gravata, perto de um carro esporte alugado. Trás ele aqui. – Lena pediu e a amiga saiu. Ela tirou os sapatos. – Segura pra mim, por favor? – Lena pediu pra Gabi que segurou o par de sapatos de salto. Lena se aproximou dos dois que se embolavam no chão. Peter manteve Ben preso sob seu corpo, mas mesmo assim, o nerd de cabelos negros o socava com raiva. – Peter, para! – ela tocou seu ombro, mas o Homem Aranha, acabou a socando num reflexo. Ela deu alguns passos pra trás atordoada. Acabara de levar um lemar dum soco. E do Escalador de Paredes. Sentiu a lateral da testa latejar, e algo escorrer no seu rosto.

Peter se levantou de olhos arregalados a encarando. Percebera a burrada que fizera.

– Você... você me bateu? – ela perguntou com a voz baixa.

– Lena...

– Cretino!!! – Bem chingou socando-lhe o rosto e logo os dois voltaram a se embolar.

Lena constatou que precisaria de uma força maior.

– Jordan! Dá uma ajuda aqui? – ela pediu pro valentão que estava atrás dela.

– É pra já. – Jordan se aproximou dos dois e pegou Peter pela alça do cinto e pelo colarinho do terno e o jogou longe de Ben. Peter caiu de quatro. Lena ergueu Ben pelo colarinho.

– Vocês dois, JÁ CHEGA!!! – ela falou com raiva. Os dois permaneceram no mesmo lugar com ela entre eles. – Seus imbecis, o que pensam que estão fazendo?

– Foi ele quem veio pra cima de mim. Eu não tinha feito nada. – Peter protestou.

– É mesmo? – Lena perguntou em tom ameaçador olhando para Ben. – Por quê?

– Esse... ele... esse idiota não serve pra você! – Ben falou.

– E quem é você pra decidir? Me ignorou o mês inteiro. Nem se dignou a explicar o que foi que eu fiz pra merecer seu ódio! Seu idiota! Pelo menos, ele não me abandonou. Você não pensa em como eu me sinto com isso? Meu melhor amigo me ignorando justamente quando eu mais preciso dele! Quer saber? Continue. Não quero mais ver a sua lata nem que seja o último cara da terra! – Lena falou com raiva. – E você! Não pense que vou deixar passar batido esse soco! Você me paga! – ela virou-se para Peter que engoliu em seco. – É melhor terem uma boa desculpa pra dar ao Fury, porque, eu não vou facilitar, e não é só pra ele que vocês vão ter que prestar contas! – ela falou. Claro que se referia ao Capitão América. E Peter sabia disso.

Clint chegou correndo seguido de Chris. Lena olhou pra Cory.

– Desculpa Cory. – ela pediu. O garoto concordou. Ela foi até Clint.

– Ah! Eles vão me matar! – ele reclamou lhe dando um lenço.

– Quem? – ela cobriu o ferimento com o lenço, doeu.

– Fury, Natasha, sua avó, e o Rogers. – ele contou nos dedos.

– Tá. Leva o Parker de volta pro de volta pro hotel antes que eu use inseticida nele. – Lena pediu.

– Vem junto?

– Não, eu vou pra casa. Cansei deles por hoje. – ela respondeu. Gabi lhe devolveu seus sapatos.

– Desculpa Lena. Eu não sabia que você e o Ben estavam brigados, se não eu não teria...

– Tá tudo bem. Não é você quem eu culpo. – Lena falou dando uma rápida olhada para Ben. Se afastou indo pra casa.

Caminhou pela rua de seu bairro. Ela estava com tanta raiva, que nem sentia o frio do início do inverno. Em poucos dias começaria a nevar.

Abriu a porta de casa entrando, tentava segurar as lágrimas de ódio que ameaçavam sair.

– Já voltou? – Natasha perguntou enquanto Lena passava por de trás do sofá que ela estava. – São só 22:35. Pensei que chegariam mais tarde. – Natasha comentou.

– Sério? Parecia que foi a noite toda. – Lena falou meio zonza já nas escadas.

– O que aconteceu? – Natasha perguntou assustada ao vê-la naquele estado.

– Nem te conto. – Lena subiu as escadas. Entrou em seu quarto e fechou a porta tirando os sapatos. Chutou a cadeira de sua escrivaninha, possessa de raiva. Sentou na cama soluçando. Mas não derramou uma única lágrima. Apoiou a boca nas mãos e os cotovelos nos joelhos. Era muita informação. Muitas coisas pra absolver. Estava estática, com raiva, com ódio, confusa... não se sentia bem. Estava zonza, e sua ferida latejava. Trocou de roupas colocando seu pijama verde claro com vermelho. Sentou na cama se encostando na parede. Ficou brincando com seu punhal.

Ouviu-se batidas na porta.

– Eu não tô aqui não. – ela respondeu. A porta do quarto se abriu e Natasha se encostou no encosto da porta. Lena não a olhou.

– Quer falar sobre o que aconteceu? – Natasha perguntou. Lena fechou os olhos negando com a cabeça.

– Eu quero a minha irmã. – ela gemeu.

– Bom, isso eu não posso fazer por você. Mas, posso fazer um curativo nesse rombo na sua cara? – Natasha perguntou.

– Você tá sendo uma réplica exata dela. – Lena comentou.

– Isso é ruim? – Natasha perguntou.

– Não. Consigo me sentir melhor perto de você, assim. – ela respondeu.

– Eu vou tentar levar como um elogio. – Natasha comentou.

– Eu preciso de você. – Lena falou. Natasha ficou estática. Nunca disseram isso à ela sem quererem nada em troca.

– Sério? – Natasha sussurrou.

– Eu preciso de você. Você é diferente. Você protege. – Lena repetiu. – Não é?

– Só a você. – Natasha respondeu entrando com o kit de primeiros socorros. Puxou a cadeira e sentou de frente pra Lena.

Estava claro que Natasha estava curiosa pra saber o que tinha acontecido, mas respeitava a privacidade de Lena. Ainda mais agora depois dessa declaração.

Enquanto Nat fazia o curativo, Lena pensava no que tinha acontecido.

– Garotos são tão primitivos! – Lena comentou com a voz pesada. Natasha parou e olhou-a nos olhos. Das muitas coisas que ela podia falar, ela simplesmente disse:

– São sim. São uma raça que merece ser estudada. – Natasha falou. Lena fechou os olhos e sentiu os braços da agente em volta dela. Natasha beijou-lhe a cabeça. Lena não reagiu. Era exatamente o que Frankie faria com ela, e aceitou a oferta de conforto da amiga. Natasha a soltou.

– Quer comer alguma coisa? – Natasha perguntou. – Eu pedi pizza. – ela sorriu.

– Não. Eu só quero dormir um pouco. – Lena falou.

– Tudo bem. Se precisar, estou lá embaixo. – Natasha falou. – Boa noite. – ela beijou-lhe a cabeça e saiu.

Lena deitou na cama e se cobriu. Pelo menos, algo bom naquele dia. Estranho, mas bom. Fechou os olhos suspirando.