Lena subiu no palco e pegou a guitarra azul, com detalhes de raios em verde água. Chris pegou o baixo. Cory no vocal com o violão olhou pra Lena, que deu um aceno de cabeça. Lena começou a tocar com a guitarra, depois a bateria acompanhou, e logo Cory começou a cantar Hero, música.

I'm just a step away
I'm just a breath away
Losin' my faith today
(Fallin' off the edge today)

https://www.youtube.com/watch?v=uGcsIdGOuZY

Ao fim da música, Lena tinha os dedos doídos, e o coração a mil. Olhou pra banda, todos estavam na mesma situação, mas estavam felizes, olhou pros alunos da plateia, tidos gritando e pulando animados.

– Vocês querem mais uma?? – Cory perguntou. Todos gritaram. Cory sorriu e olhou pra Lena. – Dead insidie?

– Você quem manda. – Lena falou. Ele sorriu agradecido e Lena começou a tocar. A bateria acompanhou. Ela foi ficando mais animada. Tocava na banda da escola desde que entrou pro médio. Mas, desta vez era diferente. Desta vez, mesmo não querendo no início, ela estava tocando e se divertindo. Seus amigos estavam lá. A opinião deles lhe importava. Desta vez, ela se esforçava pra dar o melhor de si. A música acabou. Ela se pegou sorrindo. Todos na plateia pediam bis.

– Vamos fazer diferente. – Cory falou no microfone. Notável que o pessoal da banda ficou confuso, até Lena não sabia o que ele pretendia. Ele olhou pra ela. – Atendendo à pedidos especiais feitos por alguém que eu nem vou dizer que é a Gabi, Leninha, escolhe a próxima música.

Lena ficou espantada. Mas não surpresa. Isso era bem a cara de Gabi, mesmo. Ela deu um pequeno sorriso e sem hesitar começou a tocar Monster. Era uma de suas músicas favoritas da banda Skillet. Todos foram à loucura pulando e cantando junto. Chegou certa altura da música que Lena olhou pra plateia. Gabi e Peter pulavam cantando junto, estavam felizes e animados. Olhou pra porta, viu Clint se balançando lentamente como se estivesse dançando. Seus olhares se encontraram e ele sorriu pra ela. Ela sorriu de volta. Um segurança se aproximou dele lhe dizendo algo e Clint lhe mostrou seu distintivo. O segurança simplesmente se afastou, Lena riu. Correu seus olhos pelas mesas. Estavam quase vazias, se não fosse por Ben sentado lá no fundo. Lena se perguntou se ele tinha vindo com alguém. Seja com quem for, não importava agora. Pois ele a fuzilava com os olhos. Seus brilhantes olhos azuis eram um mar de puro ódio. Lena sentiu um arrepio correr-lhe a espinha. Logo, sua vontade de tocar e sua energia foram se esvaindo a ponto de ela errar uma nota. Os outros não pararam mas a olharam preocupados. Seu olhar encontrou o de Cory que continuava cantando, mas ele tinha uma expressão preocupada. Lena deu um leve aceno de cabeça indicando que estava tudo bem. Ele voltou a olhar pra plateia. Ela olhou pra Chris que a olhava preocupada.

– Estou bem. – Lena sussurrou. Chris fungou insatisfeita como se não acreditasse nisso.

Lena suspirou fechando os olhos lentamente tentando se acalmar. Não podia permitir que sua noite fosse arruinada por alguém que a ignora. Não iria permitir. Não por causa de um garoto. Mesmo que esse garoto seja Ben, seu melhor amigo desde os quatro anos.

A música logo acabou. E desta vez, Lena se sentiu aliviada por isso. Olhou pra Cory.

– Arrego. – ela pediu. Ele concordou. Ela foi pros fundos do palco. – Jayson. – ela chamou, o garoto de cabelos laranja encaracolados a olhou. Ela lhe estendeu a guitarra.

– Sério? – ele sorriu esperançoso. Lena piscou pra ele, ele pegou a guitarra e subiu no palco se colocando no lugar dela. Ela desceu do palco e rumou para o banheiro.

Limpou o suor do rosto e se olhou no espelho.

– O que está havendo com você? Qual o seu problema afinal? – ela perguntou para seu reflexo se apoiando na pia. – Helena Carter. Te conheço bem, por favor, não se torne vulnerável por causa de garotos. Você nunca foi disso. Por favor, não mude agora. Você não vai se deixar abater por uma raça inferior. Não me decepcione. – ela falou. Abaixou a cabeça fechando os olhos e suspirando. Não podia se deixar abater por alguém que nem mesmo gosta mais dela. Voltou a olhar seu reflexo. – O que você me sugere?

– Lena! Você mandou pra caramba menina! – Gabi falou quando Lena voltou pro pátio coberto.

– Eu já te vi tocar guitarra antes, mas isso! Isso foi demais! – Peter concordou.

– É mais cansativo do que pensa. – Lena deu um pequeno sorriso.

– Toma! Cuidei dele direitinho! – Gabi lhe estendeu a ponta de um lenço. Lena ficou confusa até notar que a outra ponta estava atada ao pulso de Peter. Lena riu pegando a ponta do lenço. – Com licença crianças, que agora vou ver onde meu par está. – Gabi se afastou. – Que gato! – Gabi sibilou por trás de Peter. Lena arqueou a sombracelha. Logo Gabi sumiu na multidão.

– Você ficou amarradão nela, né? – Lena sorriu se referindo ao lenço, é claro.

– Totalmente. – Peter riu. Ela desatou o nó no pulso dele. – E eu que acha que você é quem era estranha.

– Sabe de nada inocente. – Lena zombou. Peter apenas deu um sorriso.

– Quer beber alguma coisa? – Peter perguntou.

– Não. Não precisa. Eu estou bem. – Lena respondeu.

– Você não me parece bem. – Peter retrucou.

– Mas eu estou. – Lena protestou.

– OK. Então... quer dançar? – Peter perguntou. O momento era oportuno. A música que tocava era suave chamada You Belong To Me.

– Acho que não. Eu já disse que não sei dançar. – Lena respondeu.

– Você já tentou?

– Já. Sou pior que boi com gota. – Lena respondeu. ( Pare quem não sabe, “gota” é uma doença que dá no pé. Pesquisem que vão entender). – Melhor desistir disso.

– Desistir não é da minha natureza. – Peter retrucou. – Não se preocupe. Eu te seguro. – ele falou docemente lhe estendendo a mão. Lena retribuiu o ato e ele a guiou até o centro do pátio onde todos dançavam. Peter guiou suas mãos de forma que segurasse em seus ombros e segurou-lhe a cintura a erguendo e a colocando sobre seus pés.

– Tá, essa é nova. – Lena riu enquanto Peter começava a dançar.

– Viu, tá dançando. – ele sorriu.

– Tá, isso é meio Bela e Edward, ou Clark Kent e Louis Lane de Smalville.- ela comentou rindo. – Você não vai começar a voar, vai? – ela olhou pros pés dele. Ele riu.

– Não. Sabe, aranhas radioativas não costumam voar. – ele respondeu com ar sábio.

– Nerd. – ela chingou. Ele sorriu.

– Só um nerd pra reconhecer o outro. – ele retrucou.

– Acredite, eu sei. – ela respondeu. Seus olhos se encontraram. Ela sabia que aquele momento, era único. Mas, ainda não estava pronta. Apoiou o queixo em sua mão pousada no ombro de Peter. Piscou lentamente. Olhou os pares dançando ao redor deles. Via Dick com Evilyn, Ted com Charlote, Jeremy com Layla, e Gabi com... Ben! Então foi ele com quem ela veio! Seus olhares se encontraram. Ainda estava bem claro o ódio nos olhos dele. Lena só não compreendia porquê. Ben desviou o olhar. Lena suspirou afastando o queixo de sua mão.

– Que foi? – Peter perguntou.

– Já sentiu como se alguém se voltasse contra você? Sem você saber o que fez pra merecer isso. Você sabe o que é ser odiado por alguém que você... confiava? – Lena perguntou.

– Você sabe que sim. – ele respondeu. – Sabe o que me fez me sentir melhor? – ele perguntou. Lena negou com a cabeça. – Você. – ele sorriu docemente. – Conhecer você, foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu me senti menos odiado. Você me deu o apoio que eu precisava, mesmo sem perceber. Não se preocupe. Vou tentar ser esse apoio pra você também. Prometo. Enquanto você permitir, vou estar do seu lado.

Seu tom era suave. Seu rosto foi se aproximando lentamente do dela. Ela sentiu seu rosto esquentar. Quase podia se ver vermelha. Quando seus lábios estavam quase se tocando ela afastou seu rosto do dele. Não sabia se era mesmo pra ser.

– Desculpa. – ela pediu.

– Me desculpe. – ele pediu. Ela olhou em seus olhos. Não sabia se era pra ser, mas não custava tentar. Se aproximou dele e seus lábios se tocaram num doce e delicado beijo. Ao tocá-lo, veio-lhe à mente uma imagem. Era um homem idoso, ele sorria. Então, uma lápide, gravado nela estava “ Benjamim Parker, Esposo, Tio.” Depois, uma garota. Ela era linda, tinha cabelos dourados e olhos azuis. Depois, outra lápide escrita nela estava “Gwen Stacy”. Então, lhe apareceu outra garota. Ela tinha cabelos lisos longos e ruivos. Olhos azuis e um sorriso realmente encantador.

Lena se afastou de Peter assustada. Não sentira nada no beijo. Apenas teve essa espécie de “visão”. Não sabia o que era, ou o que significava. Desceu dos pés de Peter.

– Desculpa. Não dá. Não consigo. – Lena falou. – Me desculpa. – ela pediu e saiu do pátio deixando Peter sozinho e confuso.