Konoha Camp escrita por Heize


Capítulo 1
Some Might Say


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas! Como vocês estão?

Não gosto de fazer títulos para capítulos porque não sou boa. Mas esses títulos em inglês na verdade são músicas da minha banda favorita Oasis. O significado não tem conexão com o assunto do capítulo, mas seria legal se vocês escutassem lendo.

Boa leitura.



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Capítulo I
Some Might Say

Sasuke deixou os braços escorregarem da mesa, seus olhos viajaram do seu pai sentado a esquerda á sua mãe sentada na extremidade oposta. Os brócolis em seu prato pareciam mais horríveis do que nunca. Tão imóvel quando seu irmão mais velho sentado a sua frente. Ele suspirou cansado, não esperava uma noticia tão ruim assim logo no seu ultimo dia de aula. Ficaram todos em silencio, o único barulho da sala de estar vinha do relógio a poucos metros dele e dos talheres batendo no prato.

Sua fértil mente produziu com muito gosto a cena que gostaria de fazer naquele exato momento. Levantar de supetão, gritar tantas obscenidades que provavelmente passaria trezentos e sessenta e cinco dias se confessando na igreja – por mais que nunca a tenha freqüentado –, jogar toda a louça do jantar pelos ares e depois simplesmente dar as costas para todos eles e trancar-se em seu quarto. Mas é claro que não o fez. Isso era apenas fruto na sua mente conturbada, portanto permaneceu sentado, respirando regularmente e observando o prato cheio de brócolis.

Tinha planejado todo o seu verão durante as ultimas duas semanas de aula. Enquanto seus adoráveis colegas de turma passariam dias enfrentando filas gigantescas em um parque aquático, viajando de carro para a casa de praia mais próxima ou passeando no shopping apenas para aproveitar o ar condicionado, ele, Uchiha Sasuke, estaria de férias no Caribe ou quem sabe na Austrália, passeando de lancha, pegando algumas ondas, nadando com os tubarões e indo as melhores baladas que a cidade em questão poderia proporcionar. Afinal, seus pais tinham ótimas condições financeiras, e pelo nível de participação em sua vida não se importariam em deixar um rapaz de dezessete curtir a vida em outro país.

Pelo menos era isso que ele acreditava.

Sasuke não poderia ter previsto que por uma injuria do destino, naquele inicio de verão, seus pais resolveram agir como pais.

Fugaku e Mikoto trabalhavam em uma empresa de tecnologia, tendo um dos maiores cargos, fazendo-os constantemente viajar para aprimorar experiências e procurar patrocinadores capazes de dar-lhes o que bem queriam. Até aí nenhum problema a vista. Sasuke não se importava com o que faziam contando que sua vida não fosse modificada. Mas desta vez, ambos os pais passariam quase todo o ano na França em um importantíssimo projeto que iria requerer toda a atenção deles, o que significava que em hipótese alguma poderiam parar o que estivessem fazendo para concertar alguma das inúmeras encrencas em que seu amado filho mais novo se metia. Ele fixou seus olhos no do irmão mais velho, implorando que tomasse sua guarda só por um pequeno período, mas Itachi deu de ombros, claramente fugindo dessa dor de cabeça.

Seus pais estavam propondo que Sasuke retorna-se para o acampamento de verão Konoha Camp ou fosse para a casa de seus avós no Alabama. Sem sequer pensar duas vezes, entre dentes, preferiu o acampamento. Quando criança costumava passar todos os seus verões, sem exceções, no acampamento. Era um lugar divertido em que podia encontra-se com seus amigos do prézinho, participar de competições, comer todo o tipo de porcaria, fazer uma fogueira durante a noite para contar histórias de terror e dormir depois das dez. Mas o encanto acabou. Assim como terminou quando descobriu que o papai Noel não existia, que a fada do dente na verdade era sua mãe e que os ovos escondidos durante a páscoa fora seu pai que estrategicamente os colocou no quintal. Ele cresceu, virou um pré-adolescente e descobri as garotas, enquanto seus amigos continuavam a freqüentar todo o verão o mesmo acampamento, ele simplesmente parou de ir.

Depois de pedir a licença para poder se retirar da mesa, o que o fora concedido sem pestanejar, subiu as escadas e se trancou dentro do seu quarto. Estava com raiva por ter todo o seu verão destruído, mas pelo menos não o passaria na casa de seus tediosos avós paternos. Sasuke pegou seu celular em cima da mesa de cabeceira e muito tristemente enviou uma única mensagem ao seu melhor amigo:

Vou para Konoha Camp esse verão”

(...)

– Juro que achei que fosse uma pegadinha, mas você veio mesmo! – disse Naruto caminhando em sua direção. Ele jogou a mochila na parte de cima do bagageiro do ônibus, então bateu nas pernas de Sasuke para que ele desse espaço para que pudesse se sentar.

– E eu lá tenho cara de que faço pegadinhas? – resmungou de mau humor.

Sasuke havia acordado mais cedo do que gostaria de ter acordado e fez suas malas com uma terrível má vontade pensando que poderia estar comprando naquele exato momento uma passagem para um viajem paradisíaca. Seu pai havia lhe dado uma ótima quantia em dinheiro e um cartão de crédito para emergências caso precisasse. Sua mãe colocou em sua mochila inúmeros repelentes, protetores solares e remédios para qualquer problema que tivesse. E então, muito rapidamente o chutaram de casa em direção ao imundo coletivo amarelo que o levariam aos arredores da cidade, onde no meio do mato ficava o acampamento. Algumas paradas depois, o ônibus estava entupido – porque lotado seria gentileza dizer.

Sasuke costumava pensar que uma estrada como algo pacato e silencioso. Uma repetição de coisas para se ver: o mesmo asfalto gasto com suas listras amareladas que indicavam a ida e a vinda, as mesmas placas sinalizadoras, as mesmas cercas brancas que separavam a estrada da mata fechada. O mesmo grupo de pinheiros passando incontáveis vezes, alguns pássaros e uma grande centena de tênis jogados em fios elétricos. O barulho violento do vento entrando pela janela sendo cortado pela alta velocidade dos milhares de outros veículos que passavam diariamente por ali. A mesma paisagem monótona. Não era por menos que dormir durante as viagens sempre foi o passatempo preferido dele. Mas se quando criança era difícil para que todos permanecessem em silencio, agora tampouco funcionaria.

Enquanto Naruto tagarelava alguma resposta a altura do mau humor do rapaz moreno, Sasuke passava os olhos pelo ônibus tentando reconhecer alguns de seus antigos amigos. Para sua infelicidade, a grande maioria eram colegas com quem dividia uma aula ou outra durante o longo período letivo, algumas pessoas que conhecia apenas de vista de outras classes e uma minoria que não se recordava. Também percebeu que o motorista velhote tinha sido substituído por um cara barbudo que cheirava a cigarro e café. Porém sua pesquisa não podia limitar-se a só aquelas pessoas. O acampamento abria seus serviços para as duas cidades vizinhas, sem contar às pessoas que preferiam ir a seus carros particulares – Sasuke lamentou-se por não ter dado essa opção aos seus pais.

O ônibus estava em completo alvoroço. Os gritos faziam os tímpanos de Sasuke latejar, as risadas seriam até contagiantes se ele entendesse a piada, os batuques na lataria e as provocações só tornavam tudo mais torturante. Ele notou um casal de geeks trocando salivas a sua frente, na outra extremidade um grupo seleto jogava UNO, um grupo de garotas discutia aos gritos sobre o novo galã de Hollywood e exatamente atrás dele estavam os jogadores de futebol americano.

– Calem a boca! – Sabaku no Gaara, um garoto ruivo com uma estranha tatuagem japonesa na testa, gritou agitando em sua mão um spray de espuma. O ônibus aquietou-se. – Ok, muito bem... – Ele virou-se para o loiro ao seu lado que rapidamente ficou mudo. – Naruto, qual será o time vencedor deste ano?

O grupo repetiu em um coro sincronizado a mesma pergunta. Naruto, que estava ao seu lado, foi amarrado em seu acento em uma velocidade impressionante, tentou se soltar, balançando as mãos e batendo os pés no chão do ônibus inutilmente. Dois garotos o seguraram pelos ombros, assegurando que ele não iria se soltar. Sasuke olhou para ele divertido, dando um sorrisinho sínico de canto e recebendo uma carranca muito feia.

– Al... Alfa! – gritou em plenos pulmões, levando como resposta de Gaara um jato de espuma no meio da cara.

Um coro de “Zeta!” muito maior do que o anterior invadiu o ônibus, os bancos balançavam e a lataria era amassada. Naruto tinha sido pintado com o mais horripilante batom roxo, combinando com o banho de cerveja e o jato de espuma que lhe cobria o cabelo. Eles passaram uma faixa em volta do pescoço do loiro em que se podia ler “Miss Zeta Sunshine” em corres berrantes de roxo. Sasuke não pode reprimir a risada, deu um tapa na parte de trás da cabeça de Naruto e voltou-se para bater nas mãos de Gaara.

– Ora, ora, olha só quem resolver aparecer; o playboy encrenqueiro da Roland High School – disse brincalhão. – Não deveria estar viajando ao redor do mundo?

– Sim, deveria. Mas em nenhuma parte do mundo eu veria uma coisa como esta – apontou para Naruto. Gaara abriu um sorriso, jogando sobre o colo de Sasuke dois pares de blusa e uma bandana roxa.

– É com muito prazer que lhe dou as boas vindas de volta aos Zetas. – então se afastou, voltando para seu lugar. Em seguida, todos do ônibus voltaram as suas atividades particulares.

– Não está cansado de passar por isso sempre? – Indagou. – A única pessoa dentro desse ônibus que não faz parte dos Zeta é você. Sério, ainda dá tempo de se converter, dobe.

– O que você acha que eu sou? – Naruto perguntou ligeiramente ofendido, mas nem tanto para elevar a voz. Parecia envergonhado. – Não vou trair os meus amigos. Além do mais não sou o único traidor – apontou para algumas cadeiras a frente até uma garota loira com um alto rabo de cavalo. Ino Yamanaka, Sasuke reconheceu de primeira. – Ela está em um relacionamento enrolado com Shikamaru desde o ultimo verão – Naruto soltou uma risadinha – Mas não sei por quanto tempo já que você está de volta e... ela é louca pra te dar uns beijinhos ou algo mais.

Sasuke revirou os olhos com o comentário. Naruto não estava levando em conta que o suposto interesse da garota nele vinha baseado em um ingênuo romance da infância que de fato nem sequer tinha acontecido – se não levar em conta andar de mãos dadas e dar beijos na bochecha em um dos inúmeros verões no acampamento. Ele quase não tinha contato com a garota que estava em uma classe inferior a dele, rara eram as vezes que se esbarravam pelo corredor e ela inutilmente tentava uma aproximação. Não que fosse feia, na verdade, para os padrões do rapaz, ela era realmente muito gostosa, mas o fato de falar mais do que os cotovelos dava dor de cabeça.

– Deixe só conhecê-los – Naruto disse quase sonhador – Você vai implorar para usar uma camisa laranja. Zetas? Pode esquecer! No Konoha Camp quem manda esse ano são os Alfas!

Bateu com a palma da mão novamente na nuca de seu melhor amigo. Era quase uma piada dizer que os Alfas ganhariam alguma coisa. Ele se lembrava ainda criança de como a competição entre as casas era acirrada. Apesar de haverem quatro casas, apenas duas realmente competiam com unhas e dentes. Porém, no final, apenas uma poderia ser a campeã do verão e em todas as edições que participou – exceto uma em particular – foram os Zetas que levantaram a taça.

(...)

Colocou com cuidado a bolsa lotada de bolas no chão. Agachou-se sobre um grande arbusto próximo dos portões de madeira do acampamento. Esticou os braços para olhar as horas, tinha planejado e esperado por esse momento há tanto tempo que suas mãos tremiam ligeiramente. Escutou um assobio vindo de suas costas e acenou para que Suigetsu se aproximasse. Todos estavam em seus postos, muito bem camuflados, uma tarefa muito fácil já que o perímetro que delineava o acampamento era cercado por arvores centenárias, arbustos e todo o tipo de vegetação. Estava tudo em um completo silencio, se apurasse seus ouvidos podia ouvir os grilos e as cigarras cantando ao longe. Quem olhasse nunca poderia imaginar que uma chacina estava prestes a acontecer.

– Ei, acho que vem alguma coisa por aí – Suigetsu sussurrou a poucos metros. Suas mãos agarraram uma série de bolinhas, enfiou-as todas dentro do bolso e jogou seus óculos protetores sobre os olhos. Enquanto todos se preparavam, o ônibus amarelo contornava no horizonte, adentrando o local.

– Preparem-se! – Orientou. Passou o cabo de sua arma pelos ombros e esperou agachada assim como os outros.

Os portões de madeira abriram-se, muito cuidadosamente o ônibus parou a poucos metros e após um curto período de tempo os primeiros rostos dos membros dos Zetas apareciam. Usando uma linda faixa de miss, reconheceu um dos seus, coberto por uma coisa nojenta e usando a mais terrível maquiagem já vista na história do universo. Ela serrou os olhos, eles nunca cansavam de fazer todo o ano a mesma coisa com Naruto.

Ela levantou os dedos, pronta para autorizar o ataque, esperando que todos saíssem do ônibus. Assim que viu o motorista colocar o primeiro pé para fora do veiculo, ela deu a largada. O primeiro splash foi ouvido. Um tiro de bolinha de paint ball violentamente acertou o traseiro de um garoto gorducho. Ele urrou com o susto, procurando onde e quem o havia acertado. Mas era tarde demais. Aos poucos os Alfas espalhavam-se pelo campo, encurralando e atirando bolas de tinta nos Zeta. Sakura soltou uma gargalhada ao ver Suigetsu acertar de uma só vez três garotas que estavam preocupadas demais com seus cabelos. O desespero instalou-se, ouviu gritos e os piores xingamentos.

Não se importou. Ela queria mostrar que esse ano, seu time estava mais forte do que nunca e não se contentaria com o segundo lugar. Para algum aquilo era apenas um estúpido acampamento, mas para ela vencer o campeonato de verão era restaurar a sua dignidade.

Com gosto observou sua melhor amiga Karin dar um cuecão em dois fedelhos com a ajuda do gigantesco Juugo – a nova arma secreta dos Alfas para os jogos de futebol. Viu de relance Neji no todo de uma arvore mirando sem piedade em sua própria prima traíra. Shikamaru estava ao seu lado com uma cara de poucos amigos, porém, ainda assim atirando. Sorriu de canto ao notar que Konohamaru usava suas habilidades de corrida para fugir dos furiosos Zetas desavisados.

Naruto correu em sua direção com um sorriso de ponta a ponta, abraçou-a de lado e beijou o topo de sua cabeça. Ela encolheu-se, meio sem graça. Tinha passado todo o ano letivo trocando mensagens pelo facebook com o garoto loiro, sem contar que no ultimo verão tiveram uma espécie de lance rolando entre eles, mas nunca conversaram a respeito sobre o que exatamente estavam fazendo.

– Sabia que ia ter uma idéia brilhante como essa – elogiou-a. – Têm como me dar uma arma e munição? Estou louco para uma vingança!

Limitou-se apenas a apontar para um arbusto a poucos metros atrás dela onde ficava o acervo de munição e armas. Ela correu pelo campo aberto em seguida, mirando e atirando em qualquer coisa que se movimentasse, cobrindo os infelizes Zetas de tinta laranja. Um sorriso de escárnio brotou em seus lábios quando viu Ino esconder-se em uma arvore. É claro que não deixaria a princesinha sair limpa da situação. Encheu o gatilho da arma com bolinhas laranja, carregou e mirou em direção à garota loira.

Mas a bolinha nunca chegou ao seu alvo. Um rapaz alto e moreno entrou exatamente na hora que a bolinha viajava pelo ar, acertando em cheio o seu rosto. Sakura deu um passo para trás, ligeiramente atordoada com a visão dele naquele lugar. Por puro impulso mirou todas as bolinhas restantes no seu estoque no rapaz, cobrindo-o de cima a baixa com tinta laranja. Ele olhou furioso para ela, mas tudo o que Sakura fez foi sorrir. Sorrir para o tão odiado Uchiha Sasuke.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Comentem para eu saber a sua opinião.

Espero que tenham gostado.

Beijos!