Pálida Máscara escrita por Chayenne Barcellos


Capítulo 4
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas, tudo bom?
Demorei muito? Se sim, peço mil perdões!
Espero que gostem! ♥



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Capítulo Três

12 de Fevereiro, 22h.

Quando Benjamin chegou, eu já estava começando a varrer a sala, ele arrancou a vassoura da minha mão e me empurrou para o meu tão desejado banho quente, e eu nem contestei, porque eu realmente estava precisando. Deixei a água escorrer pelas minhas costas nuas por um longo tempo, ensaboei o meu cabelo branco sem vida e enxagüei-o, o shampoo que eu usava tinha um cheiro de frutas cítricas, e o incrível era que o cheiro permanecia no cabelo, não era como a maioria dos outros que o cheiro saía em alguns minutos. Saí do banho e me enrolei em uma toalha felpuda, logo em seguida coloquei meu pijama favorito, largo, fofo, quentinho, confortável e relaxante. Ele não era nada bonito ou chamativo, mas era muito agradável de usar.

Passei meus olhos pela sala de estar, meu queixo caiu, literalmente. A sala estava impecável, toda arrumada e organizada. Caminhei lentamente até a cozinha, onde ficava a mesa em que eu e Ben iríamos jantar, a mesa estava toda posta, Benjamin havia preparado uma macarronada para nós, e o cheiro estava dando água na boca.

– Você não precisava ter feito tudo isso – falei.

Benjamin estava sentado no seu lugar na mesa, me esperando.

– É claro que eu precisava – ele riu. – É para isso que servem os amigos.

Eu ri.

– O cheiro está ótimo, onde você aprendeu a cozinhar?

– Espero que não seja só o cheiro que esteja ótimo, e eu só sei fazer macarronada.

– Macarronada está perfeito – me sentei junto a Benjamin, na mesa.

Para a felicidade do Benjamin não era só o cheiro que estava ótimo, estava tudo perfeito e delicioso. Repeti três vezes até me sentir cheia.

– Mas e então, Benjamin...

– Sim?

– Você tem falado com aquele seu amigo?

– Qual?

– Aquele que trabalha na livraria-biblioteca – disse. – O loiro.

– Ah – ele riu. – O Lucas?

– Sim. Esse mesmo.

– “O loiro”.

– Ah, deu para entender.

Benjamin sorriu.

– Não tenho falado muito com ele, mas ele deve estar bem. Lucas é bem calmo, sabe? Não costuma se estressar fácil e é muito responsável, provavelmente não se meteu em problemas. Ele sabe se cuidar.

Benjamin bagunçou seus cabelos negros e riu levemente.

– Hum – falei. – Acho que entendi – ri. – Ele não gosta de Midnight?

– O que? – Ben gargalhou. – Você está me perguntando se Lucas gosta de Midnight?

– Sim, por que?

– Você só pode estar brincando.

– Mas eu não sei do que ele gosta, Ben.

– Certo, mas grunge com toda a certeza não faz o estilo dele.

– Se ele gostasse e se ainda tivesse ingressos a gente poderia convidar ele para ir junto ao show.

– Duvido muito que ele iria, mas quem sabe a gente o convide para ir a alguma ópera ou coisa do tipo.

– Ópera? – ri. – Que exagero, Sr. Souther.

– Que exagero nada – ele riu. – Vamos lavar a louça? Você lava e eu seco.

– Muito bem.

Levantei-me, e fui até a pia, levando os pratos, os talheres e os copos comigo. Benjamin me seguiu e me abraçou fortemente pela cintura, apoiando seu queixo no meu ombro esquerdo.

– O que você está fazendo? – perguntei.

– Nada – ele riu, o que me fez sentir cócegas.

– Isso faz cócegas – ri.

– Faz é? – ele encosta seus lábios na minha nuca, me provocando.

– Pare com isso, seu idiota. Você sabe que eu não gosto de cócegas.

– Sei?

– Sabe.

– Verdade – ele riu.

– Comece a secar, vamos, vamos – apontei para alguns pratos que eu estava deixando para ele secar.

– Certo! – ele disse.

Ele começou a secar os pratos, eu fechei a torneira e fiquei o observando “trabalhar”.

– Lanys – falou, com um fiozinho de voz, quase inaudível.

– Oi?

– Hum...

– O que foi, Ben?

– Nada.

– Mas o que? – estranhei aquilo. – Fala.

– Bom – ele terminou de secar os pratos e me olhou -, na verdade, eu não sei.

– Como assim?

– Eu... Eu posso...?

– O que, Benjamin?

Eu estava ficando preocupada.

– Eu posso tentar uma coisa?

– Depende da coisa.

– Sim ou não?

– Sei lá – ri. – Faz o que você quiser, Ben.

Aquilo estava muito estranho e só piorou.

Benjamin levou sua mão direita ao encontro de meu rosto, o acariciou levemente.

– Eu preciso ter certeza de uma coisa – Benjamin disse.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha, suavemente.

– Então se você me permitir...

Sua fisionomia havia mudado, ele estava sério, mas tinha algo que chamou a minha atenção, tinha dúvida e uma pontinha de confusão em seu olhar. Benjamin olhava diretamente em meus olhos. Aqueles olhos cor de esmeralda eram hipnotizantes. Ben passou seu braço esquerdo pela minha cintura e me puxou, me deixando muito perto dele. Ele aproximou seu rosto lentamente, acariciando meus cabelos, meu olhar desceu automaticamente em direção a sua boca. Aqueles lábios levemente rosados estavam tão próximos dos meus, e instintivamente eu me aproximei também, fechando meus olhos e encostando minha boca na dele.

Seus lábios eram quentes, passei minhas mãos pelo seu pescoço, o beijo passou de um simples selinho para um beijo mais intenso. Nossas línguas se tocaram. Benjamin me puxou mais para perto e eu percebi que aquele menino que eu beijava era Ben Souther, meu melhor amigo de infância.

Aquilo estava errado.

– Espera – segurei os ombros dele e o empurrei levemente. – Você não acha que isso está estranho?

Ele ficou em silêncio, apenas me observando.

– Ben, você é o meu melhor amigo. Não acha que isso estragaria a nossa amizade?

– ...

– Eu... a gente... eu adoraria tentar algo com você, mas você é o meu irmãozinho abobado e idiota, que me incomoda sempre, e eu não que isso se perca, nunca.

– Alanys, eu sei – ele me abraçou forte, o que me deixou surpresa. – Me desculpe, eu também não quero que isso se perca, você é a última pessoa que eu quero perder e nossa amizade é muito importante para mim. Eu só estou confuso com algumas coisas.

– Você não gosta de mim desse jeito. Eu sei disse e você também sabe. Saiba que pode sempre contar comigo, para tudo. Eu vou sempre estar aqui para você, Benjamin. Se quiser me contar algo...

– Obrigado – ele me olhou. – Está tudo bem, assim que eu ter certeza de uma coisa você vai ser a primeira que vai saber.

– Acho bom, hein – ri.

Ele sorriu.

– Vamos dormir?

– Certeza?

– Sim – ele me deu um beijo na testa. – Boa noite.

E foi caminhando em direção ao quarto.

13 de Fevereiro, 13:30.

Senti um peso em cima de mim, era desconfortável e estava machucando a minha barriga. Abri os olhos lentamente e dei de cara com Benjamin Souther em cima de mim, gritando, mais parecia um marreco raivoso do que um humano.

– Alanys! Acorda!

Resmunguei, tentando me virar de lado e retomar o meu sono, mas Benjamin começou a pular sentado em mim.

Olhei furiosa para ele.

– Que horas são?

– Uma e meia – sorriu.

– O que? Uma e meia? Por que não me acordou antes?

– Ah, você estava uma gracinha dormindo, não queria atrapalhar – ele riu.

– Sei... grande desculpa – encarei ele.

– Certo, mas você precisava descansar.

– Verdade – suspirei. – Agora você pode fazer o favor de sair de cima de mim?

– Então levanta.

– Como vou levantar com você sentado na minha barriga, Benjamin?

– Não sei.

– Ah! Como você é irritante – empurrei as cobertas na cara dele e me sentei na cama bruscamente, fazendo o cair.

– E você é malvada.

Olhei para ele com o meu olhar mortal, o que arrancou risos de Benjamin. Arrumei a cama, ignorando-o, e fui tomar meu banho.

Coloquei minha camiseta preta do Midnight, ela era levemente maior do que deveria, e pus uma calça jeans rasgada, logo voltei para o meu minúsculo quarto. Benjamin estava sentado na cama vendo o meu caderno de desenhos. Esse caderno era proibido para o resto do mundo, só eu podia vê-lo, tocá-lo e rabiscá-lo, ele era minha preciosidade, e estava sendo invadido pelas mãos sujas e nojentas de um menino chamado Benjamin Souther.

– Você continua desenhando muito bem. Esse aqui sou eu, não é? – ele virou o caderno para mim; ali estava desenhado três crianças andando de balanço numa praça enorme, com árvores por todo lugar. – Essa aqui é a Flora, e essa você – ele aponta para as crianças do desenho. – Você me desenhou muito bem.

– Se você não quiser que eu desenhe o seu cadáver sendo comido por vermes, largue o meu caderno agora.

– Você ainda protege esse caderno?

– Sim.

– Mas você não desenha nele já faz um tempo – ele folheou bruscamente o caderno, o que me deixou furiosa. – O último desenho que está aqui foi feito no início do ano passado.

– Benjamin Souther, eu vou arrancar os teus olhos e dar para os cachorros do vizinho comer.

Ele riu.

– Ta bom, eu me rendo – ele colocou o caderno na minha pequena estante de madeira. – Não quero ficar cego.

– Ótimo. Nunca mais toque nele.

– Você está parecendo minha mãe.

– Não, Ben. Eu sou pior que a sua mãe. Acredite.

– Medo. Muito, muito medo.

– Falando em mãe – olhei para ele -, a minha já chegou?

– Acho que sim, eu ouvi alguns barulhos na sala, mas não fui olhar.

– Medroso.

– Eu não – se defendeu.

– Você sim, vamos lá ver.

A sala estava fria, escura e sombria. Perto da janela, estava minha mãe. Ela ainda era nova, 40 anos, sem muita história e, lamentavelmente, sem nenhum futuro. Estava jogada sobre um sofá velho, coberto de almofadas azuis marinho. Ela estava calma, provavelmente dormia, segurava uma garrafa que estava cheia pela metade, seus longos cabelos pretos grudavam no suor de sua testa. Tudo em sua volta estava uma bagunça sem fim: garrafas vazias jogadas no chão, a pizza de ontem á noite, mordida e atirada ao lado de um tênis desgastado e sujo, mas o pior de tudo eram as antigas fotos e cartas que estavam espalhadas pela mesinha de centro e pelo tapete, que agora, fedia a álcool.

Tudo aquilo representava os amores perdidos e os amigos que a deixaram. Cada coisinha espelhava um erro, um abandono. Mas ali havia, principalmente, coisas sobre “ele”, coisas que nem eu desconfiava que minha mãe ainda guardava, coisas que eu sabia que machucavam ela. Cada mentira desvairada que “ele” lhe contava, todas aquelas palavras e juras de amor eterno não passavam de uma simples ilusão. E eu, ali, olhando aquelas coisas que desprezavam a alma daquela pobre mulher, minha mãe, que a assombravam todos os dias de sua odiosa vida. Tudo aquilo doía em mim. E tudo aquilo era por minha causa.

Caminhei lentamente até ela, meus passos estavam pesados.

– Mamãe... – toquei em seu braço, gentilmente. Ouvi resmungos vindo de minha mãe. – Vou te levar para o seu quarto, ok? – ela não se moveu.

– Alanys, quer ajuda? Eu posso segurar os pés.

– Certo – arrumei a sua posição no sofá, deitando-a de barriga para cima, segurei seus braços, a garrafa caiu no chão, Benjamin segurou suas pernas. – No três. Um. Dois. Três – fizemos força e levantamos seu corpo do sofá. Benjamin e eu levamos minha mãe ao seu quarto pequeno e escuro, tapei-a com um fino cobertor e fechei a porta.

– Está tudo bem? – perguntou Benjamin, suas feições revelavam preocupação.

Fiz que sim com a cabeça, mas não estava. Não estava nada bem. Queria chorar, mas não podia. Não ali na frente de Benjamin. Queria falar, mas a voz não saia. Então caminhei de volta para a sala, onde havia aquelas amargas lembranças, segurando uma delas em minha mão, deixei as pesadas lágrimas escaparem de meus olhos.

13 de Fevereiro, 20h.

– Você tem certeza de que ainda quer ir? – perguntou Benjamin, parado em frente à porta da minha casa, impedindo a minha passagem.

– Sim, Ben – suspirei. – Estou melhor, juro. Aquilo não foi nada, foi só um momento, ok?

– Alanys Willians, estou falando sério. Você está mesmo bem?

– Sim, Benjamin. Sério.

Empurrei-o e fui em direção a sua lata-velha, quero dizer, fui em direção a sua preciosa Letícia. Benjamin me seguiu, com desconfiança e preocupação em seu olhar. Ninguém comentou nada sobre o ocorrido. Algum tempo depois, chegamos ao lugar do show, já havia muitas pessoas, mas o pior de tudo foi achar um lugar para estacionar, ficamos dando voltas e voltas até encontrar uma vaga.

– Certo, a fila já está andando, pegou os ingressos? – perguntei.

– Sim - ele ficou me encarando.

– O que foi, Ben?

– Nada, nada.

Nós entramos na fila e, como sempre bem discreto, Benjamin fez amizade com dois meninos que estavam na nossa frente. Um deles, James, era um pouco mais baixo do que Ben, tinha sardas, olhos castanhos escuro, cabelo curto e loiro, ele parecia estar um pouco acima do peso. O outro, Eliot, era mais alto que James, mas mais baixo que Benjamin, era muito magro, tinha cabelos pretos, olhos castanhos claro e um sorriso que parecia ser maior que seu rosto. Ambos eram tão calmos quanto Benjamin, ou não.

– Qual é a da branquela? – perguntou James, se referindo a mim.

– Essa aqui é a minha amiga Alanys.

– Oi – disse, desconfortável.

– E ai? – Eliot falou, sorrindo.

– Olá, docinho.

Não bastava James me chamar de “branquela”, tinha que completar com “docinho”, percebi que havia um tipo mutante de bigode que estava nascendo abaixo de seu nariz. Meu nojo por aquele ser só aumentava.

Graças a Deus chegou nossa vez na fila, eu já não agüentava mais ouvir o James falar da vida sexual de seus pais para mim. Benjamin entregou os nossos ingressos para o segurança e entramos no espaço onde estava o palco.

– Lanys, os meninos querem ir para lá.

– Eu vou ficar perto do palco, pode ir com eles se quiser.

– Lanys...

– Tudo bem – sorri, amigavelmente. – Sei me virar sozinha, e aquele gordo cheio de sardas na cara está me dando muito medo – sussurrei.

Ben riu.

– Tem certeza?

– Sim, agora vai lá se divertir.

– Ta bom, qualquer coisa me liga.

– Certo.

Acho muito difícil alguém perceber o celular tocando no meio de um show, mas tudo bem. Ben caminhou lentamente ao encontro de seus novos amigos, ouvi uns sons de reclamação vindo de James ao ser informado que eu não iria ficar no show com eles.

Comprei uma garrafa d’água e um pacote de salgadinho e fui para perto do palco esperar o Midnight entrar no palco. Depois de um longo tempo de espera, o show finalmente começou. Devo dizer que quando o Josh apareceu as gurias ficaram histéricas, o mesmo aconteceu com o Tylor, o guitarrista da banda.

Eles começaram tocando Kingdom of the Fallen, que tem uma batida mais agressiva, as pessoas começaram a pular e a se aglomerar. Perto do palco parecia impossível de ficar, as pessoas estavam empurrando, cabelos na cara, gritos, gente passando mal e vomitando. Me afastei um pouco – já estava ficando um pouco tonta - e comecei a dançar numa área mais calma, afinal, e estava ali para aproveitar e relaxar.

Uma coisa esbarrou em mim com força, quase caí no chão.

– Nossa, calma aí – falei, tentando equilibrar o meu corpo e o corpo da pessoa que esbarrou em mim.

– Essas malditas latas de refrigerante! Por que é que as pessoas jogam essa porra toda no chão?

– Acho que achar uma lixeira no meio de um show é um pouco complicado, o mesmo serve para atender o celular, é quase impossível ouvir um celular tocando com essa música – apontei para o palco.

– E quem é você? Ninguém perguntou o que você acha – o garoto me olhou.

– Sou a pessoa em quem você esbarrou.

– A culpa não é minha se você estava no lugar errado e na hora errada.

– Mas se não fosse por mim estar no lugar errado e na hora errada o senhor estaria sendo pisoteado agora mesmo.

– Eu teria recuperado meu equilíbrio antes disso acontecer – ele sorriu para mim.

– Será? – olhei para ele, desconfiada.

– Com toda a certeza.

O garoto media 1,77, mais ou menos, tinha um maxilar rígido, seu rosto era másculo, lindo, ele tinha cabelos vermelhos como fogo e sangue, seus olhos eram de um tom cinza exótico e hipnotizante, sua boca não era nem carnuda nem fina, tinha o tamanho perfeito, sensual.

– Cabelo maneiro esse o seu – sorri.

– O seu também é bem... diferente – ele puxou levemente uma mecha de meu cabelo branco.

– Mas a diferenças dos nossos cabelos não é só a cor, mas sim que o meu é natural e o seu não.

– E como você sabe que o meu cabelo não é natural?

– Primeiramente porque o seu cabelo é de um vermelho rubro, e geralmente, os ruivos têm cabelos mais alaranjados, ou seja, você não passa de um farsante – brinquei.

– E você é algum tipo de cadáver ambulante? – ele sorriu sarcasticamente para mim.

Eu ri.

– Errado.

– Então, qual é a do seu cabelo?

– Vai ter que me dizer a cor do seu antes.

Ele riu.

– Vai ter que fazer muito mais que isso para descobrir.

Quando Shadow Dawn começou a tocar eu quase dei um salto, na verdade, eu dei um mini salto misturado com um giro, saiu uma coisa estranha.

– Eu simplesmente amo essa música.

– Não me lembro de ter te perguntado.

Ignorei o comentário dele e comecei a dançar novamente.

– And when we’re lost we need a refuge in the shadow of dawn... – comecei a cantar.

–... singing to you I see the sparkle in your eyes, I want this for my destination... – ele me seguiu na música, o que me fez rir.

–... in the shadow of dawn – cantamos em uníssono.

– É, essa música deles até que tem uma tradução bonita – ele me olhou.

– Não me lembro de ter te perguntado – ri.

O garoto misterioso sorriu para mim.

– Rebelde você.

– Ah, claro. Muito.

– Bom, o show já vai terminar, geralmente eles finalizam o show com Shadow Dawn, então eu vou indo para casa.

– Certo.

Ele se virou e começou a andar.

– Ei! Espera! – gritei.

Ele me olhou.

– Como é o seu nome?

Ele ficou alguns segundos me encarando.

– Castiel.

– O meu é Alanys, caso queira saber.

– Você tem sorte.

– Por que? – perguntei.

– Não costumo dizer meu nome para estranhos – Castiel deu uma piscadela rápida para mim e sumiu em meio à multidão.

Senti uma mão apertar o meu ombro direito com força.

– Finalmente te achei!

Me virei, um pouco assustada.

Era o idiota do Benjamin.

– Não me assusta desse jeito, bobão – cutuquei a barriga dele.

Ele riu.

– Desculpa, desculpa – ele me olhou, sério. – Quem era o de cabelo vermelho?

– Apenas um estranho.

– “Apenas um estranho”, sei. Eu pensei ter visto ele em algum lugar antes. Te cuida, hein.

– Benjamin e sua mania de conhecer todo mundo.

– Dessa vez é sério – ele riu.

– Muito bem, muito bem, Sr. Popular. Vamos embora.

Benjamin foi para a casa dele e eu para a minha. Por um milagre a casa estava toda no lugar, tudo que eu e Benjamin arrumamos quando saímos estava exatamente em seu devido lugar, sem garrafas espalhadas no chão, nem fotos, nem cartas, menos minha mãe.

Ela não estava em seu quarto. Nem em casa.


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