Pálida Máscara escrita por Chayenne Barcellos


Capítulo 3
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Olá seres humanos, como vão?
Boa leitura, aceito criticas e elogios, afinal, isso ajuda muito. ♥



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12 de Fevereiro

A tarde no Blue’s Coffee estava bem tranqüila, geralmente o café vive lotado de senhoras e executivos estressados, mas naquela tarde não tinha movimento algum no café. Eu e o Benjamin estávamos cuidando do caixa, enquanto Flora cuidava dos poucos pedidos que os clientes faziam.

– Dois cafés expressos, e um mocaccino – disse Flora.

– Certo – Ben respondeu, e foi preparar o pedido.

– O que aconteceu com o movimento desse lugar? – perguntei, observando o café.

– Eu sinceramente não faço a mínima idéia, deve ser algo momentâneo, problemas no trânsito que fizeram eles pegarem outro caminho e irem direto para o trabalho, sei lá – supôs Flora.

– Deve ser isso mesmo – apareceu Ben com os cafés e o mocaccino. – Pronto – entregou-os para Flora. – O leite da máquina acabou, vou pegar mais na despensa, alguém vem comigo?

– Eu vou levar os pedidos para os clientes – respondeu Flora.

– Eu vou – disse. – Mas antes vou preparar um café para mim.

– Certo.

Depois de eu preparar meu café e colocá-lo numa enorme xícara vermelha, disponível para os funcionários, eu e Ben fomos até a despensa pegar mais leite, para colocá-lo na máquina. A despensa do Blue’s Coffee ficava nos fundos, era um “armário” implantado dentro da parede, tinha uma lâmpada no teto com uma corda de metal fino, e quando puxado essa corda a luz acendia, era bem legal.

– Leite, leite, leite – falava Benjamin -, leite cadê você?

– Serve esse? – tirei da despensa uma caixa de 1 litro de leite e entreguei-a para Ben.

– Serve – ele sorriu. – Ah, Alanys! Quase me esqueci – disse Ben, enquanto fechava a porta de despensa.

Eu me sentei em um banquinho de plástico e apoiei meu braço com a xícara sobre uma mesa que havia nos fundos do café, esperando ele falar, Benjamin, logo em seguida, sentou-se ao meu lado.

– Você está sabendo do grande evento? – continuou ele.

– Grande evento? Acho que não – respondi.

– Como não? Você era para ser uma das primeiras que deveria estar sabendo.

– Mas eu não sei do que você está falando. Que evento é esse?

– Não consigo acreditar no que estou ouvindo – ele riu. – Logo você, Lanys. Sinto-me desapontado.

– Fala logo, Benjamin – tomei um gole do meu café.

– Coisa feia. Alanys Willians me dizendo que não sabe qual é o grande evento do ano. Muito feio isso.

– Puta que pariu, Benjamin. Desembucha!

– Ei, calma – ele sorriu, satisfeito. – O que aconteceu com você?

– O que sempre acontece de manhã na minha casa, Benjamin? – suspirei. – Discuti com a mamãe de novo, então pode tentar não me irritar hoje?

– Certo, prometo que vou tentar – ele me olhou, com uma cara de quem estava segurando o riso.

– Idiota – nem deu tempo de eu tomar outro gole do café que Benjamin já caiu na gargalhada.

– Desculpa, desculpa. Não consigo evitar, te ver irritada é hilário.

Olhei furiosa para ele.

– Vai ser hilário também quando eu estourar os teus miolos – sorri. – Mas, e então Sr. Souther? Qual é esse grande evento que eu não to sabendo?

– Ah sim, certo – pigarreia ele, fazendo um suspense insuportável.

– Benjamin!

Ele riu.

– Bom, amanhã, dia 13 vai ter o show do Midnight e...

– O que? – quase me engasguei ao tomar mais um gole do meu café. – Por que você não me avisou antes, seu idiota? – as palavras estavam saindo da minha boca por conta própria.

– ...eles vão tocar suas músicas do último álbum e suas músicas clássicas de sucesso, incluindo Shadow Dawn que por um acaso do destino é a sua favorita...

– Seu desgraçado. Não acredito que você não me avisou do show! – eu estava pirando, e o meu interior estava fervendo de raiva.

– ...e também, como somos sortudos, eles resolveram tocar na nossa linda e maravilhosa cidade...

– Benjamin Souther! Eu te odeio!

– ...mas, infelizmente...

– O que?

– ...os ingressos...

– O que tem os malditos ingressos, Benjamin?

– ...se esgotaram no segundo dia que abriram as vendas, mas-

Não consegui deixar ele terminar, meu corpo se moveu sozinho, pulei direto no pescoço dele, derrubando a xícara de café, a mesinha e os dois bancos de plástico que haviam ali. Benjamin sabia muito bem que as únicas coisas que conseguiam me desestabilizar eram a minha mãe, o Midnight e o Josh Humbert – cantor do Midnight, amor da minha vida, deus dos meus sonhos.

– Alanys! Alanys! Se acalma – ele tentava desviar dos meus golpes. – Eu já comprei – tossiu – os nossos ingressos.

Eu parei repentinamente de apertar o pescoço dele com meu cotovelo e de tentar acertar o rosto dele. Olhei para Benjamin, altamente confusa.

– Você o que?

– Sim, isso aí – ele sorriu. – Agora pode, por favor, sair de cima de mim?

Eu não estava conseguindo raciocinar direito. Aquilo foi um ataque de adrenalina muito alto para eu agüentar.

– Está mais calma agora?

Fiz que sim com a cabeça.

– Ainda bem. Por um momento cheguei a pensar que você fosse me matar.

– Na verdade, eu estava pensando a mesma coisa – disse.

– Sabe, isso não me deixa mais tranqüilo.

– Percebi – sorri.

– Se controle menina – ele riu.

– Ninguém mandou você me dar um susto desses – disse, rindo também.

– É isso que eu recebo como forma de agradecimento por ter gastado meu dinheiro com você?

– Sim – brinquei.

– Sua chata.

Eu ri.

– Nem vem, você que começou com essa brincadeirinha boba.

– Você realmente acha que eu não avisaria minha melhor amiga que a banda favorita dela vai tocar na cidade em que ela mora, se eu não fosse fazer uma surpresa para ela? Até parece que não me conhece, Srta. Willians – ele riu.

– Vai saber o que se passa nessa sua cabecinha maluca – sorri.

E do nada Flora entrou nos fundos do Blue’s Coffee onde eu e Benjamin estávamos. Eu estava sentada em cima dele, com as mãos em seus ombros, a xícara de café caída no chão, junto com o café espalhado por todos os lados, os bancos de plásticos derrubados no chão junto com a mesinha.

– Mas o que é que está acontecendo aqui? – ela arregalou os olhos.

Ben e eu nos entreolhamos.

– Não é bem isso que você está pensando! – afirmei, me levantando do colo de Benjamin, sem jeito.

– Vocês estavam... prestes a fazer... a fazer... nos fundos do Blue’s Coffee...

– O que? – ri. – Você só pode estar pirando, Flora.

Ela me olhou, sem entender nada e um tanto quanto assustada.

– Então por que raios você estava em cima dele e por que esse lugar está uma bagunça?

– É que esse idiota me deu um susto enorme, e eu instintivamente, tive que subir em cima dessa desgraça para sufocar-lo – ri.

– Como se a gente fosse fazer sexo no local de trabalho – disse Ben.

– Nem no local de trabalho, nem em lugar algum – completei.

– Ah, assim espero – ela suspirou aliviada, mas logo ficou tensa novamente. – Mas tentar sufocar uma pessoa continua não sendo normal.

– Ah não se preocupe – Benjamin sorriu. – Eu já me acostumei com isso. Agora vamos voltar ao trabalho, não é, Lanys?

– Isso mesmo! – sorri e saí dos fundos do Blue’s Coffee junto com o Ben.

Flora nos olhou espantada.

– Vocês ainda vão meu deixar maluca, e voltem já aqui para limpar essa bagunça!

Depois de passarmos a tarde limpando a bagunça que eu e Benjamin fizemos nos fundos do café, finalmente consegui ir para casa. No meio do caminho eu já estava pensando no banho que eu iria tomar, e depois na minha cama quentinha e aconchegante, mas assim que ponho os pés em casa à realidade vem à tona. A casa estava vazia, mas minha mãe havia deixado, como sempre, uma trilha de sujeira e de garrafas vazias para eu arrumar.

– Parece que nem hoje eu vou poder descansar, não é mamãe? – suspirei e comecei a arrumar aquela bagunça.

O meu relacionamento com a minha mãe é meio complicado. Ela faz coisas erradas consigo mesma desde aquele incidente. Eu tento cuidar dela, mas ela não me ouve nunca, eu sei que ela me ama, ou pelo menos tento acreditar nisso, mas também sei que não sou e nunca fui desejada por ela, se eu não tivesse nascido a vida dela não estaria arruinada. Todos os dias eu acordo tentando mudar a vida da minha mãe, tentando melhorá-la e melhorar a minha vida também, mas nada funciona. Então eu espero que talvez um dia eu consiga fazer algo de bom por ela.

Juntei todas as toalhas, roupas sujas, meias e etc, que estavam espalhadas pela casa e coloquei-as numa cesta, logo em seguida coloquei tudo na máquina de lavar. Reuni todas as garrafas, todos os restos de comida e todas as xícaras de café que estavam espalhados pela casa. As garrafas e os restos de comida foram para a lixeira e as xícaras para a pia.

Suspirei, e observei como estava a casa. Continuava uma bagunça.

O telefone tocou.

Alanys: Quem é?

Benjamin: Oi, sou eu.

Alanys: Ah, oi.

Benjamin: Chegou bem?

Alanys: É, dá para se dizer que sim.

Benjamin: Mesmo? Eu posso dormir aí hoje?

Alanys: Acho que sim.

Benjamin: Assim vai ser melhor de ir ao show, não acha?

Alanys: Concordo.

Benjamin: Certo. Que horas posso passar aí?

Alanys: A hora que você quiser.

Benjamin: Vou ir agora então.

Olhei no relógio. 19:30.

Alanys: Certo, mas a casa está uma bagunça.

Benjamin: Não tem problema, eu te ajudo a arrumar.

Alanys: Eu não vou recusar, porque eu realmente estou esgotada hoje.

Benjamin riu: Tudo bem, eu estou indo aí o mais rápido possível. Até mais.

Alanys: Até.

Desliguei o telefone e fui lavar a louça.


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