Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos! Vocês levaram mesmo a sério minha reclamação sobre a quantidade de comentários, hein? Recebi 57 comentários do último capítulo pra cá! Obrigada, pessoal! De verdade. Continuem assim, ok? Rs. Agradeço em especial às leitoras Katianne Kelly, Duda Potter Everdeen Mellark e EmilyJB, que recomendaram a história. Obrigada, meninas!

Sei que demorei muito a postar e que isso não é justo, visto que vocês me incentivaram bastante. O problema, gente, foi que eu andei tendo algumas questões pessoais para resolver e tive um bloqueio DAQUELES. Várias vezes peguei o notebook, abri o word e não saiu quase nada. Eu já ia partir para os 15 anos, mas quis abordar algumas coisas antes, para manter a qualidade da história. Isso complicou minha vida, confesso (hahaha!), tendo em vista o meu bloqueio, mas eu prezo muito pela qualidade da história. Escrever qualquer coisa só pra atualizar mais rápido não dá, né? Mas agora eu já tenho as ideias em mente e vou postar bem mais rápido.

Agora chega de blá blá blá.

Boa leitura!



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Os dias vão passando rapidamente. Depois daquela conversa que tive com Peeta, senti como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Agora eu estou mais tranquila e me sentindo menos cobrada com relação a ter filho. O tempo nos fez entender o lado um do outro sobre essa questão. Essa foi a razão de eu ter querido deixá-lo livre para viver isso com outra mulher, ainda que eu tenha sido meio insensível ao não considerar que ele só iria querer viver isso comigo. Essa também foi a razão de ele ter parado de me cobrar.

Agora está tudo bem com relação a isso. Nós estamos dando tempo ao tempo, sem pressa e sem cobranças. Estamos aproveitando nosso casamento e apaziguando os sofrimentos e traumas um do outro, como sempre fizemos. Nosso amor é e sempre foi baseado em cuidado e proteção mútuos, desde antes de eu saber que era amor.

Só não estou totalmente tranquila porque há algo me inquietando. Após falarmos com o doutor Aurelius, ele pediu que nós fôssemos à Capital para ele dar uma olhada em Peeta. Logo que ele falou isso, fiquei com muito medo, mas depois ele explicou que era apenas para fazer alguns exames e se certificar de que está tudo bem, pois já fazia um tempo que Peeta não tinha um flashback tão exaustivo. Além disso, faz anos que ele não se consulta pessoalmente com o doutor Aurelius.

Hoje é o dia em que nós iremos à Capital. Após arrumarmos nossa pequena bagagem, nós entramos no aerodeslizador (a vantagem de sermos vitoriosos é a de que sempre podemos contar com um confortável e rápido aerodeslizador para viajar, cortesia da Capital). Peeta se senta junto de mim e coloca minhas mãos entre as dele. Ele nem precisa falar nada para eu saber que ele está tentando me confortar.

– Eu é que deveria estar te confortando, Peeta – digo. – Você é que vai fazer exames para avaliar sua saúde.

– Mas eu não estou preocupado, e você está – rebate ele. – Katniss, eu sei que estou bem. Os flashbacks me desestabilizam, claro, mas eu sei que não corro riscos de piorar. Eu sei que hoje tenho domínio da minha mente e que não vou fazer nenhuma bobagem. Esses exames são apenas de prevenção. O próprio doutor Aurelius disse.

– Tudo bem. Eu só fico com medo de te perder – digo, e ele dá um leve sorriso ao perceber a insegurança em minha voz.

– Você nunca vai me perder. Quanto a isso, não se preocupe.

– Fique comigo – peço a ele, recomeçando nosso velho ritual.

– Sempre – diz ele, e em seguida se aproxima de mim para me dar um suave beijo.

Quando chegamos à Capital, nós nos instalamos num hotel e em seguida vamos ao hospital. O doutor Aurelius já está nos esperando. Ele percebe minha tensão e me assegura mais uma vez de que são apenas exames preventivos, o que é inútil, pois eu continuo nervosa. Acho que só vou relaxar quando vir que realmente está tudo bem com a saúde de Peeta.

– Meu amor, eu vou indo – diz Peeta quando chega o momento de ir fazer os exames. – Fique bem, ok? Vai dar tudo certo.

Eu assinto com a cabeça. Ele me dá um beijinho discreto e depois parte.

Horas angustiantes se seguem enquanto espero alguma notícia, mas ninguém aparece para dizer nada. Pergunto por Peeta a uma enfermeira, mas ela apenas diz que ele ainda está lá dentro, provavelmente dormindo por causa de um sedativo.

Quando já estou prestes a enlouquecer de tanta ansiedade, o doutor Aurelius aparece. Uma onda de alívio percorre o meu corpo ao ver que ele parece animado. Ele me conduz para uma sala reservada, nós dois nos sentamos e então ele começa a dizer:

– Katniss, está tudo bem com Peeta. O exame de sangue não deu nenhuma alteração, e o exame de imagem do cérebro, também. Como eu suspeitava, ele ficou algumas horas desacordado após aquele flashback porque se cansou muito emocionalmente.

O alívio é tão grande que meus olhos se nublam de lágrimas.

– Onde ele está agora? – pergunto.

– Está acordando do sedativo. Nós preferimos fazer o exame de imagem com ele sedado, pois nós utilizamos alguns tipos de contraste para um resultado mais preciso. Mas antes de ele acordar, eu gostaria de saber: Aconteceu alguma coisa para ele ter um flashback forte assim?

Uma sensação quente e desagradável de vergonha me sobe ao rosto, e sei que devo estar corando.

– Sim... – confesso, e então conto a ele toda a história dos desenhos, de eu dizendo a ele que ele poderia me deixar e tudo mais. Conto tudo, sem omitir nada.

– Hmm... Então provavelmente o que aconteceu acionou nele alguma memória falsa de você o abandonando ou algo do tipo. Depois eu vou conversar com ele para saber o que ele viu. A verdade é que não há muitas informações sobre as sequelas de vítimas de telessequestro, então não dá para saber muita coisa. Para muitas coisas, eu uso meu conhecimento de psiquiatra para deduzir.

– Eu entendo. Mas o importante é que ele está bem.

– Sim, ele está. A questão é: Você está? Esse seu pavor de ter filhos mostra que você ainda tem alguns traumas a vencer.

Respiro fundo para tentar manter a calma. Não estou gostando nem um pouco do rumo que essa conversa está tomando.

– Doutor Aurelius, eu não gostaria de falar sobre isso, ok?

Ele assente com a cabeça.

– Tudo bem, Katniss. Mas quando quiser, eu estarei aqui para te ouvir.

– Eu sei.

– Só não se esqueça da importância de deixar o passado para trás e viver o presente sem temer o futuro. Bom, Peeta já deve estar acordado. Venha, vamos lá vê-lo.

***

– Peeta! – exclamo ao vê-lo, atirando-me nos braços dele. – Deu tudo certo nos exames!

Ele me abraça mais forte e sussurra no meu ouvido:

– Eu disse que ia dar tudo certo. Você nunca vai me perder, nunca.

Eu me separo dele e digo:

– Eu já contei ao doutor Aurelius o que aconteceu pra você ter o seu flashback. Agora ele quer saber o que você viu, não é, doutor? – olho para o médico.

– Sim, mas Peeta ainda está um pouco sonolento, não é? – Peeta assente com a cabeça. – Sugiro que vocês comam alguma coisa, descansem e voltem aqui amanhã pela manhã. Por enquanto, Peeta, quero que você continue com o seu calmante.

– Nada de antipsicótico, então? – pergunta Peeta.

– Não – responde o médico, e Peeta solta um suspiro de alívio. – Creio que você nunca mais precisará de antipsicótico. Você está há anos sem tomar e não deixou de conseguir distinguir o que é verdadeiro e o que é falso.

– Tudo bem, então – diz Peeta. – Podemos ir agora?

– Sim, mas voltem aqui amanhã.

Peeta e eu assentimos com a cabeça e depois deixamos o hospital.

Nós passamos o resto do dia no quarto do hotel. Eu gostaria que nós pudéssemos fazer nossas refeições no salão comum, mas não quero causar nenhum burburinho. Sei que nossa presença aqui não passaria despercebida.

À noite, após tirarmos uma soneca e jantarmos, eu e Peeta ficamos na varanda do nosso quarto para sentir a brisa fresca da noite. Eu me deito com a cabeça no colo dele e logo sinto suas mãos acariciando levemente os meus cabelos.

– Eu gostaria de poder congelar esse momento, bem aqui, e viver assim para sempre – diz ele, e pelo tom ligeiramente cômico de sua voz, sei que ele está propositalmente repetindo o que disse naquela tarde no terraço do centro de treinamento, mais de dez anos atrás.

– Então o senhor se lembra perfeitamente do que disse a mim naquele dia? – digo rindo.

– Sim. Você me ajudou a lembrar.

Saio de seu colo, sentando-me no chão e ficando de frente para ele. Minha mão esquerda toca seu rosto.

– Achei que aquele dia seria um dos nossos últimos momentos juntos, e cá estamos nós, mais de dez anos depois – digo.

Peeta sorri.

– Eu achei a mesma coisa – diz ele. – Que bom que nós estávamos errados.

Eu dou um sorriso e em seguida me aproximo de Peeta, colando meus lábios nos dele. Em pouco tempo, sinto aquela ânsia familiar e o conduzo para dentro do quarto, ansiosa por ter o corpo dele colado ao meu.

No dia seguinte, eu e Peeta vamos ao hospital para ele conversar com o doutor Aurelius, conforme o combinado. Eles não precisam pedir que eu saia da sala. Por mais que eu e Peeta sejamos marido e mulher, sei que ele não fica à vontade em falar sobre as memórias falsas do telessequestro na minha frente.

Enquanto estou sentada na sala de espera, fico refletindo sobre a frase que o doutor Aurelius me disse ontem:

“Só não se esqueça da importância de deixar o passado para trás e viver o presente sem temer o futuro.”

Isso não é simples. Quando você passou por grandes traumas e teve muitas perdas, é difícil viver o presente sem temer que algo de ruim aconteça novamente. Não sei se algum dia vou poder superar esse medo e ter filhos com Peeta, mas sei que preciso me distanciar mais do passado para viver o meu presente de forma mais tranquila, independentemente de filhos.

Penso no memorial. Será que ir até lá seria uma boa ideia? Pode ser que me traumatize ainda mais, mas também pode ser que me ajude a entender, no fundo do coração, que os Jogos não existem mais e que nunca mais vão existir, e que a única coisa que resta são as marcas deixadas por eles. Preciso me convencer de que não existe o risco iminente de que eles voltem a existir. 10 anos já se passaram.

Depois que a conversa entre Peeta e o doutor Aurelius termina, eu pergunto ao médico se seria positivo nós irmos ao memorial, ao que ele responde:

– Eu não tenho exatamente como prever como vocês dois vão reagir, mas creio que isso será positivo para vocês, sim. Ajudará vocês a aceitar internamente a ideia de que os Jogos são uma página virada, e essa aceitação é importante para que vocês superem os traumas sofridos.

– Eu quero ir, então – digo, resoluta. – E você, Peeta?

– Eu também quero – diz ele.

É o que nós fazemos. Após almoçarmos, nós pegamos um táxi e vamos ao memorial, que já está aberto a visitação. O que vemos lá dentro não é nada que eu não esperasse: Fotos e mais fotos de tributos, vídeos dos Jogos (nenhum deles mostrando mortes, obviamente), cartazes com informações, estátuas de alguns vitoriosos (incluindo eu e Peeta). Meu rosto e o de Peeta e informações sobre a 74ª e a 75ª edição dos Jogos Vorazes estão por toda parte, dominando o memorial. Ao ver imagens de Rue, sinto vontade de sair correndo, mas me forço a ficar. Eu me emociono e choro. Peeta se emociona e chora. Nós nos abraçamos, dando conforto um ao outro.

– Acabou, Katniss – diz ele no meu ouvido, com o tom de voz que ele sempre usa para me consolar. – Nada disso vai acontecer novamente. Nós precisamos sempre nos lembrar disso, por maiores que sejam os nossos traumas.

– Eu sei – digo com a voz embargada. – Eu vou tentar.

Ele rompe nosso abraço e beija o topo da minha cabeça. Quando nossa presença começa a causar burburinho e algumas pessoas começam a pedir autógrafos e a nos fotografar, nós pedimos licença e voltamos ao hotel.

Temos o aerodeslizador à nossa disposição, então decidimos voltar para casa. Ir ao memorial foi doloroso, mas me fez bem, de certa forma, e sei que também fez bem a Peeta. Eu continuo tendo pesadelos e sentindo medo de voltar a sofrer, mas é menos do que antes. Hoje eu consigo me recuperar mais rápido das minhas tristezas, pois a ideia de que tudo aquilo acabou está mais forte dentro de mim.

O tempo passa depressa. Peeta tira férias da padaria e me convida para ir ao distrito 4, para visitar a minha mãe. Já fomos lá antes, mas dessa vez, Annie e Finn vêm conosco. Minha mãe fica muito feliz com a visita, e Finn fica radiante ao conhecer o mar.

Duas semanas após retornarmos ao distrito 12, chega o dia do meu aniversário. Não gosto de festas, mas como a data cai num sábado, eu concordo em fazer uma pequena reunião com os amigos para comemorar os meus 28 anos. Após os parabéns, ficamos sentados na sala, conversando e comendo salgadinhos. Delly nos conta uma grande novidade:

– Eu e Thom vamos ter um bebê – diz ela, radiante, olhando para o marido.

Posso escutar várias pessoas dizendo coisas como “Que maravilha!” e “Que notícia boa!”, mas minha primeira reação é olhar para Peeta, que está sentado junto de mim. Após dar as felicitações a Delly, ele olha para mim e eu sei que ele percebeu o meu constrangimento. Ele sorri para mim, e conhecendo-o como eu o conheço, sei o que está implícito nesse sorriso. Ele está me relembrando silenciosamente de que está tudo bem, de que o que ele mais deseja é me ter ao lado dele. Foram palavras que saíram da própria boca dele na nossa última conversa sobre filhos, então eu não tenho com o que me preocupar.

Mais tranquila, eu me viro para Delly e Thom e os parabenizo pela gravidez. Eles perguntam para mim e Peeta quando iremos ter filhos. Fico ligeiramente nervosa por um momento, mas ele toma as rédeas da situação, falando sabiamente:

– O que tiver de ser será.

E isso reafirma que ele realmente não está mais me cobrando.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Esse capítulo não foi muito movimentado, mas espero que vocês tenham gostado mesmo assim. Lembrem-se de dizer o que estão achando nos comentários.

Beijos e até a próxima.