Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Feliz 2015!
Desculpem pela demora. Com aquela confusão de festas de fim de ano, acabei negligenciando com a fanfic. Mas hoje eu escrevi um pouco e vim logo postar. :D
No último capítulo, uma leitora veio me dizer que eu estava errando as datas da fanfic, e eu pensei que talvez essa fosse uma confusão que mais gente estivesse fazendo. Não, eu não estou errando as datas, gente. "Uma Nova Vida" começa CINCO ANOS depois que Katniss e Peeta ficaram juntos, que foi lá em "Amor Real". Por isso tem "cinco anos" em negrito na primeira linha do primeiro capítulo. No capítulo 6, o último capítulo, a história pulou para DEZ ANOS que eles ficaram juntos, ou seja, cinco anos se passaram do capítulo 5 para o capítulo 6. Por isso tem "dez anos" em negrito na primeira linha do capítulo 6. Daqui a um tempo, a história vai pular para quinze anos que eles ficaram juntos. Eu estou fazendo assim porque Katniss diz no epílogo de "A Esperança" que foram necessários cinco, dez, quinze anos para que ela concordasse em ter filhos com Peeta. Deu para entender direitinho agora, pessoal? Espero que sim. :)

Agradeço às leitoras Chicletinha, Bia Lopes e Tiana pelas recomendações. Obrigada, meninas. :)

Boa leitura!



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– Katniss, você tem certeza de que vai ficar bem? – pergunta Peeta, acariciando de leve o meu rosto.

– Sim, Peeta – digo a ele.

– Se você tá assim por causa do memorial ou do sonho, fique tranquila... Isso passa. Eu mesmo fiquei arrasado quando soube que iam construir o memorial, lembra? Mas depois fiquei bem.

– Eu sei. Não se preocupe, eu vou ficar bem. Pode ir tranquilo pro seu trabalho.

– Se é assim, então eu vou indo – ele se aproxima de mim e me dá um beijo. – Pode me esperar para o almoço. Eu venho.

– Tá certo.

Eu levo Peeta até a porta e ele sai, rumando para a padaria.

Hoje eu acordei deprimida, e isso não passou despercebido por ele. Passei o café da manhã calada e mal toquei na comida. A tristeza de ver aqueles desenhos aliada àquele sonho horroroso que tive com Prim na última noite me quebraram emocionalmente. Isso sem contar que eu já não estava tão bem antes, por causa do memorial.

Hoje eu tenho uma boa vida, não posso negar. Mas sou uma pessoa quebrada. Eu tenho medo de que as coisas voltem a ser como eram antes, de que eu volte a sofrer. Não é um medo constante. Eu também tenho meus bons momentos. Mas há certos dias em que essa insegurança me atinge em cheio, e hoje é um desses dias.

Se eu sobrevivi às dores depois do fim da guerra, foi porque Peeta estava ao meu lado. Ele é e sempre foi o meu dente-de-leão na primavera, a minha fonte de esperança em dias melhores, o farol que ilumina os momentos de escuridão. Ele foi torturado, telessequestrado e ainda assim voltou para mim. Eu não entendo nem nunca entendi como um ser humano tão especial pode amar tanto alguém como eu.

“Você poderia viver cem vidas e ainda assim não merecer aquele garoto.”

A frase que Haymitch me disse onze anos atrás ecoa na minha cabeça. Não, eu realmente não mereço Peeta. Ele faz tudo por mim, e o que eu lhe dou em troca? A companhia de uma pessoa quebrada que não consegue dar a ele o que ele tanto deseja por medo. Medo de colocar no mundo uma criança e falhar com ela, como eu falhei com Prim, ou pior: Como minha mãe falhou comigo. Medo de que Panem volte a ser o que era antes e eu seja obrigada a ver meu filho ser sorteado para os Jogos.

Eu nunca vou conseguir me desprender desse medo e dar a Peeta o filho que ele tanto quer. Nunca vou poder fazê-lo feliz por completo. Nunca vou ser a mulher corajosa que ele merece.

Esse pensamento faz lágrimas quentes nublarem meus olhos. Eu me sento no sofá e deixo que elas caiam livremente, colocando a mão na boca quando aqueles soluços horríveis começam a escapar dela. A angústia que sinto é tão grande que sinto que vou explodir se não desabafar com alguém. Mas, sinceramente, quem eu tenho? Haymitch não é a melhor pessoa para dar conselhos, e ele passa a maior parte do tempo ou discutindo com Effie ou bebendo para esquecer a discussão. Effie jamais me entenderia. Annie é uma pessoa doente e Finn é uma criança. Com Delly eu não tenho intimidade o suficiente, apesar de ela ser muito amiga de Peeta.

Penso na minha mãe, mas essa hora ela está trabalhando. Decido que o melhor que posso fazer é ir à floresta. Nenhum outro lugar me traz tanta tranquilidade, e sei que lá eu poderei colocar meus pensamentos e sentimentos em ordem. Com isso em mente, eu enxugo minhas lágrimas, visto o casaco de caça do meu pai, pego o arco e a aljava de flechas e rumo para a floresta.

***

Aqui, entre as árvores, eu me sinto bem mais tranquila. Após abater um esquilo e um peru selvagem, eu me sento no solo com as costas apoiada em uma árvore de tronco grosso. Sentindo a brisa fresca bater no meu rosto, eu tento pensar na minha situação e no que posso fazer com ela.

Eu não posso, simplesmente não posso ignorar o fato de que nunca vou conseguir dar a Peeta o filho que ele tanto deseja, nem o fato de que nunca vou conseguir fazê-lo feliz como ele merece. Eu o amo mais do que tudo, mas isso está acima da minha capacidade. Eu prometi refletir sobre isso apenas porque eu sabia que não tinha o direito de lhe tirar as esperanças, mas já chega. Eu não quero que ele continue se iludindo dessa forma.

Mas embora eu não seja capaz de dar um filho a Peeta, eu não consigo suportar a ideia dele sendo infeliz ao meu lado. Eu sinto que ele é meu e acharia terrível vê-lo ao lado de outra mulher, mas se isso significar que ele será feliz, eu vou suportar. Depois de tudo o que ele fez por mim, vou tentar agir sem egoísmo pelo menos uma vez com relação a ele. Esse pensamento faz meu coração se apertar de angústia, tristeza e ciúme, mas é o certo a fazer. Preciso abrir meu coração a ele e deixar o caminho livre.

Lutando contra a pressão das lágrimas nos meus olhos, eu me levanto e rumo para a cerca.

***

– Meu amor, cheguei – ouço uma voz dizer atrás de mim.

Eu me viro e vejo Peeta entrando na cozinha. Eu estou em frente ao fogão, terminando de preparar o almoço. Só de olhar para o rosto dele, meu estômago se contrai de emoções desagradáveis como culpa e tristeza.

– Oi – digo, tentando parecer natural. – Já estou acabando aqui.

– Certo. Eu vou lavar as mãos.

Nosso almoço transcorre normalmente. Peeta conta uma história engraçada que aconteceu na padaria hoje de manhã e eu rio um pouco. Sei que ele está tentando me animar, mas não há riso que me faça relaxar e esquecer o que preciso falar com ele. Eu ia deixar para falar isso à noite, mas se eu não falar agora, sinto que vou explodir.

Após lavarmos os pratos, nós nos sentamos no sofá para descansar um pouco e ver algumas notícias na televisão. Agora é o momento.

– Peeta?

– Hmm?

– E-eu... – droga! Vou gaguejar justo agora? Respiro fundo e prossigo. – Eu preciso conversar com você.

– Pode falar – diz ele, pegando o controle da TV para desligá-la.

Peeta olha para mim, e eu preciso segurar o choro ao ver a doçura refletida em seus olhos azuis.

– Eu sei que não te mereço... – começo, segurando as lágrimas.

– Que papo é esse, Katniss? – pergunta ele, franzindo o cenho.

– Eu sei que nunca vou te fazer feliz do jeito que você merece, que nunca vou ser a mulher que você merece... – digo fitando as minhas mãos, que estão pousadas nas minhas pernas.

– QUÊ?!– exclama Peeta. – Olhe pra mim, Katniss.

Ele levanta gentilmente a minha cabeça, forçando-me a olhar para ele.

– Que bobagem é essa que você tá dizendo? – pergunta ele, com uma expressão preocupada no rosto.

Eu me encho de coragem e digo:

– Eu estou deixando o caminho livre pra você. Você pode ir... – e então eu começo a chorar.

– O quê? Você tá louca? – exclama Peeta, e eu vejo a indignação na voz e na expressão dele. – Que história é essa, Katniss? – ele segura os meus ombros, claramente nervoso.

– E-eu s-só tou dizendo q-que você p-pode ir... – digo entre soluços.

– Mas por quê, Katniss? O que tá havendo? – eu fico calada e ele sacode meus ombros, cobrando uma resposta.

– É só que... – antes que eu possa responder, Peeta me solta e dá um salto do sofá. Eu me levanto, preocupada.

– Katniss, saia daqui! – pede ele num tom desesperado.

– Peeta, o que... – e então eu vejo que suas pupilas estão tão dilatadas que suas íris azuis sumiram quase que por completo. Ele está tendo um flashback depois de vários meses sem.

– SAIA DAQUI! SAIA! – grita ele, enquanto senta no sofá novamente e enterra as mãos numa almofada.

Sei que nessas horas não adianta discutir com ele, então eu subo as escadas correndo e me tranco no meu quarto.

Ponto de vista de Peeta:

– Eu não te amo, Peeta. Nunca te amei. Eu só te beijava para que ele – Katniss aponta para Gale, com quem ela está abraçada – não morresse. – Ela se aproxima dele e o beija em cheio na boca.

– Não real! Não real! – digo a mim mesmo, desesperado, tentando tirar minha mente desse estado de loucura.

E então a memória muda e eu estou sentado numa cadeira, amarrado. Katniss está apontando uma flecha para mim.

– Eu não te amo. Por sua causa eu perdi minha liberdade de poder casar com quem eu queria. Você é um estorvo na minha vida. Eu vou acabar com você, e vai ser agora!

– Não real! Não real! Katniss me ama! Ela é minha esposa! – digo, tentando forçar minha mente alucinada a voltar à realidade.

A lembrança se dissolve antes que ela atire em mim.

– ELA ODEIA VOCÊ, PEETA! ELA TENTOU TE MATAR! VOCÊ TEM QUE MATÁ-LA! – uma voz que não consigo identificar me ordena isso, gritando.

– Eu tou deixando o caminho livre pra você. Você pode ir...

Nossa conversa de agora há pouco se mistura às lembranças alucinadas, me deixando ainda mais desesperado.

– Ela disse isso, mas ela me ama! Não real! Não real! – eu faço tanta força para parar as alucinações que minha cabeça começa a doer. Minhas mãos também doem, do tanto que eu aperto a almofada.

– ELA TE ODEIA! MATE-A!

Faço o máximo de força que consigo para me lembrar de algumas frases de amor que Katniss já disse a mim.

– Eu preciso. Eu preciso de você.

– Eu te odeio, Peeta! E vou te matar!

Mais força.

– Não deixe que ele o tire de mim.

– Hoje eu sei o que sinto por você, e é amor. Eu te amo, Peeta.

– Eu também te amo. Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida.

Começo a reviver o que senti quando Katniss me disse cada uma dessas frases, e quando dou por mim, os flashbacks já passaram. Sou acometido por um sentimento de alívio, mas minha cabeça lateja dolorosamente. Solto a almofada e apoio a cabeça no encosto do sofá. Passo as costas da minha mão direita na testa, enxugando o suor febril que escorre dela.

Acho que a exaustão mental desse episódio foi muito grande, pois um forte sono toma conta de mim e logo sou engolido pela escuridão.

Quando acordo, estou deitado na minha cama. Não sei nem como vim parar aqui nem por quanto tempo fiquei desacordado, mas está de noite e há apenas a luz do abajur iluminando o quarto. Olho para o lado e vejo Katniss sentada na cama, recostada num travesseiro. Eu me mexo ligeiramente e ela se acorda sobressaltada.

– Peeta?! Você está bem? – pergunta ela, tocando no meu rosto.

Continua...


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Eu coloquei um flashback no ponto de vista do Peeta porque achei que seria interessante de ler. Gostaram? Rs.
Esse capítulo não ficou muito grande, mas o próximo virá rápido. Eu quis postar logo porque já fazia quase um mês que eu não postava.
Digam nos comentários o que estão achando, ok? Tem muita gente que tá lendo sem comentar. Bora lá, quero todo mundo comentando!

Beijos e até a próxima.