Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Desculpem-me pela demora, mas o motivo foi sério: Eu passei por uma cirurgia ortopédica e fiquei completamente sem cabeça para escrever. Passei quatro semanas acessando a internet somente pelo celular, pois nem paciência para ligar o notebook eu tinha. Mas hoje bateu a vontade de escrever e eu vim trazer mais um capítulo para vocês. :D

Não sei quando postarei novamente, mas com certeza não demorará tanto quanto da última vez. Assim que eu me recuperar da cirurgia e meu médico me der alta, vou voltar a postar uma vez na semana, como faço desde "Amor Real".

Boa leitura!



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– Eu daria um doce para descobrir o que tá passando na sua cabeça – diz Peeta, tirando-me dos meus pensamentos.

Nós estamos sentados à mesa da cozinha, almoçando. Quer dizer, ele está.

– Nada – digo. – Só pensando na vida.

– Esse cozido tá uma delícia. Você tem progredido na cozinha, viu? – ele sorri, e eu dou um sorriso de volta.

Assim que levo uma garfada do cozido à boca, a campainha toca.

– Quem será? – indaga Peeta.

Ainda mastigando, eu me levanto da cadeira e faço um sinal com a mão para Peeta continuar almoçando. Quando chego à porta da sala, eu a abro e me deparo com um rapaz que eu sei que trabalha na estação.

– Senhora Mellark, desculpe incomodar em horário de almoço, mas chegou essa carta para a senhora e seu marido. Parece ser coisa importante, por isso eu vim entregar logo.

Ao olhar para o envelope da carta, sei bem o que ele quer dizer com “coisa importante”. É da Capital.

Quase seis anos se passaram desde a queda do regime ditatorial ao qual a Capital submetia os distritos, mas até hoje tudo relacionado à Capital me assusta. Com o coração acelerado, agradeço ao rapaz e me volto para a sala, fechando a porta de entrada.

– Quem foi, Katniss? – ouço Peeta gritar da cozinha. É aí que percebo que estou há mais de dois minutos parada no meio da sala, segurando o envelope da carta em minhas mãos trêmulas.

De volta à realidade, rumo para a cozinha e lá encontro Peeta terminando de almoçar. Eu me aproximo dele e fico de pé ao seu lado, e logo seu olhar encontra o meu. Respirando fundo para tentar acalmar os nervos, digo a ele, mostrando-lhe a carta.

– Foi o rapaz da estação para entregar essa carta. É da Capital.

Peeta olha para o envelope e depois para mim.

– Você está nervosa com isso, não está? – indaga ele.

– Sim, um pouco – confesso. Com o passar dos anos, desisti de tentar esconder coisas de Peeta. Ele sempre sabe quando estou mentindo.

– Katniss, da outra vez nós ficamos nervosos e não foi nada de mais – diz ele, com a mesma voz suave que ele usa quando tenta me acalmar após um pesadelo. – Me dê aqui essa carta, eu vou ler primeiro.

Ele pega o envelope da minha mão e eu não me oponho. Sei que estou sendo uma covarde, pois Peeta passou por coisas bem piores nas mãos da Capital e não está com medo de ler. Depois de certo tempo, porém, percebo que ele está ficando estranho enquanto seus olhos percorrem a carta. Sua expressão, antes tranquila, está ficando séria e contida. Temendo que ele esteja entrando num flashback, pergunto:

– Peeta, o que você tem?

Ele respira fundo, como se estivesse contendo as próprias emoções, e então diz, com a voz embargada:

– Eles vão fazer um memorial para os Jogos Vorazes. Uma espécie de museu dedicado a todos os que morreram ou tiveram a própria vida marcada pelos Jogos.

Antes que eu possa decifrar o que estou sentindo ao ouvir isso, Peeta começa a chorar. Não é um choro discreto, como os choros dele geralmente são, mas um choro sofrido, angustiado. Sem pensar duas vezes, eu me sento ao lado dele e o puxo para um abraço forte.

Em todos esses anos que o conheço, eu o vi chorar poucas vezes. Peeta é forte e cheio de fé. Para ele, é como se todo sofrimento tivesse um propósito e que, por isso, nós devêssemos aceitá-lo com resignação. Mas, apesar disso, sei que ninguém pode ser forte assim o tempo todo. Ele é um ser humano e, como tal, tem seus momentos de fraqueza.

Ele não diz nada, apenas me abraça forte e enterra a cabeça no meu ombro, molhando minha camisa com suas lágrimas enquanto soluça baixinho. Não demora muito para eu também estar chorando, pois, embora Peeta esteja calado, eu sei exatamente o motivo do choro dele. Nossa vida é marcada pelos Jogos Vorazes. Não passamos pela arena uma vez, mas duas vezes. Enfrentamos perigos terríveis. Vimos pessoais às quais nos afeiçoamos morrerem de formas brutais. Tornamo-nos assassinos involuntariamente. Tivemos que entreter a Capital com um romance falso para que nossos familiares não fossem mortos. Da parte dele, não foi fingimento desde o princípio. Da minha, quando finalmente deixou totalmente de ser fingimento, ele foi tirado de mim, torturado especialmente para me quebrar. Por causa do que aconteceu no Massacre Quaternário, nosso distrito foi bombardeado e sua família inteira morreu.

Estou certa de que saber que haverá um memorial para nós e para todos os que perderam suas vidas nos Jogos, seja pela morte ou pelo sofrimento, fez com que ele se lembrasse de todas as dores pelas quais ele passou, pelas quais nós passamos. Nós experimentamos tristeza enquanto trabalhávamos no livro, sim, mas nada se compara a saber que haverá um lugar público onde todas essas memórias ficarão eternizadas.

Depois de algum tempo que não sei precisar, Peeta desfaz nosso abraço e levanta a cabeça. Ele enxuga seus olhos vermelhos com as costas das mãos e depois diz, parecendo constrangido:

– Desculpe, Katniss. Eu não sei o que deu em mim e...

– Você não tem com o que se desculpar – interrompo-o. – Ninguém aguenta ser forte o tempo todo, Peeta. Não sei se você percebeu, mas eu também chorei.

Ele então parece se dar conta dos rastros de lágrimas nas minhas bochechas e as enxuga com seus polegares. Depois diz:

– Eu não sei, é como se tivesse passado um flashback na minha mente. Não das memórias alteradas pelo telessequestro, mas de tudo o que eu passei. As arenas, o telessequestro, a guerra, a morte deles...

Sei que o “eles” é a família de Peeta. É raro ele chorar pela morte de seus familiares, mas sei que ele sente falta deles e que às vezes a saudade é dolorosa demais para suportar.

– Eu entendo – digo. – Imaginei que esse fosse o motivo do seu choro. Eu também pensei a mesma coisa. Não sou boa com as palavras como você, mas posso dizer que você tem a mim, que você não está sozinho na sua dor.

– Eu sei, meu amor – diz ele, sorrindo levemente. – E se eu não me rendi até hoje às minhas dores, foi por ter você.

– Sinceramente, Peeta? Acho que essa frase é mais aplicável a mim.

– Você continua sem saber do efeito que causa – diz ele, e então segura minha cabeça com as duas mãos e me beija. É um beijo leve e confortante, do tipo que reafirma que temos um ao outro, que coloca esperança nos nossos corações. Depois de algum tempo, ele rompe o beijo e diz:

– Eles vão precisar da nossa ajuda para fazer o memorial.

Sinto certa ansiedade com isso, pois não gostaria de ter que reviver esses momentos.

– Mas nós não vamos ter que ir à Capital dessa vez – diz ele, como se tivesse percebido o meu desconforto. – Eles só querem que nós mandemos relatos, algum objeto que tenha nos sobrado... enfim, algo que possa ajudá-los. A presidente Paylor até se ofereceu para mandar alguém vir aqui para nos entrevistar, se nós quisermos...

– Isso é pra agora? – pergunto.

– Ela disse que o museu começará a ser construído nos próximos meses, mas pediu que não demorássemos a entrar em contato com ela.

– Tudo bem – digo. – Acho que o livro tem muitas informações úteis.

– Com certeza – concorda Peeta.

***

O tempo vai passando rapidamente. Dias após recebermos a carta, Peeta e eu decidimos ajudar a Capital com nossas informações sobre os Jogos. Haymitch, que também recebeu a carta, juntou-se a nós. Effie, que sorteou e acompanhou muitos tributos do distrito 12, também teve informações a acrescentar. No começo, foi difícil para todos nós, mas com o tempo, fomos deixando a tristeza de lado e passamos a ver isso como uma forma bonita de homenagear aqueles que se foram nos Jogos.

Após mais de um mês de trabalho, colocamos o nosso arquivo de papéis com informações numa caixa e enviamos à Capital pelo trem.

Não sabemos exatamente quanto tempo demorará para o museu ficar pronto, mas sabemos que será um processo lento. A intenção de todos os envolvidos é que tudo fique perfeito, como uma forma honrosa de homenagear todos os que passaram pelos Jogos Vorazes.

Depois de alguns dias, a presidente Paylor nos manda uma carta de agradecimento e diz que a ajuda foi muito útil. A partir daí, ficamos tranquilos e deixamos de lado a história do memorial, podendo voltar à nossa rotina normal.

Hoje é um dia normal na nossa rotina. À noite, após um cansativo dia de trabalho, Peeta chega da padaria. Ele não está com uma cara muito boa, e eu imagino se ele teve algum aborrecimento.

– Peeta, o que você tem? – pergunto, levantando-me do sofá para me aproximar dele. – Você tá tão sério.

– Não é nada, meu amor. É só uma dor nas costas.

– Sente aqui. Eu vou dar uma olhada – digo, e ele me obedece, sentando-se na poltrona mais próxima.

Eu vou para trás dele e apalpo a parte superior de suas costas. Seus músculos estão duros como metais, e logo sei que ele precisa de relaxamento e de uma boa massagem.

– Seus músculos estão bem tensos – digo. – Eu poderia te dar uma massagem aqui, mas acho que há um jeito melhor.

– Qual? – pergunta ele.

– Vou te mostrar. Venha.

Sim, na banheira é bem melhor, e Peeta concorda. Assim que ele adentra a água morna cheia de espuma que preparei para ele, um gemido de satisfação escapa de seus lábios. Eu logo me ajoelho atrás dele e começo a massagear os músculos rígidos de suas costas, fazendo com que ele gema mais uma vez.

– Ah, que alívio... – diz ele, e eu posso sentir seus músculos ficando flácidos sob os meus dedos. – Não sabia que sua massagem era tão boa.

– Eu nem mesmo sabia que sabia dar massagem, mas não podia deixar suas costas desse jeito.

– Pois você é ótima. Isso só ficaria melhor se você estivesse aqui dentro comigo.

– Não dá, Peeta – digo, antes que ele se anime com a ideia. – Tenho que botar o nosso jantar. Quando eu terminar aqui, vou descer e...

Antes que eu possa ter qualquer reação, Peeta se vira e me puxa para dentro da banheira de roupa e tudo.

– Peeta, mas o quê?! Seu louco! – esperneio enquanto ele me segura forte, às gargalhadas.

– Sou louco, sim. Por você.

Tento me esquivar do beijo dele, mas não consigo por muito tempo. Logo estou retribuindo o beijo com a mesma intensidade, virando geleia nos braços dele.

Suas mãos alcançam a barra da minha camiseta e eu logo sei o que ele quer fazer. Eu o ajudo a tirar todas as minhas encharcadas peças de roupa e então estou nua, sentada no colo dele. Ele volta a me beijar e eu logo sinto a evidência de sua excitação roçando na minha coxa. Isso coloca o meu corpo em combustão, e sei que não vou aguentar esperar nem mais um segundo para ter Peeta unido a mim. Levanto um pouco os meus quadris e guio o seu membro à minha entrada. Eu e ele suspiramos ao sentirmos nossos corpos unidos da forma mais íntima que existe.

Logo começo a me movimentar, e Peeta me ajuda, guiando os meus quadris. Ele beija minha boca, minha mandíbula, minha orelha, meu pescoço, cada pedaço de pele que sua boca alcança. Gemidos de prazer escapam das nossas gargantas. Quando suas mãos desistem dos meus quadris e vão para os meus seios, uma explosão fortíssima de prazer me invade, e Peeta sufoca o meu grito com um beijo.

Fico mole nos braços dele, incapaz de me mover, mas Peeta logo volta suas mãos aos meus quadris e me movimenta mais algumas vezes até ter sua própria explosão. Ele enterra a cabeça nos meus cabelos, abafando seu gemido neles.

Aos poucos, vamos acalmando a nossa respiração e voltando à realidade. Desconectamos nossos corpos e Peeta quebra o silêncio.

– Sabe, eu adorei ter te contrariado – diz ele, com um sorrisinho safado.

– Pior que eu nem posso dizer que fiquei chateada com isso – digo.

– Eu sabia que você ia gostar.

– Você tá convencido demais pro meu gosto – digo, enquanto me viro e fico sentada de costas para ele, minhas costas encostadas em seu peito. Seus braços envolvem meu corpo e suas mãos vão para a minha barriga.

– Não sou convencido. Apenas sei que como você reage ao meu toque.

Eu não posso evitar rir, e ele logo me imita. Depois ficamos um tempo calados, apenas curtindo a água morna e a sensação de nossos corpos juntos. Mais uma vez, ele é quem quebra o silêncio.

– Sabe, às vezes fico imaginando como seria a sensação de saber que um filho meu está aqui – diz ele, acariciando minha barriga com as duas mãos.

Filhos.

O assunto que sempre faz com que eu sinta uma culpa horrível.

– Peeta... – começo, mas ele me interrompe.

– Eu sei, eu sei... – diz ele, impaciente. – Só acho que você não deveria se fechar assim a essa possibilidade. Nós ainda somos muito novos, casamos oficialmente há pouco tempo... Eu sei, mas nós temos uma vida inteira pela frente. Hoje o nosso mundo é outro, e nosso filho poderia ter uma vida digna.

Mas e se as coisas voltarem a ser como eram antes? E se eu falhar com o meu filho, como falhei com Prim? Não, eu não posso ser mãe. Por que Peeta teve que trazer à tona um assunto desagradável como esse logo depois de estarmos felizes e relaxados por termos feito amor?

Sinto um nó crescente em minha garganta, e decido que é melhor não levar esse assunto adiante, ou eu e Peeta vamos terminar brigando.

– Peeta, outra hora a gente fala disso. Vou colocar o nosso jantar – digo, e então me levanto e saio da banheira.

Peeta não se opõe.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. COMENTEM, pois essa é a forma que vocês têm de se fazerem ouvidos e de me estimular a escrever. Recomendações também são muito bem-vindas. ;)

Beijos e até a próxima.



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