Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos! Vim postar mais um capítulo para vocês. Eu pensei em esperar mais um pouco e postar um capítulo bem grandão, mas eu achei que ficaria melhor se eu fragmentasse, pois além de eu já estar há mais de um mês sem postar, tem algumas coisas que eu quero abordar com calma depois.

Agradeço a todos que comentaram do último capítulo para cá. Vocês não têm ideia do quanto isso me incentiva. :D

Agora chega de blá blá blá.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/543739/chapter/27

 Sentada no sofá da sala, eu dou de mamar a Lily enquanto espero que Peeta termine de preparar o nosso café da manhã. Adaptar-se a uma rotina de amamentação não é tão simples quanto parece. Em pouco mais de duas semanas desde que minha filhinha nasceu, houve alguns momentos em que eu senti dor ao amamentá-la. Mas apesar disso, eu fiquei determinada a conseguir. Hoje, seguindo as dicas que a minha mãe e a pediatra de Lily me deram, eu consigo alimentá-la sem problemas, o que me deixa muito satisfeita.

A televisão está ligada no noticiário matinal, mas eu nem mesmo estou assistindo. Fico focada na minha filhinha, reparando em sua beleza e nas pequenas diferenças que já podem ser observadas em seu corpinho desde que ela nasceu. Apenas quando eu ouço o meu nome vindo da TV é que eu levanto a cabeça e começo a prestar atenção ao noticiário.

O que vejo são diversas fotos minhas e de Peeta passando pela tela como um slideshow. Desde fotos da época dos Jogos até fotos recentes, como aquelas em que nós estávamos entrando no hospital da cidade para fazermos o pré-natal. Do lado inferior da tela, há a seguinte manchete: “Nasceu o bebê de Katniss e Peeta Mellark, os antigos amantes desafortunados do Distrito 12.” No áudio, o repórter fica dando os detalhes da situação, mas eu não consigo mais ouvir nada.

Estou completamente paralisada de medo. Panem inteira sabe que minha filha nasceu, e isso significa que qualquer um pode tentar lhe fazer mal a qualquer momento.

Meu coração acelera e eu começo a tremer, como se ele estivesse bombeando ansiedade para todo o meu corpo. Eu aperto minha filha mais forte contra o meu peito num gesto de proteção. Eu não posso deixar que ninguém faça mal a ela. Não posso!

Lágrimas escapam dos meus olhos em resposta ao terror que estou sentindo. Eu jurei a mim mesma que faria de tudo para proteger a minha filha, mas e se eu não conseguir? E se eu falhar com ela, como falhei com tantas pessoas que eu amava?

Eu sempre representei risco para os que eu amava. O que poderia garantir que dessa vez seria diferente?

— Katniss? – eu ouço Peeta me chamar, o que me tira dos meus pensamentos. – Você tá bem? Você tá pálida, meu amor.

Ele se senta ao meu lado no sofá, com uma expressão de grande preocupação no rosto. Ele leva sua mão até o meu rosto e enxuga minhas lágrimas com carinho.

— O que quer que tenha acontecido, me di...

— Eu estou com muito medo, Peeta – digo, interrompendo-o.

— Por quê? O que aconteceu?

Eu respiro fundo, tento me acalmar um pouco e enfim verbalizo o fato que tanto me amedronta neste momento:

— O jornal acabou de noticiar que Lily nasceu.

Eu espero que ele fique surpreso com a notícia, mas ele não fica. Em seu rosto, há apenas uma expressão de preocupação.

— Eu já esperava por isso, para ser sincero – diz ele, confirmando o que eu havia pensado. – Já faz mais de duas semanas que Lily nasceu. Nós não estamos andando com ela por aí o tempo todo, mas nós a levamos à pediatra na semana passada. Sem contar que eu também fui ao Edifício da Justiça para registrá-la. Nós somos famosos. Essa informação ia vazar mais cedo ou mais tarde.

Ele está certo. Mas isso não torna o meu medo nem um pouco menos real.

— Eu sei, mas... – começo, mas ele me interrompe.

— Eu sei que isso dá medo, meu amor. Mas nós temos um ao outro. Nós vamos fazer o que for preciso para proteger a nossa filhinha. Hoje mesmo eu vou contactar de novo aquele pessoal da assessoria de imprensa da Capital. Nós vamos conseguir manter Lily longe dos holofotes. E lembre: Hoje nosso mundo é outro. Ninguém tem motivos para tentar fazer mal a ela. Lembre também de tudo o que você conversou com o doutor Aurelius, de tudo que você superou até agora. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

As palavras de Peeta, como sempre, conseguem me acalmar. Quando dou por mim, meu coração já está voltando a bater em sua frequência normal e os tremores já estão passando. Um suspiro de alívio me escapa dos lábios.

— Já estou me sentindo bem melhor. Obrigada.

— Você não tem o que agradecer, meu amor – diz ele com doçura. – Você sempre pode contar comigo. Nós estamos juntos nessa.

— Sei que sim – digo, já conseguindo sorrir.

Lily solta o meu peito e fica fazendo aqueles gemidinhos, o que atrai a nossa atenção.

— Será que ela sentiu meu nervosismo? – indago, preocupada.

— Ah, acho que não – diz Peeta. – Só deve ter engolido um pouco de ar. Vamos colocá-la para arrotar e depois colocá-la para dormir. Aí a gente aproveita o cochilo dela para tomar café da manhã, pois tempo é algo valiosíssimo para quem tem um recém-nascido em casa.

Não posso evitar rir.

***

— Que banho mais gostoso, não é, princesinha? – Peeta diz com carinho à nossa filha enquanto lhe dá banho.

Apesar de ser bem pequenininha, ela parece entender, em algum nível, o que ele está dizendo, pois fica olhando para ele e até mesmo sorri um pouco (ou pelo menos eu acho que isso é um sorriso).

E eu fico lá, sentada na cama, apenas assistindo à cena. Peeta insistiu que hoje queria dar o banho dela sozinho, apesar de eu estar totalmente disponível para ajudar. Ele não disse por que, mas eu sei que é porque ele acha que eu faço mais pela nossa filha do que ele. Isso é uma grande bobagem, obviamente. Nós sempre dividimos nossas tarefas por igual, mas há coisas que somente uma mulher pode fazer, como engravidar e amamentar.

Mas eu não discuto com ele. Apenas deixo que ele faça o que ele acha necessário para sentir que está dando o seu melhor como pai. Eu até fico feliz com a cena, admirando o quão habilidoso ele se tornou em cuidar da nossa filha.

Cuidar de um bebê não é fácil, definitivamente. Mas ao que parece, nós finalmente pegamos o jeito da coisa.

Uns dias depois, porém, um novo desafio surge e me prova que eu estava enganada.

Cólicas.

Eu ando com Lily de um lado para o outro no quarto e a balanço levemente, na tentativa de acalmá-la. Mas ela não se acalma. Pelo contrário, ela chora cada vez mais alto.

— Peeta, eu não sei o que fazer – digo, já sentindo o desespero começar a me dominar. – Ela já mamou e eu já dei remédio a ela, mas ela não para de chorar.

— Você deu o remédio há pouco tempo. Vai ver ele ainda tá fazendo efeito – ele não parece muito convencido, mas sei que ele está tentando me tranquilizar.

Lily chora ainda mais alto, se é que isso é possível, e eu fico tão desesperada que começo a sentir vontade de chorar junto com ela.

— Me dê ela aqui – pede Peeta, estendendo os braços. Eu entrego Lily a ele.

Ele a apoia em posição vertical contra o seu peito e começa a andar de um lado para o outro com ela, bem devagar. Lentamente, depois de muitas tentativas de Peeta, o choro dela começa a se acalmar, até que ela está apenas dando uns gemidinhos.

— Cante para ela – pede Peeta.

Eu costumava cantar para ela no final da gravidez, mas eu não fiz mais isso depois que ela nasceu, por razões que nem eu mesma sei. Provavelmente foi por falta de oportunidade, presumo.

Não sei se cantar para ela num momento de cólica pode ajudar em alguma coisa, mas eu decido fazer o que meu marido me pediu mesmo assim. Escolho uma canção de ninar que minha mãe sempre cantava para Prim e canto bem baixinho.

Canto pelo que parecem vários minutos, chegando a repetir alguns versos da canção. Quando dou por mim, Lily já está bem silenciosa, dormindo nos braços do pai.

— Ao que parece, essa mocinha gosta tanto da voz da mamãe dela quanto eu – sussurra ele.

Um sorriso se forma em meus lábios.

Quando estamos certos de que Lily não irá acordar, nós a colocamos no bercinho dela e vamos para o nosso quarto para dormir.

Nos dias que se seguem, ela continua a ter cólicas, mas eu fico mais calma, tendo em vista que nós já temos ideia do que fazer para acalmá-la.

Mais um desafio superado.

***

Ao sentir a luz do sol queimando a minha pele, eu me acordo, confusa por não saber que horas são. Quando olho para o lado da cama e percebo que Peeta não está lá, fico mais confusa ainda, mas depois de alguns segundos, minha mente enevoada pelo sono finalmente funciona e eu me dou conta de que ele deve estar no quarto de Lily.

Eu esfrego os meus olhos, me espreguiço um pouco e me levanto da cama, rumando para o quarto de Lily em seguida. Quando chego lá, vejo Peeta de pé em frente à cômoda, trocando a fralda dela. Durante o processo, ele fica conversando com ela, e eu fico parada à porta, admirando esse momento de pai e filha.

— Daqui a pouco a sua mamãe vai acordar para dar o seu leitinho, viu? Tenha só um pouquinho de paciência, aniversariante. Ou seria “mesiversariante”? Hoje você tá completando um mês, sabia? Parabéns, princesinha!

Nossa, é verdade! Hoje Lily está completando um mês! Somente agora eu me lembrei disso.

— Não é todo dia que se faz um mês – continua Peeta –, então nós temos que comemorar. O papai vai fazer um bolo pra você. Você não vai poder comer diretamente, mas eu vou dar um pedaço pra sua mamãe e depois você vai poder saborear o bolo através do seu leitinho. Tenho certeza de que você vai achar uma delícia.

Eu rio pelo nariz e Peeta finalmente percebe a minha presença. Ele se vira ligeiramente e me vê parada à porta.

— Ah, você tá aí – diz ele, sorrindo, e então eu decido entrar.

— Sim – digo, me aproximando dele. – Eu só não queria atrapalhar esse momento de pai e filha.

— Você não atrapalha. Nós não temos segredos com a mamãe, não é, princesinha? – diz ele, fazendo cócegas na barriguinha dela.

Lily sorri e balança as perninhas em resposta. E eu fico lá, sorrindo bobamente. Até que eu me lembro do que Peeta dissera antes.

— Peeta, é sério que você vai fazer um bolo?

— Ué, e por que não? Nós temos que comemorar. Só se completa um mês uma vez na vida.

— Um mês... Parece que foi ontem que ela chegou – digo, com flashes do último mês passando pela minha cabeça.

— Bem que dizem que passa rápido. Por isso temos que curtir cada momento.

— Sim, é verdade – concordo.

Ele coloca a roupinha de Lily de volta e a tira do trocador. Em seguida ele a entrega a mim, para que eu possa amamentá-la. Mas antes de me sentar com ela e lhe dar o peito, eu deposito um beijo em sua cabecinha e sussurro para ela:

— Feliz um mês, meu amor.

No final da tarde, Peeta cumpre sua promessa de fazer o bolo. É um bolo simples de limão, pois se eu comer algo com leite de vaca, as cólicas de Lily podem piorar.

Chamamos Haymitch, Effie, Annie e Finn para comer com a gente, e eles aceitam vir. Depois, quando eles vão embora, Peeta fica bem satisfeito.

O primeiro “mesiversário” de Lily foi comemorado com sucesso.

***

Encaro o reflexo do meu corpo nu no espelho do banheiro. Mais de dois meses após o parto, eu já perdi praticamente todo o peso que ganhei na gravidez, mas ainda assim o meu corpo não voltou a ser o que era antes da gravidez.

Meus seios estão bem grandes, devido à amamentação, e a minha barriga está bem mais flácida. Há algumas discretas, porém perceptíveis, estrias nos pontos onde os implantes de pele foram colocados.

Eu não estou me sentindo confortável com o meu corpo, e isso faz com que a insegurança que eu senti na gravidez retorne. Sei que Peeta disse que me ama de todo jeito, que eu não tenho razões para me preocupar com minha aparência, mas eu não posso evitar o receio de que o meu “novo” corpo não irá agradá-lo.

A doutora Brooks já me deu alta do meu resguardo e eu já voltei a tomar o anticoncepcional, então eu e Peeta já poderíamos ter retomado a nossa vida íntima há algumas semanas. O cansaço que andamos sentindo por cuidar de Lily foi o principal motivo de nós ainda não termos retomado, obviamente. Mas agora, que ela já está dormindo praticamente a noite inteira, eu estou começando a sentir falta dos meus momentos de intimidade com ele.

Será que ele também está sentindo falta? Será que ele ainda vê em mim uma mulher desejável? Ou vê apenas a mãe da filha dele?

O único jeito de saber isso seria perguntando a Peeta, mas como vou fazer isso? Além de eu odiar parecer insegura, eu não levo jeito com as palavras.

Quando estou aninhada no peito de Peeta alguns minutos mais tarde, porém, eu sei exatamente como perguntar isso a ele de um jeito que eu acho que nem vai parecer forçado nem vai denunciar minha insegurança.

Eu ergo a cabeça e começo:

— Peeta?

— Hmm? – ele abaixa a cabeça para olhar pra mim.

Fico envergonhada e quase desisto de fazer a pergunta, mas determinada a ter uma resposta, eu deixo a vergonha de lado e continuo:

— Você não sente falta?

— De quê?

— De fazer amor comigo – quando as palavras deixam a minha boca, eu me sinto bastante constrangida, mas eu ignoro a minha vontade de virar o rosto e continuo olhando para ele.

Ele dá um sorrisinho compreensivo e acaricia levemente o meu rosto.

— Você não tem que se preocupar com isso, meu amor. Eu posso esperar quanto tempo você precisar.

— Não, Peeta – eu me apresso em dizer. – Eu não estou me sentindo cobrada nem nada. Não é disso que eu estou falando.

— Do que você está falando, então? – pergunta ele, franzindo o cenho.

Mas antes que eu precise responder à pergunta, as feições dele se relaxam numa expressão de entendimento.

— Você quer saber se eu ainda quero você, é isso?

Envergonhada demais para falar qualquer coisa, eu apenas assinto com a cabeça. Peeta revira os olhos.

— Katniss, é claro que eu ainda quero você. Nada mudou desde aquela nossa última conversa. Pensei que você soubesse.

Fico ainda mais envergonhada.

— Eu sei, é que... é que Lily nasceu, agora eu sou mãe, meu corpo tá diferente e...

— Isso não muda nada – diz ele, me interrompendo. – Pelo contrário, você está ainda mais linda para mim. Pois as mudanças no seu corpo nada mais são que consequências da realização do meu maior sonho. E você fez isso por mim.

Um sorriso de satisfação se forma em meus lábios.

— Nós andamos muito ocupados – continua ele – cuidando da nossa filha, mas eu quero que você saiba que nada mudou entre a gente como casal. Eu te desejo da mesma forma de antes e estou aqui, apenas esperando você dizer que quer que a gente volte a fazer amor.

— Eu quero – digo, e essa é a deixa que Peeta precisava.

Ele me puxa mais para cima e me beija em cheio na boca. E eu retribuo o beijo com fervor, me perdendo nas sensações que já começam a se espalhar por todo o meu ser.

Em meio a beijos, nós nos despimos rapidamente, ansiosos para matar a saudade que sentimos do corpo um do outro. Peeta explora o meu corpo, pontuando suas carícias e seus beijos com palavras que me fazem sentir a mulher mais linda e desejada do mundo. E eu também exploro o dele, beijando e acariciando os seus pontos mais sensíveis bem do jeito que ele gosta.

Quando nosso desejo chega ao limite do suportável, nós finalmente unimos nossos corpos. Nós nos amamos com fogo, com paixão, ao som de gemidos e juras de amor.

Depois, quando estamos abraçados na cama, eu me sinto mais relaxada do que estive em um bom tempo. Mas mais do que isso, eu me sinto feliz por saber que nada mudou entre mim e meu marido, e também por saber que minha insegurança, mais uma vez, foi totalmente sem sentido. 

Com um sorriso de satisfação nos lábios, eu enfim me entrego ao sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Espero que vocês tenham gostado do capítulo. :) Ah, e COMENTEM! Essa é a forma que vocês têm de me estimularem a escrever mais e de se fazerem ouvidos. Infelizmente, muita gente tá lendo sem comentar, e eu não posso negar que isso me deixa chateada. Não custa nada comentar, né, pessoal? Deixem de vergonha e de preguiça e me digam o que estão achando. Façam a autora aqui feliz. ;)

Beijos e até a próxima.