Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Sei que passei muito tempo ausente. Andei absorvida com outras coisas e não tive cabeça para escrever. Além disso, uns amigos meus de outros estados estavam aqui e eu quis dar atenção a eles. Bem, o importante é que eu estou aqui agora. Não vou prometer nada, mas eu presumo que o próximo post virá mais rápido.

Agradeço às leitores Luz e Carol, que recomendaram a história. Obrigada, meninas!

Boa leitura!



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À noite, nós recebemos nossos amigos em casa. Juntos, Peeta e eu preparamos um delicioso jantar que inclui torta de queijo e legumes, arroz selvagem e peru selvagem assado. De sobremesa, preparamos uma mousse de chocolate. Todos comem com tanto entusiasmo que as travessas ficam praticamente vazias.

Mais tarde, enquanto estamos conversando na sala de estar, eu começo a sentir o nervosismo borbulhando no meu estômago. Agora vai ser o momento em que eu e Peeta vamos contar a eles que vamos ter um bebê.

Ele, que está sentado junto de mim, aperta minha mão e olha para mim. Ele não diz nada, mas a expressão em seu rosto indica que ele está perguntando silenciosamente um “você quer que eu conte?”. Eu assinto com a cabeça e ele sorri para mim, um sorriso que eu sei que indica um “vai ficar tudo bem”.

– Pessoal – começa Peeta, atraindo a atenção de todos –, eu e Katniss já chamamos vocês para jantar aqui várias vezes, mas hoje nós temos um motivo especial.

Ele aperta minha mão mais uma vez e sorri para mim. Isso faz com que eu me sinta mais um pouco relaxada para o que vem depois.

– Eu e Katniss vamos ter um bebê.

Um conjunto de reações que vão da surpresa à incredulidade ocorre diante de mim. Effie e Delly soltam um gritinho. Annie faz cara de espanto e cobre sua boca com a mão. Finn faz uma cara de confusão. Thom fica estupefato, parecendo não acreditar no que ouviu. Haymitch dá um pulo do sofá e fica de pé em frente a mim e a Peeta, uma expressão de absoluto espanto em seu rosto.

– Como é que é?! – exclama ele, com a voz mais aguda do que o normal. Seus olhos cinzentos estão tão arregalados que chegam a saltar das órbitas. Por um momento, chego a pensar que ele deve estar sentindo suas pernas bambearem.

Isso faz com que eu me sinta mal. Por que todos estão tão espantados? Ok, eu sei que eu e Peeta demoramos muitos anos para ter filhos, mas por que eles achavam tão impossível que nós um dia decidíssemos que o momento certo havia chegado?

Que VOCÊ decidisse que o momento certo havia chegado, Katniss. Peeta te pediu para ter filhos por anos, diz uma vozinha desagradável na minha consciência. A sensação ruim de antes aumenta quando me dou conta de que a culpa de as pessoas estarem tão espantadas é completamente minha. Nós não ficávamos falando sobre nossas questões de filhos por aí, pelo menos eu não, mas Peeta nunca escondeu seu amor por crianças e sua aptidão para a paternidade. Não era necessário ter uma inteligência de outro mundo para deduzir que era apenas eu que fazia objeção a ter filhos. Eu, a Katniss que todos conhecem por sua teimosia e sua inflexibilidade.

Todos tinham motivos para achar que eu não mudaria de ideia. Eu mesma achei que não mudaria.

Peeta aperta a minha mão mais uma vez, tentando me passar a segurança e o conforto que só ele é capaz. Fico aliviada ao perceber que ele, novamente, toma as rédeas da situação.

– Katniss está grávida – diz ele, com um sorriso sereno. – Depois de todos esses anos, nós decidimos que o momento certo de ter um bebê havia chegado.

Isso é uma grande mentira, e Peeta sabe muito bem disso. Mas fico satisfeita de ele passar a ideia de que isso foi uma decisão conjunta. Eu me sinto menos enganadora e menos teimosa assim. Faz bem para o meu orgulho.

– Isso é maravilhoso, gente! – exclama Delly, tirando-me dos meus pensamentos. Olho para ela e percebo que ela parece estar à beira de lágrimas. – Parabéns!

– Isso é incrível! – concorda Thom. – Você vai ter um amiguinho ou amiguinha pra brincar com você, Ryan – diz ele pro filho.

– Eba! – exclama o menino.

– Não acredito! Os amantes desafortunados do distrito 12 vão ter um bebê! Oh, meu Deus! Isso é maravilhoso – exclama Effie, com seu sotaque da Capital mais afetado do que nunca. Ela coloca as mãos na cabeça num gesto teatral que é bem típico dela.

– Eu vou ter um priminho, então? – diz Finn, parecendo emocionado.

– Peeta, Katniss... – chama Annie, atraindo a nossa atenção. – Um filho é uma bênção. Eu estou muito, muito feliz por vocês.

– Obrigada, gente! – digo, sentindo uma emoção indescritível substituir o mal estar de antes. Todas essas pessoas estão felizes por mim e por Peeta, felizes por saber que esse bebê vai chegar. Sei que meu bebê vai ser amado por todos eles, e isso aquece e alivia o meu coração.

– Obrigado – diz Peeta, com a voz embargada. Sei que ele deve estar segurando as lágrimas.

– Er, hum, ainda falta eu falar – diz Haymitch, atraindo nossa atenção. Sua voz está áspera, do jeito que sempre fica quando ele está lutando ao máximo para não ser levado pela emoção. – Eu também estou muito feliz por vocês. Essa criança vai trazer muitas alegrias para todos nós.

Ele coça a nuca, visivelmente desconfortável com as emoções que estão se agitando dentro dele. Conheço Haymitch o bastante para saber o que cada expressão e cada gesto seu significam, e sei bem o quanto essa gravidez está mexendo com ele. Ele tem a mim e a Peeta como os filhos que ele nunca teve, e nós o temos como um pai, de certa forma. Esse bebê vai ser um pouco neto dele, e ele sabe disso.

– Bem, é isso – diz ele, e eu sei que esse é o máximo que ele irá dizer, ao menos por ora. Somos muito parecidos, e ele, como eu, não é desenvolto com as palavras.

– Obrigado, Haymitch – diz Peeta docemente.

– Obrigada – eu o imito.

Haymitch assente com a cabeça e depois retorna ao seu lugar no sofá.

– Katniss, de quanto tempo você está? – pergunta Delly alegremente. – Queremos saber de todos os detalhes, não é, pessoal?

Exclamações de concordância penetram os meus ouvidos.

– Três meses – digo timidamente. – Eu descobri há pouco mais de um mês. Gostaria de pedir que vocês não digam a ninguém que eu estou grávida. Se isso se espalhar e chegar aos ouvidos de Plutarch, Peeta e eu não teremos mais sossego.

Uma explosão de gargalhadas ecoa no ambiente, e eu termino rindo, também. Todos nós conhecemos Plutarch e sabemos bem que ele, apesar de ser uma boa pessoa, adora fazer sensacionalismo na mídia.

Assim que todos se recompõem das risadas, Delly diz:

– No que depender de mim, ninguém vai ficar sabendo.

– De mim também – os outros dizem em uníssono.

– Nós agradecemos a discrição de vocês – diz Peeta gentilmente.

Depois de mais algumas perguntas sobre a gravidez, de mais felicitações e abraços, nossos amigos vão embora, deixando eu e Peeta sozinhos. Enquanto ele está lavando os pratos e eu os enxugando, ele diz:

– Viu só? Foi mais fácil do que parecia. Contar a eles sobre o bebê, digo.

– Sim – concordo. – Mas eu não gostei muito do espanto deles.

Peeta se vira para mim, franzindo a testa.

– Como assim, Katniss?

– Não sei, eles pareceram muito espantados com o fato de que nós vamos ter um bebê. Como se isso fosse algo impossível.

Peeta solta uma risadinha de escárnio e depois diz:

– Katniss, você mesma achou que não ia mudar de ideia e...

– Eu sei, eu sei! – interrompo-o, já sentindo a irritação começando a me dominar. – Mas fora o fato de nós termos esperado quinze anos e de você demonstrar adorar crianças, nada mais indicava nossa real situação a respeito de ter filhos.

Você sabe muito bem que isso já seria o bastante para as pessoas deduzirem, Katniss. Pare de dar voltas com seus questionamentos, diz aquela vozinha irritante na minha consciência, mais uma vez.

– Isso já seria o suficiente para as pessoas deduzirem, Katniss, e você sabe disso – diz ele, e eu o amaldiçoo mentalmente por me conhecer tão bem. – Mas sobre Haymitch... – ele hesita. – Bem, ele sabia a respeito da nossa situação.

– Você contou a ele? – pergunto, sem saber ao certo se devo ou não ficar brava.

Peeta cora ligeiramente, visivelmente envergonhado.

– Desculpe se eu te expus, mas é que ele estava falando sobre a situação dele acerca de ter filhos com a Effie e eu terminei contando nossa situação... Eu também contei a Henry uma vez, mas já faz muitos anos. Foi numa das primeiras vezes que nós brigamos por causa disso. Eu precisava desabafar com alguém, senão ia explodir. Fora eles, eu só falei sobre isso com o doutor Aurelius.

Paro e penso na situação enquanto termino de enxugar os pratos. Não era justo que Peeta não pudesse falar com ninguém sobre suas angústias. Seria muito egoísta da minha parte ficar chateada porque ele desabafou com dois amigos e com seu psiquiatra. Não é porque eu prefiro guardar meus sentimentos para mim mesma que todos têm que agir da mesma maneira.

– Tudo bem, Peeta – digo.

– Você entende, então? – ele parece inseguro.

– Sim. Você precisava desabafar. Não era fácil pra você. Lidar com a minha recusa a te dar um filho, digo.

No momento que isso sai da minha boca, uma desagradável sensação de culpa começa a ganhar espaço dentro de mim. Se eu tivesse deixado minhas inseguranças de lado antes, Peeta não teria sofrido tanto.

Como se lesse meus pensamentos, ele diz:

– Não se sinta culpada, meu amor. Você precisou desse tempo pra amadurecer a ideia e se sentir pronta. O importante é que você cedeu.

Um sorriso brota em meus lábios.

– Como você pode me conhecer tão bem? – digo, sentindo a culpa de antes evaporar. Peeta tem esse poder sobre mim, de me acalmar, de me trazer conforto e segurança e de me fazer compreender melhor a mim mesma.

– É porque eu te amo – diz ele docemente, e em seguida se aproxima de mim e me dá um beijinho nos lábios. – Agora vamos apressar as coisas aqui que eu preciso dormir. Estou exausto.

– Também estou.

Depois que terminamos de arrumar a cozinha, nós subimos para nosso quarto. Depois de escovarmos os dentes e vestirmos nossa roupa de dormir, nós deitamos em nossa cama. Peeta me abraça de forma protetora e eu me aninho em seu peito. Penso que ele vai me desejar boa noite e se entregar ao sono, mas ele me surpreende levantando a minha cabeça e me beijando em cheio na boca.

Ao sentir sua língua forçar entrada na minha boca, fico certa de que esse não é um beijo inocente de boa noite. Ele me beija com paixão, com vontade, como se quisesse fundir sua boca com a minha. E eu começo a retribuir com a mesma intensidade, sentindo aquela ânsia que só ele desperta em mim aumentar cada vez mais.

Quando o ar nos falta e então somos obrigados a nos separar para respirar, eu digo a ele com a voz ofegante:

– Achei que você tivesse dito que estava exausto.

– Você também disse que estava – retruca ele, igualmente ofegante. – Pelo visto, não tem cansaço que tire a nossa vontade de fazer amor.

– Você é muito cara de pau, senhor Mellark – digo, mas num tom divertido. Não estou com raiva dele. A única coisa que sinto nesse momento é desejo, muito desejo. Desejo que só ele desperta em mim.

Ele dá uma risadinha e diz rente ao meu ouvido:

– Vai negar que está louca pra que eu tire sua roupa e te faça gemer? – seu hálito quente em contato com a minha pele e sua voz rouca de desejo fazem com que arrepios percorram meu corpo inteiro.

Eu não digo nada. Simplesmente ataco sua boca, sem paciência para levar essa conversa inútil adiante enquanto há coisas muito mais interessantes que nós podemos fazer.

Em pouco tempo, nossas roupas estão jogadas no chão do quarto e nós estamos nos amando com fogo, com paixão. Nossos corpos nus, Peeta entre minhas pernas, a cabeceira da cama batendo freneticamente contra a parede e nossos gemidos ecoando pelo nosso quarto. Já fizemos isso muitas e muitas vezes, mas a sensação de nossos corpos juntos nunca deixa de ser maravilhosa.

Depois de nós terminarmos, eu ouço Peeta bocejar.

– Agora a exaustão te venceu? – provoco-o.

Ele dá um risinho.

– Sim. Agora, que já matei minha vontade, posso dormir tranquilo. Boa noite, meu amor.

– Boa noite.

Ele puxa o lençol para nos cobrir e me abraça. Eu repouso a cabeça em seu peito, sentindo o bem estar que sempre sinto depois que faço amor com Peeta. Quando já estou quase pegando no sono, sinto a mão dele acariciando a minha barriga e o ouço dizer:

– Boa noite pra você também, filho ou filha.

Com um sorriso nos lábios, eu me entrego a um sono profundo e livre de pesadelos.

***

Rego o jardim da minha casa com um regador grande, tomando o cuidado de derramar apenas a quantidade necessária de água em cada planta. O jardim está todo florido e cheio de vida, como sempre fica na primavera. Mal posso esperar que as mudinhas de flores e ervas que eu plantei recentemente cresçam, para que tudo fique ainda mais bonito.

Desde que os enjoos e o cansaço de início de gravidez diminuíram e a realidade de não poder ir à floresta para caçar me acometeu com força, cuidar do meu jardim tem sido minha atividade preferida. Aqui, eu posso me sentir perto da natureza e ter uma ocupação agradável para aliviar o tédio. Eu nunca havia me importado muito em cuidar do jardim. Peeta é que sempre havia sido o encarregado dessa função. Mas um dia eu estava me sentindo muito entediada e ele me convidou para ajudá-lo a plantar umas mudinhas. Desde então, eu decidi assumir essa função. Ele, ainda bem, não se importou nem um pouco.

Já se passaram duas semanas desde que eu e Peeta anunciamos aos nossos amigos que vamos ter um bebê. Nesse período, eu também contei a Hazelle que estou grávida. Ela perguntou se podia contar aos seus filhos e eu permiti, mas com a promessa de que ela lhes pedisse para não espalhar a notícia por aí. Não sei se ela contou ou não a Gale, mas não quero me preocupar com isso no momento, para ser sincera. Nós nos falamos e nos vimos poucas vezes nesses 15 anos. Ele sequer veio para o meu casamento com Peeta, apesar de ter sido convidado.

Ele disse que tinha um compromisso de trabalho, mas até hoje desconfio que ele estava apenas inventando uma desculpa para não nos ver casando, embora ele estivesse com outra moça na época. Nossa relação nunca mais foi a mesma, então não sei ao certo como seria contar a ele que estou grávida e explicar como mudei de ideia (ele certamente me perguntaria isso, principalmente porque ele não teve filhos ainda). Quando eu me sentir suficientemente segura e disposta a ter essa conversa com ele, eu vou ter. Por ora, não vou me cobrar quanto a isso.

À tarde, depois do almoço, eu vou para a padaria com Peeta. Tenho feito isso quase todos os dias nas últimas semanas. Ele percebeu que eu estava entediada e me sugeriu que eu o ajudasse a decorar bolos na cozinha da padaria. Eu aceitei, mesmo que sem muita fé de que isso pudesse ser divertido, mas até que é legal. Eu não sou tão talentosa quando Peeta, mas tenho conseguido fazer umas decorações bonitinhas com a ajuda dele.

Certa hora, enquanto estou passando o glacê num bolinho de creme com nozes, uma coisa inesperada acontece: Sem nenhuma razão aparente, eu começo a sentir uma vontade enlouquecida de comer um mini croissant de queijo com presunto que é vendido na padaria. Eu nunca nem liguei muito para ele, mas agora, é como se meu bem estar dependesse disso.

Será que isso é desejo de grávida? Eu nunca acreditei que grávidas têm desejos. Sempre achei que isso era apenas uma desculpa esfarrapada para a pessoa comer loucamente sem ser julgada. Mas agora, que eu mesma estou sentindo isso, começo a considerar a possibilidade de isso ser verdadeiro, pela primeira vez.

Peeta, que está decorando um bolo maior, parece notar que estou pensativa, pois logo diz:

– Alguma coisa, Katniss?

Eu levanto os olhos para encará-lo.

– Como assim? – digo, e minha voz soa na defensiva. Peeta dá um risinho, sabendo mais do que nunca que há alguma coisa.

– Pode falar.

– Não é nada, é que... – decido ir direto ao ponto. – Você fez aquele mini croissant de queijo com presunto hoje?

– Sim. Henry vai tirá-lo do forno daqui a pouco. Por quê?

– Eu queria um pouco, se não for prejudicar a produção.

Peeta ri pelo nariz.

– Claro que não prejudica. Já já eu trago um pouco pra você.

– Obrigada – digo, sorrindo.

Mais tarde, ele traz um prato cheio dos mini croissants e me dá. Eu me sento à mesa da cozinha da padaria, comendo vorazmente. A massa tem uma textura perfeita, o presunto é suculento, o queijo derrete na boca... Fecho os olhos para apreciar ao máximo o sabor da comida que, no momento, é a mais deliciosa do mundo para mim. Sem que eu possa controlar, um gemido de prazer escapa da minha garganta.

– Nossa, você estava mesmo com vontade de comer esse croissant, hein? – diz Peeta num tom divertido, me fazendo abrir os olhos.

Olho para o rosto dele e me sinto ligeiramente envergonhada. Ele dá um risinho.

– Pode comer à vontade, meu amor. Sei que isso é desejo de grávida.

Com a boca parcialmente cheia, eu digo:

– Não é, não! – sinceramente, quem eu quero enganar? É lógico que é!

Peeta revira os olhos, mas não está irritado. Há um sorriso divertido em seus lábios.

– Você sabe que é. Bem, eu tenho que ir ver uma coisa lá no escritório. Pode continuar aí com os seus croissants – ele diz isso e em seguida sai da cozinha.

Eu continuo a comer os croissants, suspirando satisfeita quando finalmente não há mais nenhum no prato. Meu desejo foi saciado com sucesso.

***

No dia seguinte, eu acordo ao sentir o calor do sol no meu corpo. Procuro Peeta na cama, mas logo me dou conta de que ele já levantou e que eu peguei o lugar dele. Sento na cama e estico meus braços para cima, bocejando forte. Embora eu não esteja mais sentindo sono o dia inteiro, como no comecinho da gravidez, ainda estou tendo mais sono do que o normal e acordar tem sido bem mais difícil.

Antes que eu faça o esforço de me levantar, porém, Peeta entra no quarto, segurando uma pequena caixa enfeitada com um laço vermelho.

– Bom dia, aniversariante! – diz ele alegremente, aproximando-se da cama.

Oh! Então hoje é meu aniversário. Eu nem mesmo lembrava. Em quase todos os anos eu esqueço e Peeta lembra, então o que está acontecendo agora não é novidade.

– Bom dia – respondo, sorrindo.

Peeta se senta na cama, coloca a caixa ao lado dele e me dá um abraço.

– Feliz aniversário de 34 anos, meu amor – ele diz rente ao meu ouvido.

– Obrigada.

Ele rompe o abraço e se ajeita ao meu lado.

– Bem, eu ia te acordar pra te dar esse presente, mas como você já está acordada, aqui vai – ele pega a caixa e a estende para mim.

Ah, então isso é o meu presente.

– Obrigada, Peeta – digo, pegando o presente das mãos dele.

Eu tiro o laço da caixa e a abro, tirando o conteúdo dela de dentro. É algo que parece uma roupa, mas está dobrado. Eu o desdobro e então vejo um belo vestido verde. Ele parece ser folgado na área da barriga, o que me faz concluir que é um vestido de grávida.

Eu realmente gostei dele. É muito bonito e parece ser bem confortável. Além disso, já estou começando a perder as minhas roupas. Logo mais vou precisar de peças novas no guarda-roupa.

– Obrigada. É lindo – digo com sinceridade, sorrindo para Peeta.

– Fiz questão de comprar um vestido na sua cor favorita. Mas olhe, tem outra coisa a mais aí dentro da caixa.

– Ah, é? – digo, surpresa.

– Sim. Pode pegar.

Eu enfio a mão dentro da caixa e meus dedos encostam em algo bem macio. Eu tiro o objeto de lá de dentro e o desdobro, abrindo-o à minha frente. O que vejo é um lindo macacãozinho de lã (N/A: Macacão). Ele é amarelinho e tão pequeno que deve servir apenas para recém-nascidos. Por um momento, eu imagino meu bebê vestindo essa roupinha e instantaneamente meus olhos se enchem de lágrimas. Luto para não as deixar cair. Malditos hormônios!

– Sei que o aniversário é seu, mas eu não resisti e comprei um presentinho pro nosso bebê, também – diz Peeta.

Eu abaixo a roupinha e volto a olhar para ele.

– Não, eu adorei. Obrigada.

Ele sorri para mim e depois pega a roupinha da minha mão, colocando-a sobre a minha barriga.

– Olha, o papai também comprou um presente pra você.

Não posso evitar sorrir. Sempre acho lindo ver Peeta conversando com o bebê. Tenho certeza de que ele vai ser um pai maravilhoso, e isso me deixa muito feliz.

– Vou querer que essa seja a primeira roupinha que ele ou ela vai usar – digo.

– Eu também. Comprei com esse objetivo.

Do nada, uma coisa na qual eu ainda não havia pensado começa a me incomodar.

– Peeta, onde foi que você comprou essas roupas? – pergunto. Não gosto nem de imaginar ele por aí visitando lojas de moda bebê/gestante e deixando a cidade especulando que vamos ter um bebê.

– Eu não sei. Pedi a Delly que comprasse pra mim, pra evitar fofocas desagradáveis. Sei que você não quer isso, e eu também não quero.

Uma sensação de alívio me invade.

– Ainda bem. Eu já estava preocupada.

Peeta dá uma risadinha.

– Eu sei que isso te preocupa. Por isso pedi a Delly pra comprar.

– Obrigada, meu amor – digo a ele, sorrindo.

Ele sorri de volta para mim e depois me dá um beijinho nos lábios.

O dia vai passando rapidamente. À tarde, minha mãe me liga para me desejar os parabéns. Ela me diz que tirará férias do hospital em um mês e que virá me visitar, o que me deixa bem feliz. À noite, Peeta traz um bolo e uns salgadinhos da padaria e uns amigos vêm me visitar. Eu nunca gostei de comemorar o meu aniversário, mas abri uma exceção este ano. Eu tenho uma razão especial para comemorar mais um ano de vida, e essa razão se encontra no meu ventre.

***

O tempo vai passando depressa. Quando dou por mim, já estou completando quatro meses de gestação. Vou à consulta com a doutora Brooks e ela garante que está tudo bem comigo e com o bebê. Pressão arterial, batimentos cardíacos (meus e do bebê), o crescimento do meu abdômen... Tudo dentro do esperado. Ela passa um exame de sangue, o qual eu faço assim que saio do consultório dela, e diz que nós faremos minha primeira ultrassonografia no mês seguinte. Poderei saber o sexo do bebê, se eu quiser, mas eu não estou ansiosa para isso. Antigamente, só dava pra gente saber o sexo dos bebês na hora do nascimento aqui no distrito 12, e ninguém morria por causa disso.

Minha barriga já está grandinha e é visível que eu estou grávida. Tenho optado por usar camisetas mais largas quando vou à cidade, mas sei que em pouco tempo será impossível esconder minha gravidez. Terei que começar a me preparar psicologicamente para o dia em que todos saberão que existe um filho meu a caminho. Dou-me conta disso num dia em que uma mulher fica encarando minha barriga perto do balcão da padaria. Eu fico nervosa e saio de junto dela o mais depressa possível.

– Aja mais naturalmente – diz Peeta. – Se você ficar agindo assim, aí é que as pessoas vão desconfiar mesmo.

Não digo nada, mas sei que ele está certo.

Mais dias vão se passando. Eu continuo ajudando Peeta na padaria. Seguindo seu conselho, eu passo a agir com mais naturalidade perto dos clientes. Para meu alívio, ninguém mais fica encarando a minha barriga.

Tenho ficado cada vez melhor em decorar bolos, apesar de não chegar nem aos pés de Peeta. Animado com meu progresso, certo dia ele me deixa decorar um bolo com um tipo mais grosso de glacê, o que já é um desafio bem maior. Não fica bonito, mas ele é generoso comigo, como sempre.

– É só ajeitar um pouquinho – diz ele, pegando a espátula da minha mão.

Não posso evitar rir com o otimismo dele.

– Certo. Ajeite aí. Vou pegar um pouco de água – digo, e ele assente com a cabeça.

Pego um copo e o encho de água. Mas antes que eu possa levá-lo aos lábios, sou acometida por uma sensação estranha. É uma leve agitação na minha barriga, como se um peixinho estivesse se mexendo dentro dela.

É o bebê.

É o bebê!

O bebê está se mexendo dentro da minha barriga!

Um terror inigualável me atinge e eu fico tão desnorteada que só percebo que deixei o copo cair quando ouço o estrondo do vidro se espatifando no chão.

Continua...


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Lembrem-se de dizer nos comentários o que estão achando. Quero todo mundo comentando, ok? Apareçam, fantasminhas preguiçosos! Haha!

Beijos e até a próxima.