Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Agradeço a todos que têm me apoiado com essa história. São vocês que me incentivam a lutar contra qualquer bloqueio e continuar. :D

Esse capítulo foi particularmente difícil de escrever. A Katniss é uma personagem bastante confusa, então nem sempre dá pra prever como ela reagiria em determinadas situações. Ainda mais que ela tem 33 anos nessa história, e não entre 16 e 18, como nos livros. O epílogo mostra muito pouco dela na fase adulta. Eu escrevi como EU acho que ela agiria, me baseando um pouco nos livros e um pouco no desenvolvimento que eu mesma venho criando para ela desde "Amor Real". Espero que vocês gostem.

Boa leitura!



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Quando abro os olhos, os primeiros raios solares do dia já estão penetrando o quarto. Uma sensação horrível de enjoo me embrulha o estômago e um líquido quente e ácido me sobe à garganta. Eu me desenlaço de Peeta, que está roncando baixinho, levanto da cama e rumo às pressas para o banheiro, sem nem mesmo me importar em vestir uma roupa.

Chegando lá, eu me ajoelho no chão, levanto a tampa do vaso sanitário e coloco para fora todo o conteúdo do meu estômago. Nem mesmo sei o que eu tinha para botar para fora, uma vez que comi pela última vez há bastante tempo. Quando não há mais nada para vomitar, eu levanto a cabeça e encaro no vaso sanitário o que parece uma mistura de água e bile. O nojo que sinto é tão grande que se eu ainda tivesse algo no meu estômago, certamente vomitaria mais uma vez.

Engulhando, eu me levanto do chão, dou descarga e vou até a pia para escovar os dentes. Quando já estou enxugando minha boca com a toalha, ouço o ruído da porta do banheiro abrindo. Eu me viro e vejo um Peeta com uma expressão preocupada no rosto. Ele está vestido com o short do pijama da noite anterior.

– Katniss, tá tudo bem? – pergunta ele, chegando mais perto de mim.

– Eu tive um enjoo forte e vomitei, só isso – respondo, colocando a toalha de volta no suporte. – Não é nada grave.

– Isso deve ser o que chamam de enjoo matinal – diz ele.

Assinto com a cabeça, concordando.

– Você está se sentindo melhor agora? – pergunta ele.

– Sim.

– Eu vou fazer minha higiene e depois vou preparar chá e aqueles biscoitinhos secos para você. Você não pode deixar de se alimentar. Eu não me importo de chegar mais tarde na padaria ou até de não ir se for pra garantir que você vai ficar bem.

Um sorriso se forma em meus lábios.

– Obrigada, Peeta.

Depois de estarmos limpos e vestidos, Peeta e eu descemos para a cozinha e ele prepara o chá e os biscoitos para mim. Para meu alívio, eu consigo comer sem vomitar, e ainda consigo comer uma fruta depois. Sinto enjoo no decorrer do dia, mas ele prepara comidinhas leves e saudáveis que garantem que eu não fique vomitando. Os chás também diminuem um pouco a sensação de náusea.

Isso se torna um padrão nos três dias seguintes. Eu vomito pela manhã, mas consigo manter minhas refeições no estômago no resto do dia, apesar do enjoo. Peeta chega a perguntar se quero que ele ligue para a Doutora Brooks para pedir que ela passe alguma medicação, mas eu não vejo necessidade. Os chás me dão certo alívio, e eu estou conseguindo comer. O que realmente me incomoda nisso nem é tanto o enjoo em si, mas sim o fato de ele me impedir de caçar (o cheiro da carne me enjoa mais ainda). Se bem que mesmo que eu não estivesse enjoada, estar na floresta grávida é arriscado, e eu não pretendo fazer nada que possa prejudicar meu bebê. Eu só iria se Peeta fosse comigo, e eu duvido muito que ele aceite ir. Além disso, ando me sentindo bastante indisposta e sonolenta.

No quarto dia seguinte, porém, o enjoo piora consideravelmente. Nenhuma comida parece querer parar no meu estômago, e eu começo a me sentir fraca.

– Katniss, eu vou ligar para a sua médica para perguntar qual medicação você pode tomar – diz Peeta, e eu sei que não é uma pergunta, mas uma afirmação.

Eu não me oponho, pois além de eu estar me sentindo péssima, ficar sem conseguir me alimentar vai prejudicar o meu bebê.

A medicação me dá um grande alívio e eu consigo passar vários dias praticamente sem vomitar, apesar de ainda sentir enjoo. Tomo minhas vitaminas e me alimento da melhor forma possível, tendo sempre em mente a saúde do meu filho. Nada do que eu faço reflete apenas em mim. Há um bebê crescendo dentro do meu ventre, e eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para que ele cresça da forma mais saudável possível.

Mais alguns dias se passam, e finalmente chega o dia da minha primeira consulta de pré-natal. De manhã cedo, eu e Peeta rumamos para o hospital lá na cidade. Nós entramos pela porta dos fundos, tentando o máximo de discrição que podemos ter. Posso ver no rosto dele a ansiedade e a animação que ele está sentindo em me acompanhar nessa consulta.

Nós entramos no consultório da Dra. Brooks e sentamos em frente à mesa dela. Ela aperta nossas mãos e começa:

– Bom dia.

– Bom dia – respondemos.

– Hoje nós vamos ver como essa gravidez está indo – ela examina uns papéis. – Pelo que consta na sua ficha, Katniss, você está com cerca de oito semanas de gravidez.

– Sim, isso mesmo – confirmo.

Ela volta a olhar para mim.

– Seu marido me ligou falando que seus enjoos estavam muito fortes. A medicação que eu recomendei aliviou?

– Sim – confirmo mais uma vez.

– Ótimo. Agora eu preciso que você me diga com detalhes como você tem se sentido e se alimentado.

Conto a ela sobre os enjoos e a sonolência e sobre o que tenho comido no meu dia-a-dia. Ela ajusta as doses das vitaminas, passa uma dieta para mim e depois diz:

– Bem, creio que ainda não haja a necessidade de fazer uma ultrassonografia, mas eu quero dar uma examinada em você. Venha comigo.

Eu me levanto, mas Peeta continua sentado, com uma expressão constrangida no rosto.

– Pode vir também, Peeta – diz a médica, e ele então se levanta.

Ela me leva até uma cama que fica atrás de um biombo e pede que eu me deite, e eu a obedeço. Ela levanta minha blusa e abaixa um pouco a minha calça, deixando minha barriga – que ainda está lisa – à mostra. Ela apalpa meu baixo ventre delicadamente, como que buscando sentir alguma coisa.

– Seu útero já parece estar um pouco dilatado – diz ela enquanto me examina com concentração.

– Até agora está tudo bem, não é, doutora? – pergunta Peeta, visivelmente nervoso.

Ela dá um sorriso compreensivo.

– Sim, Peeta. Pode ficar tranquilo. Agora nós vamos ouvir o coração do bebê.

O coração.

Por alguma razão que não sei exatamente precisar, eu sinto uma grande ansiedade ao ouvir isso. Se eu estivesse de pé, certamente estaria com as minhas pernas bambas.

Fico tão absorvida na minha ansiedade que nem percebo que as ações da médica. Quando volto à realidade, ela já está pressionando na minha barriga um equipamento que eu nunca vi na minha vida. É um pequeno tubo ligado a um fio que se liga a algo que parece uma pequena caixa de som (N/A: Equipamento).

Espero ouvir as batidas de um pequeno coração, mas tudo que ouço é um chiado. A médica tira o tubo de onde está e o pressiona em outro ponto da minha barriga, e então eu ouço:

Thump-Thump-Thump-Thump

Esse é o coração do meu bebê, batendo de forma rápida e forte.

Ele realmente está aqui, vivo e bem.

Uma emoção que eu não sei bem como descrever me invade. Eu sinto felicidade por saber que meu bebê está bem, mas ao mesmo tempo eu sinto certo nervosismo. É como se as batidas de seu coração evidenciassem que ele é real e que eu tenho o compromisso de protegê-lo. Isso é uma idiotice, eu sei. Depois de semanas tendo sintomas da gravidez, eu já deveria estar mais do que consciente de que meu bebê está aqui. Mas, por alguma razão que não sei definir, ouvir seu coração torna tudo mais real.

Começo a sentir aquela insegurança sobre ser mãe, aquele medo de falhar com meu filho, mas antes que eu possa dar vazão a esses sentimentos negativos, ouço Peeta dizer com a voz embargada:

– É o coraçãozinho dele, não é?

– Sim – confirma a Dra. Brooks, sorrindo.

Olho para o rosto de Peeta e percebo que há lágrimas escorrendo de seus olhos. Ver a alegria estampada em sua face afasta de minha mente, ao menos por ora, todas as dúvidas, todas as inseguranças. Foi por ele que eu aceitei ter um filho, e ver o quão satisfeito ele está com isso faz o desafio valer a pena.

Ele se aproxima de mim e deposita um beijo carinhoso na minha testa.

– É o nosso filho, Katniss – sussurra ele para mim. Há tanto amor em sua voz que eu sinto algo se derreter em meu peito.

Lutando contra a pressão das lágrimas nos meus olhos, eu digo:

– Sim, é o nosso filho, Peeta.

Ele acaricia o meu rosto, dá mais um beijo na minha testa e depois se vira para a doutora Brooks, que está concentrada em algo no equipamento.

– Está tudo bem com o coração do bebê, doutora? – pergunta Peeta.

– Sim, está ótimo – diz ela, e em seguida desliga o equipamento. O thump-thump-thump para de ecoar no ar e eu não sei ao certo se estou com pena ou aliviada por ter deixado de ouvi-lo. – A frequência cardíaca do bebê está exatamente como deve ser. Agora vamos ver como está o coração da mamãe.

Ela pega o estetoscópio e ausculta o meu coração.

– Está tudo bem com a mamãe, também – diz ela depois que termina de me auscultar.

– Está tudo correndo bem com a minha gravidez, então? – pergunto.

– Ao menos no momento, sim – responde a médica. – O importante é você se alimentar bem, evitar aborrecimentos e se manter em certo repouso até passar do terceiro trimestre da gestação.

– Nada de caçar, então – digo, e não é uma pergunta.

– Não mesmo – diz a doutora Brooks. Olho para o rosto de Peeta e tenho a impressão de ver um sorrisinho de satisfação em seus lábios. Tenho que me controlar para que uma carranca não se forme em meu rosto.

Depois que a doutora Brooks me libera, eu e Peeta vamos para casa, felizes. Ele pretende dar uma passada na padaria à tarde, mas, como sempre, ele fica para almoçar comigo. Enquanto estamos preparando o almoço, percebo que ele está ficando estranho. Ele apoia os braços no balcão e fecha os olhos, respirando profundamente. Chego perto dele e lhe toco o braço.

– Peeta, o que você tem?

– Katniss, saia daqui – diz ele, numa voz pausada de quem está tentando manter o controle.

Sei que ele está tendo um flashback, e isso me corta o coração. Tudo o que eu mais quero é abraçá-lo e dizer que nada do que ele está vendo é real, mas sei que não posso mais me arriscar dessa maneira. Nada do que eu faço agora reflete apenas em mim. Preciso proteger meu bebê.

Com isso em mente, eu saio da cozinha e subo para o quarto. Tranco a porta e me sento na cama, deixando a dor do meu peito transbordar em lágrimas. Talvez os hormônios da gravidez estejam potencializando tudo, mas ver Peeta tendo um flashback agora, que nós estamos esperando um bebê, é doloroso demais para mim. É como se isso fosse um lembrete de que nosso passado sempre vai vir para nos lembrar do quão quebrados nós somos, por mais feliz que seja o momento que estamos vivenciando.

Eu deito de lado na cama e pego o travesseiro de Peeta, inalando profundamente seu cheiro. Não é justo que alguém bondoso como ele continue a sofrer assim, ainda mais agora, que ele está realizando seu antigo sonho de ser pai. Nunca vou me conformar com o que Snow fez com ele. A raiva que sinto daquele velho é tanta que eu fico arrependida de não ter lançado uma flecha nele quando tive oportunidade.

Batidas na porta me tiram de meus pensamentos, e eu sei que é Peeta. Enxugo as lágrimas do meu rosto e tempero a garganta, tentando disfarçar ao máximo que estava chorando. Quem mais precisa de consolo é ele, não eu.

Eu me levanto e destranco a porta, deparando-me com a visão de um Peeta visivelmente triste.

– Me desculpe, meu amor – diz ele, e pela cara dele, sei que ele está lutando para não chorar.

– Isso não é culpa sua – digo, e em seguida o abraço.

Ele enterra a cabeça nos meus cabelos e chora baixinho. Eu acaricio suas costas num gesto de apoio.

– Vai ficar tudo bem – digo a ele.

Depois de um tempo assim, ele desfaz nosso abraço e enxuga as lágrimas de seu rosto.

– Não foi um flashback dos mais fortes – começa ele –, mas eu estou me sentindo péssimo.

Ele não diz que é por causa da gravidez, mas eu sei que é. Sei que ele está se sentindo um pai horrível, mas que não vai me dizer isso porque sabe o quanto eu já estou insegura.

– Você vai ser um pai maravilhoso – deixo soltar, e ele me olha com uma expressão surpresa no rosto. Ele provavelmente não imaginou que eu entenderia perfeitamente a razão de ele estar se sentindo tão mal.

– Acho que é bom eu ligar pro doutor Aurelius – diz ele.

Sei que ele quer falar com o médico para poder desabafar seus medos e suas inseguranças à vontade. Ele não está seguro para dividir isso comigo, já que eu também estou insegura. Por mais que eu saiba que não tenho condições de dar a ele todo o suporte que ele precisa nesse sentido, não deixo de ficar chateada. É frustrante saber que eu nunca vou conseguir ser para Peeta o que ele é para mim.

– Tudo bem – digo.

– Eu vou indo ligar para ele agora – diz Peeta, fazendo menção de ir embora, mas eu seguro seu braço.

– O que foi, Katniss? – pergunta ele, confuso.

– Não... – tento achar as palavras mais adequadas – não tente me poupar dos seus problemas por causa da gravidez. Eu... eu quero tentar te ajudar no que me for possível.

O honesto seria dizer “Mesmo sem conseguir ser para você o que você é para mim, eu quero te ajudar”, mas não digo isso para evitar uma discussão desnecessária com Peeta.

Ele sorri ternamente para mim e segura meu rosto com as duas mãos, dando-me um beijinho nos lábios em seguida.

– Obrigado, meu amor – diz ele com carinho. – Eu sei que posso contar com você. Só que há coisas que um psiquiatra entende melhor.

– Tudo bem. Eu entendo.

Peeta telefona para o doutor Aurelius e fica se sentindo bem melhor. Na noite daquele mesmo dia, tenho um pesadelo envolvendo Snow ameaçando tirar o meu bebê de mim. Acordo suada e tremendo, sentindo o desespero tomando conta de cada pedaço do meu ser. Peeta me acalma, me abraçando e sussurrando palavras reconfortantes no meu ouvido, até que eu consigo pegar no sono novamente. No dia seguinte, acordo com a sensação horrível de que meu bebê corre perigo. Peeta conversa comigo, tentando fazer com que eu me sinta melhor.

– Katniss, está tudo bem – diz ele. – Snow está morto. Nós não sofremos mais nenhum tipo de opressão. E eu jamais, JAMAIS, vou permitir que quem quer que seja faça mal ao nosso filho, e sei que você também. Nós o protegeremos com toda nossa força. Nós vamos estar aqui, juntos, para garantir que nada de mau aconteça a ele. Você não está sozinha, Katniss.

Por alguma razão, as palavras dele me enchem de alívio e força. Nos dias que se seguem, eu tento me lembrar disso a cada vez que pensamentos de insegurança e pesadelos vêm me atormentar. E assim eu consigo ir seguindo com a minha vida sem me entregar aos sentimentos negativos.

***

Olho o meu corpo nu no espelho, notando as diferenças. Aos três meses de gravidez, meus seios estão maiores e uma ligeira protuberância já pode ser percebida na parte inferior do meu abdômen. Coloco as mãos na minha barriga, acariciando-a de leve. É um pouco assustador notar as diferenças no meu corpo, pois isso me dá uma maior certeza de que o que está acontecendo é real.

Eu realmente vou ser mãe.

Depois de sair da minha consulta mensal com a doutora Brooks hoje mais cedo e ver que está tudo bem com o bebê, eu decidi que é hora de contar às pessoas mais próximas que estou grávida. Peeta concordou, uma vez que já passei do período mais crítico da gestação, que é o primeiro trimestre.

Saber que a existência do meu bebê será do conhecimento de outras pessoas me assusta, devo admitir, mas do jeito que minha barriga está crescendo, logo mais será impossível esconder a gravidez. Além disso, essas pessoas fazem parte da minha vida. Não é justo eu privá-las de compartilhar desse momento comigo e com Peeta por causa dos meus medos.

Nós vamos fazer um jantar hoje à noite para contar a novidade a Haymitch, Effie, Annie, Finn, Thom, Delly e Ryan, o filho deles. Não é incomum nós os chamarmos para jantar, então eles certamente não desconfiarão de nada. Mas há uma pessoa a quem eu vou contar que estou grávida antes de todo mundo, pois sinto que ela merece saber da notícia primeiro.

Eu saio da frente do espelho, visto uma roupa casual e rumo para o escritório no andar de baixo. Sento-me numa cadeira em frente à escrivaninha e pego o telefone, discando o número da pessoa desejada em seguida. Depois de algumas chamadas, ela atende:

– Alô?

– Sou eu, mãe.

– Katniss, minha filha! Como você está?

– Estou bem, e a senhora?

– Estou bem, também.

– Eu liguei porque tenho uma coisa para te contar.

– Pode falar.

Penso em dar a notícia de um jeito mais bonito e emocionante, mas ruim como sou com as palavras, vou direto ao ponto.

– Eu estou grávida.

– QUÊ?! – exclama a minha mãe. Depois de 15 anos com Peeta sem engravidar, provavelmente essa será a reação de todo o mundo.

– Eu estou grávida, mãe – repito, enfatizando a palavra. – Grávida.

– Grávida, filha? – ela parece não estar conseguindo acreditar.

– Sim, mãe. Eu mudei de ideia sobre ter filhos. Eu quis dar essa alegria a Peeta e me permitir ter uma nova fonte de alegria na minha vida.

– Eu vou ser avó? – diz ela, e eu posso ouvir a emoção em sua voz.

– Sim. Daqui a seis meses, para ser mais exata.

O que escuto do outro lado não é mais a voz da minha mãe, mas sim um choro.

– Mãe? – chamo por ela, preocupada.

Ela funga um pouco e depois diz com a voz embargada:

– Parabéns, minha filha! Eu estou muito feliz por você. Você vai ser uma mãe maravilhosa, assim como foi para a sua irmã.

Ela começa a chorar mais forte, e quando dou por mim, estou chorando também. Nunca é fácil falar sobre a minha irmãzinha. Depois de 15 anos, a dor da perda fica mais suportável, mas não deixa de existir.

Depois de um tempo, minha mãe se recompõe e diz:

Filha, eu tenho uma cirurgia daqui a pouco no hospital e preciso ir pra lá. Eu estou muito feliz por você e por Peeta, muito mesmo. Assim que der, vou aí pro 12. Quero ajudar você a escolher o enxoval do bebê.

Um sorriso se forma em meus lábios.

– Certo. Eu te espero – digo, enxugando os rastros de lágrimas do meu rosto.

– Cuide direitinho do meu neto, viu?

– Pode deixar. Tchau, mãe.

– Tchau.

À noite, nós recebemos nossos amigos em casa. Juntos, Peeta e eu preparamos um delicioso jantar que inclui torta de queijo e legumes, arroz selvagem e peru selvagem assado. De sobremesa, preparamos uma mousse de chocolate. Todos comem com tanto entusiasmo que as travessas ficam praticamente vazias.

Mais tarde, enquanto estamos conversando na sala de estar, eu começo a sentir o nervosismo borbulhando no meu estômago. Agora vai ser o momento em que eu e Peeta vamos contar a eles que vamos ter um bebê.

Ele, que está sentado junto de mim, aperta minha mão e olha para mim. Ele não diz nada, mas a expressão em seu rosto indica que ele está perguntando silenciosamente um “você quer que eu conte?”. Eu assinto com a cabeça e ele sorri para mim, um sorriso que eu sei que indica um “vai ficar tudo bem”.

– Pessoal – começa Peeta, atraindo a atenção de todos –, eu e Katniss já chamamos vocês para jantar aqui várias vezes, mas hoje nós temos um motivo especial.

Ele aperta minha mão mais uma vez e sorri para mim. Isso faz com que eu me sinta mais um pouco relaxada para o que vem depois.

– Eu e Katniss vamos ter um bebê.

Continua...


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal. Espero que vocês tenham gostado do capítulo. Lembrem-se de dizer nos comentários o que estão achando. Ah, e recomendações, como sempre, são muito bem-vindas. :D

Beijos e até a próxima.