Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Agradeço a todos que comentaram e, em especial, à leitora vbook, que recomendou a história. Obrigada, vbook!

Boa leitura!



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Mais dias se passam, e eu começo a ficar esperançosa quando chega o terceiro dia em que minha menstruação está atrasada. Tento não criar muita expectativa, pois sei que meu organismo deve estar apenas bagunçado após todos esses anos de pílula.

Quando chego ao quinto dia de menstruação atrasada, minhas expectativas já estão maiores do que deveriam. Quando sinto uma cólica leve e uma sensação de algo molhado na minha peça íntima, porém, sei que não foi dessa vez. Vou até o banheiro e vejo que, de fato, estou sangrando.

Não posso negar que estou decepcionada, mas sei que esse é um sentimento irracional. Esse foi o meu primeiro mês de tentativas, e seria muito difícil eu conseguir ficar grávida tão rápido assim. Quando esse sangramento cessar, eu vou tentar novamente. Não vou permitir que uma primeira falha me faça perder as esperanças.

Quando o sangramento chega ao fim, eu volto às minhas tentativas. Dessa vez, eu não fico mais fazendo sexo com Peeta descontroladamente, como antes, pois sei que ele ia terminar achando que tem algo errado comigo. Eu adoro os nossos momentos de intimidade, e ele sabe disso, mas eu nunca fui uma pessoa muito libidinosa. Se eu continuasse a procurá-lo duas ou até três vezes por dia, ele certamente ia desconfiar. Por isso, eu opto por levar nossa vida íntima no ritmo normal, sem cobrar por sexo todos os dias. Porém, eu calculo em quais dias ficarei fértil, pois nesses dias eu tenho que fazer sexo de todo jeito, mesmo que só à noite.

Para meu alívio, Peeta me procura na maior parte das vezes, o que faz com que a coisa não soe forçada. Durante meu período fértil, nós fazemos amor em todas as noites. A cada vez que ele me abraça após nós nos amarmos, eu fico imaginando se nosso bebê foi concebido.

Certa noite, ele me abraça por trás e coloca sua mão esquerda sobre a minha barriga. Sou acometida por uma emoção estranha. Será que ele, ainda que inconscientemente, está tocando o filho dele? Será que esse filho já está na minha barriga?

No fim do mês, entretanto, minhas dúvidas se esvaem. Mais um ciclo menstrual chega, e não posso evitar ficar mais decepcionada que da vez anterior. Porém, não me deixo abater. Assim que o sangramento acaba, volto às minhas tentativas.

Num ensolarado fim de tarde, quando mais um ciclo menstrual chega, o terceiro desde que comecei minhas tentativas, não posso conter o nó que se forma em minha garganta. Uma sensação angustiante de decepção aperta o meu peito, e quando dou por mim, lágrimas já estão descendo pelo meu rosto.

Eu nunca quis ser mãe antes, e agora, que eu quero, não consigo engravidar. Por que eu simplesmente nunca consigo o que quero na minha vida? Por que tudo tem que ser tão difícil para mim? É como se isso fosse mais uma evidência de que sou destinada ao fracasso.

Mas e se isso for castigo? E se eu estiver pagando por todos os anos em que rejeitei a ideia de ser mãe? Será que era essa frustração que Peeta sentia a cada vez que eu lhe negava um filho?

Pensar em Peeta faz com que eu chore mais forte. Saio do banheiro e me deito na cama, tentando abafar meus soluços descontrolados no travesseiro. A frustração e a sensação de fracasso que sinto são tão grandes que sinto que vou explodir.

Eventualmente, meu choro cessa e eu pego no sono. Quando abro os olhos, já está de noite e a luz do abajur está iluminando o quarto. Peeta está sentado ao meu lado na cama, com uma expressão preocupada no rosto.

— Tá tudo bem? – pergunta ele. – Você nunca deita a essa hora.

— Sim, tá tudo bem – minto. – Só estou um pouco indisposta. Minha menstruação chegou.

— Ah, tá certo, então – diz ele.

Olho para Peeta e sinto uma vontade enorme de contar a ele o que aconteceu. Ele é meu porto seguro, a luz que ilumina os meus momentos de escuridão. Quero que ele me abrace e me diga que vai ficar tudo bem, que nós vamos tentar de novo e eu vou conseguir ficar grávida. Mas sei que não tenho esse direito. Eu já o decepcionei muito com essa questão de filhos. Não posso, simplesmente não posso deixá-lo com expectativas para depois não conseguir dar esse filho a ele. Ele não merece isso.

— O que foi, meu amor? – pergunta Peeta, acariciando o meu rosto. É aí que eu percebo que estou chorando.

— Não é nada – digo, me afastando do carinho dele e me sentando na cama. Enxugo minhas lágrimas com as costas das mãos e engulo o choro. Não quero transparecer ainda mais que não estou bem. – Estou só com cólica.

Isso não é, de todo, uma mentira.

— Ah, deve estar forte, então. Eu vou pegar um analgésico para você.

Peeta passa o resto da noite me mimando. Ele me dá remédio, prepara meu jantar, faz massagem nas minhas pernas, coloca uma bolsa de gelo na minha barriga... Isso poderia fazer com que eu me sentisse culpada, já que estou mentindo para Peeta, mas estou tão arrasada e carente que simplesmente aproveito os mimos.

No dia seguinte, eu continuo me sentindo triste. Minha vontade é ficar na cama o dia inteiro e não fazer nada, mas tento disfarçar o que estou sentindo para Peeta não perceber. Ele, porém, me conhece o suficiente para saber que não estou bem.

— Katniss, o que está havendo? – pergunta ele enquanto estamos tomando café da manhã. – Não é cólica de novo, não é?

Algo no tom da voz dele me indica que ele agora está desconfiando de que eu menti para ele ontem. Sinto uma sensação desagradável de nervosismo na boca do meu estômago. Venho mentindo para Peeta há meses, tentando ao máximo esconder todas as minhas questões a respeito de engravidar. Primeiro menti sobre a razão de ter ficado distante dele por um tempo. Agora estou mentindo sobre a razão de estar triste. Meu estoque de mentiras está acabando, e Peeta não é nenhum idiota. Ele sabe que há algo está acontecendo. Ele apenas é gentil demais para me pressionar a falar.

A sensação de nervosismo sobe ao meu rosto, ameaçando se transformar em lágrimas. Tenho que fazer um esforço descomunal para não as deixar cair e me denunciar ainda mais.

— A cólica até que passou, mas eu estou me sentindo indisposta. As pernas estão pesadas e doloridas.

Embora essa não seja a razão de eu não estar bem, não é uma mentira. Mas a expressão no rosto de Peeta mostra que ele não está acreditando muito no que eu falei. Ele, porém, não insiste no assunto. Simplesmente termina seu café da manhã, me dá um beijo carinhoso nos lábios e vai para a padaria.

Alguns dias se passam. Peeta sabe que eu estou escondendo algo dele, mas, para meu alívio, minha tristeza aos poucos vai passando e a minha necessidade de disfarçá-la vai diminuindo a cada dia. É como se eu, com o passar dos dias, percebesse que estava fazendo uma tempestade num copo d’água. Não conseguir engravidar em três meses após 15 anos tomando anticoncepcional não é nada de outro mundo. É até aceitável, na verdade.

Quando meu sangramento finalmente cessa, eu sinto que é hora de tentar novamente. O medo de me decepcionar ainda está lá, mas determinei a mim mesma que nunca mais iria deixar que meus medos me paralisassem. Foi essa determinação que me tornou capaz de decidir ter um filho.

Decido que a partir de agora vou tentar relaxar. Não vou mais ficar tão focada em conseguir engravidar. Vou fazer as tentativas, obviamente, mas sem me preocupar muito com elas. Não faço cálculo para saber quando estarei fértil. Não fico me sentindo com a obrigação de fazer sexo com Peeta. Simplesmente deixo acontecer. Quando nós dois sentimos vontade, nós fazemos, e o ato é bem mais prazeroso assim.

Certa noite, eu e Peeta fazemos amor de um jeito muito especial. Todas as vezes que estamos intimamente juntos são especiais, obviamente, mas há algo de diferente nessa vez. Nós nos amamos de uma forma doce e lenta. Muitos carinhos e juras de amor são trocados, e o prazer que sinto é um dos maiores que já senti. Depois, nós dormimos abraçados um ao outro, como sempre.

No meio da noite, eu acordo sentindo minha bexiga cheia. Levanto da cama com cuidado para não acordar Peeta e vou até o banheiro para esvaziá-la. Depois disso, eu lavo as mãos na pia e olho para o reflexo do meu corpo nu no espelho. Vejo o meu corpo magro e minha pele coberta de cicatrizes. 15 anos depois do dia em que levei as queimaduras, as cicatrizes não têm mais uma aparência tão ruim. Na verdade, elas nem me incomodam mais. Sei que sou bonita aos olhos de Peeta, e isso é o mais importante para mim.

Os dias vão passando rapidamente. Quando chega o fim do mês e meu sangramento não chega, não consigo evitar que uma chama de esperança se acenda em mim. Mas essa chama se apaga assim que me lembro de que já tive outros atrasos.

Continuo com minhas atividades diárias, tentando ao máximo não pensar nisso. Quando se completam dez dias de atraso, porém, eu não consigo mais ignorar o fato de que algo deve estar acontecendo. Eu nunca tive um atraso de dez dias antes, nem mesmo na minha adolescência. Será que finalmente fiquei grávida?

Eu poderia marcar uma consulta no médico para saber se estou ou não grávida, mas tenho medo da resposta. Não só medo de não estar grávida e me decepcionar, mas também de estar e saber que o que eu planejei nos últimos meses agora é real, que realmente há um bebê crescendo na minha barriga. Decido esperar mais um pouco para tentar descobrir.

Vários dias se passam. Não há sangramento, cólica, pernas pesadas e abstenção de sexo. Conhecendo-me como me conhece, Peeta percebe que algo está errado.

Certa noite, enquanto estamos abraçados após fazermos amor, ele questiona:

— Katniss, você ainda não ficou naqueles dias?

Uma sensação de nervosismo se forma na boca do meu estômago. Será que ele está desconfiando de que estou grávida? Penso numa mentira que acho que vai convencê-lo.

Tentando manter minha voz o mais convincente possível, eu digo:

— Eu emendei uma cartela de pílula na outra. A última vez foi muito ruim, então eu preferi suspender a menstruação por enquanto.

— Acho que você deveria ir ao médico – diz ele. – É arriscado fazer essas coisas por conta própria.

Ir ao médico... Não é exatamente isso que eu devo fazer para descobrir se estou ou não grávida? Meu medo não me deixou tomar essa atitude, mas agora, após quase três semanas atrasada, sinto que está na hora de eu deixar minha covardia de lado e ir procurar saber se há ou não um filho meu e de Peeta crescendo na minha barriga.

— Você tem razão – digo. – Eu vou ao médico.

E vou, realmente. Apenas não pelo motivo que ele está pensando.

No dia seguinte, eu telefono para o hospital da cidade e marco uma consulta com a ginecologista. Como sou famosa e pretendo fazer um exame de gravidez, combino com a secretária um esquema de chegar bem cedo e entrar pela porta dos fundos. A última coisa que quero é o distrito 12 inteiro especulando se vou ou não ter um filho.

A consulta fica marcada para daqui a três dias. Eu poderia pedir um teste de farmácia para aliviar a ansiedade que estou sentindo, mas decido esperar. Sei que esse tipo de teste nem sempre funciona, e eu quero ter 100% de certeza. Além disso, nada me garante que o rapaz que faz o serviço de entrega a domicílio não espalharia a fofoca de que Katniss Mellark, o Tordo de Panem, comprou um teste de gravidez. Confio mais na capacidade do pessoal do hospital de manter sigilo, até porque há ética médica envolvida.

O dia da consulta chega. Bem cedo da manhã, eu e Peeta partimos para a cidade. O hospital não fica tão longe da padaria, então ele me deixa lá de carro (sim, já faz alguns anos que Peeta fez curso de direção e comprou um carro).

— Tem certeza de que não quer que eu fique com você na consulta? – pergunta ele.

— Sim. É só uma consulta de rotina, nada de mais. Pode ir pro seu trabalho tranquilo.

Dou um beijinho nele e saio do carro, rumando para a parte dos fundos do hospital. Pego o elevador de serviço e chego ao quarto andar, que é o andar de ginecologia e obstetrícia. Ando com cuidado por um estreito corredor, até que avisto a sala de espera. Para meu alívio, ainda não há nenhuma paciente.

Vou até a mesa da recepcionista e a cumprimento.

— Bom dia, Mary.

— Bom dia, Katniss – diz ela com um sorriso. – A doutora Brooks já está à sua espera. Pode entrar.

— Certo.

Abro a porta e adentro timidamente a sala da médica. Essa não é a minha primeira consulta com uma ginecologista. Já fui a umas duas consultas antes, mas com uma médica que não está mais trabalhando neste hospital.

Vejo a figura da Dra. Brooks pela primeira vez, sentada à mesa. É uma mulher de pele clara e cabelos loiros e lisos que lhe caem sobre os ombros. Deve ter uns 40 anos. A maquiagem um pouco forte para a hora me fazem pensar que ela é da Capital.

— Olá, Katniss – diz ela, e pelo sotaque, percebo que ela não é da Capital. – Sente-se.

Eu me sento de frente para a mesa dela, sem saber muito bem como começar o assunto. Nunca sei o que dizer em consultas de médico.

— Bem, vamos nos apresentar devidamente. Meu nome é Helena Brooks e eu sou do distrito 13. Eu trabalho aqui como ginecologista e obstetra há um ano e meio, mas sou formada há 15 anos. Mary já me contou que você acha que pode estar grávida e que quer fazer um exame sigiloso para confirmar.

A Dra. Brooks não parece ser muito simpática ou risonha, mas algo nela me desperta uma grande confiança.

— Sim, foi isso mesmo – confirmo.

— Quando foi sua última menstruação? – pergunta ela.

— No fim do mês retrasado – digo, e ela anota isso num papel.

— Você estava fazendo uso de algum método anticoncepcional? Quero dizer, existe um percentual de falha.

— Não. Eu tomei pílula anticoncepcional durante quinze anos, mas parei há cinco meses porque queria engravidar. Eu tinha receio de ter filhos, por causa de... bem, tudo o que eu passei.

Olho para o lado, envergonhada. A médica percebe e me diz:

— Eu entendo. Isso é completamente compreensível.

Volto a olhar para ela e assinto com a cabeça.

— Olha, eu vou solicitar o exame de sangue para você. O resultado sai em vinte minutos, e você vai poder esperar numa sala reservada.

— Certo.

A médica pega o telefone e fala com alguém. Poucos minutos depois, uma enfermeira entra na sala. Ela coleta sangue do meu braço com uma seringa e depois se retira, dizendo que o resultado sai em mais ou menos vinte minutos.

— Katniss, eu vou ter que atender outras pacientes daqui a pouco, mas você pode esperar o resultado na sala de repouso que costumo usar. Eu não estou de plantão hoje, então não estou instalada lá.

— Não é incômodo? – pergunto, envergonhada.

— Imagina. Venha.

Deixo que a doutora Brooks me conduza até a tal sala de repouso. É um local pequeno, com uma cama de solteiro, uma cômoda e uma poltrona. Ela abre a janela, deixando que o vento fresco penetre o ambiente, e eu me sento na poltrona. Quando já estou devidamente acomodada, ela diz que depois vem trazer o resultado do exame e vai embora.

Os 20 minutos seguintes são uns dos mais angustiantes que já vivenciei. É estranho alguém que já enfrentou duas arenas e uma guerra dizer isso, mas eu estou, de fato, bastante ansiosa. Se eu não estiver grávida, sentirei uma enorme frustração. Se eu estiver, sentirei todo o peso da responsabilidade por uma vida.

Não sei qual das situações me aflige mais.

Quando a doutora Brooks bate na porta e entra na sala com um envelope em sua mão direita, meu coração começa a acelerar.

— E aí, Katniss? Pronta para saber se vai ser mamãe ou não?

Continua...


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Notas finais do capítulo

E aí? Será que a Katniss está grávida? Façam suas apostas. No próximo capítulo vocês vão descobrir. Haha.
Lembrem-se de dizer nos comentários o que estão achando da história. Ah, e se quiserem fazer recomendações, vou ficar muito feliz. :)

Beijos e até a próxima.