Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vim postar mais um capítulo para vocês. Agradeço a todos que comentaram no último capítulo. Eu não consigo responder todos vocês, pois eu acesso pouco a internet pelo notebook e o Nyah! mobile é bem ruinzinho, mas eu leio tudo o que vocês dizem. :)
Agradeço em especial às leitoras (ou leitores, não sei) Down with the capitol e Lua Souza por terem recomendado a história. Obrigada, pessoal!

Este capítulo é muito especial. Eu escrevi com muito carinho e espero que vocês gostem.

Boa leitura!



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Estou andando num lugar onde não me lembro de ter estado antes. Parece a Campina do distrito 12, mas é muito mais belo. Um aroma gostoso de flores preenche o ambiente e um sol ameno que mais parece de fim de tarde ilumina-o. Um vento fresco bate no meu rosto e uma paz muito grande me invade.

Vejo à minha frente uma flor, mas não é uma flor qualquer, é uma prímula noturna. Eu me acocoro na grama e passo os dedos delicadamente pelas pétalas dela.

— Katniss? – ouço uma voz me chamar atrás de mim, e quando me viro para ver a quem ela pertence, mal posso acreditar.

— PRIM?! – exclamo, sentindo uma emoção imensa tomar conta do meu ser.

Minha irmãzinha parece a mesma de sempre. Pele clara, cabelos louros, olhos azuis e uma expressão serena no rosto. Ela sorri e estende os braços para me abraçar. Eu me levanto e vou até ela, abraçando-a bem forte em seguida.

— Minha patinha! – digo enquanto lágrimas me escorrem pelos olhos. – Que saudade de você!

— Eu também sinto muito a sua falta, Katniss – diz ela. Eu deposito um beijo no topo de sua cabeça e em seguida me afasto para olhá-la nos olhos.

— Não teve um dia sequer nesses quinze anos que eu não pensasse em você – digo, acariciando o rosto de Prim. – Eu sofri tanto... – começo a soluçar e ela me abraça novamente, me confortando. Quando eu finalmente me acalmo, eu rompo nosso abraço.

— Eu só queria que você me perdoasse por não ter te protegido e... – começo a dizer, mas Prim me interrompe.

— Katniss, eu não tenho nada pelo que te perdoar. Você sempre fez tudo por mim. Você foi muito mais do que uma irmã, foi uma mãe para mim – ela toca meu rosto delicadamente. – Ir à missão da Capital para socorrer os feridos foi uma escolha minha. Tudo o que aconteceu estava previsto.

— Como assim? – indago, confusa.

Prim dá um sorrisinho e pega minha mão.

— Venha, vamos andar um pouco. No caminho eu te conto.

Eu a sigo e nós começamos a andar pelo florido gramado. Depois de um curto espaço de tempo, ela começa:

— Há certas coisas que você não conseguiria entender, Katniss. O que posso dizer é que tudo teve uma razão de ser. Eu não fui sorteada à toa. Você não se voluntariou à toa. Peeta não foi sorteado à toa. A rebelião precisava acontecer e tudo conspirou a esse favor.

— E por que justo eu tive que iniciar essa rebelião? – pergunto, indignada.

— Porque você era a pessoa mais adequada para tal – ela para de andar e solta a minha mão, virando-se para me olhar nos olhos. – Há muitas coisas que você não sabe, Katniss. Mas eu posso te dizer que tudo teve uma razão. Eu não morri aos treze anos porque você falhou comigo, mas porque foi necessário. Você sempre deu o seu melhor. Nenhuma morte foi culpa sua.

— Mas, Prim... – começo, mas ela me interrompe.

— Sei que você passou por inúmeras dificuldades, e entendo perfeitamente que você tenha medos. Mas você precisa entender que nada do que aconteceu foi culpa sua. Pare de ficar presa ao passado, remoendo coisas que você não pode mudar. Olhe para o futuro. Pense nas coisas boas que ainda vão te acontecer.

— É difícil ter positividade quando já se sofreu tanto – digo, me esforçando para encarar Prim nos olhos.

— Eu sei disso. Eu não estou dizendo que você tem que deixar de ter medos. Sentir medo é algo involuntário. O que estou dizendo é que você não pode deixar os seus medos te paralisarem, te impedirem de viver.

Automaticamente, penso na frase do Doutor Aurelius: “Só não se esqueça da importância de deixar o passado para trás e viver o presente sem temer o futuro.”

Ela pega minhas mãos, colocando-as entre as dela, e sorri para mim.

— Pare de se sentir culpada. Você foi maravilhosa comigo, e eu tenho certeza de que você será uma ótima mãe.

— Então você acha que eu devo ter filhos? – pergunto.

— Não sou eu que tenho que achar isso, é você. Você sempre terá liberdade de escolha. Mas se você escolher ter filhos, com certeza será uma ótima mãe. Nunca duvide disso.

— Eu não tenho tanta certeza disso... – digo, insegura.

— Você pode até não ter, mas eu tenho. Pense na possibilidade com carinho. Uma criança trará muita luz para você e Peeta.

Fico calada, pensando no que Prim está me dizendo. Ela prossegue:

— Tenha em mente que apesar de todas as dificuldades, você sempre teve e sempre vai ter assistência. Eu e muitos que te amam estamos olhando por você.

— Como assim? – indago, mas Prim não me responde. Apenas me dá um beijo na bochecha. Em seguida, sou engolida por uma escuridão.

Eu me acordo na cama que era de Prim e percebo que estava sonhando. Mas, apesar disso, ainda posso sentir o cheiro de flores e ter a sensação de que minha irmãzinha está por perto.

Peeta sempre me diz que Prim está num lugar lindo lá no céu, mas eu nunca pensei muito se existe ou não vida após a morte, muito menos se nós podemos ou não nos comunicar com os mortos. Mas, independentemente de ter sido real ou não, esse sonho tirou um peso enorme do meu peito. Depois de todos esses anos sentindo que havia falhado com a minha irmã, pela primeira vez eu sinto que fiz tudo o que estava ao meu alcance, que dei o meu melhor.

Inexplicavelmente, penso em Buttercup. Eu me dediquei em cuidar dele por vários anos, imaginando que era assim que Prim queria que eu agisse. Oito anos atrás, numa manhã de primavera, ele se foi. Estava cochilando tranquilo no colo de Peeta, que lhe coçava entre as orelhas. Ele estava muito velhinho e debilitado, mas eu sei que ele morreu se sentindo cuidado. Eu e Peeta ficamos arrasados, pois depois de anos, seria impossível nós não termos criado afeto por ele. Nós o enterramos no jardim de nossa casa e cobrimos sua pequena sepultura com prímulas noturnas. Lembrar disso faz com que a minha sensação de ter dado o meu melhor fique ainda maior.

Sentindo-me um pouco melhor, eu me levanto da cama e recoloco o quadro de Prim na parede. Ao comparar a pintura com a imagem dela no sonho, que ainda está vívida em minha mente, fico ainda mais impressionada com o talento do meu marido. Peeta é tão talentoso, tão sensível. Tudo o que ele faz é belo. Tudo dele exala delicadeza e afetuosidade.

Penso nele como pai. Sei que ele seria muito carinhoso e protetor com o nosso filho. Mas eu não deixo de ficar insegura com relação às nossas cicatrizes. Eu tenho meus pesadelos e meus dias de depressão. Ele tem seus flashbacks, ainda que sejam pouco frequentes. Nós temos duas arenas e uma guerra em nosso passado. Nós já matamos pessoas, ainda que para nossa própria defesa. Como nosso filho conviveria com tudo isso? E se ele tivesse vergonha de nós? E se ele não tivesse vergonha de Peeta, mas apenas de mim? Eu acharia isso insuportável.

Essa questão me consome ao longo de vários dias. Após o sonho com Prim, não estou mais com aquela sensação forte de que falharia com meu filho, mas a ideia de que o meu passado o perturbaria tira o meu sossego e até mesmo a minha vontade de estar intimamente com Peeta. Sei que ele está se sentindo rejeitado, mas ele não me pressiona. Isso faz com que eu me sinta pior ainda. Como pode alguém ser tão compreensivo assim?

É em situações como essa que eu volto a pensar se realmente o mereço.

Ponto de vista de Peeta:

— Você por aqui, garoto – diz Haymitch enquanto eu adentro a sala da casa dele. Ele está esparramado no sofá, parecendo abatido. Não posso deixar de reparar na ausência de Effie.

— Vim trazer uns pãezinhos de queijo para você antes de ir para casa. Você nunca mais apareceu nem por lá nem na padaria. Fiquei preocupado.

— É, eu ando meio sem saco, mesmo – diz ele, endireitando-se no sofá.

Eu me aproximo de onde ele está, coloco a panelinha com pães de queijo em cima da mesa de centro e me sento na poltrona que fica de frente para ele.

— Haymitch, você está tendo de novo problemas com Effie, não está?

Ele fica calado por um tempo, como se estivesse hesitando, mas enfim diz:

— É. Acho que nós nunca vamos dar certo morando juntos.

Finalmente você percebeu, hein? Penso, mas obviamente não digo.

— Nós brigamos com frequência – continua Haymitch –, e nesses catorze anos, ela já saiu de casa várias vezes. Nós decidimos que é melhor passarmos a ser namorados, simplesmente.

— É, se vocês acham que assim o relacionamento de vocês vai funcionar, vão em frente.

Ele fica um tempo pensativo, como se estivesse decidindo se me conta ou não o que está em sua mente, mas por fim diz:

— Além dos problemas que temos por sermos muito diferentes, já faz uns anos que ela quer ter filhos...

— E você não quer ter, não é? – pergunto. Não posso deixar de associar essa situação à minha com Katniss.

— No início eu até não queria, mas anos atrás eu concordei e a coisa simplesmente não aconteceu. Ela agora tá querendo que a gente vá fazer uns exames pra ver qual é o problema, mas eu tou achando até melhor assim.

— Entendo... É engraçado como você e Katniss são parecidos.

Haymitch faz uma expressão de dúvida.

— Eu quero ter filhos e ela não quer, assim como você. Terminei me conformando de que não vamos ter filhos – explico.

— Mas eu cheguei a concordar. E ela?

— É, a diferença é que ela nunca concordou. Eu tentei convencê-la por um tempo, mas terminei desistindo. Pelo menos eu a tenho ao meu lado.

— Mas e a vida de casados de vocês? Como está?

Penso em como Katniss tem estado estranha, em como tem me evitado durante a noite e no quanto tenho me sentido rejeitado. Não gostaria de comentar isso com ninguém, mas se eu não fizer isso, sinto que vou explodir.

— Bem, já faz uns dias que a Katniss está meio estranha. Desde o nosso aniversário de casamento, ela está distraída, com a cabeça longe, sabe? – ele assente com a cabeça. – E está me evitando durante a noite. Estamos há dias sem fazer... bem, você sabe.

— É, a Docinho é bem estranha. Você já perguntou a ela o que ela tem?

— Já, mas ela desconversa. Terminei desistindo.

— Você diz que nós somos muito parecidos, então acho que posso te dar um conselho: Aja como se nada estivesse acontecendo. Ignore-a. Não no sentido de rejeitá-la, mas no sentido de não dar nenhum cartaz pra como ela tem agido. Ela vai terminar admitindo o que tá rolando, vá por mim.

— É, você está certo. Vou fazer isso. Obrigado, Haymitch.

— Por nada.

— Olha, agora eu vou ter que ir, mas precisando de qualquer coisa, lembre que você tem a mim e a Katniss.

— Eu sei disso, garoto...

— Não se esqueça de comer os pães de queijo.

Eu dou um abraço em Haymitch e depois vou embora.

Ponto de vista de Katniss:

Mais dias se passam e eu continuo pensando nas implicações de ter um filho. Eu tento ocupar a cabeça caçando, limpando a casa e lendo livros, mas nada tira a minha atenção do assunto que vem me consumindo desde o dia do meu aniversário de casamento. Chego a pensar que buscar intimidade com Peeta seria bom para eu relaxar, mas desisto ao chegar à conclusão de que do jeito que eu estou, eu não seria capaz de dar prazer nenhum a ele. Seria como se ele estivesse fazendo sexo com alguma coisa inanimada.

Peeta, por sua vez, não parece mais estar se importando com a minha recusa em fazer amor. Ele age como se nada estivesse acontecendo, o que é bem estranho. Por alguma razão, isso me incomoda. É como se eu, no fundo, quisesse que ele insistisse em me procurar. Mas independentemente da razão de ele estar agindo assim, eu não posso continuar desse jeito. Nós somos um casal. Nós temos que contar um com o outro. Temos que dividir nossas inquietações.

Ah, se ao menos eu pudesse contar a ele o que está me atormentando... Mas não posso. Peeta já sofreu muito pela minha recusa em lhe dar filhos. Eu não posso lhe dar esperanças e depois desistir. Não posso brincar com seus sentimentos. Mas o que posso fazer para essas inseguranças irem embora?

Tenho medo de concordar em ter um filho para depois ele se envergonhar do meu passado e do passado de Peeta. Como ele reagiria ao saber que nós dois já matamos pessoas? Como ele reagiria ao me ver berrando por causa dos meus pesadelos? Como ele reagiria ao ver Peeta tendo um de seus flashbacks?

Penso em Finn, com seu pai já falecido e sua mãe doente. Ambos vitoriosos. Como será que ele se sente? Será que ele se sente mal com o fato de ambos já terem matado pessoas? Será que ter uma mãe doente o incomoda? Ou será que o fato de seus pais terem ajudado a libertar Panem do regime opressor da Capital o orgulha tanto que todos esses outros fatos se tornam pequenos? É então que eu percebo que só há uma forma de eu saber disso: Perguntando a ele.

Não sou tão próxima dele quanto Peeta, então isso não vai ser tão fácil. O que eu preciso é de uma oportunidade de fazer essa pergunta sem que minha abordagem pareça inconveniente e forçada. No dia seguinte, como se o mundo estivesse conspirando ao meu favor, Peeta não só convida Annie e Finn para jantar conosco como também, após o jantar, nos deixa sozinhos por um momento para mostrar umas pinturas a Annie em seu ateliê.

Eu e ele estamos sentados no sofá, ele rindo alegremente com um programa de auditório qualquer que está passando na TV.

Ele tem 15 anos. Sei que ele já sabe de tudo o que aconteceu. Sei que ele já tem capacidade de ter uma opinião a respeito. Encho-me de coragem e começo:

— Finn, como tem sido as coisas com a sua mãe?

Ele se vira para mim, franzindo o cenho.

— Como assim, tia Katniss?

— Bom, é que... Ela tem problemas, você sabe – digo isso e em seguida me arrependo, temendo ter soado desagradável.

A expressão no rosto de Finn, entretanto, mostra que eu não disse nada de mais.

— Ah, sim. Então, ela tem estado bem melhor. Ele tem algumas crises às vezes, mas nada que abraços e palavras de conforto não melhorem.

Lágrimas quentes brotam nos meus olhos e eu tenho que me esforçar muito para não as deixar cair. Era exatamente assim que Finnick acalmava Annie e a trazia de volta para a realidade. É como se eu estivesse vendo o meu amigo na minha frente. Mas não, não é ele. Tenho que me lembrar de que é seu filho.

— Tá tudo bem, tia Katniss? – pergunta Finn, parecendo preocupado.

— Sim, sim – digo, finalmente deixando as lágrimas caírem. – É que você me lembra muito seu pai às vezes.

Ele dá um risinho.

— Papai... Adoraria tê-lo conhecido.

Vejo nisso a oportunidade de que preciso para falar do que quero.

— Ele certamente sentiria muito orgulho de você. Mas e você? Você se orgulha dele?

— Muito! Meu pai é o meu herói. Sei que se hoje tenho uma vida tranquila, sem Jogos e sem opressão, foi porque ele e mais outras pessoas corajosas lutaram por isso. Eu me orgulho muito do meu pai, da minha mãe, de você, do tio Peeta e do tio Haymitch.

— Oh, Finn! – digo, sem conseguir mais conter a emoção. Lágrimas e mais lágrimas me escorrem pelos olhos e eu tento enxugá-las, sem sucesso.

Ele me envolve em seus braços e me conforta de um jeito tão doce que eu só posso achar que isso é por ele ter tido Peeta como a maior referência masculina em sua criação. Depois de algum tempo, eu me solto dele e lhe pergunto:

— Não te incomoda saber que nós estivemos nos Jogos? Que nós estivemos numa guerra?

— Vocês não escolheram tirar a vida de ninguém – diz ele, e eu sei que ele entendeu o que estava implícito na minha pergunta. – Vocês só fizeram o que era preciso para sobreviverem e para libertarem Panem da Capital.

Uma sensação de alívio toma conta de mim. É como se agora eu soubesse que é realmente possível alguém sentir orgulho de nós que somos vitoriosos e antigos soldados da guerra. Mas há algo que ainda preciso saber.

— Então o fato de sua mãe ter problemas emocionais realmente não te incomoda?

Ele solta um longo suspiro e então diz:

— Eu gostaria que ela não tivesse problema nenhum, pois eu a amo e não queria que ela sofresse, mas eu jamais escolheria ter outra mãe. Eu me orgulho muito dela e sou muito grato por tudo o que ela já fez por mim.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Peeta e Annie retornam à sala.

— Katniss, eu estou impressionada com os quadros novos de Peeta – diz Annie. – São lindos!

— Sim, ele é muito talentoso – digo, sorrindo para ele.

— Obrigado, gente – diz Peeta, envergonhado. Suas bochechas estão ligeiramente vermelhas, o que faz eu, Annie e Finn rirmos.

Logo depois, Annie e Finn vão embora. No momento da despedida, eu abraço Finn e digo um “obrigada” em seu ouvido. Ele provavelmente não vai entender a razão do agradecimento, mas eu tive que agradecê-lo. Ele tirou de mim uma grande angústia, deixando-me bem mais leve.

Após nossa conversa, passo mais dias refletindo se devo ou não dar um filho a Peeta. Tento imaginar como seria a gravidez, como seria nossa vida depois que o bebê nascesse... Começo a prestar uma atenção especial a mulheres grávidas e com bebês nas ruas. Faço uma visita a Peeta na padaria e pela primeira vez não tenho uma sensação ruim na boca do estômago ao vê-lo brincando com o filhinho de uma cliente. Por incrível que pareça, a cena até me deixa feliz.

Num fim de tarde, enquanto tiro a pele de um coelho que cacei em cima do balcão da cozinha, eu chego à conclusão de que após 5, 10, 15 anos, a ideia de ter filhos torna-se aceitável para mim. Não só aceitável, mas também, de certa forma, agradável. Penso em Peeta e no quanto ele ficaria feliz com isso. Penso em também na felicidade que eu creio que sentiria ao lhe dar esse presente tão especial depois de tudo o que ele já fez por mim.

Os receios ainda estão presentes, mas eu finalmente estou conseguindo vivenciar o conselho do Doutor Aurelius:

Só não se esqueça da importância de deixar o passado para trás e viver o presente sem temer o futuro.

Sim, é isso que eu preciso fazer. Não posso deixar que meus medos me paralisem, me impeçam de viver. Por um bom tempo, eu me recusei a amar Peeta porque, pelo exemplo da minha mãe quando meu pai morreu, eu achava que o amor era um sentimento incapacitante, mas isso não adiantou nada. Eu o amei do mesmo jeito e sofri do mesmo jeito quando ele foi telessequestrado para me odiar. Eu sempre fiz de tudo para salvar a vida de Prim, inclusive ir para os Jogos Vorazes, mas ela se foi do mesmo jeito. Eu fiz de tudo para não magoar Gale e perder sua amizade e no fim das contas, quem me magoou foi ele.

Eu não tenho controle de tudo. Não adianta eu ficar me preservando indefinidamente contra os sofrimentos, pois não há nada que eu possa fazer para evitá-los. O melhor que eu posso fazer é viver a minha vida sem deixar que meus medos controlem as minhas ações. Isso não significa que não vou ter mais nada a temer, ou que meus pesadelos e minhas tristezas irão embora. Significa apenas que eu não vou mais ter minhas ações voltadas em função desses temores.

Peeta perdeu toda a sua família no bombardeio. Ele merece uma nova família, um filho que ele possa amar e cuidar. Ele merece a alegria de ter um pequenino o chamando de papai. Ele merece a alegria de ter um fruto do nosso amor em seus braços após ter passado quase 30 anos de sua vida me amando. E eu mereço me libertar dos fantasmas do passado e passar a ter uma nova razão para viver.

E então eu percebo que apesar de todos os medos, eu finalmente estou pronta.

Eu vou dar um filho a Peeta.


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Notas finais do capítulo

KATNISS ACEITOU DAR UM FILHO A PEETA! EEEEEEEE! o/ Haha! E aí, gostaram da forma como eu conduzi o processo de aceitação dela? Digam o que acharam nos comentários. Quero todo mundo comentando! :D

Beijos e até a próxima.