O Cara Certo escrita por Pokie


Capítulo 1
Capítulo Único




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Estamos olhando para uma porta. Uma porta comum, em um corredor extenso e vazio. Não podemos saber o horário, mas julgando pelas luzes acesas e a ausência de vozes era um sinal de que todos os alunos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts já deveriam estar dormindo.

Porém, somente dois alunos, dois alunos exemplares, não estavam em suas camas. Embora, é claro, James Potter adoraria que tivesse uma cama, qualquer cama, para jogar Lily Evans nela. Não por um complexo de safadeza, óbvio, mas por uma vontade de deixá-la mais confortável. Amassos dentro de armários de vassouras eram tão clichês em Hogwarts. James gostaria de fazer algo melhor por ela.

— Espera, espera. — Lily afastou a boca, depressa. James olhou para ela, preocupado. Estava escuro, mas podia ver os lábios rosados da moça, os cabelos ruivos emaranhados e a gravata amassada. Era possível escutar com clareza o som das respirações ofegantes. Consequencias de amassos e beijos na boca em um horário que eles não deveriam fazer isso. — Eu não posso ficar aqui. Eu não posso ficar beijando você. Eu deveria descansar para os N.I.E.M’s. Eu não-

— Cala a boca, Lily — pediu James e, ao voltar a beijá-la, Lily calou a boca.

Ela se condenava demais. Não era saudável não aproveitar algo que deixava os dois felizes. James começou a mostrar isso a ela.

Tinha uma das mãos acariciando a nuca dele. Os dois se afastaram só um centímetro para James inclinar o rosto e, sorrindo, prensar devagarzinho os dentes no lábio inferior da ruiva. Não soube decifrar se o gemido baixinho que saiu da garganta dela era de sofrimento ou de prazer.

Mas com o modo que ela enrolou os braços ao redor do pescoço dele e deixou o beijo se aprofundar, James decidiu acreditar que ela estava gostando. Como não gostar, afinal de contas?

James Potter era lindo e sabia beijar. Exatamente o tipo de beleza que deixava garotas sem fôlego. Os ombros largos, o corpo não muito musculoso, mas com a estatura suficiente para deixar Lily um pouco sem reação quando ela sentiu a textura do abdômen dele embaixo da camisa dele. Chegou a sorrir quando o músculo da região se contraiu, devido ao choque da mão gelada dela contra a pele quente dele.

Seus pelos se arrepiaram e Lily se viu gostando da reação que James tinha com ela. Se viu gostando do modo como ela afetava James. Ele era louco por ela. Não que o próprio rapaz não fizesse um excelente trabalho jogando fora os princípios bobos da ruiva; ele tirava toda a insegurança dela. Ah, Lily também não conseguia se segurar... beijar James era como esquecer que cosas ruins estavam acontecendo em seu mundo. Era cair em torpor pelas coisas boas,, apesar de tudo.

Ela soube, desde o início, que James não era uma boa influência. O sorriso trivial, as gracinhas, a absoluta e inevitável vontade de chamar atenção, o jeito que suas mãos passeavam pelo corpo de Lily Evans em um perigo iminente para fazê-la ter vontade de tirar a roupa. Ele era uma péssima influência. Mas uma influência inevitável.

Ele sabia, e como sabia, não somente beijar, mas, o melhor de tudo, fazer Lily Evans sorrir.

Relutou no início. Achava-o arrogante. Mas ele tinha lados bons. Fazia Evans sorrir quando ela menos esperava, quando ela menos queria, e quando ela mais precisava.

Por exemplo, em lugares inapropriados como no meio da aula de McGonagall, através de bilhetinhos e poemas de quatro versos. Ou quando Lily estava chateada por alguma coisa que sua irmã mais velha disse a ela nas férias, James esteve lá para fazê-la rir.

Nunca um professor chamou a atenção dela, mas os índices mudaram quando começou a namorar James. Distrações, conversas, piadas internas, cochichos, sussurros. Uma vez Lily decidiu sentar ao lado dele na aula. Não prestou atenção em nada que o professor Slughorn dizia. Percebeu que esteve ocupada respondendo aos bilhetinhos de James e abafando risadinhas com as mãos.

Lily começou a notar, com certa preocupação, que estava se apaixonando. Ria das brincadeiras dele com os Marotos. Ficava esperando ansiosa pela presença alta de James no meio do Salão Comunal após uma vitória excelente no quadribol, para abraçá-lo, sentir aquele conforto inevitável, encostar o rosto no peito dele, porque ali tudo ficaria bem.

Ele a fazia se sentir protegida.

E amada.

Lily se lembrava da primeira vez que confessou que o amava. Sétimo ano, oitavo fim de semana em Hogsmead como namorados. Estavam aproveitando e dividindo uma deliciosa torta de limão, quando Sirius se aproximou dos dois na mesa. Sua expressão era preocupada, começou a dizer que Remus estava passando mal e que James precisava ir até ele urgentemente.

— Lily, eu preciso ir... eu prometo recompensar depois. É que Remus-

Claro que James não poderia deixar os amigos na mão. Uma das coisa que amava em James era sua lealdade, o modo como priorizava a amizade acima de qualquer coisa. Então Lily o cortou:

— Está tudo bem. Remus precisa de vocês. Me encontra na sala comunal depois, ok?

— Certo.

Inclinou-se para um selinho. Um selinho que sempre trocavam, ora ou outra, quando precisavam se afastar para caminhos opostos, com a certeza de que se veriam outra vez.

A única diferença foi o que ocorreu depois desse selinho. Lily falou um genuíno “eu te amo”. Esteve tão acostumada a pensar nisso que, quando falou em voz alta, saiu naturalmente, como se dissesse isso há anos. Não se esforçou. Não ficou estrangulada. Saiu de forma natural e verdadeira.

Ela nunca diria se não fosse verdadeiro.

James foi embora com um ar tão leve depois de ouvir aquilo. Lily desejou que tivesse confessado antes.

Lily não começou a amá-lo de repente; foi uma jornada com altos e baixos, tapas e abraços, palavrões e sorrisos. Não foi amor a primeira vista. James teve que se esforçar muito para mostrar que ele não era mais o garotinho babaca que Lily conheceu em um dos vagões do trem antes mesmo de serem selecionados a Grifinória.

Ela também se esforçou muito para se acostumar ao jeito dele. Conhecia os maiores defeitos e esteve cega quanto às inúmeras qualidades do rapaz, mas aos poucos reconheceu que James Potter era a pessoa mais gentil, mais bondosa, mais corajosa, mais engraçada, mais decidida que ela conheceu em sua vida.

E não importava se eles se beijassem dentro de um armário de vassouras, parecendo um casal que se separaria na semana seguinte. Talvez terminassem o namoro, brigassem feio, gritassem um com o outro. Mas era certeza que voltariam. Voltariam aos amassos no armário de vassouras ou, quando Lily estiver segura, na própria cama dele. Sabia que ele era o cara certo. Sempre foi.

E ela não poderia mesmo viver o resto de sua vida com outra pessoa.


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Notas finais do capítulo

Me acostumando a escrever James & Lily! Amo tanto os dois. Sem muito diálogo, mais reflexão. Mesmo assim, espero que tenham gostado. Se gostou, deixe um review aqui! Obrigada!