Batia os dedos freneticamente naquela madeira, batia o pé no chão e nem sequer piscava, presenciando aquela cena.
Fazia mais ou menos quatro meses que Damien e Phillip - mais conhecido como Pip - tinham começado um relacionamento. Claro que não foi fácil admitir que estava sentindo algo a mais por um humano, mas logo acabou cedendo.
O problema é que ninguém naquela droga de escola, na opinião de Damien, sabia do relacionamento dos dois, então ele encontrava frequentemente alguém dando em cima do seu loirinho, seja menina ou menino. E ele não gostava disso nem um pouquinho.
Realmente, tinha de admitir que Pip ficou muito mais atraente quando cresceu, e por conta disso começou a chamar atenção demais, porém com o olhar mortal que o moreno direcionava a todos que olhavam de um jeito "estranho" para o menor era o bastante para não mexerem com o loiro. Pelo menos quando Damien estava junto.
Lógico tinham os atrevidos e pervertidos de plantão, e esses eram os que o anticristo tinha mais medo, sim medo, medo de fizeram algo para o seu pequeno, ninguém era louco o suficiente, ao menos é claro que queria queimar no inferno.
Mas aquilo estava o matando, queria voar no pescoço do moreno, capitão do time de futebol americano da escola. O professor de sociologia pediu um trabalho em dupla, com uma condição: Ele que iria escolher as duplas.
Até ai Damien pensou que iria ficar com o menor, porém quando ouviu o nome do loiro depois o nome do Marsh fechou a cara totalmente.
E agora ali estava, olhando fixamente para Pip e Stan, enquanto fazia dupla com o loiro estranho que não parava de tremer.
- D-Damien... e-eu acho melhor, ack, fazermos o t-trabalho - falou baixo gaguejando.
Virou o rosto encarando Tweek Tweak, o menor tremeu mais ainda e encolheu-se na cadeira. Desviou os olhos vermelhos para Pip, que parecia estar se divertindo com Marsh, algo ardeu dentro dele, e Damien sabia exatamente o que era. Ciúmes.
Queimava, era uma sensação horrível, algo que o príncipe do inferno nunca tinha sentido antes. Sabia sobre isso só por causa de seu pai, que corroía-se todo por causa do idiota do Saddam Hussein. Ele nunca deu muita bola, mas agora comprovará as palavras do pai.
"Dói muito mais do que uma dor física."
No primeiro momento achou aquilo uma besteira, que seu pai estava sendo hipócrita, mas agora... ele soube que era verdade.
Estava com uma vontade de matar Marsh, manda-lo direto para o inferno e pessoalmente tortura-lo de maneira lenta, dolorosa e sofrida. Porém, Damien tem autocontrole, MUITO autocontrole, respirou fundo e contou até dez.
- V-Você gosta m-mesmo, argh, do P-Pip, né? - perguntou sorrindo.
Damien voltou seu olhar novamente para o menino estranho ao seu lado.
- Não sei do que esta falando - ditou, com sua voz rouca e fria.
- E-Ele também g-gosta muito de você, s-sempre fala sobre v-você, ack, do jeito que o o-olha... c-cuidado para n-não perceberem - respondeu, levantando da mesa e seguindo até o professor, entregando o trabalho, que foi feito sem ajuda nenhuma da parte do moreno.
Então Pip falava sempre sobre si? Isso só fez o ego de Damien aumentar. O sinal tocou e todos os alunos - literalmente - correram para fora das salas, o anticristo arrumou sua mochila e saiu da escola. Nem fez questão de esperar o loiro.
O céu estava azul, com algumas nuvens ali e aqui, o sol brilhava mas não era forte o suficiente para esquentar o clima da pacata cidadezinha do Colorado.
Damien estava um pouco longe da escola, foi quando ouviu alguém gritar seu nome várias vezes. Foi ai que ele notou que era o britânico.
Apertou o passo, não sabia direito o porquê de estar fazendo aquilo, mas fez. Infelizmente o menor conseguiu o alcançar, estava com a face corada e ofegava rapidamente, tentando recuperar o fôlego.
- Por... que não me esperou? - perguntou arfando, apoiando-se em seus joelhos.
Pip vestia suas nostálgicas roupas de quando era criança, claro numa versão um pouco maior, o casaquinho vermelho arrumadinho, a gravata borboleta marrom, fazendo par com a boina, seu shorts azul - muito curto na opinião de Damien - e uma meia roxa.
- Estava se divertindo demais com o Marsh, não queria atrapalhar - ditou irônico.
- Que isso! Você não iria atrapalhar, poderia ter entrado na conversa, Stan é muito legal - respondeu, sem perceber o tom do moreno.
O anticristo revirou os olhos.
- Até o chamando pelo primeiro nome é? Que intimidade - se colocou a andar novamente.
Pip ficou para trás processando o que o namorado tinha falado, será que Damien estaria com...? Um sorriso brotou nos lábios do britânico.
- Esta com ciúmes! - gritou.
O príncipe bestial parou de andar, soltando um suspiro audível.
- Não precisa ficar assim Damien, só tenho olhos para você - ditou seguindo até perto do amante, segurando na barra da blusa preta, puxando-a de leve.
O moreno olhou-o pelo ombro, vendo seus lindos olhos azuis brilharem, havia muita sinceridade em suas palavras, e ainda mais despejava seu olhar carregado de ternura e carinho em cima do maior. Damien tem muito autocontrole, mas as vezes ele o perde muito fácil.
Tomou-lhe os lábios do loirinho, iniciando um beijo sôfrego e apressado. Precisava daquilo, sentir os lábios macios de Pip sendo pressionados no seus e o doce gosto de morango. Phillip sentiu-se derreter e suas pernas tremiam, não sabia como ainda estava em pé. Infelizmente o ar se fez necessário e os dois separaram-se.
Os dois se olharam por um tempo, até o britânico desviar os olhos timidamente. Damien sorriu de lado.
- Eu te amo - sussurrou perto do ouvido do outro, fazendo-o se arrepiar inteiro.
- Eu também te amo - sussurrou de volta, sorrindo de leve.