Infinito escrita por The Escapist


Capítulo 4
4 - True Love?


Notas iniciais do capítulo

A música do dia é True Love do Coldplay! Ownnn, amor demais por esses britânicos e tal. Mas apesar de ser uma música da minha banda preferida, não foi fácil resolver o que fazer com o capítulo. No título da música na há a interrogação como eu coloque no título do capítulo. Isso aí faz parte da minha interpretação e da maneira como a música foi "usada" no capítulo. Eu preferi não me referi a um sentimento que já existe, mas a algo que possa acontecer entre os dois personagens. E é isso.



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Depois de um número desconhecido, porém significativamente alto, de caipirinhas, Inácio pediu a conta, que eles acabaram dividindo igualmente.

— Você não acha melhor eu te levar em casa? — sugeriu, ao perceber que a colega mal conseguia se equilibrar sobre os saltos de oito centímetros das sandálias. Isabella parou e se virou para olhar para ele. Tinha os olhos meio turvos e fez uma careta. Inácio precisou se controlar para não rir, estava certo ao pensar que vê-la bêbada seria engraçado.

— Considerando que você me deu esse porre, é justo que você me leve em casa — disse ela, e sua voz soou meio grogue. — Mas você tá tão bêbado quanto eu! — Após dizer isso, Isabella realmente tropeçou e só não caiu porque Inácio a segurou a tempo.

— Não tô, não!

— É... Isso foi por causa do salto... — Então ela se abaixou e desprendeu as correias das sandálias. Ficou de pé no chão, segurando o calçado nas mãos. Depois tateou na bolsa até encontrar a chave do carro. — Tudo bem, você pode dirigir — disse, ao entregar as chaves a Inácio. — Mas se eu morrer, eu volto pra te assombrar, ok?

Inácio tinha consciência de que estava colocando Isabella e a si mesmo em risco ao dirigir no estado de embriaguez em que se encontrava, mas nem isso foi o suficiente para fazê-lo mudar de ideia. Achava que, embora tivesse bebido tanto quanto a amiga, ainda tinha domínio sobre seus reflexos — era certamente mais resistente ao álcool do que Isabella.

Com um braço em volta dos ombros para ajudá-la, os dois foram para o estacionamento. Isabella tinha esquecido o local exato onde estacionara, por isso tiveram que procurar por vários metros. Ele entrou no veículo e colocou o cinto de segurança. Apesar de ter os sentidos alterados pela quantidade de álcool ingerida, Isabella o imitou.

— Você vai ter que me dizer seu endereço, moça! — Por instante parecia que Isabella não sabia a que ele estava se referindo, mas depois disse o nome da rua onde morava. Inácio conhecia o bairro e não teve dificuldade para entender, mesmo com as referências malucas que ela dava.

Como era tarde e as ruas estavam praticamente vazias, eles chegaram rápido. O porteiro do prédio de Isabella olhou com desconfiança quando viu um desconhecido chegar àquela hora, mas depois de vê-la e reparar que ela estava um pouco bêbada, abriu o portão, e já foi tirando suas conclusões sobre o acompanhante da moça — até ficou um pouco feliz por ela está finalmente namorando!

Inácio quis ajudá-la a ir até o elevador, mas ela garantiu que podia andar sozinha. E até conseguiu, apesar de não ter sido tão fácil. Mesmo assim ele resolveu que a deixaria dentro do apartamento.

Isabella abriu a porta, mas não entrou imediatamente, ou melhor, colocou metade do corpo dentro do apartamento, bloqueando a entrada, e se virou para Inácio.

— Eu te convidaria para entrar e tomar um café, mas acho que está um pouco tarde.

Ele não admitiria, mas intimamente esperava por um convite do tipo. Não que pensasse, de maneira alguma, em se aproveitar da embriaguez de Isabella. A questão é que estava gostando de passar aquele tempo com ela, apenas eles dois conversando. Apesar de saber que suas chances — que sempre tinham sido pequenas — diminuíram muito depois de contar a ela o quanto fora idiota com a ex, não podia negar a atração que sentia por ela. Bem que tentou ignorar, mas não era capaz de fingir para si mesmo.

For a second, I was in control

I had it once, I lost it though

And all along the fire below would rise

Ele entendia que precisava ir, mas ficou parado ali, a encarando. Isabella devolveu o olhar por um instante, e parecia mais consciente. Quando o contato visual tornou-se impossível, ela baixou os olhos e ficou olhando para os próprios pés. Inácio queria saber em que ela estava pensando. Num breve instante, perguntou-se se por acaso ela não sentiria o mesmo que ele, será que não havia ali um sentimento mútuo?

— Bem, obrigada por me trazer em casa. A gente se vê na segunda, no trabalho — ela disse e dessa vez sua voz soou fria, um pouco diferente da maneira como ela costumava falar normalmente. Inácio não saberia dizer se aquilo era de propósito ou apenas pelo fato dela estar bêbado, mas de qualquer forma, sentiu-se mal.

And I wish you could have let me know

What's really going on below

I've lost you now, you let me go

— Ok, a gente se vê — disse ele finalmente, e não quis insistir por um beijo de boa noite. Já estava se sentindo demasiadamente idiota por uma noite.

De todas as mulheres por quem poderia se interessar no mundo, Isabella era provavelmente a mais improvável para ele. No entanto, ali estava, caminhando de madrugada, perguntando-se o que poderia fazer para merecê-la.

Remember once upon a time

When I was yours and you were blind

The fire would sparkle in your eyes

And mine


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