Infinito escrita por The Escapist


Capítulo 19
19. Imbranato


Notas iniciais do capítulo

Se alguém encontrar um furo bem grande no enredo, me fala, peloamordedeus! Porque eu tô deixando as coisas acontecerem, sem reler os capítulos passados. Na minha análise aqui, ambos os personagens mudaram com o passar do tempo e de maneiras opostas parece, mas eu gostaria de ouvir alguma opinião a respeito. Então se você, sim você mesmo que tá lendo, tem algo dizer, diga.

Tá acabando, gente, falta apenas 6 capítulos!

E como a música de hoje é Imbranato, do Tiziano Ferro, eu coloquei a tradução logo depois do trecho, porque meu italiano é nulo.



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3 semanas depois

— Você tá diferente! — disse a mãe de Inácio enquanto servia o café da manhã do filho. Não era a primeira vez que a ouvia dizer isso, claro, por isso ele nem respondeu, até que ela acrescentou: — Você parece feliz.

— É porque eu tô feliz, mamãe.

— Isso tudo é por causa daquela mulher?

— Aquela mulher é minha namorada, e o nome dela é Isabella, está bem? — Inácio falou firme, mas também com paciência. — Você tem que parar de implicar com ela. Vocês precisam se conhecer... — acrescentou, pensando que não deveria ser injusto com a mãe, porque Isabella não era fácil também e continuava se recusando a voltar à sua casa.

— Ela nem vem aqui, como você quer que eu a conheça, menino?

— Eu posso convidá-la, então, se você fizer um jantarzinho delicioso pra gente e prometer que vai tratá-la bem.

— Eu vou tratá-la do jeito que ela merecer — ela respondeu com certo azedume. Inácio só pôde rir do jeito enfezado da mãe, ela geralmente era uma pessoa doce, mas quando ficava com ciúmes do filhinho isso mudava um pouco de figura.

— Eita, dona Luísa, como a senhora tá chata, hein? — disse rindo enquanto ela ainda resmungava. — Eu já vou.

— Termina de comer, garoto.

— Já acabei, mãe.

— Comendo feito um passarinho desse jeito, não sei como ainda não ficou doente. — Ele acabou pegando uma maça só para fazer o gosto dela, depois se despediu da mãe e foi buscar a mochila para sair, mas antes ainda ouviu quando ela recomendou que ele não ficasse na rua até tarde.

Inácio passou a maior parte da manhã numa reunião com os diretores. Aquela já era a enésima reunião da semana, e isso era uma das coisas chatas da função que estava ocupando, mas como assistente precisava estar preparado para eventualmente substituir o gerente e essas reuniões eram a rotina diária de Marcelo.

Estava ao telefone, resolvendo um problema, quando viu Isabella passar em frente à sua sala. Ela entrou na sala de Marcelo, demorou uns cinco minutos e quando saiu, bateu em sua porta. Ele acenou para que ela entrasse.

— Tô falando com a matriz — disse, tapando o fone com a mão. — Algum problema? — perguntou quando reparou que ela parecia irritada.

— Dos grandes. — Ele fez um gesto com a mão para que ela aguardasse só um minutinho e voltou a falar ao telefone.

— Ok, Fábio, eu entendo a tua situação, mas eu preciso que você entenda a minha, eu tenho vários contratos pendentes, dependendo dessa liberação. — Ele ouviu a pessoa na linha falar mais alguma coisa, balançou a cabeça e revirou os olhos, entediado. — Tá ok, eu vou aguardar teu retorno, então. — Desligou o telefone e voltou a atenção para Isabella. — Então? — Ela atirou uma pasta na mesa. — O que aconteceu?

— Você contou ao Marcelo sobre nós?

— Sobre isso... — Inácio se recostou na cadeira. Já estava preparado para essa conversa, só não esperava que fosse acontecer tão logo. — Ele perguntou, eu não tive como negar, Isabella.

— Você não tinha o direito de contar sem falar comigo antes.

— Todo mundo aqui já percebeu que nós estamos juntos, é inútil querer continuar escondendo, desculpe se eu não sou tão bom quanto você em esconder minhas emoções. Além disso, eu acho injusto que a gente fique se escondendo como se estivéssemos fazendo alguma coisa errada. Eu amo você e sinto orgulho disso, e não vejo nenhuma razão suficientemente boa para esconder isso das pessoas.

E scusa se non parlo piano

Ma se non urlo muoio

Non so se sai che ti amo..

E scusami se rido, dall'imbarazzo cedo

Ti guardo fisso e tremo

All'idea di averti accanto

E sentirmi tuo soltanto

E sono qui che parlo emozionato

...e sono un imbranato!

Desculpa se não falo baixo

Mas se não grito morro

Não sei se sabes que te amo...

E desculpe se rio, me entrego ao embaraço.

Olho pra ti fixamente e tremo.

À ideia de te ter do meu lado.

E me sentir somente teu.

E estou aqui e falo emocionado.

E sou um atrapalhado! E sou um atrapalhado!

Ele esperou pela reação de Isabella. Se ela brigasse e ficasse brava não seria novidade. Mas ela ficou calada por um tempo que pareceu longo demais para ele.

— Isso é tão brega! — Ele riu aliviado, era sempre melhor quando a tensão dava espaço ao bom humor, aliás, ali estava um dos motivos para amar Isabella: o humor irônico dela era inabalável. — Quero ver o que você vai fazer quando as pessoas aqui começarem a dizer que você está me favorecendo em troca de favores.

— Por que alguém diria isso?

— As pessoas são maldosas por natureza, Inácio.

— Bem, se depender de mim, isso não vai acontecer, até porque eu não pretendo pegar leve com você, querida. — Ele deslizou a cadeira para o lado e pegou várias pastas cheias de papel. — Aproveita que você veio aqui e leve esses aqui. — Isabella pegou as pastas com desânimo, mais daqueles contratos e ela ficaria louca. — Pra ontem!

— Mas eu ainda nem terminei os de ontem! Mas só pra constar, eu ainda tô brava com você.

— Não, você tá brava porque sabe que eu tô certo.

Ele não estava completamente errado. Eles dois eram pessoas livres e não estava fazendo nada de errado, muito menos que não fosse moralmente aceito, mesmo as normas internas da empresa não impediam que eles namorassem, apenas limitavas as opções com relação a promoção. Como Inácio agora ocupava uma função hierarquicamente superior, Isabella não poderia concorrer em nenhum processo seletivo interno, pois isso poderia suscitar algum privilégio, o que feriria a política da meritocracia da qual a empresa tanto se orgulhava. Foi sobre isso que Marcelo a alertara, ao dizer que não tinha nada contra o relacionamento deles, desde que tomassem cuidado nesse ponto.

Talvez ela estivesse sofrendo por antecipação, mas o medo de Isabella era que depois se arrependesse por ter colocado a carreira em segundo plano.


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