30 Days Without an Accident escrita por Capitolina86


Capítulo 14
Pra ser sincero


Notas iniciais do capítulo

Um dia desses
Num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre explicação



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O encontro com Morgan fez Rick refletir sobre que caminho seguia. Seu amigo enlouqueceu depois de perder a esposa e o filho, estava totalmente desequilibrado. Rick não estava muito distante disso, ele via Lori, ele falava com ela por um telefone.

E se ele chegasse ao mesmo ponto em que estava Morgan? O que seria de Carl e Judith? Ele pensava sobre tudo isso enquanto Michonne colocava as bolsas no carro. Estava na hora de voltar à realidade. Olhando para o horizonte, ele podia ver a esposa distante, uma força o chamando.

– Tá vendo alguma coisa?

Era Michonne chamando para a realidade.

– Eu sei que você vê coisas, pessoas. Eu costumava falar com meu namorado que morreu. Acontece.

Rick ficou surpreso com a declaração repentina, ele não esperava que Michonne estivesse disposta a se abrir, muito menos para lhe contar algo tão íntimo.

– você quer dirigir?

– Quero.

– Ótimo. Eu vejo coisas.

Ele colocou as chaves do carro na mão dela e sentiu a eletricidade correndo pelo breve encontro de suas mãos. Não era possível estar tão interessado naquela mulher. Ele queria acreditar que era uma mera curiosidade já que desde que ela chegou à prisão estava coberta de mistérios.

Durante a viagem de volta à prisão ele não pôde conversar com ela sobre o que queria, não queria deixar Carl ouvir sobre suas visões de Lori, o menino já havia passado por muita coisa.

Michonne ouviu uma conversa entre Rick e Carl, eles falavam que continuariam com ela por uma questão de tempo, porque tinha inimigo e interesses em comum. Ele estava o tempo todo falando que ela tinha que ir embora e ela poderia mesmo ir, largar tudo, Andrea, Rick, Carl, ela não precisava de nenhum deles, sempre se virou bem sozinha. Mas dessa vez ela queria ficar, sabia que eles eram pessoas decentes. Ela não poderia exigir ser aceita sem nunca se abrir pra eles.

Algumas vezes ela tinha visto Rick ir em direção ao vazio, fazer gestos, conversar. Ela queria ser solidaria a ele, mostrar que ele não é o único.

Quando eles chegaram na prisão, Carl foi obrigado a descansar um pouco e Rick a chamou para uma inspeção nas cercas.

– É tão óbvio?

Rick perguntou, Michonne esperou.

– Que eu estou vendo coisas? Todo mundo sabe?

– Não se preocupe, só aqueles que prestam muita atenção em você devem ter percebido.

Ela estava dizendo que presta muita atenção nele? Era preciso se corrigir e se comprometer ainda mais.

– Ou quem já passou por isso.

– Você me acha fraco?

Rick ficou pensando sobre o que era a vida daquela mulher, sozinha, ele passou por tudo ao lado dos amigos, se não fosse Daryl e Maggie talvez nem sua filha teria sobrevivido porque ele estava completamente atordoado pela morte de Lori.

Michonne encarava o horizonte, o sol ardente, os mortos fora da cerca, ela ali com o grupo, mas sentindo-se sozinha, tentando ser aceita sem saber exatamente porquê isso importava tanto, ainda parecia tudo um grande pesadelo.

– Não, Rick, você não é fraco, qualquer um pode ter um colapso. Vou te contar um segredo. Eu não contei isso nem pra Andrea. Nunca fui eu quando eu precisei matar alguém. Eu meio que ouvia a voz do meu namorado e era como se ele estivesse fazendo aquilo por mim. Eu sei, eu sei que é estúpido, porque ele foi o primeiro a querer desistir de tudo, ele era um fraco. Mas eu tinha que pensar assim pra não me sentir tão sozinha. Ok, pode falar que eu sou louca.

– Eu não sei se isso é mais louco do que falar com a esposa morta por um telefone.

– Então, na verdade, nós dois somos loucos, se você não contar pra ninguém, eu também não conto.

Pela primeira vez Rick sentiu que ele poderia ser amigo de Michonne, sabendo que os dois compartilhavam uma coisa tão particular. Que mais eles teriam em comum?

Michonne sentiu-se mais leve dividindo esse segredo com alguém, por que logo com Rick, ela não entendia, mas provavelmente porque ele sentia a necessidade de fazê-lo sentir-se bem, fazê-lo saber que ele é normal e não é o único a sofrer uma perda. Sim, eles poderiam ser amigos.


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