Liberte-me escrita por Iara


Capítulo 7
07. Vermelho




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– Então… - Sirius olhou para Ron Weasley com puro desagrado. O garoto estava de férias do time de Quadribol em que jogava profissionalmente e atualmente estava hospedado na casa de seus pais. Ainda tinha feições de moleque brincalhão, com o rosto sardento e um sorriso bobo, mas também havia algo a mais, uma malicia ganha talvez pela guerra ou talvez pela idade. Ao longo da noite, algumas mulheres paravam na mesa para pedir um autógrafo ou, as mais ousadas, para tentar ganhar um beijo, mas para a surpresa de Sirius, Ronald recusara todas.

Quando Harry fizera uma visita surpresa para Hermione, Sirius sabia que algo estava errado. Eles conversaram por alguns minutos na biblioteca, quando saíram, Hermione estava uma mistura de raivosa e chateada. Naquela noite, Sirius decidiu que não ia esperar para ela decidir contar e logo perguntou qual era o problema. Hermione então disse que Ron estava voltando da temporada.

Sirius admitia ter ficado ligeiramente ciumento, eles foram namorados e antes disso eram melhores amigos, conheciam um ao outro muito bem, passaram por muitos horrores juntos, sem contar na proximidade da idade, na beleza e no carisma do ruivo, mas quando viu que Hermione queria distância, ficou mais calmo e prometeu que iam lidar com isso juntos. Além de Harry e Gina, ninguém mais sabia que os dois estavam em um relacionamento, por isso, Sirius estava se segurando ao máximo para não fazer qualquer coisa que pudesse estragar a pseudo amizade que todos achavam que Hermione e ele tinham.

Foi na segunda semana após a chegada do menino que todos marcaram de saírem para jantar em um pub novo do Beco Diagonal. As mulheres estavam todas inclinadas umas nas outras conversando animadamente sobre algo que Sirius tinha a certeza que não queria saber, enquanto isso, os homens estavam bebendo e conversando em voz alta, contando um pouco de tudo para todos. Sirius se manteve neutro nas conversas, estava um pouco incomodado pelo barulho alto da música e pelo fato de que tantas pessoas observava a mesa que continha os maiores nomes da guerra.

Harry foi o primeiro a sair do pub, Gina alegava que não estava se sentindo bem, mas a julgar pelo rosto corado, respiração superficial e modo de andar, ela só queria estar nua na sua cama junto com seu marido. George foi o próximo a sair da mesa, convidando sua namorada, Angelina, para dançar. Logo todos seguiram o exemplo, mesmo Hermione, que havia aceitado dançar com Neville Longbottom, o qual Sirius não sentia o mínimo ciúmes, já que apesar de mais velho, Neville ainda parecia um garoto apaixonado por plantas e pela sua futura esposa, Hannah. Isso trazia Sirius para sua situação atual: Ron Weasley e ele numa mesa se encarando.

– Então. - Sirius respondeu ainda não desviando o olhar do homem sentado a sua frente.

– Você não vai dançar?

– Não quero. E você? Vi muitas mulheres olhando para você. - Esse comentário fez Ron sorrir satisfeito, pomposo. Sirius quase rosnou.

– Não, estou cansado. Prometi para mim mesmo que essas férias será totalmente dedicada à minha família e amigos. Nada de mulheres. - Novamente ouve um momento de silêncio entre ambos, cortado apenas pela batida irritante da música.

– Harry me falou que Hermione mora com você.

– Sim, ela mora.

– Espero que ela não esteja vomitando regras pra cima de você. - Ron riu.

– Já se passaram muitos anos desde Hogwarts, Hermione não é mais uma criança. Ela e eu convivemos muito bem. Ela ainda passa muito tempo na minha biblioteca, é claro, mas também sabe o que deve ou não fazer para evitar uma briga entre nós, assim como eu também sei quando devo ou não apertar os botões dela.

– Hm, certo. - Ron parecia levemente constrangido, mas logo voltou ao normal. - É só que Hermione não é a pessoa mais fácil de se conviver.

Sirius deu um leve sorriso, levantando apenas um lado da boca. Hermione não era difícil de conviver, diferente do que o ruivo dissera. Ela tinha sim suas peculiaridades, mas todos tem. Hermione era absurdamente organizada e higiênica, mas também adorava uma bagunça na hora de cozinhar; gostava de sua privacidade, algo que Sirius respeitava e também aproveitava para ficar sozinho por um tempo, além de ser bastante minuciosa com o manejamento de seus livros. Enfim, ela era como qualquer outra pessoa, era só pegar o jeito que as coisas andavam.

– Talvez vocês só não fossem compatíveis, Ron. - O ruivo lhe olhou como se chifres tivessem crescido em sua cabeça, com certeza a ideia de não ser o homem ideal para uma mulher era algo que incomodava o mais jovem homem Weasley. Então Sirius sabia qual era o problema e, de certa forma, até conseguia compreender. Devia ser difícil ser o mais novo entre seis irmãos, todos muito bonitos e com suas habilidades; mas ainda assim Sirius lamentou o fato de que o mais jovem ainda não tivesse passado da fase de provar-se a si mesmo.

– Se ela fosse mais “ação” e menos “cérebro”, ela com certeza teria alguém. Mas como ela não tem um namorado e nem parece querer um, acho que eu é quem estou certo. Na verdade, nesse ritmo, até eu tenho mais chances de casar do que Hermione.

Sirius sentiu seu sangue ferver, naquele momento ele quis dizer que Hermione era linda, inteligente e absurdamente boa na cama. Quis esfregar no rosto sardento do outro homem que Hermione era dele, somente dele, que ela aceitara morar definitivamente com Sirius e que na noite passada eles chegaram até mesmo em conversar sobre crianças. Seus planos foram interrompidos pela própria, que veio andando meio torta até a mesa onde sentou-se e com um enorme sorriso no rosto abraçou o braço de Sirius.

– Você está bêbada. - Hermione abriu um sorriso ainda maior e se aproximou mais de Sirius. Parecia um anjo, com a pele brilhando de acordo com a luz do estabelecimento, os cachos caindo abaixo dos ombros como se fossem uma cascata.

– Talvez. Eu não bebi tanto desde… - O sorriso dela sumiu e ela engoliu em seco. Ali estava mais um vislumbre do tal segredo, o mesmo que estava corroendo Sirius de curiosidade.

– Não se preocupe, - Sirius disse - vou fazer você chegar inteira em casa, boneca.

Hermione se aconchegou em Sirius e ele tinha a certeza de que em breve ela iria dormir. Sirius pegou Ron olhando para os dois como se fossem de outro planeta e sorriu satisfeito quando viu o ruivo se tornar desconfortável, já que aparentemente ele estava sobrando na mesa.

– Vou levar ela para casa. - Sirius se levantou trazendo Hermione com ele, mas parou quando viu Ron fazendo o mesmo. - Algum problema?

– Sozinho?

– Bem, da última vez que eu chequei, só nós dois morávamos no Largo Grimmauld. - As orelhas de Ron se tornaram tão vermelhas quanto seu cabelo e Sirius sabia que vinha uma explosão por aí.

– Ela está bêbada! E se você tentar fazer sexo com ela?

– É melhor você calar a boca, Weasley. - A voz não veio de Sirius, mas sim de Hermione, que provavelmente tinha acordado quando Sirius a levantou.

– Mas Hermione!

– Mas nada. Sirius nunca faria algo assim comigo ou com qualquer outra mulher. Diferente de você, Sirius pensa com a cabeça e não com o pênis. - O ruivo ficou completamente vermelho dessa vez.

– Vamos embora boneca, essa noite já deu tudo o que tinha que dar. - Eles se afastaram em direção a saída, porém mais uma vez Ron os impediu.

– Eu só quero o seu melhor, Mione. Eu sei que as coisas nunca vão voltar a ser como antes, mas você ainda é a garota que eu conheci no trem indo para Hogwarts, aquela que brigava com Harry e eu porque nós não tínhamos feito a lição de casa. Eu sei que não parece e que minhas atitudes mostram o contrário, mas eu só quero que você fique bem. Eu nunca fui forte o suficiente para te acompanhar, sinto muito.

Hermione estava tremendo nos braços de Sirius, mas ele não a soltou. Ela não respondeu, apenas acenou e deixou que Sirius a levasse para casa. O silêncio absoluto foi o que os recebeu, mas logo fora quebrado pelos soluços de Hermione. Com cuidado, Sirius a levou para o quarto e ajudou-a a tirar suas roupas e vestir um pijama. Ela tinha parado de tremer, apenas uma trilha molhada descia pelo seu rosto e que Sirius aproveitou para beijar como se limpasse o rosto e a alma dela.

– Nós nunca daríamos certo. Gostaria de ter percebido isso antes, pelo menos anda seríamos os mesmos amigos de sempre.

– As coisas acontecem por uma razão, boneca. Ron ainda precisa perceber certas coisas para viver em paz consigo mesmo, sua mente ainda está presa na idade de 17 anos. Vai demorar, mas com o tempo ele vai amadurecer.

– Posso confessar algo?

– Claro que sim.

– Ele me traiu, sem nenhuma consideração, sem pensar no que isso causaria para mim, para nós dois, logo em seguida ele desistiu de mim, não lutou, não pediu para que eu ficasse, entretanto, mesmo depois de tudo isso, eu não consigo odiar ele. - Ela disse antes de cair no sono.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar xxx



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