Liberte-me escrita por Iara


Capítulo 5
05. Desagradável




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Sirius observou como Hermione tencionou os ombros e apertou os lábios diante da presença de Narcisa Malfoy. A mulher que ele não via há anos não parecia ter mudado muito, seu cabelo loiro ainda era liso como se tivesse acabado de sair da água, a pele pálida e os olhos azuis acinzentados. Mas também tinha marcas e linhas de expressões que denunciavam o cansaço e algo a mais que Sirius não podia identificar.

Narcisa parecia não o ter notado, já que ela só encarava Hermione. A tensão que as rodeava estava começando a preocupar Sirius, por isso ele colocou um braço em volta da cintura de Hermione para deixar claro que ele estava ali para proteger. Finalmente, a mulher loira se virou para ele.

– Sirius, não esperava te ver aqui, muito menos com ela.

– Também não esperava te ver por aqui, Narcisa. - A loira olhou para a mão de Sirius que repousava na cintura de Hermione. Era um olhar frio e de nojo, entretanto, ela não fez nenhum comentário.

– Nós… - Hermione engoliu em seco, mas logo se recompôs, não querendo demonstrar fraqueza perante a mulher - Nós já estávamos de saída. Boa tarde, Sra. Malfoy. - Porém, assim que deu um passo para frente, Narcisa barrou Hermione e mais uma vez, Sirius se colocou protetoramente ao lado da morena.

– Você não mudou nada. O mesmo cabelo horrível, olhos sem graça, pele queimada do sol, pequena. Como consegue fazer com que os mais puros se apaixonem por você? Amortentia? Diga-me!

Sirius notou que, enquanto falava, Narcisa ficava mais nervosa e vermelha, com os olhos úmidos e levemente ferida mentalmente. Enquanto isso, Hermione tornou-se mais curvada, respirava pela boca e também tinha lágrimas nos olhos. Ela parecia derrotada e sem forças para retrucar, com certeza sua auto estima estava lá embaixo agora e Sirius decidiu que era hora de ir embora.

– Hermione não precisa recorrer à algo tão baixo assim. O que ela tem ou deixa de ter não é da sua conta e dar chilique em público é algo que nós, Black’s, sempre fomos orientados a não fazer. Agora, se nos der licença, vamos voltar para nossa casa.

Sirius não precisava de uma resposta de Narcisa, ele simplesmente aparatou em sua sala de estar, com Hermione ainda completamente imóvel ao seu lado. Ele gostaria de ter entendido o que tinha acontecido no Beco, mas no momento Hermione era sua prioridade. Sentou-se no sofá grande e marrom, trazendo o pequeno corpo de Hermione com ele e colocando-a em seu colo; Hermione se ajeitou a modo de ficar mais confortável, com o rosto no pescoço e a mão no peito de Sirius, ele finalmente sentiu as lágrimas escorrendo em sua blusa.

– Sinto muito.

– Está tudo bem, Narcisa disse coisas horríveis. - Sirius olhou para baixo para encontrar os olhos de Hermione, que estavam grandes e molhados, num tom de chocolate derretido, refletindo dor e inocência ao mesmo tempo.

Isso é uma das coisas fáceis de amar sobre ela: sua pureza.” Sirius lentamente acariciou a bochecha dela, limpando os rastros das lágrimas. “Como consegue fazer com que os mais puros se apaixonem por você?” Narcisa estava se referindo a ele? Doía em Sirius pensar que mesmo após a guerra, as pessoas ainda davam importância ao status de sangue. Sirius balançou a cabeça, se fosse ele, como sua prima poderia saber que ele estava apaixonado por Hermione? Sirius não estava. Amor era uma bobagem totalmente diferente do desejo que ele sentia pela mulher no seu colo.

Hermione se levantou de forma que estivesse cara a cara com Sirius e com uma perna de cada lado das suas, ela parecia deliciosamente doce e tentadora e Sirius não perdeu a chance de beijá-la. Suas mãos na cintura dela, acariciando a pele debaixo da blusa, se sentiam bem, como se a pele dela fosse a seda mais cara do mundo. Os lábios trabalhando em conjunto era o paraíso e o afago que ela fazia em sua nuca era sua perdição. Bendito seja o dia em que ele aceitou deixá-la passar um tempo em sua casa.

***

Mais uma vez dormiram juntos, sem toques maliciosos, apenas dormir. Sirius achava bom ter o corpo dela pressionada contra o seu, tão quente e suave. Seus pensamentos foram brutalmente parados com uma batida forte na porta da casa; resmungando, Sirius desceu até a entrada, sem se importar em colocar uma blusa ou pentear o cabelo. Assim que abriu a porta era como se um furacão passasse por ele.

– Que merda você tem na cabeça, Sirius?! - Seu afilhado gritou com ele e foi direto para a cozinha.

– Não está muito cedo pra seja lá o que for? - Como resposta Harry jogou O Profeta Diário em Sirius, com uma cara zangada, esperando por uma explicação.

Black e Granger: Romance proibido vem à tona.

Caso de amor entre o ex-presidiário e a amada heroína de guerra, que tem 20 anos de diferença, explodiu com toda força na tarde de ontem, em pleno Beco Diagonal. Testemunhas afirmam ter ouvido Sr. Black discutindo com sua prima, a Sra. Narcisa Malfoy sobre a Srta. Granger. “Ele disse algo como: Estamos indo para a nossa casa agora.” Para mais informações, vide a página 08.

– Mas o que é isso?

– Eu é que pergunto: O que é isso, Sirius?

– Você pode parar de gritar? Vai acordar Hermione…

– Ótimo, talvez ela me explique isso. Merda, Sirius, eu disse “proteja ela” e não “faço sexo com ela”. - Sirius, que tinha começado a ferver a água para café, se virou para Harry e o encarou, mas antes que pudesse retaliar, Hermione entrou na cozinha, ainda vestida com pijamas e com o cabelo bagunçado, mas com um olhar que fez os pelos do braço de Sirius se levantarem de medo.

– Com quem eu durmo não é da sua conta, Harry!

– Ele é meu padrinho!

– Isso não faz dele menos homem. - Sirius viu os olhos verdes de Harry se arregalarem. - De qualquer forma, depois de todos esses anos eu pensei que você seria um dos que não acreditam nas baboseiras da imprensa. Você se quer leu direito essa notícia? Se deu ao trabalho de notar que eu tive que encarar Narcisa Malfoy? - Hermione tinha passado de muito brava para muito magoada. Harry murchou quando ouviu seu amiga falar isso para ele.

– Sinto muito, eu só… - Ele esfregou a testa em um gesto nervoso - Ela fez alguma coisa contra você?

– Além de me acusar de prostituta? - Hermione sentou-se largada na cadeira. Sirius, que até o momento estava quieto, se aproximou e colocou uma caneca de café na frente de Hermione, recebendo em troca um sorriso fraco de agradecimento.

– Sinto muito.

– Será que um dia ela vai perceber que eu não tive nada haver com aquilo? - Hermione estava a ponto de chorar e Harry agarrou sua mão.

– As pessoas só enxergam o que querem, esqueça ela.

Sirius queria perguntar do que se tratava, mas ao mesmo tempo não queria parecer enxerido. Era claro que Harry e Hermione compartilhavam tal segredo e por mais que Sirius se sentisse de fora, sabia que tinha que dar tempo para ambos se sentirem confortáveis em lhe contar. Saindo de seu estado melancólico, Hermione se levantou e abraçou Sirius, invadindo-o com o cheiro dela misturado com o seu após passar horas deitada com ele na cama.

– Quer ficar para o café da manhã?

– Não, Sirius. Obrigado, mas acho melhor voltar para casa. - Harry estava ligeiramente envergonhado de sua explosão. - Vocês estão mesmo dormindo juntos?

– Sim. - Hermione não hesitou em responder e Harry se tornou ainda mais envergonhado em estar ali.

– Certo, olhem, vou tentar não me intrometer mais, mas quero deixar claro que essa situação é um pouco desconfortável para mim.

Ambos Sirius e Hermione assentiram, mas não disseram nada até ouvirem a porta da frente sendo fechada por Harry.

– Você não acha que deveríamos ter dito que dormir juntos não inclui fazer sexo?

– Não, deixa ele lembrar que ainda somos um homem e uma mulher. Harry às vezes faz isso, sabe, ele vê todo mundo como sua família, por isso é difícil imaginar alguns de nós fazendo uma coisa tão intima.

Sirius olhou para Hermione de forma avaliadora. Gostaria ele de conhecer seu afilhado tão bem quanto ela conhecia. Ainda assim, Sirius sorriu levemente, agora sabendo que Hermione não considerava fazer sexo com ele um assunto tão absurdo, ele se sentia melhor consigo mesmo.


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