Liberte-me escrita por Iara


Capítulo 1
01. Perdido


Notas iniciais do capítulo

Como está dito nos avisos, essa é uma fanfic Sirius/Hermione, se não concorda/gosta do shipp, por favor, volte à página inicial. Tento atualizar semanalmente, a menos que aconteça algum imprevisto. Espero que gostem!



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Sirius acordou resmungando. O pequeno feixe de luz que entrada pela janela agredia seus olhos, aumentado a dor de cabeça adquirida após mais uma noite de bebedeira solitária. Sentiu vontade de deitar de novo e por lá ficar pelo resto dos seus dias, mas a necessidade de usar o banheiro foi maior e ele se obrigou a sair debaixo do cobertor quente.

Sua primeira reação ao se olhar no espelho foi nojo, seguido de desaprovação e por fim, a conformidade. O cabelo cor de ébano estava embaraçado e pedia por um corte, a barba precisava ser feita e as olheiras eram tão profundas que mal dava para notar o azul acizentado de seus olhos. Entretanto, por que se preocupar com a aparência em sua situação? Tinha 43 anos, passou doze em Azkaban por um crime que não cometeu e sete anos morto, ou pelo menos, quase isso. Qual mulher se interessaria num homem com tal currículo? Sirius não era feio, não, isso ele nunca fora, mas não estava preocupado em parecer um galã como fazia em sua adolescência. Ah, o que Tiago diria…

Sirius era meio grato por ter uma segunda chance de viver, poder ver Harry se tornando um marido amoroso e pai exemplar, entretanto, a outra metade dele ainda não via sentido em voltar a viver, não agora que a guerra já tinha acabado e Harry já era um adulto. Sirius sentia-se desnecessário. O seu afilhado, Harry Potter, tinha se cansado dele, o homem supôs. Mas não o culpava, Gina estava grávida, Harry seria pai pela primeira vez e Largo Grimmauld não era o lugar recomendado para criar uma criança, por isso, quando soube que Gina pedira para ir embora, Sirius a apoiou, dizendo a Harry pensar em sua nova família de agora em diante. Porém, Sirius também sabia que o fato dele morar ali deixava Gina nervosa e receosa, até mesmo ela conseguia ver que Black não era uma boa companhia. Desde então, há três semanas, Sirius vivia completamente sozinho.

Uma coruja marrom interrompeu sua divagações, era Ming, a pequena - e de nome feio - coruja que Harry comprou depois que Edwiges morreu na guerra.

“Sirius,

Espero que não tenha se esquecido que Hermione chega hoje. Infelizmente, Gina está com dores nos tornozelos e não poderemos levá-la para o jantar de boas vindas que prometemos, você pode avisar isso a ela? Espero que você esteja bem, sabe que qualquer coisa é só me avisar, eu estou aqui para te ajudar. Trate Hermione bem e com carinho, a última vez em que a vi ela estava… mal. Apenas a trate normalmente e ofereça sua biblioteca para ela, vai deixa-la satisfeita assim.

P.S.: Eu iria pedir para você a levar para jantar, mas de certa forma soa estranho, e tenho a sensação de que você não concordaria. Portanto, peça uma pizza com o telefone que eu instalei aí.

Com amor,

Seu afilhado,

Harry P.”

Ótimo, Sirius tinha se esquecido que a pequena irritante e sabe-tudo viria morar por um tempo com ele hoje. Parte dele estava feliz, era horrível ficar nessa casa enorme sozinho, sem nada para fazer ou alguém para conversar, a outra parte estava preocupada, Hermione era uma menina decidida e obstinada, muitas vezes mandona, Sirius temia que seu humor a fizesse explodir e lançar tudo sobre ele.

– Bem, teremos uma menina por um tempo aqui. Lembre-se de ser um cavalheiro, certo?! Poderíamos fazer a barba, ou aparar, talvez. E claro, pentear o cabelo. Se bem que acho que Hermione raramente penteava aquela juba dela.

Sirius riu, agora também falava sozinho, que beleza. Demorou mais tempo se arrumando do que pretendia, mas no final, estava satisfeito. As olheiras roxas e profundas ainda estavam lá, denunciando seu cansaço, mas o cabelo estava mais ordenado e a barba estava aparada num nível aceitável, afinal, seu propósito não era impressionar Hermione, apenas estar com uma aparência que não a fizesse correr dele.

O resto da tarde passou assim como a manhã: lenta e chata; Sirius optou por esperar Hermione na sala, com um copo de Uísque de Fogo na mão, se forçou a beber só um, não seria legal se a garota a visse bêbado logo na primeira noite. Foi por volta das 19h que ouviu a porta sendo aberta e passos calmos fazendo seu caminho para ele.

– Oi, Sirius? Você está aqui?

– Na sala, Hermione. - Respirou fundo e levantou do sofá, esperando para que ela fizesse o caminho até ele. Ouviu um ruído alto de caixas caindo e em seguida sentiu alguém se lançar nele.

– Woah, Hermione! - Sirius riu baixinho da ferocidade da menina.

Céus, algo cheirava bem. Malditamente bem. Fresco e suave, doce, mas não enjoativo. Seu olfato apurado graças ao seu lado animago ainda pegou um leve cheiro de excitação e fertilidade; era Hermione. Ela o largou e Sirius sentiu como se engolisse um caroço.

– Hermione, o que aconteceu com você?

– O quê? Estou como sempre.

Não, ela não estava. Ela continuava baixa, mas havia curvas que não estavam lá a última vez em que ele a viu. Obviamente ela tinha mudado, a última vez que Sirius a viu ela tinha 15 anos e agora 22. Sirius salivou, tinha sido um tempo desde que se permitiu admirar a forma feminina, porém logo descartou os pensamentos, essa era a melhor amiga de seu afilhado, vinte anos mais nova que ele e com uma vida brilhante pela frente.

– Harry pediu para avisar que Gina está com os tornozelos inchados, então… sem jantar.

– Oh, claro. É compreensivo. - Ela murchou um pouco, mas logo sorriu deslumbrante de novo com os dentes brancos e perfeitamente alinhados, afinal, Sirius se lembrava dela explicando que seus pais eram dentistas.

– É bom estar de volta, isso não mudou muito. - Se referiu a casa. - Você também não, Sirius. Fico feliz que esteja aqui também.

– É estranho estar de volta, mas é bom, eu acho. Venha, vou te mostrar o seu quarto.

Depois de pegar as malas de Hermione, deixou-a ir em sua frente, ela agradeceu o cavalherismo e Sirius sorriu satisfeito consigo mesmo por ainda saber como tratar uma jovem mulher com respeito.

– Era o quarto que você dividia com Gina. Achei que você fosse gostar de ficar aqui, e também só havia esse e um outro quarto arrumado, e desde que aquele era o que Gina e Harry dormiam, achei esse mais apropriado.

– Muito obrigada, Sirius, eu aprecio isso. E prometo que serei breve, é só até eu arrumar um emprego que pague o suficiente para eu manter meu próprio apartamento.

– Não se preocupe, Hermione, é bom ter companhia. Essa casa é muito grande e vazia, vai ser legal te ter por aqui.

Hermione ainda estava olhando o quarto, Sirius podia praticamente ouvir as engrenagens de sua mente girarem - algumas coisas não mudam - pensou. Sentou-se na cama de casal espaçosa e esperou que Hermione o acompanhasse.

– Admito que estava com medo de voltar para cá, depois de tudo… da guerra. - A Hermione sorridente havia pulado pela janela e em seu lugar estava uma jovem melancólica e perturbada pela guerra, que tinha cicatrizes e visto horrores desumanos.

– Harry só me disse o básico sobre isso, mas parece que você poderia me contar mais coisas.

Lá estava ela, olhando para ele estranhamente, considerando seu pedido. Hermione parecia não gostar do que se lembrava, seus olhos mostravam isso claramente: a dor e o medo. Sirius de repente se arrependeu de pedir-lhe isso.

– Que tal uma pizza agora?

– Oh, claro! Podemos ter algum vinho da sua adega? - Sirius suspirou aliviado. Ela tinha voltado ao normal.

– Desde quando você sabe o que há na minha adega? - Ela corou.

– Andei por lá, alguns anos atrás.

– Bebendo?

– O que mais eu poderia fazer por lá? - Black ergueu uma sobrancelha divertido.

– Não sabia que você bebe.

– Não queira me ver bêbada, mas isso não acontece desde que fui para Seattle, mas é só uma taça, não fará mal algum.

– Você é quem manda, Senhorita Granger!

– Eu sei disso, querido!

Sirius se surpreendeu com a facilidade com que conversa fluía com Hermione, ela obviamente tinha superado a fase de adolescente resmungona e temperamental.

A pizza não tardou a chegar e Sirius fez questão de pegar seu melhor vinho e servi-lo para Hermione. Durante o jantar, os assuntos foram amenos, como o tempo nublado e quase sempre chuvoso em Seattle, a forma que Sirius foi inocentado pelo Ministério, entre outras, sempre alternando entre ele e ela.

– Por que uma universidade trouxa?

– Era um acordo com meus pais. Eu iria para Hogwarts e depois para uma universidade trouxa, assim, seria capaz de trabalhar em ambos os lados.

Sirius percebeu que aquela não era inteiramente verdade, mas não ousou questionar. Eles continuaram sentados a mesa conversando depois de terminarem de comer, Hermione tinha assuntos fáceis e divertidos, bem diferente de sete anos atrás, quando ela só sabia brigar com ele por causa de Monstro.

– O que houve com ele?

– Monstro continua a me ajudar, ele limpa a casa duas vezes por semana, mas só isso. O resto do tempo ele está em Hogwarts.

Hermione acenou positivamente, provavelmente gostando de saber que o elfo doméstico estava levando uma boa vida. Mais uma vez, Sirius se permitiu olhar a jovem mulher diante dele - mesmo com sua mente o dizendo que ele era um velho pervertido. Enquanto ela falava, o cabelo cacheado mudava de um lado para o outro, Sirius achava que ele parecia macio, apesar de estar tão incontrolável como sempre; a pele estava mais pálida do que o normal, mas o homem achou que era por causa de Seattle, onde o sol raramente aparecia. Entretanto, Hermione parecia bonita, não como as mulheres voluptuosas e com cabelos lisos que ele saía em sua adolescência, mas bonita num nível angelical, seu corpo gritava pureza, como se nenhum homem fosse digno de toca-la e isso deixava Sirius salivando. Desde muito jovem Black gostava de garotas assim, que se apresentavam como um desafio, mas, outra vez, seu cérebro o lembrou de que Hermione Granger estava fora de seu alcance.

– Estou cansada, é melhor eu ir dormir. Obrigada pelo jantar, Sirius, prometo que a partir de amanhã vou fazer as melhores refeições pra você.

– Não precisa se preocupar com isso, Hermione. - Sirius disse quase a contragosto, afinal, desde que Gina e Harry foram embora, o homem tinha que se contentar com torradas e bebidas fortes, comer comida de verdade era tudo o que ele queria.

– Faço questão, já que não vou pagar pelo quarto, posso pelo menos cuidar de você. - Se isso tivesse saído da boca de qualquer um, Sirius teria ficado bravo, ele não precisava de alguém para cuidar dele, mas Hermione fez isso soar como uma promessa sensual, fazendo Sirius se remexer na cadeira.

Ambos colocaram a louça suja na pia e caminharam pelo corredor que dava acesso aos quartos, o de Hermione era logo no começo e o de Sirius ficava bem no final. Surpreendido fora pouco para descrever o que Sirius sentiu quando Hermione o beijou na bochecha antes de dar boa noite e fechar sua porta.

Sirius sabia que naquele momento seu inferno particular acabara de começar.


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