As Relíquias escrita por Jessica Hyuuga


Capítulo 28
Capítulo 28 - Bônus Mari e Benjamim


Notas iniciais do capítulo

KEEP CALM GALERAAAAA, BECAUSE I'M BACK!!!!!! o/
Na verdade não sei porque estou falando isso, já que com a minha demora até as moscas devem ter me abandonado... #CHORANDOLITROS!
Bem, avisos e recadinhos no final do capítulo, POR FAVOR LEIAM!!!
Agradeço a maravilhosa da Aline Thiel que revisou metade do cap para mim, se você estiver lendo isso muito obrigada, sua linda!
Quero esclarecer também, que eu tive que dividir esse capítulo em dois e como já havia explicado para a linda da Danih Sabato no seu recadinho (que aliás me motivou em um momento muito tenso, thanks!) eu estava/estou muito insegura por postá-lo, já que ele é bônus Mari/Benjamim.
Eu particularmente gostei do resultado e talvez o tenha feito porque alguns me pediram detalhes do imprinting da Mari e também porque estou com probleminhas de desapego pra terminar a fic! kkkk Mas ela esta no final... só mais a parte dois do bônus e o the end!
Enfim! Conversamos no final, seja quem for que estiver lendo essa baboseira que escrevi! kkkkk
Personagens da tia Sthep e aquele blablabla de sempre! Mas Tina, Mary, Samy e Benjamim são meus! >.<



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Eu acho que nós nunca pensamos o quanto as coisa podem mudar até que elas realmente mudem.

Fato dito por mim, que aqui entre nós, já sofreu várias mudanças pra alguém da minha idade.

Quando eu tinha quatorze anos minha vida ia bem, a minha maior preocupação era o novo episódio do meu seriado não sair, no restante era tudo normal, escola, paqueras e vivia aprontando de tudo junto com Tina e Samy. Fazemos isso desde que nos entendemos por gente, acho que foi a única coisa que não mudou e espero que nunca mude, porque se não a minha vida seria muito monótona.

Então, de um dia para o outro os sintomas começaram. Eu ficava facilmente irritada, minha temperatura subia a graus que nenhum humano normal seria capaz de aguentar, eu tinha tremores intensos, mas o mais assustador era sentir que havia algo dentro de mim, algo que queria muito sair.

Quer dizer, a gente sempre escuta aquelas metáfora que nosso "eu interior" sempre deve ser exposto, posto para fora, mas no meu caso não era isso, era algo intenso, algo forte, algo realmente assustador.

Tina e Samy estranharam meu comportamento, quem não estranharia? Eu procurava ficar o máximo de tempo em casa, de algum modo eu tinha medo que aquela coisa dentro de mim escapasse e machucasse alguém.

Mas teve o dia em que não pude evitar. Depois de uma discussão boba com meu pai, a única coisa que me lembro é de estar correndo pela floresta e de achar que tinha enlouquecido quando percebi que tinha patas.

Patas? Eu tinha PATAS! P-A-T-A-S! Nenhum ser humano normal tem patas! Animais tem patas, nós não!

Ouvi vozes estranhas na minha mente, foi realmente assustador.

Ai os outros me cercaram e me fizeram parar antes que eu me machucasse (embora eles tenham me mordido em todos os lugares possíveis para que eu parasse belo jeito de ajudar esse deles!).

Então eles me contaram o grande segredo. Que alguns de nós quileutes somos transmorfos, ou seja, nós nos transformávamos em lobos para que protegêssemos a reserva e os humanos de nada menos que vampiros.

Contar que éramos transmorfos foi a parte fácil, um choque foi saber que os bonitões dos Cullens eram vampiros. E mais, que nós, que tecnicamente deveríamos ser inimigos dos Cullens, vivíamos pacificamente com eles, numa linda relação de amizade e companheirismo.

Era só pra mim ou algo estava errado ali? Algo do tipo, tudo?

Levou algumas horas em estado caótico até que eu aceitasse as coisas, mas o terror veio quando eles me falaram algo inaceitável: eu teria que cortar meu cabelo!

Cortar... meu... cabelo! Cortar do tipo curtinho, para cima dos ombros! Meu lindo cabelinho que eu levei anos para deixar ele no nível da minha cintura. É claro que eu me neguei! Terminantemente e absolutamente. Disse que ninguém iria relar no meu cabelo, eu ia ser uma loba cabeluda mesmo! Ameacei mordê-los, fazer greve de fome, colocar formigas nas camas de todos!

E o que eles fizeram?

Cortaram meu cabelo do mesmo jeito claro!

Malditos!

Sim, foi um ato infantil para alguns (leia-se todos), mas o desanimo foi substituído pelo pavor quando eles me contaram que eu passaria todo o tempo com eles, aprendendo a ser uma transmorfa e sendo assim, não poderia ser amiga de Tina e Samy, disseram que eu era um risco para elas.

Quando eu acostumava com uma coisa vinha outra e já bagunçava tudo de novo. Legal a vida... sintam a ironia!

É obvio que isso não foi algo que eu acatei de principio, elas eram minhas amigas desde que me entendo por gente, não podia simplesmente deixá-las. Mas elas me questionavam o porquê de eu ter cortado o cabelo (Tina chorou litros quando me viu de cabelo curto), porquê de passar muito tempo com os meninos "insociáveis" da reserva, de não sair mais tanto com elas... enfim, as perguntas eram muitas, as cobranças delas por respostas que eu não podia dar maiores ainda.

Eu ainda não tinha aprendido a controlar minha raiva (era uma loba há pouco tempo afinal) e aquele questionamento todo somado ao fato de que eu não podia lhes contar a verdade estava me deixando realmente frustrada e irritada.

Até um dia eu quase me transformei perto delas.

Então eu comecei a pensar o que teria acontecido se eu tivesse me transformado. Provavelmente eu as machucaria, machucaria muito. Odiava ter que concordar com os quileutes, mas eu realmente era um risco para elas, portanto eu não podia mais ser amiga delas.

Sempre fui uma pessoa muito animada, mas até mesmo eu tenho o direito de entrar em uma depressão as vezes, essa foi uma das vezes.

Eu simplesmente me tranquei no meu quarto e não saia dele para nada. Sam resolveu me dar um tempo para que eu acostumasse com a situação, afinal, segundo ele, nenhum deles tinha passado pela transmutação com tão pouca idade.

Até hoje eu não sei exatamente quantos dias eu fiquei naquele quarto, só me lembro de um dia alguém entrar pela porta, abrir a janela que estava fechada a sei lá quantos dias também e deixar a luz atingir em cheio meu rosto.

Meus olhos arderam ao mesmo tempo em que sentia a cama afundando com o peso de alguém. Assim que meus olhos se adaptaram eu me virei e me deparei com ninguém menos que Samy.

Mas ela estava diferente, estava como eu. Samy possuía os cabelos tão curtos quantos os meus, ela mantinha um sorriso de compreensão e um singelo pedido de desculpas estampado em seu rosto. Ela pegou minha mão com a dela e apertou fortemente.

– Desculpe - ela murmurou.

Tentei falar a voz não saiu, tive que pigarrear e depois de umas três tentativas eu finalmente consegui.

– Por quê?

– Por esquecer que você era a Mari, você nunca agiria daquele jeito se não tivesse um bom motivo, agora eu entendo... - Samy parecia prestes a chorar.

Não era eu a depressiva ali? Não era que ela deveria estar consolando? Senti uma vontade de rir pela ironia, eu sempre esqueceria minha dor para ajudar uma delas.

Eu me sentei na cama de frente para ela e abri os braços. Ela me abraçou e eu senti que sua temperatura era como a minha.

– Quando aconteceu? - perguntei.

– Ontem à noite - Samy murmurou - Comecei a me sentir estranha desde que você sumiu de vez, ontem fui falar com Sam, exigir que ele me deixasse ver você. O acusei de te manter trancada ou algo assim, afinal você havia sumido. Ele percebeu na hora o que acontecia comigo, mas negou do mesmo jeito, acho que para atiçar minha raiva e finalmente acontecesse, então aconteceu. Foi estranho aceitar tudo e não achar que estava ficando louca...

Eu ri pela primeira vez em dias.

– Sei exatamente o que você quer dizer - brinquei com ela.

– Entendo que não podia contar - ela disse depois de um tempo em silêncio, se afastou de mim para me olhar - mas devia ter feito do mesmo jeito. Podíamos ter te ajudado ao invés de complicar mais as coisas para você.

– Eu era um perigo para vocês - murmurei tristemente - Agora você também é uma transmorfa, sabe a força que corre em nós. Nós somos inconstantes...

Samy baixou a cabeça concordando mudamente.

Então ela fez a pergunta que eu mais temia.

– E Tina?

– Não sei Samy, não sei...

Na verdade não precisamos pensar em uma solução para Tina. Ao que parecia o destino brincalhão (vou falar brincalhão para não xingar ele ou coisa parecida) já tinha feito sua jogada.

Tina um dia foi me procurar em casa. Samy e eu nos mantivemos escondidas no meu quarto, mas a observamos ir embora pela janela. Ela chorava, tremia, estava em fúria... ela também teria o mesmo destino que o nosso.

Dias depois nós acompanhamos a transformação de Tina, que por acaso acabou sendo menos ruim que a minha e de Samy, afinal, nós estávamos lá, o que acabou a acalmando muito mais rápido e a fazendo aceitar muito mais facilmente. Depois é claro dela correr atrás de mim e de Samy querendo nos morder por escondermos algo daquele tipo dela.

A partir dai as coisas melhoraram relativamente. Com nós três juntas foi bem mais fácil de aceitar as coisas, era como se algumas coisas continuassem no lugar.

Mas de fato, o que nos ajudou bastante foram os três Cullens mais jovens. Edward, Jasper e Emmett. Os três viviam nos visitando, nos distraiam (principalmente Emmett com suas piadas estranhas e seu jeito brincalhão), nos faziam ver que não ser normal não era lá tão ruim. Algumas vezes passávamos mais tempo na casa dos Cullens do que na própria reserva.

No entanto, não sei dizer exatamente de quando passados dessa situação de "irmãs mais novas legais" para "meninas absolutamente insuportáveis". Acho que foi porque todos começaram a comentar que nós e os Cullens fazíamos uns pares bonitinhos, eu nunca tinha achado isso. Nós não tínhamos nada em comum no sentido romântico, era um profundo absurdo. Porém com o tempo, na nossa situação de lobas, nós não podíamos nos envolver com nenhum menino (a maioria fugia de nós na verdade), o que acredito que fez com que acabássemos acreditando nesse absurdo dos Cullens e insistindo nessa loucura.

Absurdo total! Minha própria pessoa se pergunta como pôde ser tão burra a esse ponto? Eu perdi o cérebro por alguns meses, é a única explicação! Eu e Edward? Me da vontade de rir só de imaginar!

Virou um absurdo ainda maior quando as Swans chegaram. Eu prefiro dizer que meu corpo foi tomado por forças estranhas e malignas que me dominaram e me fizeram fazer tudo aquilo!

Foi como aquela espécie de pré-conceito que temos com algumas pessoas. É um período que eu tenho vergonha de lembrar na realidade, então vou pular ele.

Depois que as coisas estavam resolvidas entre nós e as maravilhosas Swans que passamos a idolatrar como símbolo a ser seguido (porque cá entre nós, elas eram demais vai? A mulher maravilha teria inveja delas!), vieram os Volturis.

Porquê droga, as coisas não podiam simplesmente sossegar, heim? É pedir muito?

Então Bella, Alice e Rose nos pediram ajuda. Confesso que ficamos muito, muito, mas muito orgulhosas de nós mesmas. Afinal, para elas nos pedirem ajuda nós devíamos ser ao menos um centésimo tão "fodasticamente fodas" como elas! Era um plano realmente muito mirabolante, nós com certeza sairíamos magoadas com os quileutes, embora quiséssemos acreditar que as coisas seriam diferentes. Não foram. Eles realmente ainda se ressentiam conosco.

Depois da suposta batalha final e de deixar tanto os Cullens quanto os quileutes acreditando que Alice, Rose e Bella estavam mortas, nós corremos para a divisa de Forks, local onde deveríamos encontrar as Swans.

Assim que chegamos vimos um carro parar junto conosco. Nunca fui conhecedora de marcas de carros, mas aquele parecia caro, muito caro, até porque ele era bem espaçoso por dentro.

Alice apoiava Rose e do outro lado dela estava Zafrina (que havíamos conhecido um dia antes de tudo aquilo), Rose mantinha uma mão sobre os olhos, mas mesmo assim abriu uma pequena fresta e sorriu levemente para nós antes de seus olhos voltarem a se fechar. Sabíamos que ela ainda não estava naquela espécie de dormência que elas entravam sempre que usavam demais os poderes, mas ela com certeza estava tentando relaxar.

Não consegui ver quem dirigia o carro (sabia que deveria ser o outro vampiro amigo das meninas, não lembro o nome, alguma coisa com B acho, mas ainda não senti vontade de conhecer o tal, já havia tido a minha cota de vampiros no dia), mas no banco ao lado do motorista estava Bella. Olhando para o rosto dela, era totalmente visível que ela estava no final das suas forças. As olheiras naturais aos vampiros estavam bem mais acentuadas nela e faziam-na incrivelmente parecer um pouco mais velha do que era.

Tina e Samy se acomodaram no carro e perguntavam como estava Rose, enquanto Bella olhava para mim já tendo certeza do que havia acontecido.

"Desculpe" me assustei, era a primeira vez que Bella falava comigo pela mente "Não queríamos que saíssem magoadas com os quileutes. Eles vão se arrepender quando souberem a verdade."

Sorri para ela mesmo sem vontade.

"Não sei se fará muita diferença eles se arrependerem depois" Bella me olhou e pareceu compreender "Agora você deveria descansar, está monstruosamente acabada"

Bella riu fracamente e fechou os olhos. Ela ainda teria que se manter um pouco concentrada, afinal ela teria que esconder nosso cheiro até pelo menos o aeroporto.

Me espremi entre Tina e Samy. Como disse o carro era espaçoso, tinha uma espécie de terceiro banco traseiro, onde estávamos, mas mesmo assim não era algo muito confortável.

Olhei para a paisagem fora da janela e a minha mente divagou. Fiquei pensando como seria a minha vida dali em diante. As Swans com certeza se acertariam com os Cullens depois daquilo, o que me deixa extraordinariamente feliz, eles merecem serem felizes juntos depois de todo esse sufoco.

Mas o que eu - e Tina e Samy claro - faríamos? Voltaríamos para a reserva como se nada tivesse acontecido? Viveríamos nossa vida revezando entre escola, fazer rondas na reserva e proteger Forks dos poucos vampiros que surgiriam em cada década?

Torci os lábios. Parecia algo tão... desanimador, tão vazio...

Observei a paisagem passar ainda mais rápido que antes, que motorista apressado! Será que esse vampiro desgraçado se esquece que tem alguns aqui dentro que podem se machucar (só machucar, não morrer! Jamais que uma simples batida de carro mataria uma transmorfa... eu acho... se bem que com essa velocidade...) se ele bater essa porcaria de carro?

Bufei bem alto esperando que o tal vampiro notasse meu estresse. O caro acelerou mais ainda. Ele estava me provocando, eu entendi bem? Essa droga de veículo não tem limite de velocidade não?

Puxei o fôlego me preparando para um briga, aquele chupador de sangue dos infernos ia sair com os ouvidos doendo de tanto me ouvir gritar ou dos tapas que eu ia dar nele. Olhei para o retrovisor procurando os olhos do insuportável que eu já odiava e no mesmo momento ele também olhou procurando os meus.

Nossos olhos se encontraram... e foi então que aconteceu.

Tudo a minha volta, exatamente tudo, pareceu sumir. A paisagem, a estrada, o próprio carro assim como Tina, Samy, Alice e todos que ali estavam.

Só havia aqueles olhos.

Só havia ele.

Aqueles seriam os únicos olhos vermelhos que eu amaria mais que tudo. Eles se prenderam nos meus, arregalados (tanto quanto os meus deviam estar) senti como se ele pudesse ver minha alma e entender tudo que acontecia comigo. Meu desconforto e meus medos sumiram todos.

De repente foi como se tudo fizesse sentido. Minha vida, eu sabia que eu faria tudo pelo dono daqueles olhos. Senti como se correntes de todos os jeitos nos prendessem, para sempre, nos impedindo de sermos duas pessoas, como se fossemos um só a partir dali.

– Você... - ele murmurou tão desconcertado quanto eu. A voz dele, um tanto rouca, fez meu coração saltar no peito e bater numa velocidade alucinante.

Foi o grito de Alice que quebrou o torpor.

– Benjamim! Olha a estrada!

Ele virou-se para frente e manobrou o carro a tempo de impedir que nos chocássemos com uma árvore, o carro derrapou por uns segundos antes de estabilizar novamente. Samy e Tina olhavam para mim preocupadas. Eu arfava e tentava regularizar os batimentos. Mas parecia impossível agora que eu sabia que ele estava ali, aquela presença dele de vampiro, eu queria olhar para ele, mas não me atrevia.

– Acho melhor fazermos uma pausa - Alice disse parecendo divertida - Parece que tem pessoas aqui que precisam conversar...

Não me dignei a olhar para Alice. Senti que o tal Benjamim voltara a me observar, sentia o olhar dele em mim, mas segurei ferrenhamente o impulso que eu tinha que olhar de volta.

De repente o carro parou. Eu empurrei Tina e Samy e abri a porta com força (espero não ter quebrado!) e sai em disparada.

Que porcaria havia acontecido comigo ali? Porque meu coração ainda batia acelerado? O que aquele vampiro havia feito comigo? Será que era algum poder dele? Hipnose instantânea?

Eu corri um pouco desorientada por um emaranhado de árvores, na verdade o que eu queria mesmo era me transmutar e correr como nunca, mas eu não podia afinal, como loba os quileutes nos achariam.

Parei e encostei-me a uma árvore. Pense Mari, você não é burra, deve haver uma explicação totalmente lógica para tudo isso...

Mentira, não deve não. Afinal eu sou uma transmorfa que acabou de ajudar vampiras a matar o mestre fodástico dos vampiros, não há nada de lógico nisso.

Abaixei a cabeça e pressionei as mãos nas têmporas desejando sumir por alguns momentos.

Eu senti o cheiro dele novamente. Não, não podia encontrar com ele ainda. Levantei a cabeça já pensando para onde correr, mas comprimi meu corpo na árvore de susto quando me deparei com ele parado metros a minha frente.

Maldita velocidade vampiresca que é mais rápida que meus pensamentos!

Era a primeira vez que eu o via por inteiro. Ele usava uma camisa social preta e calças também escuras, um coturno quase lustrado de tão novo e por cima de tudo estava a capa dos Volturi a qual ele ainda não havia tirado. Seus cabelos eram castanhos e um pouco compridos, pois alguns fios caiam livremente por seus olhos e outros enroscavam na gola da camisa. Os olhos vermelhos me encaravam com um misto de curiosidade, descrença e ... o que raios era aquilo ali? Esperança talvez? Felicidade?

– Quem é você? - ele murmurou baixo, mas foi o suficiente para que meu coração acelerasse novamente.

Maldito! Quem ele pensa que era para fazer aquilo comigo? Seja lá o que fossem aquelas reações! Ele não tinha o direito de chegar e me fazer querer me jogar nos braços dele!

Opa, espera! Eu pensei mesmo isso? Mari safadinha, safadinha!

Ele deu um passo a frente e eu arregalei os olhos. Se ele se aproximasse eu iria ter que me amarrar na árvore para não agarra-lo! Opa, olha os pensamentos de novo!

– Não se aproxime! - falei mais alto do que deveria. Ele parou, mas arregalou os olhos, inconformado e não tirou os olhos de mim.

– Porque estou sentindo isso? - ele disse incrédulo - Não entendo... Porque me sinto atraído por você?

Um pervertido! Socorro!

Não, espera... ele disse "porque me sinto atraído por você" foi isso mesmo? Oi, produção? Mas ele estava confuso por estar atraído por alguém assim tão rápido ou por ser por alguém tão "sem sal" quando eu?

Se for a segunda opção vou matá-lo sem requintes de piedade!

Mas era realmente estranho. Ele me atraia de todas as maneiras, e eu nem o conheço. Foi só olhar para ele e de repente meu mundo parecia que era ele e...

Não... Espera...

Ele... meu mundo...

NÃO! NÃO PODE SER ISSO!

Arregalei os olhos e prendi a respiração. Senti o sangue fugindo do meu rosto, eu devo ter ficado tão branca que o vampiro a minha frente ficou confuso e fez menção de se aproximar novamente.

Desencostei da árvore como um raio.

– Não! - gritei e Benjamim arregalou os olhos assustado - Não pode ser! Isso é totalmente impossível! Não pode ser você! Você é um vampiro e eu nem te conheço! Vampiro e transmorfos são inimigos naturais...

– Então você é uma transmorfa, é uma das meninas que Alice mencionou...

Uou, quando esse ninja havia chego tão perto! Dei um pulo e me distanciei dele novamente.

– Inimigos naturais! Inimigos! Deve ser outra coisa, menos isso... impossível ser isso... transmorfos passam a vida toda sem que isso possa acontecer... porque aconteceria comigo e um vampiro... não faz sentido... - eu andava de um lado para outro. Olhei para o vampiro que me olhava sem saber o que fazer.

Droga, só podia ser isso. Não tinha outra explicação. Eu estava ferrada. Como sempre.

Fechei os olhos e soquei uma árvore com força. Segundos depois do soco acertar a pobre eu senti alguém pegar a minha mão com cuidado. Levantei os olhos para Benjamim que olhava a minha mão não parecendo muito satisfeito.

– Não faça isso, me irrita e eu nem sei por que, o que me irrita mais ainda - ele disse suavemente, mas notei realmente uma ponta de irritação em suas palavras.

Fiz menção de puxar minha mão, mas ele segurou fortemente entre as dele e me olhou dentro dos olhos.

Deus, esses olhos de novo não.

– O que está acontecendo? - Ele murmurou calmamente. Seu polegar começou a fazer leves movimentos circulares na minha mão, aquele simples carinho fez minha mente girar por um segundo.

– Imprinting... - murmurei desolada.

Ele me olhou profundamente, antes de sorrir.

– Você sabe que eu não tenho nem idéia do que você está se referindo, não é?

Deus, Deus, Deus, Deus, Deus! Ele sorrindo era algo devastador!

Puxei minha mão mais uma vez e mais uma vez ele a segurou.

– Me solte.

– Porque eu deveria?

– Porque deveria continuar segurando?

– Porque eu não quero soltar - ele disse bem direto.

Ele era direto demais pro meu bem, isso sim.

Suspirei.

– Não consigo pensar com você tão perto -- tive que admitir e o sacana me olhou antes de soltar minha mão com um sorriso malicioso em seu rosto que eu logo iria socar se aquele sorriso continuasse ali! Maldito!

– Então - ele disse nunca tirando os olhos de mim. Abusado. - O que é isso de imprinting?

Eu o observei por alguns segundos em silêncio. Suspirei e cruzei os braços, desconfortável.

– Como já sabe eu sou uma transmorfa e nós transmorfos podemos passar a vida toda sem termos um imprinting caso queira saber, mas quando acontece é algo impossível de... desfazer... para o nosso azar... - passei a mão no rosto em sinal de exasperação - Imprinting é uma espécie de alma-gêmea, assim que vemos a pessoa pela primeira vez nosso mundo passa a girar em torno dessa pessoa, faríamos tudo por ela... você pode entender como uma espécie de amor a primeira vista, altamente devastador e... eterno.

Passei as mãos pelos cabelos já maiores (não acharam mesmo que eu ia manter meu cabelo curto por causa daqueles quileutes, acharam?).

– Por isso é impossível - murmurei - você é um vampiro e eu sou uma transmorfa, é algo totalmente inaceitável, nunca escutei que algo assim pudesse...

– Você não gostou que isso aconteceu? - ele me interrompeu. Aquela pergunta com certeza me pegou de surpresa. Olhei-o e ele parecia calmo, calmo demais pro meu gosto.

– Não pode ser isso - eu neguei apesar de saber a verdade.

– Pelo que você disse não há outra explicação - ele cruzou os braços - A menos que você já tenha alguém e por isso esteja tão indignada... - ele estreitou os olhos.

Eu ruborizei.

– Não diga bobagens, isso não tem nada a ver com eu ter ou não alguém, só não é possível!

Ele sorriu pela minha reação.

– Eu acho muito relevante essa informação, pelo jeito esse impriting entre nós é totalmente possível e se você tivesse outro isso me irritaria.

Como disse antes, muito direto!

Abri a boca sem ação.

– Você... você... como você pode aceitar uma coisa assim tão fácil desse jeito? - perguntei incrédula.

Ele me olhou de cima a baixo e sorriu abertamente, mas ao contrário do que eu imaginava ele não disse nada.

Ótimo, adoro ficar sem explicações e assim me corroer de curiosidade. Super divertido. Sentiram a irônia?

Estreitei os olhos para ele.

– Me responda - exigi.

O sorriso dele pareceu aumentar se fosse possível.

– Porque está ficando brava? Você não tem envolvimento amoroso nenhum pelo que parece e não acho que você vá conseguir alguém melhor do que eu.

– Seu arrogante! Convencido! - apontei para ele incrédula - Você é o que está me irritando claro! Odeio quando as pessoas não me respondem diretamente e... espera! - arregalei os olhos e trinquei os dentes - Seu maldito! Está me chamando de encalhada é isso? E ao mesmo tempo dizendo que não tenho a capacidade para achar alguém melhor que você?

Vou matá-lo! Enforcá-lo, esfaqueá-lo, estrangulá-lo, decapitá-lo, queimar todos os pedaços do seu corpo e assar marshmalows na fogueira dos restos dele! Maldito!

Ele sorriu convencido, mas logo arregalou os olhos quando teve que desviar de um soco meu que acabou acertando a árvore atrás dele e deixando um burraco enorme nela. Bem feito, achou que fosse o único com velocidade e força aqui.

– Não foi isso que eu quis dizer - ele falou enquanto desviava das minhas investidas.

– Mas foi o que disse - tentei passar uma rasteira nele, mas ele desviou facilmente - Eu nem te conheço e você se atreve a bisbilhotar minha vida amorosa? Quem você pensa que é?

Peguei um vislumbre de divertimento nos olhos dele, que por acaso foram a minha distração, pois no momento em que mirei um soco nele, ele agarrou minhas mãos e as cruzou no meu peito, se colocou atrás de mim mantendo meus braços bem presos, seu corpo encostou no meu como uma barreira e sua respiração batia constantemente nos meus cabelos, me fazendo tremer a cada vez.

– Me solte! Agora!

– Não - ele disse calmamente - Eu disse que você não tem envolvimento nenhum com ninguém por que se tivesse você já o teria mencionado e mesmo que tivesse eu daria um jeito nisso em poucos segundos. - ele se aproximou do meu ouvido para sussurrar profundamente e acabar de vez com meus neurônios ainda ativos - E você nunca vai achar alguém melhor que eu, porque sou seu imprinting! Não há ninguém melhor no mundo pra você do que eu!

As mãos dele apertaram levemente as minhas como uma espécie de confirmação das palavras dele. Eu estremeci. Meu Deus, ele não podia aceitar aquilo tão facilmente daquele jeito!

Eu tentei falar, mas minha voz saiu esganiçada. Respirei fundo para conseguir articular e colocar as palavras nos lugares certos. Claro que seria bem mais fácil de ele não estivesse grudado em mim!

– Vamos... vamos esquecer que esse assunto idiota aconteceu - eu recitei as palavras como se as tivesse decorado - Vamos esquecer que é possível você ser meu imprinting, esquecer que nos vimos e nos conhecemos. Depois de ajudar Bella e as meninas vamos cada um... - minha voz falhou - seguir o seu rumo, como se nunca tivéssemos nos visto...

Dessa vez o aperto que ele deu em minha mão chegou a doer e com certeza teria quebrado meus ossos se ele não tivesse se controlado a tempo. Ouvi um rosnar saindo de seu peito.

– Como você se atreve a propor algo assim? - ele murmurou furioso. Sim, ele estava realmente furioso. Não precisava nem olhar para sentir a raiva dele emanando por todos os poros do corpo dele.

– É... é o mais... o mais lógico... - Mari sua burra, não gagueje! - Agora me solte!

Ele pareceu refletir por alguns instantes e seu aperto relaxou. Ele me virou para ficar frente a frente com ele e apoiou a mão no meu queixo para que assim eu levantasse os olhos e o olhasse diretamente.

Meu Deus estaria perdida se fizesse isso!

Então fiz a coisa mais lógica a se fazer no momento... soquei o estômago dele!

O que vocês queriam que eu fizesse? Se eu o encarasse eu provavelmente concordaria com tudo que ele falasse, não podia deixar aquela loucura ir mais longe do que já estava.

Assim que desferi o soco com todas as minhas forças, ele fechou os olhos e voou alguns metros para trás. Era tudo que eu precisava para sair correndo dali.

Sabia que deveria usar muita força, para que ele não se recuperasse tão rapidamente e assim me alcançasse. Corri e cheguei até onde as outras estavam nos esperando.

Rosalie e Bella estavam dentro do carro ainda de olhos fechados. Alice andava de um lado para o outro, exasperada e Tina estava sentada no chão perto da roda dianteira junto com Samy e incrivelmente Zafrina.

Assim que me viu Alice correu em minha direção parecendo inconformada.

– Como você dá um soco nele? Você enlouqueceu?

Mal ela acabou de dizer e eu senti a presença dele se aproximar como um raio. Olhei para todos os lados, aflita e meus olhos se encontraram com os de Bella em um pedido mudo de socorro.

– Alice - a voz de Bella chamou a atenção da irmã que parecia que ia me matar - Não force as coisas.

Bastou isso para que Alice olhasse em meus olhos e visse o desespero que eles refletiam. O olhar dela mudou para compreensivo e ela me soltou. Pareceu que ia dizer alguma coisa, mas senti que o vampiro que se dizia meu imprinting estaria ali em segundos.

Novamente fiz a coisa mais lógica a se fazer, corri para dentro do carro. Tina e Samy me seguiram preocupadas. Assim que me joguei dentro do veiculo o tal Benjamim surgiu por entre as árvores. Ele estava irritado, afinal quem não estaria? Eu o havia socado! E fugido!

Ele deu um passo avançando em direção ao carro, mas Alice o parou. Ele se desvencilhou sem dificuldades e continuou seguindo até mim.

– Benjamim - a voz de Bella tomou o lugar, mas ele não deu muita atenção - Benjamim! - nessa segunda vez ele olhou para ela desconfiado - Agora não - foi tudo que ela disse.

Benjamim apertou fortemente as mãos e seu rosto se fechou numa carranca desgostosa. Ele olhou em minha direção, o vidro do carro era escuro, mas eu sabia que ele podia me ver ou que pelo menos tinha certeza de onde eu estava e que o estava olhando.

Ele mexeu os lábios em uma frase que incrivelmente eu fui capaz de entender. Tremi. Minha vida sempre teria que ser complicada assim? Alguém lá em cima se divertia com minhas desgraças, era a única explicação.

Enquanto todos voltavam para o carro, Tina me perguntou o que havia acontecido, consegui murmurar que assim que chegássemos na casa de Bella e tivéssemos um tempo eu explicaria tudo. Isso pareceu bastar para elas no momento, ou elas simplesmente perceberam que não adiantaria me interrogarem naquele momento.

– Você entendeu o que ele disse? - Samy perguntou a Tina que negou com a cabeça - E você Mari?

Quase estremeci quando me lembrei, mas não quis compartilhar isso com as minhas quase irmãs.

Neguei e abaixei minha cabeça para os meus joelhos, não queria correr o risco de certos olhos entrarem em meu campo de visão.

A frase dele que pelo jeito só eu havia entendido se repetia na minha mente sem parar.

"Isso não acabou. Você não pode fugir de mim."

Porcaria!

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As primeiras horas após chegarmos na tal mansão Vanderskein foram muito, mas muito e quando digo é muito é algo extraordinariamente de outro mundo, corridas!

Bella e Rose estavam mais "cansadas" do que haviam imaginado que ficariam, pois assim que pisaram na antiga mansão Zafrina e o vampiro que não deve ser mencionado as apoiaram e as levaram rapidamente para um dos quartos.

A correria se deu mais porque nós queríamos que elas se alimentassem antes de entrarem no tal estado de dormência delas, então Tina, Samy e eu fomos caçar enquanto Alice arrumava um tal aparelho que seria o responsável por extrair o sangue de seja lá o que trouxéssemos. Enfim, achei essa parte meio nojenta demais e não quis me informar dela. Havia uma floresta enorme perto da mansão, ainda na propriedade da mesma, mas o que era interessante é que era uma floresta quase intocada e muito fechada. Foi incrível os animais que achamos ali.

Assim que Rose e Bella estavam alimentadas, trocaram olhares cúmplices e Rose chamou todos para retomar mais uma vez todos os passos do que deveria ser feito dali para frente, enquanto Bella me chamou e me pediu que a ajudasse a sair um momento do quarto dizendo que precisava falar comigo. Estreitei os olhos. Estava na cara que ela estava a ponto de desmaiar (se é que isso era possível) e ela ainda queria adiar o descanso?

– Descanse primeiro, quando você acordar conversamos - eu falei não me movendo.

Bella me olhou e sorriu fracamente.

– Vai me ajudar ou vou ter que levantar sozinha? É algo que não pode esperar.

Suspirei. O que acontece com essas Swans que são todas teimosas ao extremo?

Assim que saímos do quarto sob os olhares curiosos, Bella me pediu pra fechar a porta.

– As portas e paredes dessa casa são feitas de um jeito diferente, nós não podemos escutar o que esta acontecendo lá dentro e vice versa - ela explicou.

Franzi a sobrancelha e arregalei os olhos quando notei que realmente não conseguia escutar o que eles estavam conversando dentro do quarto.

– Só podia ser a sua família para fazer algo assim! - exclamei animada, o que fez Bella sorrir.

– Vou aceitar isso como um elogio - logo depois de dizer isso Bella ficou séria, confesso que me deu um pouco de medo, mas não vou admitir jamais - Eu sei o que está acontecendo entre você e Benjamim.

Caramba!!! Porque todos nessa minha vida são tão diretos assim? Preparem-me para o meu coração poder aguentar!

Fiquei muda e tenho certeza que fiquei branca de espanto também.

– Vocês sempre sabem de tudo! - foi quase como uma acusação.

Bella tentou sorrir para me reconfortar.

– Fiquei preocupada. Vasculhei a mente de Alice assim que você saiu correndo e Benjamim foi atrás. Mari, isso não é uma coisa ruim...

– Como não Bella? Eu tive um imprinting com um vampiro! Como isso pode ser uma coisa boa? - infelizmente minha voz saiu mais sofrida do que eu esperava.

Bella colocou uma mão em meu ombro e o apertou levemente.

– Eu sei que você está assustada, você sabe que eu sei disso melhor do que ninguém sabe tudo que passei com Edward. Mas se você deixar esse medo de lado, o que você realmente acha? Acredita mesmo que Benjamim não é o melhor para você?

Fiquei em silêncio. O que poderia falar?

– Bella, eu já tinha tomado como certo ficar sozinha... apesar de todos falarem que somos novas, uma transmorfa não pode se envolver com qualquer pessoa, nunca me passou pela cabeça que isso aconteceria... que eu me visse acorrentada a um vampiro. Ainda mais um que eu não consigo lidar!

– Você jamais ficaria sozinha Mari, acredite em mim. O que está te irritando é que você está sempre acostuma a estar no comando das coisas e isso fugiu do seu controle no momento em que se olharam. Você só está juntando essa frustração ao medo - Olhei para ela desconfiada - Não, não estou lendo sua mente.

Suspirei.

– Não sei o que fazer... - confessei abatida.

– Apenas não faça nada precipitado, ok? Pense bem, reflita e analise as possibilidades. Mande esse medo embora, você não é medrosa, sei muito bem disso.

Sorri feliz e um pouco mais motivada. Nesse momento a porta se abriu e Benjamim surgiu nela. Desviei os olhos antes que os meus se encontrassem com ele. Adeus felicidade e motivação!

– Bella, Rosalie já não aguenta mais, vocês precisam descansar - ele murmurou contidamente.

Ajudei Bella a entrar no quarto e reprimi o impulso estranho me jogar nos braços de Benjamim quando passei por ele, afinal se eu deixasse a Bella cair Alice cortava a minha cabeça fora!

Espera! O que eu estou pensando?

Bella ainda me puxou para perto para sussurrar em meu ouvido um "lembre-se, não faça nada precipitado. Isso é algo bom com certeza, você ainda vai ver isso..

Queria ter esse mesmo otimismo, queria de verdade.

Mal caíram na cama e Rose e Bella fecharam seu olhos. Pareciam que estavam mortas já que não precisavam respirar, aquilo me deixou nervosa. Olhei para Alice que se colocou entre as duas na enorme cama e ela acenou que tudo ficaria bem.

Todos saímos do quarto em silêncio e suspiramos cansados, pelo menos eu e minhas duas quase irmãs.

– Vocês também devem descansar - Zafrina disse num tom quase de ordem - Os últimos dias foram muito tensos.

"Continuam sendo" pensei comigo mesma. Concordei com a cabeça e me virei para ir até meu quarto que era naquela mesma ala, mas assim que me virei dei de cara com o vampiro que não deve ser mencionado.

Porque Deus, por quê?

Ele me olhava de um modo sério e de alguma forma eu tinha certeza que ele estava até meio irritado. Bella não estava ali para mantê-lo longe de mim e eu achei que estava perdida.

Mas ainda havia uma última esperança.

Tina e Samy notaram a tensão e me puxaram para o quarto dizendo que eu tinha muito que explicar para elas. Ainda pude ver Benjamim franzir o cenho e apertar fortemente as mãos antes delas fecharem a porta do quarto.

Porém no momento em que encarei as duas eu soube que também seria algo difícil de explicar para elas.

– Vamos lá, diga logo o que está acontecendo? - Samy exigiu.

– Acho que primeiro vocês deveriam sentar, realmente acho - as duas se sentaram e eu fiquei em pé trocando o peso de uma perna para o outra sem saber por onde começar.

– Mary, fale de uma vez! - Tina pediu - Mexendo desse jeito você está me deixando ton...

– Eu tive um imprinting com Benjamim! - soltei de uma única vez, ou era isso ou nada.

Ambas pararam e ficaram imóveis com os olhos arregalados por muito tempo, mais tempo do que a minha própria paciência podia suportar na verdade. Cheguei a pensar que elas haviam tido uma espécie de ataque e entrado em estado catatônico ou sei lá o que.

Samy foi a primeira a se pronunciar.

– Desculpe Mari, acho que me distraí e escutei errado, jurava que você havia dito que tinha tido um imprinting com um vampiro...

Dei uma risadinha nervosa.

– É, foi realmente o que eu disse...

Samy ficou boquiaberta.

– Como assim? Isso é impossível! - Tina levantou num impulso e me agarrou pelos ombros - Eu entendo que você possa estar atraída por ele, afinal ele é realmente um pedaço de mal caminho ou melhor, ele é o mal caminho todo, mas Mari... não pode ser um imprinting! Ele é um vampiro!

– E você acha que eu não sei disso? - me desvencilhei dela e comecei a andar pelo quarto - Acha que eu queria isso? Não tem outra explicação Tina! Meu mundo explodiu assim que vi ele, não consigo pensar em mais nada, até mesmo quando estou fazendo qualquer outra coisa minha mente fica se perguntando onde ele está, o que está fazendo... não pode me culpar por isso!

Mal terminei e me joguei na cama, os olhos ardendo... oh meu Deus, por favor, não posso chorar aqui e agora!

Senti uma mão em meu ombro, levantei o rosto e vi Tina me olhando atentamente.

– Desculpe Mari, não quis te acusar de formar alguma, sei que isso não é algo que pode ser controlado. Eu só me assustei, sinto muito...

Balancei a cabeça em confirmação.

– Bem... - Samy murmurou depois de um suspiro - Não há o que fazer então, você incrivelmente teve um imprinting com um vampiro, parece que vamos ter que aceitá-lo na família...

– Na verdade, eu não sei o que fazer... - murmurei e dessa vez Samy e Tina me olharam sem entender o que eu queria dizer com aquilo.

– Como assim não sabe o que fazer? - Samy repetiu - Mari, não há nada que se possa fazer, imprinting não pode ser desfeito!

– É isso mesmo - Tina reforçou - na verdade, você deveria estar feliz, afinal esse tal Benjamim não parece ser um dos vampiros extremamente maus e ele é mais lindo que o normal. Se deu bem para quem achou que ia ficar para a titia!

– Já nós duas - Samy brincou e apontou para ela e Tina - Pelo jeito seremos as encalhadas que vão estar sempre por perto para perturbar.

Sorri por um instante com a brincadeira das duas, mas interiormente ainda estava tudo bagunçado em mim. Admirava essa capacidade delas de sempre fazerem de tudo me animar, mas ainda era mais difícil do que eu esperava.

Tina pareceu notar essa confusão em mim e sorriu como poucas vezes fazia, de um jeito muito maduro para a própria idade.

– Nós sempre vamos te apoiar em tudo Mari, sabe disso. Sempre. Mas acho que agora você deve ter muitas coisa para pensar, não é? Nós vamos te deixar sozinha, descanse e pense bem, ok? Qualquer coisa sabe onde nos encontrar.

– Certo... obrigada meninas...

– Obrigada uma ova! Pode me pagar com chocolates mais tarde - Samy zombou e rindo ela e Tina saíram do quarto.

Dei uma risada antes de me levantar e me dirigir até a janela. Afastei as cortinas e confesso que demorei um pouco para conseguir abrir aquela janela enorme. Ainda vou descobrir porque os antigos tinham essa fascinação por janelas enormes.

O vento fora era muito frio, não demoraria para começar a nevar, só mais alguns dias pelo que parecia. A lua estava alta, eu não tinha nem ideia de que horas da madrugada deveria ser, perdi a noção de tudo nas últimas horas e nem fazia ideia de quanto tempo eu estava acordada.

Ao pensar nisso meu corpo pareceu sentir o cansaço acumulado, meu corpo todo estava dolorido, minhas pernas pareciam pesar uma tonelada. Eu precisava de um banho urgente! E dormir! Dormir muito! Eu poderia pensar no que faria sobre o vampiro que não deve ser nomeado depois de descansar.

Olhei para uma porta e deduzi que era o banheiro. Estava certa, era realmente um banheiro e parecia a única coisa do quarto que havia sido reformada e estava mais moderno que qualquer banheiro que eu já havia usado. Bella teria que me explicar isso depois, com certeza.

Ow meu Deus, aquilo era uma banheira? Finalmente Deus está sendo legal comigo!

Quase dormi na banheira, no meu primeiro banho de banheira na verdade, senti meu corpo relaxar e não queria sair dali pela próxima década pelo menos. Fiquei pensando nas palavras de Bella enquanto estava ali.

Eu sabia que ela estava totalmente certa sobre o fato de que o que me fazia negar esse imprinting com todas as minhas forças era mais o medo do que qualquer outra coisa. Tudo tinha sido tão rápido na verdade, perdi o controle sobre mim de uma hora para outra.

Sai da banheira, me sequei e coloquei o único um pijama que tinha cara de Alice, afinal ele era todo negro, de seda com um blusinha de alcinha e um shortinho curto. Isso que dava deixar a compra das roupas nas mãos da Alice.

Voltei para o quarto esfregando a toalha na cabeça afim de secar meu cabelo, me joguei na cama daquele jeito mesmo, tudo que eu queria era dormir.

– Então você usa esse tipo de pijama?

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhh!!! - quase voei da cama quando escutei aquela voz ao meu lado, parei a metros da cama e estreitei os olhos - Maldito, como entrou aqui?

Benjamim me olhou como se eu fosse idiota e apontou para a janela.

– Você a deixou aberta - foi tudo que ele disse.

– Ah claro e só porque a deixei aberta você se sentiu no direito de entrar? - coloquei as mãos na cintura indignada - Deveria ser verdade aquela história de vocês terem que ser convidados a entrar em algum lugar, facilitaria a minha vida! Agora saia! Já!

Ele cruzou os braços atrás da cabeça e se deitou na cama.

– Não obrigado, estou muito bem aqui.

Rangi os dentes.

– Filho da... saia já! - joguei a toalha que ainda estava em minha cabeça nele, mas ele simplesmente a pegou e a cheirou. Fiquei vermelha de vergonha.

Ele fechou os olhos por um momento e logo depois os abriu com aquele brilho irritado que eu havia notado mais cedo.

– Eu disse antes que você não podia fugir de mim para sempre e você continua tentando, isso está me irritando...

Engasguei.

– Não estou fugindo! - vixe, menti que é uma beleza agora! - Estou apenas muito cansada e você está me impedindo de descansar mantendo a sua pessoa aqui!

– Ora, venha então - ele deu uma batidinha na cama ao lado dele - Descanse nos meus braços.

O que...? Vampiro abusado!

Devo ter atingido novos tons de vermelho, com certeza, criei uma nova cor.

– Sem chance! Va embora!

Quando dei por mim ele estava a minha frente, muito perto, perto mesmo... ele se abaixou e me olhou nos olhos.

– Porque você não quer me aceitar?

Pensei em desviar o olhar ou o empurrar pela janela, mas algo nos olhos dele me chamou a atenção. Ele parecia aflito? Angustiado? Não sabia dizer com certeza... mas foi algo que me desconcertou totalmente.

Então pela primeira vez eu fiquei ali, sem ação, sem saber o dizer ou fazer.

Benjamim pareceu notar a minha confusão e seu olhar mudou para um malicioso.

– Parece que vou ter que fazer você me aceitar então...

Não entendi o que ele disse, até que ele me puxou contra ele me prendendo num abraço de aço e levou seus lábios aos meus.

Senti um choque instantâneo. Tudo desapareceu naquele momento, só o que me importava era ele ali, era estar com ele, nos braços dele.

Droga... isso parece estupidamente romântico demais pra mim...

Benjamim levou uma mão a minha nuca e fez um carinho ali que me fez estremecer novamente. Sempre achei que fosse clichê aquela coisa de "se ele não estivesse me segurando eu teria caído porque minhas pernas enfraqueceram"... mas estou vendo que não era um clichê! Eu já estaria largada no chão num momento desse se Benjamim não me mantivesse firme contra ele.

Foi um beijo avassalador. Não tinha outro jeito de classificar aquilo. Era como se ele quisesse me mostrar que o que ele sentia era tão intenso quanto acontecia comigo e ao mesmo tempo me fazer ter certeza de que nenhum outro poderia ser para mim o que ele era.

Ele foi parando aos pouco de me beijar e colocou a cabeça em meu ombro.

– Eu esperei muito tempo por você, para você me negar agora... - ele sussurrou suavemente - Você é minha, Mari.

Eu queria negar, espernear e bater nele, mas a mão dele que estava na minha nuca subiu por meus cabelos e ficou fazendo um carinho em minha cabeça, então antes que eu pudesse notar, eu dormi. Ali mesmo, praticamente em pé apesar dele estar sustentando todo o meu peso, e nos braços dele.

Romântico demais para que pudesse aguentar, devo observar uma última vez.

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Eu não tenho ideia de quantas horas eu dormi, só tenho certeza que foi por muito tempo porque quando eu acordei eu achei que estivesse amanhecendo, mas na verdade estava anoitecendo! Eu devo ter dormido quase um dia todo!

Mereço um prêmio por hibernar desse jeito!

Sentei-me na cama e esfreguei os olhos. Estranho, não me lembro do momento em que me deitei e adorme... espera... flashes passaram pela minha mente rapidamente... e meus neurônios entraram em pane!

Ai meu Deus! EU DORMI NOS BRAÇOS DO BENJAMIM!!!

Como assim meu Deus? Neguei, neguei e neguei mais de mil vezes e acabei dormindo nos braços dele? Tão clichê assim, romântico, sei lá... onde estava aquela determinação em me manter o mais longe possível dele? Era só ele me tocar que tudo ia por água abaixo! Será que preciso de uma vacina anti - Benjamim? Porque só pode ser doença! Ou praga da minha mãe! Nunca se sabe!

Vasculhei minha mente em busca das últimas lembranças do dia anterior e uma parte de mim se sentiu incrivelmente tocada pelo fato de Benjamim ter me aceito tão facilmente, ao mesmo tempo veio o remorso. Porque enquanto ele parecia querer aceitar as coisas eu só ficava o rejeitando... talvez eu devesse finalmente conversar com ele para que possamos acertar como ficarão as coisas daqui para frente...

Apoiei uma mão no colchão e senti um papel sob minha mãe. Estreitei os olhos. Estranho, muito estranho. Peguei o pequeno papel e o desdobrei calmamente para ler.

"Você estava querendo me provocar dormindo nos meus braços? Ainda mais vestida com esses trajes curtos que você chama de camisola? Era algum tipo de sedução da sua parte?
Não que eu esteja reclamando claro, por mim você pode repetir essa cena sempre que quiser, com a maior frequência possível, mas o meu cavalheirismo me fez sair antes que perdesse o controle e resolvesse ceder aos meus desejos de abuso já que prefiro fazer certas coisas quando você estiver acordada. Muito bem acordada.
Além do mais, você começou a murmurar coisas que estavam me deixando envergonhado... sua pervertida!
Com amor, o vampiro dos seus sonhos... literalmente!"

... filho... de uma... mãe!!!!!!! Cafajeste maldito! Vou matá-lo!!!

Sentia meu rosto ardendo de raiva e vergonha. Como ele se atreve a me deixar um bilhete provocativo desses? Vampiro abusado!

Tapei a boca de repente e arregalei os olhos! Será que eu realmente murmurei alguma coisa sobre ele enquanto dormia? Não me lembro de ter nem sonhado devido ao cansaço, mas nunca se sabe...

Sim, definitivamente devo matá-lo antes que ele espalhe qualquer coisa por ai, Tina e Samy ririam por uma semana inteira e nunca mais deixariam de me atormentar sobre isso.

Vesti uma roupa qualquer que estava no armário, mas quando estava quase saindo a procura do vampiro que eu pretendia assassinar senti um cheiro horrível entrar pela janela. Coloquei a cabeça para fora e aspirei o ar fortemente.

– Vampiro - exclamei ao mesmo tempo em que fazia uma careta de desgosto, mas logo essa se tornou uma expressão preocupada ao me lembrar de Bella e Rosalie adormecidas e indefesas.

Sai do quarto decidida. Aquele vampiro tinha que ser interceptado antes de chegar a mansão, fosse ele quem fosse.

Ao chegar na escadaria que daria para a porta de saída encontrei com Tina e Samy. Tina vinha se arrastando e esfregando os olhos denunciando claramente que estava dormindo e Samy vinha com uma careta de desgosto e os olhos inchados, mostrando que também deveria estar dormindo, mas que não estava nada contente em ter sido acordada.

– Quem acordou vocês? - perguntei curiosa pensando se a pessoa havia sobrevivido ao mau humor e a um possível ataque de Samy ao acordá-la.

– E precisava alguém nos acordar? - Samy resmungou descontente - Com esse cheiro maldito quem não acordaria? Quando eu for rica vou fazer uma linha especial de perfumes para vampiros! Sanguessugas fedorentos!

Segurei uma risada enquanto observava Samy continuar resmungando e começar a descer as escadas.

– Estou com medo dela - sussurrei para Tina.

– Não tenha, o tal vampiro que deve começar a rezar - Tina disse no meio de um bocejo.

Descemos a escadaria e saímos para o enorme jardim, havia começado a nevar enquanto eu dormia, muito pouco na verdade, pois ainda havia uns pequenos pontos brancos no chão e meia dúzia caiam, mas logo aquilo aumentaria de intensidade, com certeza.

Cheirei o ar mais uma vez e arregalei os olhos levemente. Porcaria! Abri a boca para contar a minha descoberta pois não sabia se as duas sonolentas haviam percebido, mas a exclamação de raiva Samy desmentiu meus pensamentos.

– Na falta de um são dois vampiros então... - Tina murmurou ao meu lado - Que mundo é esse que não se pode nem mais dormir sossegada depois de derrotar o mestre dos vampiros?

Zafrina se aproximou de nós sem que percebêssemos e notei que ela parecia calma por fora, mas ao olhar em seus olhos rubros pude ver a preocupação muito bem disfarçada ali.

– Fique aqui - disse para ela que me olhou mostrando indecisão - Nós três só vamos até lá conversar, falaremos que é nosso território ou algo assim.

– Fale por você - Samy cruzou os braços - Vou até lá e arrancar as presas desses malditos que não me deixam dormir e fazer um estilete com cada uma delas!

– Que mau humor! Com o que você sonhou afinal? Está com medo de ficar solteirona agora que Mari já arranjou alguém? - Tina zombou.

– Cale a boca Tina!

Corei enquanto via Tina se divertindo em provocar Samy e as duas discutindo. Balancei a cabeça e voltei a me dirigir a Zafrina.

– Não se preocupe, vai sair tudo bem. Vamos lá, conversamos e voltamos.

Zafrina me analisou por uns segundos antes de voltar a falar.

– Se me garante que vai ser assim então porque você quer que eu fique aqui?
Sorri.

– Você realmente não deixa passar nada não é?

Ela me retribuiu o sorriso.

– Não teria vivido o tanto que vivi se eu fosse relapsa com detalhes.

Fazia sentido. Vou anotar isso na minha agenda para uma vida longínqua.

– Porque eu posso garantir que se houver um confronto ele não começa por nós, mas não posso dizer o mesmo desses vampiros desconhecidos, afinal, o que eles fazem numa parte relativamente isolada como essa do país? - Zafrina me olhava indicando que estava seguindo meu raciocínio e parecia muito satisfeita - Enfim, se eles provocarem um confronto e insistirem em continuar a vir até aqui nós não hesitaremos em lutar, mas infelizmente também não posso garantir a vitória e com Bella e Rose no estado em que estão... bem, é bom que você fique aqui para o caso de falharmos. Se eles chegarem até aqui alguém terá que pará-los definitivamente.

– Então porque não me mandar logo de primeira? - impressão minha ou Zafrina estava me testando?

– Porque ainda prefiro tentar primeiramente o modo pacifico, chamará menos atenção assim.

Zafrina pareceu muito satisfeita com a minha resposta e colocou a mão no meu ombro dando um leve aperto.

– Você realmente é muito parecida com a Bella - ela disse e eu não pude deixar de me sentir orgulhosa com aquilo, afinal Bella era... bem, ela era foda! - Certo, vou ficar aqui, mas me de algum sinal se algo sair errado para que eu me prepare.

– Não se preocupe, eu sei uivar como ninguém - pisquei para ela e Zafrina riu. Então me lembrei de algo e enrubesci antes de continuar. - Er... Zafrina... bem... onde está o... o...

Zafrina riu da minha dificuldade em falar e mais ainda quando fiz uma careta de desgosto para ela.

– Benjamim foi a cidade ao lado resolver uns assuntos que Alice pediu, mas tenho certeza que ele logo estará de volta.

Enrubesci mais ainda e segui até Tina e Samy que incrivelmente ainda discutiam e seguimos para o interior da floresta nos orientando pelo cheiro dos vampiros. Paramos quando faltavam apenas alguns metros para o encontro. Minhas duas quase irmãs se tornaram silenciosas e eu podia sentir a expectativa que elas estavam.

Alguns minutos depois eles surgiram por entre as árvores. Pararem de repente quando nos viram e ficaram nos observando atentamente, sem nunca abandonar a pose de alerta, prontos para um ataque.

Tina e Samy se posicionaram uma em cada lado meu e eu soube que aquele era o sinal de elas me deixavam o cargo de mediadora.

Observei os seres a nossa frente apenas analisando primeiro. Eram dois homens, ambos loiros, mas um era ligeiramente mais baixo que o outro, seus olhos rubros como eu esperava.

– Boa noite - eu disse calmamente.

Eles estreitaram os olhos e me observaram atentamente.

– O cheiro de vocês é estranho - o mais alto falou com uma voz realmente muito grave e que não parecia nada contente - O que são vocês?

– Transmorfas - respondi imediatamente.

Ambos arregalaram os olhos e fizeram uma careta que me deu uma vontade enorme de socar a cara deles até eles pedirem arrego!

– Transmorfas? - Opa, detectei um tom de nojo da voz desse baixinho? - Por isso fedem tanto!

Senti Tina e Samy se contraírem ao meu lado e respirei fundo para não ceder aos protestos mudos delas que diziam "nos deixem acabar com a raça desse esnobe!" e dei o meu melhor sorriso falso para a dupla a minha frente.

– Interessante, pensamos o mesmo a respeito de vocês - os dois estreitaram os olhos - Mas apesar da adorável companhia receio que terei que pedir que desviem a rota de vocês, afinal esse território é nosso e de alguns outros vampiros. Sabe como é, foi um tanto difícil decidirmos quando a divisão, se vocês passassem seria realmente um problema.

– Vampiros? Desde quanto vampiros e transmorfos convivem em harmonia?

O tom do abominável vampiros das neves - como eu apelidei "carinhosamente" o vampiro maior - estava realmente me irritando.

– Eu sei, incrível não acha? - mamãe sempre me ensinou que sarcasmo é ótimo em momentos como esse, em qualquer momento na verdade.

– E se decidirmos passar? O que vocês farão? - O pigmeu albino perguntou zombativo.

– Confesso que prefiro que vocês simplesmente desviem o caminho e assim nós nunca mais precisaríamos nos cruzar e ambas as partes sairiam felizes, mas se não quiserem... receio que então será uma séria divergência de opiniões que podem levar a um embate físico.

Ow meu Deus! Mãe, morra de orgulho do meu vocabulário! Estou realmente falando muito bonito, parece que a montanha de livros que andei lendo então fazendo efeito na minha mente! Que emoção!

Os dois nos analisaram vagarosamente e logo depois trocaram olhares divertidos.

– Embate físico? Que dizer que vocês vão entrar em confronto conosco? Não tem medo de morrer por acaso?

Pigmeu maldito!

– Devolvo a pergunta, vocês tem? - cruzei os braços confiante o que pareceu irritar muito os dois.

Tina interviu bem no momento, procurando desviar a atenção deles.

– Já que vocês parecem relutantes em desviar seu caminho, podemos saber qual a causa disso?

Os vampiros ficaram em silêncio um minuto ponderando o que diriam eu acho, foi o mais alto que respondeu.

– Precisamos falar com um vampiro e descobrimos que ele está em uma mansão que fica nessa região.

– Que vampiro? - Samy perguntou com uma calma que eu sabia que ela não estava sentindo.

– Seu nome é Benjamim - segurei firmemente qualquer reação que eu pudesse expressar. Maldito vampiro que me traz problemas até quando não está presente! - Nossa mestre nos mandou para mandarmos um recado para ele.

Respirei fundo.

– Nós conhecemos Benjamim - os dois arregalaram os olhos para mim - Vocês podem nos dizer o recado e nós passamos para ele, assim vocês não entram em nosso território e ambas as partes ficam satisfeitas, o que acha?

O pequeno polegar branquelo estreitou os olhos para mim. Não faça isso maldito, ou eu os arranco sem dó! Estou de TPM!

– E como poderíamos ter certeza de que você realmente vai entregar o recado? Nossa mestre nos matará se o recado não for dado!

– Quem é essa sua mestre afinal de contas?

– O nome da nossa senhora é Katrina - uma mulher? Já não gosto dela! - E ela é a noiva desse vampiro chamado Benjamim!

...

Noiva? Ele disse noiva???

Pude perceber que Tina e Samy me olharam discretamente, mas tudo que eu conseguia fazer era encarar o nada e absorver as palavras que aquele vampiro tinha acabado de dizer. Tentei ignorar a dor que surgiu no meu peito, mas foi impossível. Noiva? Benjamim tinha uma noiva?

Observei os dois a minha frente, é claro que eles poderiam estar mentindo, mas com tantas coisas para dizer porque escolher dizer noiva se fosse uma mentira?

Senti meus olhos arderem. Maldito Benjamim! Ele está noivo... de uma vampira... que deve ser linda por sinal! Apertei as mãos nos meus braços afundando as unhas na carne até quase sangrarem. Samy colocou discretamente uma mão sobre a minha e eu percebi que deveria estar chamando muito a atenção.

Empurrei a dor que estava no meu peito para o mais fundo de mim e olhei para os vampiros, mas notei que já era tarde e eu já tinha cometido a burrada de mostrar emoções demais. Eles estavam desconfiados.

Sou uma burra! Fato incontestável, mais nada a declarar!

– Acho que não - o mais alto resolveu falar ainda me encarando - Preferimos nós mesmos darmos o recado já que parece que você não gostou muito de saber que nossa mestre é noiva de Benjamim...

Sorri de lado.

– Nem me importei na verdade. Só achei estranho, afinal, em todas as conversas que tive com Benjamim ele não mencionou noiva alguma - até porque se ele tivesse comentado eu daria um soco naquele rosto desgraçadamente bonito... maldito!

Ambos os vampiros trocaram olhares e algo me dizia que logo eu teria que me transmutar. Porque 90% dos vampiros não conseguem resolver nada pacificamente? Pelo menos 90% dos que conheci até agora! Sanguessugas briguentos, a mãe deles deveria ter dado uns belos tapas neles enquanto ainda eram crianças, crianças humanas obvio, teria ajudado muito!

– Sinto muito, mas nós mesmo vamos dar o recado - o pigmeu disse arrogantemente - Não acredito que vocês tenham capacidade para algo assim, não posso deixar algo tão importante para a nossa lady nas mãos fedorentas de vocês!

– Nossa, quantos insultos em uma única frase? Sua lady sabe que você é mau educado assim? Talvez se ela te mandar pro adestramento ajude, diga isso a ela e fale que é um conselho carinhoso da Mari, já tive um cachorro e sei como é ruim quando eles são assim.

Escutei Tina e Samy segurarem a riso a meu lado e essa foi a minha pior distração, pois quando me dei conta eu estava voando metros para trás e atingi com força uma árvore.

– Mari! - ouvi Tina e Samy gritarem e logo em seguida senti um gosto de sangue na garganta e tossi colocando um pouco do líquido vermelho para fora.

Aquele maldito tinha me dado um soco no estomago! Um soco que me fez voar metros! Vou acabar com esse baixinho!

Abri os olhos e o vi o maldito me olhando com raiva, mais ao lado Tina e Samy já estavam transmutadas e lutavam com o outro vampiro.

– A realidade doeu? - perguntei me levantando e limpando a boca. Sim, devo ter uma tendência suicida, afinal ele acabou de me arremessar a metros de distância e eu ainda o provoco. Não quero nem saber, agora ele vai ver como é uma Mari na TPM!

Ele trincou os dentes e dobrou as pernas pronto para seu próximo avanço, mas não dei tempo para que ele fizesse isso e antes que ele pudesse pensar me transmutei e pulei sobre ele.

Cravei meus dentes no ombro dele, mas o maldito fez o mesmo comigo. Caramba, mal sarei dos ferimentos dos malditos vampiros e já veem querendo me furar de novo! Qual o problema em deixarem meu corpo livre de marcas heim? Porcaria!

Nós rolamos pelo chão, ele mordendo meu ombro e eu o dele, nenhum dos dois querendo ceder. Senti que devemos ter batido em pelo menos uma meia dúzia de árvores no processo, pobre natureza! Sempre sendo prejudicada por nós!

Quando atingi a milésima árvore no minuto eu rosnei em frustração e balancei a cabeça ainda mantendo meus dentes bem cravados no ombro do desgraçado, isso tirou um gemido quase imperceptível do vampiro já que devo ter dilacerado um pouco aquilo que uma vez ele chamou de carne, mas em consequência meu ombro deveria ter sofrido o mesmo dano.

Isso definitivamente não está dando certo! Sabia que um de nós teria que soltar primeiro e engolindo meu orgulho eu o fiz. Assim que soltei a mordida (não sem antes intensificá-la um pouco) o vampiro pareceu surpreso, ele pelo jeito não imaginava que eu seria a primeira a soltar aquela briga inútil. Me aproveitei da distração dele e assim que ele afrouxou a mordida dele eu apoiei minha patas traseiras com força no chão e fazendo-o voar metros quando o acertei as dianteiras em cheio no peito.

Senti meu ombro latejar, mas não me dignei a olhar, não ia conseguir distinguir nada com aquele monte de pelos mesmo, só quando me transmutasse de volta que eu veria o real estrago.

Olhei para Tina e Samy e elas também pareciam nem em vantagem e nem em desvantagem com o vampirão. Uma dúvida se conseguiríamos vence-los me atingiu e lembrei-me de Zafrina.

Tomei folego e uivei, mas não durou nem dois segundos já que o vampirinho estressado se jogou contra mim mais uma vez. Porcaria, achei que ele demoraria mais para se recuperar! Achei errado pelo jeito!

O maldito mantinha as mãos em uma das minhas patas traseiras fazendo uma força descomunal, ouvi um estalo e uma dor intensa. Ele com certeza havia trincado ou quebrado meu osso! Filho de uma...

Cravei com força minha patas nas costas dele e arrastei-as por toda a extensão, levando roupa e o que podia junto. Nós nos soltamos ao mesmo tempo e nos encaramos com ódio nítido em nosso olhares.

Aproveitei a deixa e uivei, uivei muito alto e com muita força, afinal eu ainda precisava avisar Zafrina e deixá-la preparada pro caso desse anão de jardim passar por mim. Isso pareceu assustá-lo por um segundo pois ele arregalou os olhos, mas logo em seguida pareceu ainda mais furioso, com certeza cogitando a hipótese de eu estar chamando reforços ou sei lá.

Assim ele investiu mais uma vez, mas dessa vez eu estava preparada e quando ele estava prestes a cravar os dentes em mim novamente eu fui mais rápida e cravei os meus no braço dele. A força que eu usei foi tanta que na minha primeira virada de cabeça eu mandei o corpo dele longe... mas o braço continuou em minha boca!

Ecaaaaa!!!!!

Escutei o grito raivoso dele enquanto ele era mais uma vez mandado a metros de distância, mas não tive muito tempo para apreciar o momento, já que uma forte onda de dor de Tina e Samy me atingiu e eu olhei assustada para onde elas estavam.

Arregalei os olhos com o que vi, parecia uma cena de filme de terror macabro! O vampiro havia acabado de arremessar Tina longe e ela havia caído desacordada e agora segurava Samy pelo pescoço com ambas as mãos.

Rosnei com uma raiva imensa e no instante seguinte eu havia pulado nas costas do vampiro fazendo com que ele urrasse e largasse Samy no mesmo instante, fazendo movimentos que tentavam me acertar e fazer que eu largasse minha mordida nas costas dele.

E eu o larguei... para então morder o pescoço dele!

O vampiro pareceu se desesperar, sinto muito querido, eu finalmente consegui morder seu pescoço, agora não há mais volta!

Quando estava prestes a arrancar a cabeça daquele maldito um cheiro tirou toda a minha concentração.

Não, não agora!

Olhei de canto para a origem do cheiro e me deparei com Benjamim parado de olhos arregalados, mas seus olhos foram tudo que consegui ver já que aquela distração, mais uma vez, teve suas consequências não muito agradáveis devo acrescentar.

Afinal, não vamos esquecer que haviam dois malditos vampiros.

Assim que me distraí, não pude concluir meu maravilhoso intuito de deixar aquele vampirão sem cabeça, pois o vampirinho havia voltado com toda a sua fúria renovada e havia copiado o meu movimento, ou seja, havia pulado nas minhas costas e cravado aquelas presas nojentas em mim.

Não tive outra escolha com a dor intensa e soltei o vampiro com um urro de dor. Rolei no chão, mas o vampirinho não me soltava de modo algum. Foi ai que o vampirão resolveu se juntar a festa!

Isso, vamos todos nos unir contra a Mari! Porcaria!

Podia sentir minha carne rasgando cada vez mais e uma dor intensa por ambas as mordidas. Benjamim gritou meu nome e no instante seguinte o vampiro maior sumiu de cima de mim, ficando mais uma vez somente eu e o anão que não parecia que iria me largar tão cedo.

Usei toda a minha força e joguei meu corpo de costas contra uma árvore, fazendo que o vampiro levasse o todo o impacto, era a única chance dele me soltar. Repeti o movimento umas três vezes, minhas forças já estavam acabando e meus machucados cobrando o preço, eu não iria conseguir manter aquilo por muito tempo, mas para a minha surpresa ele me soltou na terceira vez, mas não sem antes agarrar meu pelo e me jogar mais uma vez longe.

Dessa vez eu estava cansada demais para distinguir onde estava sendo mandada e conseguir desviar de alguma coisa, o resultado foi que eu bati a cabeça com tudo em uma das árvores.

Acredito ter ouvido tanto a voz de Benjamim quanto a da Samy gritando pelo meu nome antes de sentir uma dor alucinante irradiar da minha cabeça para todo meu corpo. Minha cabeça parecia que ia explodir e eu não escutava nada apenas um zumbido muito forte. Eu estava totalmente desnorteada, sem ação e perdida... senti sangue escorrer pelos meus olhos e focinho.

Vi vultos a minha frente e tentei focalizá-los, mas estava difícil. Parecia que havia apenas uma luta acontecendo no momento, mas também não conseguia distinguir quem eram. Tentei fazer força para levantar, mas não consegui, meu corpo todo parecia pesar chumbo e minhas ordem não pareciam querer sair da minha cabeça que por sua vez parecia um vulcão em erupção.

Aos poucos minha visão foi se tornando mais nítida, mas mesmo assim tomei um susto quando o rosto de Samy, já humana, entrou no campo de visão. Ela segurava meu rosto e balbuciava algo freneticamente, algo que eu não conseguia escutar ainda.

Logo depois Benjamim tomou o lugar dela e ele parecia ainda mais desesperado. Ele também tentava me dizer alguma coisa, mas eu não entendia o que esses dois loucos estavam querendo falar. Ele se ajoelhou na minha frente já que eu ainda estava largada no chão e eu soube naquele momento que ele se ele pudesse chorar de desespero ele o estaria fazendo.

Quanto drama, só porque eu devo estar o bagaço? Exagero!

– Ma... ari... escut... favor... - aos poucos fui entendo sílabas sem nexos e depois palavras, para mim as coisas aconteciam apenas lentamente e com muita dor, mas eu sabia que na verdade eu deveria estar parecendo uma loba reumática e paralítica!

– Mari! Mari por favor! - a voz de Benjamim, totalmente desesperada por sinal, foi a primeira coisa que consegui entender completamente - Você pode me escutar Mari?

Grunhi em resposta já que era a única coisa que não doía fazer.

Benjamim pareceu aliviado por um instante, mas só um.

– Mari querida, escute, preciso que você se transmute de volta - ele passava a mão pelo meu pelo com cuidado - Samy disse que não posso levar você desse jeito porque só veremos o nível dos seus machucados quando você estiver na forma humana... por favor...

O que ele achava que eu era? É claro que eu conseguia me transmutar de volta!

Fiz um esforço... e mudei de ideia! Prefiro ficar assim para sempre! Havia me esquecido que quanto mais e piores forem os ferimentos, mais dolorido é para se transmutar de volta. Eu deveria estar parecendo uma peneira de tanta mordida, porque os meus doíam muito, muito mesmo! E meu tornozelo esquerdo, ondo o vampiro tinha quebrado ou trincado, não parecia nada bem.

Devo ter expressado essa dor sem perceber, pois Benjamim arregalou os olhos ao mesmo tempo em que Samy se juntava a ele.

– Tina está bem, só desacordada - ela disse rapidamente a Benjamim e depois se virou para mim - Mari, vamos lá, eu sei que dói e que a dor é terrível, mas temos que cuidar de você e transmutada não há como...

– Por favor Mari! - Benjamim manteve sua voz baixa, mas eu podia notar ainda o desespero nela - Por favor!

Suspirei e tentei mais uma vez. Grunhi quando senti aquela dor intensa mais uma vez, mas não parei minha tentativa de voltar ao normal e quando notei eu era finalmente somente humana mais uma vez.

Mas a dor ainda estava lá.

Samy arregalou os olhos enquanto analisava todo o meu corpo, notei o momento em que ela fazia uma careta ao olhar as minhas costas.

Pare de fazer essa cara como se eu fosse morrer, sua maldita!

Desviei o olhar para Benjamim e vi que sua expressão não era muito melhor que a da Samy, ele se levantou rapidamente e tirou o casaco que vestia e o colocou sobre mim... Aaaaaa meu Deus! Eu estava nua na frente dele! Que vergonha!

– Esta... bem feio, mas poderia ter sido pior - Samy tentou acalmar Benjamim, mas esse a olhou com raiva pela escolha de palavras que ela fez - Er... ela só precisa de ataduras e descanso, o resto pode deixar com a cura acelerada que temos... ainda bem...

Benjamim olhou para Samy contrariado e parecendo nada satisfeito com a resposta, mas ele sabia que não poderia me levar a um médico. Médicos pirariam com o meu estado e fariam muitos exames achando que estou a beira da morte, exames nos quais meu DNA seria diferente (como Carlisle já mencionou uma vez) e faria os médicos pirarem ainda mais.

Ele assentiu a contragosto e desviou os olhos para Tina que estava encostada em uma árvore, ainda na forma de loba.

– Pode deixar que eu espero aqui até que ela acorde - Samy indagou antes que ele perguntasse - não conseguirei levá-la desse jeito mesmo.

Benjamim assentiu e estendeu os braços para me pegar, assim que ele relou em mim eu gemi e Benjamim recuou assustado. Trocou um olhar com Samy e se virou decidido e me segurou nos braços numa fração de segundos.

Maldito, isso é carne humana! Ou quase, meio humana! Tome cuidado!

Ele virou os olhos para mim e pude notar um pedido de desculpas neles. Benjamim começou a correr e fechei meus olhos, um cansaço enorme se apoderando de mim.

– Não durma - a voz de Benjamim entrou no meu inconsciente me trazendo de volta do quase sono a que eu estava me entregando.

– Me deixe... dormir... - murmurei pela primeira vez desde que me transmutei de volta, não achei que tivesse sido alto suficiente para que ele escutasse, mas Benjamim parou de repente o que mostrava que ele havia escutado muito bem.

Ele me olhou pela pequena fresta que eu mantinha nos meus olhos e pareceu um pouco mais aliviado.

– Estou apenas preocupado - ele se justificou - Você tem muitos machucados, deve ter perdido muito sangue também... bateu a cabeça... e se dormir e não acordar mais?

Aquela preocupação me tocou profundamente.

– Sou uma transmorfa... machucados assim não são nada...

De alguma forma isso pareceu irritá-lo.

– Machucados assim não são nada? - ele repetiu voltando a correr - você poderia ter morrido!

– Pra você eu posso morrer até engasgada... - achei que tivesse apenas pensado, mas acho que verbalizei pois Benjamim me olhou incrédulo.

– Não duvido nada de você... esta mesmo brigando comigo nesse estado?

– Você que está brigando comigo nesse estado... e não me deixa dormir...

Benjamim me olhou mais uma vez, mas a provocação seguinte que eu achava que viria não veio e ele apenas continuou correndo em direção a mansão.

Aos poucos fui me acostumando a dor e deixando que meu corpo relaxasse tomado pelo cansaço, nem mesmo sentia mais algumas dores... algo me dizia que eu estava entrando num estado de torpor... quando comecei a sentir frio eu soube que algo realmente estava errado, transmorfos não sentem frio, nós temos uma temperatura de praticamente quarenta graus!

– Mari! - o grito de Benjamim me assustou por um segundo e eu abri levemente os olhos - Mari, você está bem? É a terceira vez que te chamo...

Abri a boca para responder e achei que tivesse respondido, mas acho que só balbuciei coisas sem sentido pois Benjamim estreitou os olho e quando um calafrio passou por meu corpo fazendo-o tremer é claro que ele percebeu e me olhou preocupado.

– Benjamim! Oh meu Deus... Mari! - Aquela parecia a voz de Zafrina e não demorou muito para que a vampira morena entrasse em meu limitado campo de visão.

Os dois vampiros começaram a conversar numa velocidade em que eu não era capaz de acompanhar, logo me senti sendo posta em algo macio que supus ser uma cama, mas outro tremor me tomou e o frio aumentou e com ele uma onda de medo veio junto, me fazendo agarrar a camisa de Benjamim.

– Benjamim... - murmurei e senti-o segurar minha mão e me olhar preocupado.

– Está tudo bem... estou aqui... você vai ficar bem...

– Benjamim... - estou parecendo uma arara ou algo do tipo, só sei repetir isso.

– Mari, vamos cuidar de você - Zafrina sussurrou bem perto de mim.

– Estou... com frio...

Zafrina arregalou os olhos e começou a correr de um lado para outro do quarto pegando bandagens e mandando Benjamim pegar água e mais um monte de coisa que eu não entendi, este pareceu ficar confuso com a repentina pressa de Zafrina.

– Transmorfos não sentem frio - ouvi ela gritar para ele e Benjamim arregalou os olhos notando com aquela clara frase de que havia algo de muito errado - Ela está entrando em choque pela perda de sangue!

Ainda olhando nos olhos dele, que pareciam tão preocupados por sinal, eu decidi que não aguentava mais e iria dormir mesmo que ele não quisesse que eu dormisse. Soltei devagar a camisa dele que eu ainda segurava, o que o fez olhar assustado para onde eu segurava e para mim novamente.

– Mari! Não durma Mari... Mari!

Sinto muito, é sono demais para uma única Mari.


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Notas finais do capítulo

OLÁ NOVAMENTE PARA VOCÊ PESSOA QUE NÃO ME ABANDONOU!
Primeiramente, mil perdões! Um ano sem postar! Gente... eu deixo vocês me apedrejarem (mas acredito que não vão fazer isso porque vocês são uns amores, NÃO É???)! Não gosto quando fazem isso com as histórias que acompanho e fiz com uma minha... mil perdões de verdade!
Como eu sempre digo, eu acho que vocês sempre merecem uma explicação, então lá vai ela. Primeiramente sofri um grave, gravíssimo, pane na criatividade! Tive que fazer muuuuutas sessões da saga Crepúsculo pra tentar retomar a linha de pensamento e reler a fic 532 vezes pra tentar voltar... mas nada adiantava!
Somado com isso veio o segundo motivo, meu pai faleceu de repente no meio do ano passado, não era algo que a família esparasse e realmente foi um susto enorme. Levei um bom tempo pra me recuperar digamos assim e devido a esses dois fatores foi realmente impossível escrever.
Quero deixar claro também que o motivo de contar isso a vocês não é para que vocês fiquem com pena ou algo do tipo, é total e realmente pelo fato de que eu sempre achei e continuo achando que já que vocês dedicam uma parte do seu tempo para ler a minha fic vocês merecem a total verdade.
Enfim, meu "bloqueio" pra escrever terminou a pouco tempo na realidade, foi muito difícil dele me largar, mas eu o forcei a ir embora! kkk
Sobre o bônus, essa é a primeira parte. Eu ia postar tudo em um único capítulo, mas decidi dividí-lo em dois pelos seguintes motivos: tamanho, o capítulo estava realmente muito extenso e porque eu estava sem postar nada a muito tempo, então resolvi dar as caras para vocês verem que não morri e nem abandonei a fic (JAMAIS!).
Usei esse bonus também para saber se ainda tem alguém que acompanha a fic, tenho esperanças que ainda tenha alguém que leia! >.<
Aaaaaa, recebi uma advertência no Nyah, gente!!! Entrei em pânico! Não sei o que fiz de errado, de verdade! Só sei que com cinco advertências minha conta se vai, então... vou terminar tudo logo aqui!
Tenho muito mais coisas para falar, mas já falei demais! kkkkk
Enfim, obrigada por absolutamente tudo!
Até o próximo (que já está pronto, mas vou ver como essa primeira parte do bônus se sai kkk)!
Beijos com carinho da Jess!