As Relíquias escrita por Jessica Hyuuga


Capítulo 25
Capítulo 25 - Explicações / Marcus Volturi 2


Notas iniciais do capítulo

CONTINUAÇÃO DO OUTRO CAP! ERAM PARA SER UM SÓ, MAS O SITE NÃO ACEITOU! *-*
ESPERO QUE GOSTEM!



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  - E era o lugar onde Daiana vivia. Esta, era a casa que Daiana viveu quando era humana.

Marcus estacou alguns passos atrás de Bella. Aquela... era a casa que Daiana Swan morava? Passou os olhos pela madeira que parecia que não aguentaria mais muito tempo.
   - Sempre tive curiosidade de conhecer o lugar onde ela passou sua vida humana - a voz de Bella o tirou de seus pensamentos, sua falta de pensamentos na verdade ja que não sabia o que pensar. Ele a olhou e Bella ainda permanecia frente a porta, mas olhava para ele por sobre o ombro - Eu só o conhecia pelas lembranças dela, mas nunca pudemos vir aqui porque... bem, você sabe porque, não pude perder essa oportunidade. Alem do mais, se vamos falar nela, aqui é o lugar mais ideal, não concorda?
   Terminando de falar e sem esperar a reação do vampiro, Bella virou-se e mirou a porta cuidadosamente, como que analisando quais as possibilidades dela se desmanchar ao seu toque.
   Ergueu uma mão cautelosamente e com um pequeno e delicado empurrão a porta gemeu em protesto e se abriu.
   Se ela tivesse um coração que batesse, ele com certeza estaria disparado como nunca naquele momento. Estranhou o silêncio e voltou a olhar para Marcus. Ele ainda estava no mesmo lugar.
   - Não se preocupe Marcus, tambem é estranho para mim...
   - Garanto que são emocões diferentes, as suas e as minhas... - a voz dele saiu baixa e incerta.
   - Emoções são emoções afinal. Podemos não estar sentindo o mesmo agora, mas espero que estejamos num acordo quando sairmos daqui.
   Bella manteve seu olhar cravado no dele. Não abaixaria o olhar.
   Marcus esgueu o queixo. Era impressão dele ou aquela Swan o estava desafiando a prosseguir? Deu um passo a diante e logo depois outro. Viu-a sorrir o mais discretamente que pode. É, ela o estava desafiando.
   Bella notou que Marcus havia percebido qual era a intenção dela. Por uma lado achou ironico. Pessoas de grande poder odiavam ser desafiadas daquela maneira, mesmo que fosse um vampiro de séculos e séculos de existencia.
   - Satisfeita consigo mesma? - Marcus zombou quando chegou ao lado dela.
   - Muito - foi tudo que ela declarou.
   Ambos então olharam a frente e observaram a pequena moradia.
   Era como se fosse um único comodo. Num canto estava o que um dia havia sido um fogão de lenha, ao seu lado uma mesa pequena e quadrada. Três de suas cadeiras estavam jogadas no chão e uma totalmente quebrada  que só restava a madeira podre num canto, apenas uma resistia bravamente ao tempo, se recusando a cair como as outras.
   No canto oposto havia o que eles supunham ser onde a família de Daiana dormia. Duas espécies de cama, não eram grandes e nem pequenas demais. Bella pode imaginar Daiana e os irmãos em uma e os pais dela na outra.
   Prateleiras estavam em cima de uma das camas. Formas que um dia foram delicadamente entalhadas na madeira descansavam em cima delas. Distinguiram o que parecia ser um lobo e ao lado dele uma árvore. Inumeras formas, distiguiveis ou não, enfileiradas perfeitamente. A pessoa que os havia feito aparentava ter talento.
   Poucos livros estavam empilhados ao lado de uma cama. Não jogados de qualquer jeito, empilhados mesmo. Junto com eles peças de roupas, ou o que havia restado delas, tambem bem colocadas com cuidado.
   Por fim, uma outra mesa, esta bem pequenina dessa vez, acomodava um violino velho demais e ja sem cordas. Poucos acreditariam que aquilo já havia sido um instrumento musical. Bella deduziu que aquele era o violino que o pai de Daiana usava antes de ganhar o stradivarius de um desconhecido.
   Uma casa muito pequena, mas de certo modo aconchegante para a época e que com certeza acomodava pessoas muito modestas.
   Bella deu o primeiro passo para dentro da casa e a madeira rangeu levemente com seu peso, fazendo-a parar novamente por um instante. Pequenas frentas da luz da lua entravam pelos buracos do telhado deixando o lugar um tanto eteréo, como se tivesse entrado num universo totalmente diferente.
   Alice e Rosalie vão pirar quando souberem que estive aqui, Bella não pode evitar sorrir com esse pensamento.
   Ela continuou a andar e parou no meio do comodo olhando tudo novamente mas agora de um angulo diferente. Imaginava Daiana vivendo ali, com os pais e os dois irmão. Ela ajudando a mãe a cuidar da casa e da irmã mais nova enquanto o pai e o irmão saiam tocar para trazer algum dinheiro para casa.
   - Esse lugar sempre esteve nas memórias de Daiana, por mais que ela tentasse escondê-las - Bella começou a falar involuntariamente com um Marcus ainda parado na soleira da porta - Volta e meia as lembranças surgiam com força e ela passava horas divagando nelas...
   Marcus observava Bella passear pelo pequeno comodo. Ela passava o dedo levemente pela borda da mesa, pelo antigo fogão, pelas cadeiras velhas e pelas prateleiras desgastadas.
   Bella pegou algo na prateleira que Marcus não conseguiu distinguir o que era por ela estar de costas. 
   - Daiana nunca falava sobre sua família ou sobre sua casa, mas era meio dificil as coisas escaparem de mim naquela época. Eu tinha pouco controle sobre meu dom e as memórias, pensamentos e lembranças viam até mim como um imã, eu não conseguia bloqueá-las. Era um inferno na verdade.
   - Porque está me dizendo isso? Foi para falar da vida de Daiana que me trouxe aqui? - quando deu por si Marcus ja estava perguntando.
   Bella virou-se e andou até ele novamente. Num ato inesperado pegou a mão dele e virou-a com a palma para cima. Marcus estremeceu sem que ela percebesse, afinal, era a primeira vez que ela o tocava desde... sempre.
   Viu-a levantar a mão livre dela e assoprar o pequeno lobo entalhado que antes estava na prateleira. Com a lufada de ar um pouco do pó que estava nele saiu e Bella com cuidado colocou o objeto na palma da mão de Marcus.
   - Tambem - Bella respondeu levantando os olhos para ele embora Marcus olhasse o fragil lobo agora em sua mão - Falar da vida humana de Daiana faz parte afinal de contas.
   Marcus observava o pequeno pedaço de madeira em sua mão. Embora desgastado, percebia-se que ele havia sido muito bem esculpido. Parecia tão frágil, tão verdadeiro. Se Marcus apenas fechasse os dedos com um pocuo de força ele estaria em pedaços em segundos.
   - Quem fez isso tinha muito talento... - só quando a leve risada de Bella o tirou de seu torpor é que Marcus percebeu que havia expressado seu pensamento em voz alta.
   - Eles eram uma família de talendo com certeza - uma pontade de orgulho tomava conta da voz dela e Marcus percebeu que ela ja havia se afastado e agora analisava a mesa onde o antigo violino estava.
   Marcus observou bem e percebeu que ja estava dois passo dentro da casa e não mais na soleira da porta. Mas como? Olhou novamente para o lobo em sua mão. Ela o havia distraido e o feito entrar... sem que ele percebesse nada? Estava tão absorto assim?
   - Achei que o primeiro passo pudesse ser um pouco dificil para você - Bella disse sem nem ao menos olhar para ele - E não, nao estou lendo sua mente. Só achei que você se sentiria assim... bom, pelo menos, é como eu teria me sentido.
   Bella passou um dedo pelo braço do violino com muito, muito cuidado. Não queria danificar as coisas mais do que ja estavam. Endireitou-se ciente do olhar do Volturi sobre si. Foi ate a mesa e abaixou-se para levantar uma das cadeiras que estavam caidas.
   Sentou-se com cuidado na única que havia permanecido em pé e fez sinal para Marcus fazer o mesmo com a outra que ela havia erguido.
   - Muito bem... - Marcus dirigiu-se ate a cadeira e sentou-se - ... o que você quer me contar sobre Daiana?
   - Sou eu que devo te perguntar isso Marcus...  o que você quer saber sobre Daiana? Deve ter muitas questões em aberto sobre ela...
   - Não sei ao certo...
   Marcus parecia inseguro. Incrivel. Bella resolveu facilitar um pouco as coisas.
   - Talvez devamos começa com a introdução... com a parte que não envolve você e Dydime diretamente.
   - E porque eu iria querer saber sobre a vida dela se não envolve a morte de minha esposa? - o tom monotono estava de volta, mas Bella sabia, sabia que ele o usava para disfraçar a curiosidade.
  - Talvez porque eu queira que você entenda Daiana. Quero que você faça seu julgamento sabendo de tudo sobre ela.
   Marcus não responde e nem se moveu. Bella simplesmente continuou.
   - Daiana nasceu aqui em 1787, tinha um irmão mais velho que gostava de esculpir em madeira. Esse lobo em sua mão é uma prova que ele era muito bom tambem. Tinha tambem uma irmã mais nova, delicada, parecia uma princesa. A mãe era lavadeira e o pai músico. Violinista. Bondosos, gentis. Aos 23 anos ela foi até a floresta e acabou encontrando um vampiro e bem, foi transformada. Daiana nunca soube explicar o porque do vampiro não tê-la matado, mas quando deu por si, já era uma de nós.
   "Não podia mais voltar e não sabia para onde ir. A família sempre tinha sido tudo para ela. Daiana sempre foi alguem de decisões rápidas. E ela decidiu. Decidiu ficar aqui e cuidar da família a distancia. Cuidar de todas as gerações da família que pudesse. E assim ela fez. Nesse tempo ela descobriu como se alimentar. Você sabia Marcus... que Daiana nunca se alimentou de sangue humano?
   Marcus arregalou os olhos.
   - Impossível...
   Bella sorriu de lado.
   - Não, não é impossível. Daiana odiava violencia, matança. Ela era calma, calma demais. Matar alguem para a sobrevivência dela estava fora de cogitação. E num golpe de sorte ela descobriu que o sangue de animais nos alimentava tambem. E assim ela ficou, sobreviveu assim, cuidando da família.
   "Mas o pai dela não perdia as esperanças por ela. Ele a procurava sempre que podia sabia? Nas florestas, nos povoados, nas cidades vizinhas... ate que em um desses dias, ele estava na floresta procurando-a mais uma vez e dois de vocês apareceram. Dois Volturis. E iriram matar o pai dela. Daiana primeiro entrou em panico e depois ficou furiosa. Foi ai que aconteceu a primeira vez. Daiana nos contou que sentiu o corpo queimar, por dentro, e que quando mirou os olhos em um dos vampiros o calor do corpo dela sumiu e o vampiro simplesmente... explodiu. Esse era o dom dela. Ela podia explodir quem quer que fosse de dentro para fora. Não preciso dizer que isso a apavorou, não é? Alguem como ela com um dom tão... destrutivo. Mas enfim, ela matou um deles, mas infelizmente o outro fugiu."
   Marcus acompanhava a narração de Bella sem dizer nem uma palavra. Ele não conhecia Daiana, então, depois que ela matou Dydime foi facil para Marcus pintar um retrato extremanente obscuro dela. Mas aquelas coisas que Bella estava lhe contando, forçava-o a quebrar os antigos preconceitos que tinha contra ela.
   - Me diga uma coisa Marcus - Bella deu uma pausa na narração e olhou firme para ele - Você se lembra que encontrou com Daiana antes da noite em que Dydime foi morta?
  Marcus estacou.
   - Não... - sussurou.
   - Pois encontrou - Bella cruzou os braços - Dois dias depois desse acontecido, alguns de vocês vieram buscá-la e levaram-na ate você e seus irmãos. Ocorreu o de sempre suponho: Aro ficou sabendo que ela possuia um dom e a chamou para ser uma Volturi. Daiana negou. Tudo que ela queria era ficar longe de tudo isso e vigiar a familia. Mais nada. Aro inexplicavelmentea deixou-a ir embora, deve ter achado um desperdicio acabar com alguem com o dom dela. Não se lembra Marcus? Você estava la...
   Marcus balançou a cabeça veementemente.
   - Naquela época era grande a frequencia com que achavamos vampiros com dons. Não me lembro nem de um terço de todos que eram trazidos a nós, não me interessava por isso afinal, os que eu lembro provavelmente foram os que aceitaram ficar conosco.
   - Bem, acho que posso entender isso - Bella deu de ombros e pareceu ficar um pouco mais cautelosa dessa vez - Marcus... nesse dia em que Daiana foi levada ao castelo Volturi... ela viu sua esposa lá...
   - Ela... viu Dydime? - Marcus arregalou os olhos incrédulo - Isso não é... possível...
   Bella suspirou.
   - Posso te mostrar como foi... se quiser. Como disse antes, naquela época eu não controlava direito o meu dom então as lembranças de Daiana fluiam até mim. Essa era uma delas...
   Marcus não respondeu por um minuto.
   - Pode mesmo... fazer isso?
   - Posso...
   - Como vou saber que não esta mentindo, que não está inventando? - Marcus indagou desconfiado.
   - Marcus, eu não sou a Rosalie, não posso criar ilusões e muito menos memórias. Só posso mostra-las. Exatamente como foram. Só isso. Confie em mim.
   - Facil para você dizer... - Marcus zombou.
   - Acredite, não é tão facil assim. Tambem estou confiando em você e tambem está sendo dificil.
   Marcus divagou sobre a oferta por um momento. Bella, entrando em sua cabeça... essa idéia não o agradava nem um pouco. Mas por outro lado, ele poderia ver, exatamente, como foram as coisas...
   Suspirou pesadamente.
   - Muito bem entao...
   Bella sorriu.
   - Pode ficar como quiser. Não vai doer nem nada. Você só vai ver as coisas, do angulo que Daiana viu, como se fosse ela, ok? E sentir talvez... se a emoção for forte...
   Marcus concordou com um aceno e de repente tudo mudou. Ele estava no castelo Volturi, ou como ele era a dois séculos atrás, a sua frente estavam Aro, Caius e ele próprio sentado cada um em seu trono. Ele não olhava em sua direção ao passo que Caius e Aro pareciam muito interessados. As coisas eram meio nitidas e meio embaçadas ao mesmo tempo, era algo realmente estranho.
   - Então... - A voz de Aro preencheu o ambiente mas parecendo estar longe - não há nada que possamos fazer para que mude de idéia?
   Não houve hesitação da parte de Daiana ele notou, porque logo escutou a voz dela.
   - Não... não há...
   Viu a expressão de Aro nublar por uns segundo antes dele a disfarçar no sorriso falso de sempre.
   - É um pena... realmente um pena. Mas caso mude de idéia, nosso convite estará sempre em pé, senhorita Swan.
   Daiana fez uma reverencia e se virou-se cautelosamente para sair. Ao caminhar para a saida no entando ela a viu. Os cabelos incrivelmente negros estavam soltos e lisos, chegavam quase até a cintura. Usava uma capa como todos ali naquele lugar, mas nela parecia diferente, parecia imponente. Os olhos vermelhos não a deixavam com repulsa como geralmente acontecia, ao contrario, eles a acalmavam.
   Daiana não teve muito tempo para reparar, queria sair dali logo daquele lugar, mas ainda teve tempo de ver a estranha mulher olhar para ela de volta. E sorrir. Sorrir discretamente. Daiana ainda estava confusa com aquele sorriso quando a porta do imenso salão se fechou atras dela. Uma mulher como aquela em meio aos Volturi com certeza era desconcertante.
   Marcus arregalou os olhos quando voltou a si. Bella continuava exatamente do mesmo jeito, braços cruzados e o olhar focado nele.
   - Isso foi... diferente... - ele murmurou sem saber que palavra usar exatamente.
   Bella riu baixinho.
   - Nas primeiras vezes é mesmo. Imagine isso acontecendo em todos os momentos. As vezes eu tinha medo de confundir as minhas lembranças com as dos outros.
   - Então Daiana viu minha esposa nesse dia. Ela parece ter ficado...
   - Admirada? - Bella ajudou-o.
  - Exatamente - Marcus agradeceu mentalmente por Bella facilitar um pouco - Mas isso me deixa mais confuso... se Daiana admirou Dydime nesse primeiro encontro, então porque a matou? Porque?
   Num movimento rápido, Bella segurou os dedos da mão dele que estavam prestes a se fechar com a exitação que ele estava sentindo. Marcus trincou os dentes, mas só então reparou que Bella retirava de suas mão o pequeno lobo que ele estava prestes a destroçar sem perceber.
   Sentiu-se incrivelmente envergonhado.
   - Desculpe... não costumo ser tão negligente com minhas emoções e meus atos...
   Bella segurou ela mesma o lobo e sorriu simpaticamente.
   - Estamos falando sobre a morte de sua esposa, é claro que você não poderia ficar imune as emoções, eu entendo isso, não se preocupe.
   Marcus assentiu agradecido.
   - Mas então, vai me contar porque Daiana matou uma pessoa que ela adimirava ou não?
   Bella percebeu que Marcus estava tentando a colocar contra a parede.
   - Daiana... nunca quis matar Dydime... mas ela não teve muita escolha...
   - Todos temos escolhas - Marcus rebateu.
   - Não quando qualquer decisão que você tome, qualquer lado que você siga, alguem esta destinado a morrer... isso não pode ser considerado exatamente uma escolha Marcus...
   - Explique de uma vez Bella, por favor...
   Por um instante ela se sentiu compadecida do vampiro. A voz dele havia uma angustia incrivel. Uma espécie de necessidade de saber o que realmente havia acontecido, embora Bella soubesse que ele tambem tinha muito receio.
   - Bom, dois anos se passaram sem que Daiana tivesse nenhuma noticia de qualquer um de vocês. Até que um dia, ela recebeu uma visita um tanto... diferente. Aro Volturi.
   - Aro? - Marcus não pode evitar um leve arfar.
   - Sim, Aro. - Bella passou a girar entre as mãos o pequeno lobo - E ele estava furioso. Furioso com você Marcus. Ele disse a Daiana que você e sua esposa haviam decidido deixar os Volturi e que ele não poderia pertimir isso. Então ele pediu a Daiana que matasse Dydime, afinal, com o dom dela ela não teria dificuldades. Assim, com Dydime morta, ele sabia que você não iria embora.
   Marcus permaneceu estático. Aquilo que Bella dizia... não podia ser verdade, simplesmente não podia! Ele se lembrava de quando contou ao irmão que ele e Dydime deixariam os Volturi. Foi naquele dia que pela primeira vez havia visto Aro realmente furioso, sem conseguir esconder suas emoções em seu sorriso falso. Ele havia esbravejado, quebrado coisas e até mesmo ameaçado-os de morte e perseguição... mas Marcus nunca cogitou a idéia de que o irmão estava realmente falando sério.
   - Você está... mentindo... - murmurou inconciêntemente - Não pode ser verdade!
  - Você sabe que pode e sabe que é, só não quer aceitar - Bella pressionou, sabia que teria dificuldade em fazer Marcus aceitar que o próprio irmão tinha ordenado a morte de sua esposa.
   - Eu não sei de nada! - Marcus gritou e se colocou em pé num salto, fazendo com a cadeira que ele estava sentado bambeasse levemente - Não sei nem porque estou dando ouvidos a essas coisas absurdas que você esta me dizendo!
   Bella trincou os dentes tentando se controlar, afinal, alguem ali teria que fazer isso e Marcus não parecia muito disposto.
   - Marcus... você sabe que é verdade. Você sempre desconfiou de seu irmão...
   - Eu nunca desconfiei dele! - Marcus rebateu frustrado.
   - Não minta pra mim! - foi Bella quem gritou daquela vez - Você passou anos acusando minha irmã de algo que ela foi obrigada a fazer porque não queria acreditar na culpa que você sabia que seu irmão tinha! Aceite os fatos, Aro te enganou por todo esse tempo!
   Marcus cerrou os punhos fortemente enquanto encarava Bella que embora ainda estivesse sentada exalava firmeza em tudo que dizia. Ela havia gritado com ele e parecia não ter medo nenhum das consequencias.
   - Nunca achei que você fosse tão insolente... - murmurou entre os dentes tricados.
   - Nunca imaginei que você fosse tão covarde - Bella rebateu no mesmo segundo e viu os olhos de Marcus nublarem de raiva.
  - Ora sua...
   - Ficou nervoso porque? É isso que você está aparentando ser, um covarde. Sabe que digo a verdade, mas não quer aceitar porque então estará admitindo que fez muitos julgamentos errados no passado. Isso pra mim é covardia, não acha?
   Bella disse tudo num tom moderado e calmo. Ainda brincando com o lobo em suas mãos, aparentando estar totalmente despreocupada.
   - Não acha? - Bella repetiu a pergunta - Ou então, caso queira me fazer mudar de opinião, sobre você ser um covarde, sua cadeira ainda está ai.
   Marcus estava furioso novamente. Ele tem um genio e tanto... e eu que achei que ele era o mais calmo e monotono dos irmãos... Bella pensou. Se bem que, até que ele é controlado, qualquer outro ja teria pulado no meu pescoço.
   - Eu quero ver - Marcus disse convicto.
   - Como? - Bella perguntou sem entender ao que ele se referia.
   - Quero ver a lembrança de Daiana de quando Aro pediu que ela matasse minha esposa. Você deve ter essa lembrança, não é?
   Bella o analisou sem dizer nada. Se ela tinha aquela lembrança? É claro que tinha. E sentia um ódio mortal por Aro toda vez que repassava aquela memória.
   Marcus parecia irredutivel enquanto esperava pela resposta dela. Suspirou.
   - Muito bem - disse vencida - Sente-se e acalme-se por favor. Não quero que você saia destruindo o que restou da casa de Daiana depois.
   Marcus fez o que ela pediu embora não tivesse abrido a boca para falar uma palavra sequer.
   - Está pronto? - Bella perguntou depois de um minuto.
   Marcus assentiu com a cabeça e sentiu tudo nublar novamente. Demorou um pouco para que ele distinguisse as coisas. Então se lembrou de que ele veria tudo pelo angulo que Daiana viu.
   Estava na floresta e observava a casa de Daiana onde a irmã mais nova estava sentada no banco brincando com uma boneca enquanto a mãe conversava com o pai e o irmão que haviam acabado de chegar.
   Sentiu um cheiro estranho mas não totalmente desconhecido. Virou-se rapidamente e deu de cara com Aro.
   - Olá senhorita Swan... -
   Daiana estava alerta. Aro estava... diferente. Parecia transtornado. Ele exalava raiva por todos os poros de seu corpo.
   - Aro Volturi - Daiana achou melhor fazer uma leve reverencia em sinal de respeito, afinal, não tinha nem noção de porque aquele vampiro estava ali. Ele estaria sozinho? Exalou o ar mais um vez e quase sorriu. É claro que alguem como ele traria um ou dois guardar junto.
   - Bom saber que não se esqueceu de mim senhorita Swan, porque eu com certeza não me esqueceria de você. Alias, lembrei bastante de você nós últimos dias e por isso estou aqui.
   A voz dele era coberta de sarcasmo e raiva. Ela não se moveu e nem disse mais nada.
   - Oh, não precisa ficar com medo, apenar tenho algo a te pedir...
   - E o que seria? - Daiana perguntou cautelosa.
   - Eu quero que você mate Dydime Volturi - ele foi direto, tão direto que Daiana incrivelmente quase engasgou.
   - Você quer... o que?
   - Quero que mate Dydime Volturi, a esposa de meu irmão Marcus. - Aro falou no mesmo tom como se o que estivesse pedindo fosse algo normal como plantar uma arvore.
   Daiana deu um leve passo para trás enquanto arregalava os olhos de susto.
   - Você quer que eu mate a mulher do seu próprio irmão? Ficou louco? - quando deu por si já havia exclamado tudo aquilo em voz alta. Aro simplesmente explodiu de raiva.
   - Exatamente! Aquela mulher está enchendo a cabeça de Marcus com pensamentos insanos! Tanto que ele me desafiou! Ele quer deixar os Volturi junto com aquela bastarda e eu não posso deixar isso acontecer!
   Ele gritava, descontrolado. Até que pareceu perceber o que fazia e tentou se controlar. Logo voltou com aquele seu sorriso falso de sempre, embora turvado pelo ódio.
   - E então eu me lembrei de você minha querida. Você pode fazer isso muito facilmente. Darei um jeito de que entre e saia do castelo sem dificuldades...
   - Eu não vou fazer isso! - Daiana cortou-o indignada - É insano! Por Deus, é mulher de seu irmão!
   - Que merece morrer! - Aro voltou a gritar - E ela vai morrer... você vai matá-la... ou eu matarei sua família...
   Daiana estacou.
   - Eu não tenho família... - disse num murmurio que não convenceu nem a ela mesma.
   Aro gargalhou.
   - Não minta para mim querida, é claro que tem. Pensa que não sei que você os vigia desde sempre? Muito bem, é isso senhorita Swan. Se você não colaborar eu mandarei matar toda a sua família.
   - Posso derrotar todos os vampiros que mandar... - Daiana blefou.
   - Todos de uma vez? Diga-me querida, qual deles você protegera? Seu pai? Seu irmão? Porque enquanto você estiver protegendo um o outro estará morrendo. Posso mandar um exército se quiser... você não conseguirá salvar todos. Mas lhe dou minha palavra de que se matar Dydime, deixarei sua família em paz.
   Daiana encostou na árvore que estava atrás de si. Não tinha escolha... não podia deixar que sua família morresse...
   - Tudo bem... - murmurou enquanto mantinha a cabeça baixa.
   - Otimo querida, que bom que nos resolvemos - Aro parecia satisfeito - Mandarei alguem para tratar dos detalhes com você, por hora deixarei apenas o retrato de Dydime para que saiba de quem se trata sua vitima.
   Daiana pegou a especie de pergaminho que lhe foi estendido sem erguer a cabeça. Permaneceu daquele jeito por muito tempo, porque quando reparou estava totalmente sozinha.
   Ergueu o pergaminho e desenrolou-o para revalar a mulher que havia sido pintada ali cuidadosamente. Arregalou os olhos e logo depois bateu fortemente com a cabeça na árvore que rangeu em protesto pela agressão.
   - Não pode ser... - murmurou entredentes ao mesmo tempo em que deixava escorregar por entre os dedos a pintura que mostrava a vampira que havia lhe sorrido no salão dos Volturi.
   Marcos voltou a si contudo. Então... era verdade... Aro havia obrigado Daiana a matar Dydime. Levantou-se num rompante.
   - Vou matá-lo... - sibilou por entre os dentes.
   - Embora eu adore a idéia, gostaria que você se acalmasse por favor - a voz de Bella o trouxe um pouco de volta a si.
   - Como você pode ficar calma assim? - Marcus esbravejou.
   Bella ergueu uma sobrancelha.
   - Acredite, não há outro assunto no mundo capaz de tirar mais a minha calma do que esse, mas você precisa se acalmar e não fazer nada precipitado...
   - Aro merece morrer! - ele a cortou novamente. Parecendo irredutível naquela decisão. Bella imaginou que Dydime deveria realmente ter sido alguem importante para ele, afinal, só assim para ele tomar uma decisão daquela de forma tão firme.
   Isso era bom, Bella estava contando com isso afinal.
   Ela cruzou os braços.
   - Eu e minhas irmãs, mais do que ninguem, concordamos com isso Marcus. Mas logo mais falaremos sobre esse... detalhe. Agora, será que poderia, por favor, escutar o resto da história? Já está praticamente... no fim e mesmo que seja dificil para você, gostaria que soubesse de exatamente tudo de uma vez. Inclusive, como foram as coisas quando Daiana encontrou com Dydime.
   Marcus, pela primeira vez, não pareceu hesitar.
    - Então - dessa vez foi Marcus mesmo que começou - Aro obrigou sua irmã a escolher entre Dydime e a família dela. Concordo com o que você disse anteriormente, isso não é bem uma escolha. Mas e então? Me conte tudo!
   Ele ainda estava  irritado, mas fazia força para se controlar. Ele queria saber mais, ele queria saber tudo! Bella não pode deixar de adimirar o vampiro por sua maturidade e controle.
   - Bem, foi assim que seu irmão convenceu Daiana a fazer o que fez. Cerca de três dias depois um Volturi veio atrás dela dando instruções precisas de como chegar ao seu quarto e de Dydime. Disse que Aro manteria você e todos os outros Volturi numa espécie de reunião para que ninguem aparecesse no caminho dela. As esposas nunca participavam desse tipo de coisa, Daiana não teria problemas em entrar e encontrá-la sozinha. Vou te dizer Marcus, seu irmão é um tanto... radical, quando quer certas coisas...
   - É, infelizmente me dei conta disso um tanto tarde demais... - Aro sibilou fortemente e Bella achou melhor simplesmente continuar.
   - No dia seguinte Daiana foi até o castelo, entrou facilmente, como o vampiro que Aro mandou havia dito não havia ninguem nos corredores. Ela seguiu, até chegar ao seu quarto... e encontrar sua esposa...
   Bella fez uma pausa.
   - Continue - Marcus pediu achando que ela havia parado por causa dele.
   - Na verdade... não sei exatamente como descrever essa parte sem parecer insensível ou qualquer outra coisa... - Bella pela primeira desviou os olhos para o canto do comodo um tanto desconfortável - Não sei se acharia as palavras certas...
   - Talvez seja melhor você me... - Marcus não acreditava que ia falar aquilo - ... mostrar?
   Bella voltou seus olhos arregalados para ele novamente.
   - Eu estava tentando achar um jeito de sujerir isso, mas... sabe que vai ver as coisas do angulo de Daiana não sabe? Digo, até mesmo o momento em que ela... bem, mata a sua esposa...
   - Eu sei disso - Marcus falou firme novamente - Você disse que queria que eu entendesse todas as ações da sua irmã e acho que está certa. Não há modo melhor de fazer isso do que ver exatamente como ela agiu no momento de matar Dydime. Depois disso... posso fazer livremente meu julgamento sobre Daiana Swan.
   Bella permaneceu estática olhando para ele. Realmente, ela achou que convence-lo a ver como havia sido a morte da esposa seria o mais dificil do encontro entre eles, mas no entanto, era ele que pedia para ver. Nem sabia porque estava tão surpresa na verdade, afinal, tudo naquela conversa estava saindo inusitadamente. Nada estava sendo do jeito que ela imaginou que seria. Bom, pelo menos não estava sendo pior do que ela imaginou, mas sim relativamente melhor.
   - Você cada vez me surpreende mais Marcus... - quando viu já havia comentado e fez questão de já sair daquele assunto - Mas eu preciso perguntar mais uma vez se você tem certeza disso.
   - Absoluta - Marcus respondeu imediatamente.
   Bella não pode conter um sorriso, mas esse logo se apagou quando se lembrou de que lembrança mostraria a ele. Ela vez menção de dizer algo, mas incrivelmente... estava sem palavras...
   Marcus percebeu isso, mas não teve tempo de questionar, logo tudo havia mudado pela terceira vez naquela noite.
   Daiana andava pelos corredos totalmente vazios. Aro realmente havia levado a serio a parte de deixar o caminho vazio para ela. A iluminação era um tanto precoce, se ela não fosse alguem com super visão com certeza não estaria enchergando um palmo na frente do nariz.
   Até que ela chegou ao corredor que o vampiro tinha dito que ficava o quanto de Dydime e Marcus. Ela viu a porta. Parou. Simplesmente estacou. Ficou no lugar por alguns segundos, parecendo uma estátua, apenas olhando para aquela porta que ela sabia que Dydime estaria.
   Virou-se num rompante e começou a voltar. Não podia fazer aquilo! Não podia fazer aquilo! Só havia visto Dydime uma vez, mas sabia que ela era diferente. Sempre foi uma otima juiza de carater e sabia que o de Dydime era digno. Ela provavelmente queria livrar o marido de tudo aquilo antes que fosse tarde. Livrá-lo de Aro.
   Parou novamente. Aro. As palavras dele ecoaram em sua cabeça. "Se você não colaborar eu mandarei matar toda a sua família." Encostou-se na parede, os punhos fechados fortemente. Olhou para a bendita porta. Ela nunca se perdoaria por isso...
   Os olhos arderam. Ah, ela conhecia aquela sensação. Era a sensação de que ela estaria chorando se pudesse. Com passos curtos, como se não quisesse chegar, ela voltou a andar em direção a porta. Não parou em frente a ela, simplesmente levou a mão a maçaneta e a abriu, interiormente rezando para que Marcus tambem estivesse ali e a mandasse prender ou qualquer outra coisa.
   Mas ele não estava.
   Porem ela sim.
   Dydime estava parada de costas para ela, como que observando a paisagem pela janela. Os longos cabelos negros cascateavam pelas suas costas livremente, ela usava um manto imponente e assim que ela lentamente se virou Daiana viu o brasão dos Volturi muito bem costurado no lado esquerdo onde estaria o coração.
   Daiana ainda deu dois passos sem olhar para o rosto dela. Não reparou em como era o quarto, as paredes, o chão, em nada... simplesmente esperou que Dydime lhe perguntasse alguma coisa, qualquer coisa, como o porque dela estar ali.
   Mas ela não o fez. Daiana estranhou e levantou os olhos para a figura a sua frente. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu em espanto.
   Dydime estava... sorrindo?
   Os olhos rubros pareciam muito espertos, como se soubessem de coisas que mais ninguem havia visto, a pele era como todos, branca, impecável. Os lábios estavam pintados num tom de vermelho vivo e repuxados num sorriso reconfortante.
   Ela sabe! Foi tudo o que veio a mente de Daiana naquele momento. Um desespero enorme a atingiu, tanto que até Marcus sentiu. Ela sabe! Sabe porque estou aqui! Sabe o que eu vim fazer aqui! E está... sorrindo pra mim! Por Deus, ela está sorrindo pra mim!
   O desespero e a angustia cresceram. Os olhos arderam mais.
   As duas ficaram se encarando sem nada dizer. Daiana num modo meio que inconsolavel e Dydime naquele estado reconfortante.
   Impossivel dizer quanto tempo ficaram daquele jeito. Daiana começou a soluçar. Fechou os punhos e tentou engolir o bolo que estava em sua gargante. Dydime deu um passo a frente e mais outro, depois outro, até estar a praticamente um metro de distancia da Swan.
   Daiana fechou os olhos com força, só pra abri-los e olhar Daiana nos rubros dela.
   - Eu tenho... - murmurou quase baixo demais.
   Dydime inclinou a cabeça fazendo com que o sedoso cabelo negro se movesse graciosamente.
   - Eu sei - a voz dela era calma. O timbre sereno apesar de tudo.
   E ela continuou a sorrir. Aquele sorriso complacente. Aquele sorriso de "eu entendo". Aquele sorriso de "eu te perdoo"...
    Daiana reuniu dentro dela aquela estranha queimação que era seu dom. Não queria ter aquele dom. Não queria que ele funcionasse. Mas ela sabia que funcionaria...
   Em nenhum momento as duas mulheres deixaram de se olhar nos olhos. Dydime realmente era única. E Daiana se odiaria por todo a eternidade por ter dado fim a existencia dela.
   Não aguentou mais. Soluçando ela o soltou... soltou seu dom, aquela queimação de dentro dela... ela não pode mais segurar... e em menos de um segundo... Dydime se foi... com seu sorriso de perdão...
   Tudo que restou ali foram as cinzas do que um dia havia sido Dydime Volturi.
   Daiana não aguentou mais. Caiu de joelho ali mesmo, diante das cinzas daquela estranha vampira e agarrou os cabelos com força. Nunca se perodaria, nunca!
   Foi a sensação de sempre. Os olhos arderam, mas somente soluços sairam. Desespero, dor, remorso... ficou ali, jogada no chão, sentindo-se a pior de todas...
   Foi então que ouviu passos. Leves passos. Mas não se virou. Sentiu que alguem entrava e esse alguem arfou audivelmente.
   Levantou-se e virou-se para dar de cara com ninguem menos que Marcus Volturi. Ele estava com os olhos arregalados e os dentes trincados. Olhou diversas vezes para ela e para as cinzas nos chão que ele sabia que eram de sua esposa.
   Daiana ouviu mais passos vindo. Diversos. Aro havia mentido. Ele planejava deixa-la entrar, mas não sair. Um sopro de ar bateu nas costas dela. Dydime havia deixado a janela aberta. E foi por ela mesmo que saiu. Não sem antes escutar o urro de Marcus.
   Marcus achou que naquele momento Bella o traria de volta. Mas não foi o que aconteceu.
   Daiana correu. Explodiu alguns Volturi que a seguiam sem nem ao menos parar para isso. Seguiu pela floresta. Teria que tirar a família dali. Aro havia armado para ela. Havia conseguido o que queria e ainda armado para ela. Ele com certeza não cumpriria o que havia prometido.
   Conforme foi chegando perto da casa de sua família ela sentiu. Um forte odor de sangue. Sangue humano.
   Não!
   Aumentou a velocidade e derrapou para dentro da casa assim que chegou. Não havia sinai de luta ou coisa parecida. Uma ou duas cadeiras caidas apenas evidenciavam o susto. E ali, no chão, jogados como nada. Toda a família dela.
   Sua mãe perto do fogão, o pai perto da mesa do violino e os irmãos exatamente no meio do comodo. Não devia ter dado tempo de nada. Os objetos de esculpir de seu irmão ainda estavam em cima da mesa, o fogo ardendo no fogão de lenha, sua irmãzinha segurava aquela mesma boneca de sempre e seu pai... ah, seu pai segurava ainda fortemente o violino.
   Em cima do violino um papel. E no papel um recado.
   "Agora eles estão em paz"
    Daiana gritou. Gritou como nunca. Todos mortos. Dydime morta em vão. Nada mais fazia sentido...
   Marcus arfou ao voltar dessa vez. Estava tão... absorto na memória que se esqueceu por um instante que não estava no momento presente. Olhou para Bella. Ela estava com o cotovelo apoiado na mesa e a o queixo na mão. Não olhava para ele. Parecia perdida em pensamentos.
   - Depois disso Daiana os enterrou. Pegou o violino e fugiu. - ela disse espantando Marcus. Sua voz estava meio melancólica - Tempos depois nos encontramos, mas a partir dai já não é mais relevante para o seu... julgamento.
   Marcus dessa vez havia ficado meio desorientado.
   - As emoções que senti... - começou incerto.
   - Eram de Daiana, não suas - Bella esclareceu - Acho que é a memoria mais forte que ja peguei dela, consequentemente as emoçoes escapam junto. É meio assustador, não acha?
   Marcus começou a sentir-se desolado. Dydime realmente sabia das intenções de Aro melhor do que ele mesmo que era o irmão. Ela tentou afastá-lo a tempo, mas não conseguiu.
   - Ela era uma grande mulher - Bella disse como que sabendo o rumo que os pensamentos dele tomavam - Sua esposa.
   - Sim, ela era... - Marcus respondeu ainda meio perdido - Muito mais até do que eu havia imaginado...
   - Aquele sorriso dela... - Bella fez um pausa que chamou a tenção de Marcus - ... aquele sorriso dela sempre atormentou Daiana. Na verdade, por muito tempo os pensamentos de Daiana estiveram em Dydime. Na atitude dela. Acredito até que foi por influencia dela que Daiana tomou coragem para dar a vida por mim e pelas minhas irmãs. Ela queria ser alguem como ela, com a coragem dela... - Bella percebeu que estava desabafando mais do que pretendia e que os olhos de Marcus estavam atentos nela - Mas não acho que você queria saber sobre isso. Creio que foi o suficiente para que possa ter uma idéia de quem realmente foi Daiana Swan.
   Marcus ponderou por alguns minutos. Bella ainda não olhava para ele, permanecia do mesmo modo. Com certeza havia sido um pouco dificil para ela tambem reviver tudo aquilo, mesmo que não tivesse acontecido com ela diretamente. Mas definitivamente para ele havia mudado tudo. Tudo!
   - Daiana Swan - finalmente havia conseguido um pouco da atenção dela, ja que ela o olhou pelo canto dos olhos - era uma grande mulher tambem...
   Bella sentiu que seus olhos arregalaram tanto que teriam escapado das orbitas se tivesse como. Marcus estava... elogiando Daiana? Era isso? Olhou para ele que ainda parecia um tanto desolado, mas olhava para ela firmemente.
   - Você tinha razão, eu sempre desconfiei que houvesse mais por tras da morte de Dydime. Ela não era um inútil, sabia se defender como ninguem e tinha um sexto sentido incrível. No fundo eu sabia... que ela havia aceitado morrer e que havia uma razão para isso. Mas eu nunca desconfiei que as coisas pudessem ter sido nessas... dimenções...
   Ambos ficaram em silêncio depois disso. Ouviam o vento batendo forte nas arvores do lado de fora.
   - Então... - foi Marcus que quebrou o silêncio - vai me dizer pelo que mais veio até aqui?
   Bella cruzou os braços novamente.
   - Como sabe que tem algo mais?
   - Apenas suponho na verdade - Marcus quase achou graça no modo defensivo dela.
   Bella suspirou.
   - E você está certo. Existe muito, muito mais.
   Bella explicou resumidamente para ele como havia sido a vida dela e das irmãs, antes e depois da morte de Daiana, contou tudo sobre os dons dela e das irmãs, até que finalmente chegou a parte da história que começava em Forks.
   Ela poderia ter escondido um ou outro detalhe, mas resolveu contar tudo, absolutamente tudo. Quileutes, Cullens, brigas, violinos, a visão de Alice sobre a ida deles a Forks e finalmente sobre o fato que ela e as irmãs haviam tomado uma decisão drastica.
   - Queremos que Aro pague - Bella sentenciou - Queremos a memória de Daiana livre dessa culpa, queremos liberdade para viver sem ter que fugir ou ficar com medo de que Alice tenha uma visão de vocês vindo... e queremos sua ajuda para isso Marcus.
   Dessa vez era Marcus que estava com os braços cruzados. Ele havia escutado tudo o que Bella havia dito fazendo apenas uma ou outra observação, mas agora ele parecia profundamente reflexivo.
   Bella ficou na dúvida se ele aceitaria ou não. E ela odiava ficar na dúvida digasse de passagem.
   - A ajuda que você me pede... terminaria com Aro morto? - a voz de Marcus era um tanto sombria.
   Bella gelou por dentro. Ele não vai aceitar.
   - Basicamente, sim...
   Marcus abriu pela primeria vez um sorriso um tanto perverso.
   - Não poderia ter me feito uma oferta melhor. Não há como eu recusar algo assim.
   Bella estava confusa. Ele aceitou? Balançou a cabeça. Os Volturis eram todos estranhos mesmo. Mas isso era ótimo.
   - Muito bem Bella - Marcus disse de volta ao seu eu monotono de sempre - receio que nosso tempo esteja quase acabando, então, se quiser me colocar a par do plano...
   Bella sorriu abertamente.
   - Como desejar...
   Ela disse tudo a ele. Tudo que ela e as irmãs haviam pensado e organizado cada detalhe com imenso cuidado. Contou sobre todas as partes e todas as pessoas que fariam parte do plano.
   - Um tanto perigoso... sabe que se não funcionar as consequencias vão ser desastrosas, não sabe? - Marcus indagou.
   - É claro que sei Marcus, todos nós sabemos.
   - E acha que cada um conseguirá fazer a sua parte? - Marcus a provocou.
   - Você conseguirá fazer a sua? - Bella retrucou mordazmente.
   Marcus sorriu discretamente.
   - Sem problema algum Swan. Colocar seu amigo entre as testemunhas será relativamente facil. O resto são detalhes que saberei lidar com certeza. Mas ainda temos um problema...
   Bella revirou os olhos e levou uma mão ate a ponte do nariz.
   - Pelo amor de Deus, não posso ficar feliz nem por um minuto? - reclamou consigo mesma - E qual seria?
   - O próprio Aro - Marcus disse e Bella reparou que ele sentiu uma imensa repulsa ao dizer o nome do irmão - Como você espera que eu esconda tudo isso que conversamos do dom de Aro?
   Bella sorriu e logo depois gargalhou. Marcus quase perguntou se ela estava bem.
   - É só isso? Ja posso voltar a ficar feliz então!
   - E poderia por favor compartilhar essa felicidade? - Marcus perguntou ainda sem entender.
   - Desenvolvi algo especialmente para esse dom irritante do seu irmão - Bella disse com um sorriso um tanto maligno antes de começar a contar a Marcus como funcionava o esquema de emendar uma parte do pensamento em outro, isolando assim uma memória.
   Marcus não escondeu a admiração.
   - Muito esperto. Você é uma caixinha de surpresas não é Swan?
  - Você nem imagina Aro, definitivamente nem imagina.
   Ambos ficaram quase uma hora acertando todos os detalhes. Passaram e repassam o tal plano mais de uma vez. Inumeras na verdade. Nenhum dos dois queria que desse errado.
   Eles fariam Aro cair.
   - Bom - Marcus disse olhando discretamente para fora - Acho que é hora de voltarmos. Você ainda precisa voltar comigo, usar o seu truque e sair sem que ninguem te note. Não acho que isso vá ser muito facil se todos já estiverem no castelo. Alem do que, logo terei que me encontrar com meus irmãos para a reunião.
   - Não se preocupe - Bella disse já se levantando - Da-ra tempo.
   Marcus e Bella sairam da casa silênciosamente. Ambos numa nova paz entre eles. Bella ainda parou um instante e voltou-se para observar novamente a modesta casa.
   - Alice e Rosalie adorariam ter conhecido isso aqui... - suspirou.
   - Prometo que quando tudo isso acabar, você e suas irmãs poderão voltar sem medo de serem perseguidas, capturadas ou mortas.
   As palavras de Marcus a assustaram. Ela o olhou incrédula.
   - Você abriu meu olhos. É o mínimo que posso fazer - Marcus explicou sem jeito - Alem do que, você me lembra um pouco ela...
   - Ela?
   - Dydime...
   Bella ainda permaneceu olhando para ele até que notou que ele estava ficando desconfortável.
   - Obrigada - agradeceu e depois de olhar mais uma vez o antigo lar da Swan original começou a correr com Marcus em seu encalço.
  Tiveram que aumentar a velocidade umas duas vezes para conseguirem chegar tão rápido quanto queriam. Faltava menos de uma hora para o sol nascer.
  Já no quarto do Volturi, Bella pegou o livro que ele lia quando ela entrou ali e havia deixado sobre a mesa e entregou para ele.
   - Aro pensará que você passou a noite lendo - Marcus pegou o livro e se sentou no divã do mesmo modo em que ela o havia encontrado - Muito bem, eu vou sair e usarei meu truque como vocâ chama - ela quase riu - Daqui a alguns dias Benjamim chegará e dará um jeito de falar com você discretamente. Então, acho que isso é tudo. Agora só nos veremos em Forks.
   Marcus assentiu.
   - Sabe, fiquei curioso sobre o tal violino...
   - Gostaria de saber porque todos ficam curiosos sobre meu violino... - Bella revirou os olhos mas estava claramente orgulhosa - O que te deu curiosidade?
   - Tudo - Marcus foi sincero - Você tocaria para mim um dia Swan?
   - Com certeza Volturi - Bella não pode deixar de pensar que nunca imaginou que aquela cena um dia pudesse acontecer - Bom, agora é hora de eu ir.
   - Antes, permita-me dizer uma coisa. Aqueles Cullens são seres de sorte por terem o amor de você e suas irmãs...
   Surpresas e mais surpresas. Marcus era cheio delas ao que parecia. Eles se dariam muito bem futuramente. Era o que esperava pelo menos.
   - Espero que eles tambem pensem assim depois de descobrirem que nós os enganamos quanto a nossa morte -Bella revirou os olhos - Aqueles três são bem cabeça dura quando querem, principalmente Edward...
   Marcus sorriu levemente.
   - Ajudarei no que puder tambem para que eles não façam nada impensado...
   - Obrigada Marcus...
   - Eu que agradeço Bella, eu que agradeço...
   Bella foi até a porta e Marcus ficou exatamente na mesma posição de quando eles haviam se encontrado. Ela juntou os pensamentos e viu Marcus se encolher ligeiramente com a provavel pontade que deve ter sentido.
   Saiu dali o mais rapido que pode. Teve que desviar o caminho duas ou três vezes para não dar de cara com ninguem.
   Ela havia conseguido. Marcus sabia de toda a verdade e as ajudaria. Alias, aquele encontro foi um tanto diferente. Apesar daquela "missão" de ter exaurido grande parte da força dela, foi um tanto... espetacular. Tudo que ela imaginou que aconteceria , não aconteceu. E o que ela nunca imaginava possivel acontecer... aconteceu! Confuso!
   Sorriu enquanto ultrapassava a cidade em alta velocidade. Dydime com certeza havia sido tambem uma grande influencia em Marcus, afinal, ele definitivamente era diferente dos outros Volturis. Mas infelizmente ele se deixava controlar muito facilmente pelo irmão. Bella entendeu porque Dydime queria afastá-lo de Aro.
    - Acho que devo agradecer a você tambem Dydime Volturi - falou em voz relativamente alta e com o sorriso de canto tipido de um certo Cullen que ela sentia muitas saudades.
   Esperava que futuramente pudesse conversar mais com Marcus. Sempre foi curiosa em ralação a Dydime e quem melhor para esclarecer suas duvidas do que o prórprio Marcus? Realmente estava planejando a próxima conversa com Marcus? É, estava. Só esperava que nessa próxima conversa ela e as irmão já não precisem mais se esconder.
   Infelizmente, sua alegria foi nublada por uma pontada na cabeça. Droga! Precisava descansar, mas sabia que seria quase impossível. Seus nervos estaravam a mil. Muitas coisas a acertar ainda, ela não podia se dar au luxo de fracassar!
   Se bem que tambem vou precisar estar em melhores condições daqui a uma semana quando os Volturi forem a Forks...
   Surpirou quando passou pela janela do enfadonho apartamento. O celular tocava insistentemente. Voou até ele antes que seja quem fosse desistisse.
   - Alo...
   - Bella! - a voz de Rosalie pareceu aliviada como nunca - Você quer me matar de preocupação? A mim e a Alice? A baixinha me ligou desesperada dizendo que tentou te "ver" todos esses dias, mas que não conseguiu! Ela disse que pegaria o próximo avião para Voltera se você não parasse de fugir do dom dela e não atendesse as ligações...
   Rosalie desandou a falar. Bella revirou os olhos embora sorrise, se deixasse Rosalie falaria o dia todo. Quando se tratava de sermões, Rosalie era muito boa.
   - Estou bem Rosalie - cortou o sermão da irmã - Apenas tive que ser muito cuidadosa, estou numa cidade lotada de vampiros. Só estava meio ocupada. Não se preocupe, agora já está tudo certo.
   Rosalie ficou em silêncio no telefone.
   - Quer dizer que ele...
   - Ele aceitou - Bella completou orgulhosa e afastou o celular do ouvido ao ouvir o grito da irmã.
   - Incrivel Bella! Como você conseguiu? Foi facil? Dificil? Muito dificil? - Rosalie estava euforica.
   Definitivamente não foi nada facil Rosalie, Bella pensou apertando a tempora que latejava.
   - Depois eu contarei tudo Rosalie e por favor, pare com esse ataques de Alice sim...
   - Er, bem... desculpe, acho que é a convivência... mas me diga Bella, aconteceu algo? Você não me parece muito animada?
   Rosalie e sua capacidade aguçada de perceber que tem algo de errado com ela até pelo maldito telefone! Droga!
   - Explicarei tudo quando nos encontrarmos, mas definitivamente estou feliz com os resultados aqui...
   Rosalie voltou a ficar em silêncio, só para depois declarar com uma voz séria.
   - Você esta cansada - não era uma pergunta - O que você fez?
   - Quando nos encontrarmos Rosalie - Bella decretou mais uma vez, sabia que Rosalie não acreditaria se ela dissesse que não estava cansada.
   Rosalie bufou.
   - Ok - ela pareceu relativamente brava por um instante, depois seu tom de voz voltou a ficar ancioso - Não vejo a hora de voltarmos! Já está pronta?
   - Com certeza ja estou mais do que pronta, não vejo a hora de sair daqui.
   - Ah, só por sair dai? Voltar a nos ver não te deixa anciosa não? - Rosalie brincou.
   Bella gargalhou.
   - Você nem imagina como! - Bella foi sincera - Agora será que você poderia me fazer o favor de ligar para Alice e acalma-la? Preciso pegar o avião em menos de duas horas e se deixar Alice vai falar por três horas seguidas!
   Foi a vez de Rosalie gargalhar.
   - Pode deixar Bells, vou acalmar a hiperativa! Cuide-se por favor... estou com saudades...
   - Eu tambem Rosalie - Bella desligou e massageou as temporas.
   Trocou de roupa e pegou sua pequena bolsa de mão em menos de meia hora. Dor. Precisaria tentar descansar um pouco no avião mesmo que fosse, mas se qualquer maneira, teria que disfarçar aquela dor das irmãs.
   Antes de sair pela janela olhou uma última vez para Michael que estava imovel na cama.
   - De você eu não vou sentir saudades nenhuma... - zombou e no instante seguinte sumiu pela janela.
   Estava voltando para as irmãs. Para Edward. Para o dia em que finalmente não teria mais que fugir pelo mundo.


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Notas finais do capítulo

RELEAIAM AS NOTAS DO CAP ANTERIOR QUEM NÃO O FEZ, POR FAVOR! É QUE COMO ERA UM ÚNICO CAP, BEM... NÃO ACHEI QUE PRECISASSE ESCREVER TUDO NOVAMENTE! KKK!
REVIEWS PLEASE!!!
BJINHOSSS NO CORAÇÃO!!! *-*