Bella mantinha o olhar na imensa fila da sala de embraque a sua frente. Inumeras pessoas paradas e visivelmente impacientes esperando. Quase deu de ombros. As passagens tinhas numeros, lugares reservados e o avião não partiria sem que o ultimo passageiro tivesse embarcado, por isso achava uma tremenda estupidez ficar na fila sendo que podia permanecer sentada.
   Olhou de relance para o relógio. Alice devia estar em pleno voo e Rosalie ja devia ter chego na América do Sul. Não pode conter um sorriso meio melancólico. Fazia apenas horas que haviam se separado e já sentia uma saudade mais que sufocante.
   Porem logo afastou o sentimento e pos a mente para funcionar. Não precisaria se preocupar com as irmãs, elas eram espertas e não teriam dificuldades e provavelmente nenhum problema sério para achar Benjamim e Zafrina. Tinha que seriamente pensar nela e no que precisaria fazer.
   Marcus Volturi. A muito tempo ja não sentia a raiva que nutria por ele na época em que executaram Daiana, mas o censo de justiça nunca diminuiu. Sempre quis - e jurou - que um dia Marcus saberia que Daiana não tinha matado Didyme por vontade própria.
   Na verdade, Bella sabia que Marcus desconfiava, afinal, ele tinha um dom. O de ver a intensidade dos relacionamentos, além de reconhecer o carater das pessoas. Deixou que sua mente vagasse mais uma vez, talvez, se Marcus tivesse visto Daiana antes daquele dia em que ela deu sua vida para salvar a dela, ele tivesse percebido antes que ela nunca seria capaz de desejar o mal a alguem. Tudo poderia ter sido diferente.
   Balançou a cabeça levemente. Pensar em "como poderia ter sido" não a ajudaria agora. Tinha que se preocupar na presente situação.
   Atenção passageiros do voo 775 com destino a Italia, última chamada para o embarque..
   Olhou para a fila onde surpreendentemente só restavam mais duas pessoas e sorriu. Parece que havia divagado demais afinal. Levantou-se, pegou a pequena bolsa de mão e pos-se a andar.
   Seu sorriso aumentou por alguns instantes.
   - Que os jogos começem. Espero estar com sorte. - murmurrou para si mesma.

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   Assim que deu a generosa gorjeta ao senhor que apenas a acompanhou até seu quarto no hotel - ja que ela não havia levado nada mais que sua mala de mão - Bella fechou a porta e analisou o quarto.
   Havia sido o único que a agradara quando fez a reserva. Era relativamente pequeno. Apenas uma cama, uma pequena geladeira e uma tv que estava em cima de mesa de mogno simples mas magnífica. Numa das parede havia uma porta que deduziu ser o banheiro e ao lado dela uma janela. Bella só divisava o imenso céu azul. Sorriu. Alto o bastante para que ninguem a visse escapando pela janela quando precisasse.
   Sabia que teria que tomar cuidado, afinal Voltera era uma cidade movimentada tanto de dia quanto de noite, embora a noite a maioria de seus pedestres fossem imortais.
   Sentiu um ligeiro desagrado. Voltera. Achou que nunca teria que voltar aquele lugar. Largou a pequena bolsa na cama e dirigiu-se a janela abrindo-a por completo. Respirou fundo e sentiu muitos cheiros, inclusive de vampiros. Vampiros não-vegetarianos lembrou-se com desagrado, afinal, apenas os piores de sua raça moravam em Voltera.
   Havia tomado a precaução para que o hotel tambem fosse o mais distante possível do castelo onde os Volturi viviam. Sabia que tinha que começar seu plano o quanto antes, afinal, uma moça como ela, sozinha em Voltera, logo despertaria a curiosida das pessas e logo após fofocas. E os Volturi sabiam de todos os rumores da cidade.
      Inconcientemente levou uma mão até o pulso direito onde a munhequeira branca escondia a tatuagem do brasão Swan.Suspirou pesadamente ainda sem tirar os olhos da imagem do lado de fora de seu quarto. Apesar de ter relativamente superado a perda e a culpa, a dor estaria sempre ali, pelo menos até que tivesse certeza que tudo estava resolvido, até ter certeza que todos acreditavam na inocência de Daiana Swan.
   Num impeto, revomeu a munhequeira jogando-a longe e observou a tatuagem. Passou levemente um dedo pelas luas e pelas bordas do trevo. Sorriu abertamente.
   - Não vou mais te esconder. Sinto que vou precisar olhar você sempre que precisar de forças nos próximos dias - observou as luas com cuidado - Me ajude Daiana.
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   Bella observava atentamente a cidade abaixo de sua janela. Aquela cidade tinha tudo para ser magnifica, mas seu toque tenebroso acabava com qualquer encanto. Poucos pontos eram iluminados, mais o centro de Voltera na realidade, assim, onde ela se encontrava já era mais escuridão que o normal.
   Não se preocupava consigo ainda. Estava escondendo seu cheiro, sua presença. Ninguem de sua raça podia sequer imaginar que ela os observava daquele quarto com as luzes apagadas.
   O vento estava mais forte do que o costume naquela madrugada.  Depois de muito pensar, todas as estratégias que ela fazia, cuminava tudo no mesmo ponto. Ela teria que arriscar.
   Apertou pela milésima vez o cinto do casaco totalmente negro que usava. Deu um passo para trás encarando o horizonte pela janela aberta. Faltava pouco para amanhecer, o que significava que os vampiros que estavam caçando logo voltariam para o interior do castelo onde Marcus e os irmãos moravam.
   Respirou fundo somente como um meio de manter a calma e a concentração. Dobrou levemente os joelhos e no instante seguinte tudo o que ficou para trás foram as cortinas de sua janela balançando com o forte vento.
   Correu como nunca até chegar na parte central da cidade. Parou quando avistou uma espécie de bar noturno. Não evitou um sorriso um tanto sacana. Só deveria haver homens ali. Edward não poderia nem imaginar que ela faria o que estava prestes a fazer.
   Entrou sem cerimônia alguma no recinto e se dirigiu até o bar. Lógicamente todos se voltaram para olhar quem chegava aquelas horas, pouco tempo antes do amanhecer. Sentou-se na cadeira e quando o jovem garçom olhou nos olhos dourados dela arregalou os vermelhos dele imediatamente. Ele fez menção de falar algo, mas Bella o interrompeu colocando uma mão sobre o queixo dele.
   Aproximou o rosto do dele de um modo muito provocativo e sussurrou.
   - Tem alguma coisa errada querido? Com meu rosto, meu corpo ou com meus... olhos vermelhos?
   O garçom piscou demoradamente algumas vezes até parecer voltar a si. Sorriu como que enfeitiçado.
   - Não senhorita... são os olhos vermelhos... mais lindos que já vi...
   Bella o soltou devagar, o sorriso sacana ainda nos lábios.
   - Que bom, fico feliz em saber disso. Agora, poderia me tazer uma bebida?
   - Claro - o jovem vampiro saiu apressado e parecendo muito encantado.
   Bella apoiou a mão no queixo. Definitivamente adoro controlar mentes, pensou. Se bem que fazer com que todos penser que tenho olhos vermelhos vai ser um tanto cansativo. Respirou e virou-se de costas para o balcão. Observou o local e as pessoas que estavam ali.
   Era como qualquer tipico bar. Paredes meio escuras, mesas por todos os lados e alguns quadros sem nexo na parede. Com excessão dela todos os que estavam ali dentro eram homens e a grande maioria vampiros, haviam somente três homens não-vampiros muito embriagados numa mesa do canto. Bella ficou com um pouco de dó ao imaginar como eles terminariam aquela noite. Como comida provavelmente.
   Virou-se novamente ao sentir o garcom voltar com uma taça com um liquido viscoso e vermelho. Bella estremeceu. Mas havia lógica no pensamento do jovem vampiro. Ela era uma vampira, de olhos vermelhos segundo a mente dele, o que mais ela poderia querer beber?
   Forçou um sorriso maroto para ele que continuou a observá-la com um olhar sonhador. Bella ergueu uma sobrancelha para ele que relutante saiu dali e foi atender um outro vampiro na outra extremidade do bar.
   Aquele era o momento perfeito. Ainda se mantendo de costas para todos os outros ocupante do bar e sabendo que todos eles a analisavam, Bella começou a vasculhar as mentes, uma por uma.
   Chegou a sentir muito nojo de alguns dos vampiros ali, mas ela não podia perder tempo com coisas assim. Quando começou a ficar frustrada achando que havia perdido a noite, ela o achou.
   Ele não era um vampiro muito velho, nem em tempo de imortalidade nem no tempo humano. Devia ter uns vinte e cinco, vinte e sete anos no maximo quando foi transformado e apenas oitenta de vampiro. Possuia os cabelos loiros e era de estatuta baixa. Os olhos tipicamente vermelhos que Bella sabia que estavam focados nela. E o principal: era um serviçal no castelo dos Volturi.
   Sorriu internamente. Era a hora. Não precisou de muito esforço, só precisou jogar uma pequena insinuação na mente dele. "Vá falar com ela". E foi o vampiro fez. Levantou-se de sua mesa e se dirigiu para onde Bella permanecia debruçada sobre o balcão e passando um dedo sobre a borda da taça ainda cheia.
   - Olá - a voz dele tinha um timbre muito forte e decidido para alguem tão novo.
   - Olá - Bella retribuiu o comprimento com o seu melhor sorriso e virado-se calmamente na direção dele. Conteve o riso ao ver o leve titubear dele antes dela fazê-lo achar que ela tinha olhos vermelhos.
   - Aceita compania? - ele perguntou galante.
   - Depende, quem será meu acompanhante? - Bella continuou irredutível. Homens gostam de uma certa dificuldade, vampiros então nem se falam.
   - Ora, desculpe meus modos - ele pegou o pulso dela e beijou-lhe as costas da mão sem desgrudar os olhos dos dela em nenhum momento - Me chamo Michael.
   - Michael - Bella repetiu e fez um leve bico com os labios - Lindo nome. Assim como o dono.
   Michal sorriu e encostou-se no balcão ainda de frente para ela.
   - Então, vai me deixar lhe acompanhar? Mas creio que terá que me dizer seu nome tambem.
   Bella sorriu novamente.
   - Meu nome... - piscou levemente e levou a taça aos labios fingindo que bebia um gole. Sentiu um nojo enorme. Mas era preciso. Viu as pupilas de Michal dilatarem de desejo. Otimo, pensou ela. - Sou Daiana, ao seu dispor.
   - Ao meu dispor? - Michael repetiu e passou um dedo pelo rosto de Bella até tomar o taça que ela ainda mantinha encostada nos lábios - Tem certeza que quer se colocar ao meu dispor querida?
   Terminando de dizer ele sorveu um generoso gole da bebida rubra. Bella voltou a apoiar o queixo na mão e cruzou as pernas num gesto significativo.
   - Nunca fiz nada até hoje que não tivesse plena certeza - ela disse e Michael pareceu entender a indireta pois sorriu abertamente.
   - Muito bom saber disso... - ele murmurou.
   Bella levantou-se bem devagar, deixando seu corpo quase colado ao de Michael. Levou a mão ao casaco, deixando seu decote esposto por um momento, ato que Michael pareceu apreciar bastante, tirou algumas notas do bolso e deixou no balcão. Virou-se sem dizer absolutamente nada e foi se dirigindo a saida. Pouco antes de sair, parou frente a porta e olhou or sobre o ombro para Michael que permanecia estatico.
   - Você não vem? - ela disse à ele e sem esperar resposta saiu do bar, escutando os outros vampiros fazerem um escandalo dizendo que Michael era realmente muito sortudo.
   Enquando estava sozinha do lado de fora Bella aproveitou para respirar e revirar os olhos. Mas logo escutou os passos de Michal e voltou a sorrir.
   - Muito bem Daiana, para onde quer ir? - Michael disse chegando muito perto dela.
   - Pensei em lhe apresentar meu quarto no hotel - Eu realmente disse isso? Bella ficou indignada consigo mesma. Alice e Rosalie vão me enfernizar se ficarem sabendo - Isso se você estiver disposto claro.
   -Um quarto com você dentro querida? Como posso não querer? - Michael a segurou firmemente pela cintura e foi aproximando os lábios dos dela.
   Porem Bella desvencilhou-se facilmente e colocou uma distancia segura entre eles.
   - Seja paciente Michael. Se for, quando chegarmos, tenho uma surpresa para você que tenho certeza que você ira adorar.
   Michael gemeu mas sorriu.
   - Muito bem entao, Daiana.
   Bella se pos a correr e não pode evitar sorrir novamente. Mas um sorriso diferente daqueles cheio de malicia que tinha que lançar a Michael. Um sorriso meio diabólico, meio Bella.
   Você nem imagina a surpresa que te aguarda Michael. Pensou aumentando a velociade.
   Passou pela janela rapidamente e com um atraso que quase cinco segundo Michael chegou.
   - Você corre bem rápido não é gracinha?
   Bella virou-se para ele e se aproximou bem devagar.
   - Era pressa de chegar aqui querido... - disse passando um dedo pela gola da camisa dele.
   Michael segurou a cintura dela e a puxou contra ele. Bella reprimiu a vontade de dar um soco bem no meio do nariz dele. Ao invez disso, colocou uma mão em cada lado da cabeça dele e fez com que ele se abaixa-se uns poucos centímetros ate suas bocas quase se colarem.
   - Quero minha surpresa - Michael disse com a voz rouca.
   - Oh... sim, eu vou te dar sua surpresa... Michael... - Bella mirou bem dentro dos olhos dele e deixou de sorrir no mesmo instante. - Vamos Michael, me deixe entrar... me deixe entrar na sua mente...
   Michael apertou a cintura de Bella ao mesmo tempo em que arregalava os olhos. Segundos depois, relaxou o aperto e os olhos, ao mesmo tempo em que os olhos de Bella se fechavam lentamente e ela soltava os braços ao lado do corpo.
  Bella piscou diversas vezes vendo tudo pela perspectiva de Michael. Fazia muito tempo que não fazia aquilo. Controlar totalmente a mente de alguem a ponto de ter todo o corpo sobre controle. Usando o corpo de Michael, Bella pegou seu próprio corpo nos braços e levou-o até a cama onde deitou-o cuidadosamente.
   Logo após dirigiu-se para o banheiro e olhou-se no espelho. Passou um dedo pelos contornos do rosto de Michael, analisando e memorizando.
   - Não importa quantas vezes eu faça isso, cada vez é mais estranha que a anterior - murmurou achando mais estranho ainda escutá-la com a voz de Michael - Olá Michael, espero que me perdoe por tomar seu corpo emprestado, mas é por um propósito nobre. No meu ver pelo menos.
   Faltava pouco para amanhecer. Procurou nas lembranças de Michael onde exatamente era o castelo dos Volturi. A mente de Michael era relativamente facil demais de controlar. Ele não possuia nenhum dom e nem tinha grande esperiência com essas coisas. Ele era muito inesperiente afinal.
   Voltou para o quarto. Deu um última olhada em seu próprio corpo. Era realmente muito estranho. Não era como se o corpo dela estivesse sem nada agora, a conciência dela ainda estava lá, mas bem fraca, afinal, ela tinha que concentrar todos os seus esforços em Michael se quisesse mesmo mover todo o copor dele
   Escancarou a janela e olhou cuidadosamente para fora. Quando sentiu que não havia vampiro nenhum por perto, Bella experimentou correr até o outro prédio e voltar, apenas para pegar o ritmo dos musculos de Michael. Não teve grandes dificuldades.
   Depois de mais alguns testes rápidos, viu que ja estava pronta para enfrentar um corrida até o outro lado da cidade. Não pode evitar ficar um pouco preocupada. O castelo dos Volturi era relativamente longe do hotel onde o corpo dela ficaria. Teria que tomar cuidado. Conforme a distancia o controle dela sobre ele tendia a enfraquecer. Não podia perder o controle de Michael no meio do caminho, não sem antes apagar a memória dele e impedir que ele frustrasse todos os seus planos.
   - Você é uma Swan, não vai deixar isso acontecer - disse confiante.
   Andou até seu corpo que estava na cama e pegou o pulso direito onde estava a tatuagem do brasão. Tornou a virá-la e depositou um beijo nas costas da mão. Sorriu galante.
   - Acho que ja estou pronta pra ser você Michael.
   Levantou e dessa vez saiu sem nem olhar para trás.
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   Andou calmamente enquanto passava pela porta. A recepcionista acenou-lhe com a cabeça e Bella vasulhou o mais rapido que pode a mente de Michael para saber como ele a tratava. Sentiu vontade de revirar os olhos quando achou.
   Sorriu malicioso para ela e continuou andando até entrar em um elevador. É claro que uma moça bonita como aquela ele seria um tremendo conquistador. Quando as portas estavam prestes a se fechar, uma mão masculina a parou e entrou junto com ele no elevador.
   Era um vampiro jovem tambem, talvez vinte e três anos humanos e com certeza inesperiente nessa historia de ser vampiro tambem. Conseguia ser ainda mais baixo que Michael e tinha os cabelos castanhos.
   - Bom dia Michael - ele disse alegre enquanto se encostava no lado oposto do elevador - Como foi a caçada hoje?
   Michael era popular ao que parecia. Era só o que me faltava, Bella pensou. Teria um trabalho imenso e que gastaria mais energia ainda ao ter que procurar as pessoas nas lembranças de Michael todos os momentos.
   - Bom dia Carver. A caçada? Foi muito produtiva.
   Carver deu um sorrisinho malicioso.
   - Produtiva é? Encontrou alguem que não satisfes somente a sua sede, mas outras coisas tambem?
   Não é possível, todos os Volturis são um tanto safados ao que parece, Bella notou que ia ser um longo dia.
 - É, mais ou menos isso Carver.
   Depois deixou que Carver tagarelasse sobre como havia sido sua caçada noturna entre outras coisas. Bella segurou o instinto de revirar os olhos, afinal, era Bella quem tinha essa mania e não Michael.
   Assim que as portas se abriram novamente, o que para Bella pareceu uma eternidade, ela colocou as mãos no casaco e pos-se a andar com Carver em seu encalço. Ao que parecia Michael, assim como os vampiros mais novos, não possuia um quarto. Eles ficavam sempre ocupados em guardar a cidade e prontos para acatar qualquer ordem.
   Andou pelos longos corredores um tanto lugubres e teve que comprimentar mais pessoas do que gostaria, muito mais na realidade. Parou assim que chegou a duas imensas portas com arabescos desenhados nela.
   Ela sabia que porta era aquela e teve que se concentrar mais do que nunca para manter a calma enquanto levava a mão à madeira e a porta fazia um leve barulho para abrir.
   O salão estava repleto, lotado até demais. Vampiros, homens e mulheres, se mantinham encostados nas paredes, formando diversos grupos de conversas. Cada um contando como havia sido sua noite e seu sucesso na caçada. Otimo, entrei no pub oficial dos vampiros, não pode evitar zombar.
   Continuou inspecionando o local discretamente até que ela os viu. Sentados cada qual em seu trono no fim do salão, estavam Marcus, Aro e Caius. Os três pareciam conversar discretamente. Atras deles estava Renata, pronta para parar qualquer ataque. Sentados nos degraus em frente aos tronos estavam Demétri, Felix, Chelsea, Jane e Alex.
   Bella mirou os orbes em Aro e sentiu uma raiva arrasadora a invadir. Ele conversava com os irmão calmamente, como se não tivesse que se preocupar com mais nada nesse mundo. Cerrou os punhos o mais discretamente que pode e manteve-os assim até que se acalmasse.
   Logo depois mudou o foco para Marcus. Ele estava como sempre, com cara de entediado enquando mantinha o rosto apoiado na mão. Parecia ouvir tudo que os irmão falavam embora não fizesse nenhuma observação.
   Nesse momento um grupo de vampiros que estavam na parede ao lado dos tronos olhou para ela e acenou. Bella se dirigiu até eles calmamente e após fazer os cumprimentos e lancar os devidos olhares maliciosos que Michael lancaria ela se encostou na parede e voltou a observar o trio mais poderoso de vampiros.
   É, ao que parece terei certa dificuldade para chegar até Marcus, pensou desgostosa e logo depois passou os olhos pelo salão lotado de vampiros e depois na guarda principal que estava sentada nos degraus da escada. E acho que terei que tomar muito, muito cuidado.
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   Três dias. Já fazia três dias que ela havia tomado o corpo de Michael emprestado e assim ela seguia discretamente todos os passos de Marcus. Precisava saber toda a rotina dele antes de fazer qualquer investida, pois sabia que quando tentasse, seria tudo ou nada.
   Mas ela estava ficando sem tempo. Logo teria que embarcar no avião que a levaria de volta a Port Angeles e se não tivesse tido sucesso em conversar com Marcus, todo o esforço seria em vão. Alem de claro, ela estar ficando extremamente cansada.
   Controlar 100% de uma mente estava começando a pesar. Além de claro, ela ainda ter que fazer outros truques nesse tempo. Ela já começava a escutar levemente os resmungos de MIchael, a conciência dele, furioso com ela. Significava que o controle dela estava enfraquecendo.
   Teria que agir. E não poderia passar daquele dia.
   A rotina dos Volturi não era lá muito complicada. Os de baixo escalão tomavam conta da segurança, havia aqueles que viviam viajando e cuidando dos vampiros que infringiam as leis, a guarda principal garantia total segurança aos seus senhores, alem de claro, ter aquele grupo responsável por trazer o "lanchinho" para dentro do castelo.
   Bela não pode evitar uma careta. Pobres turistas. Nós três dias que esteve ali conseguiu evitar aquela hora do lanche. Lançou sugestões para que a mandassem patrulhar a cidade ou qualquer outra coisa. Mas sua sorte estava acabando.
   Já a rotina dos três irmãos, Aro, Marcus e Caius, era a mais sossegada de todas. Mas Aro fazia questão de não perder os irmãos de vista por muito tempo. O que complicava consideravelmente as coisas.
   Geralmente os três se reuniam em media três vezes ao dia: no começo da noite, no começo do dia e no meio do dia, que era para receber "a refeição", segundo eles mesmos diziam. No restante do tempo cada qual ficava em seus aposentos. Aro permanecia muito tempo tambem em uma espécie de escritório particular.
   Bella havia ficado num impasse. Durante o dia era quando as ruas continham menos vampiros, afinal eles tinham que ser em menor numero porque as pessoas estranhariam um diamante humano, porem Marcus se encontrava com irmãos duas vezes ao dia o que dizia que eles teriam que ter uma conversa muito rapida e Bella poderia não conseguir explicar tudo o que precisava.
   Já a noite Marcus tinha um tempo livre considerável, até o amanhecer para ser mais exata, mas as ruas eram infestadas de vampiros por todos os cantos. Bufou. Como sempre as coisas não poderiam ser simples, não é?
   Depois de muito pensar, decidiu pela noite mesmo. Teriam que passar por muitos vampiros, mas ela precisava do maior tempo possivel. Não tinha a menor idéia de como Marcus ia reagir. Caso ele reagisse de modo ruim, ela teria que convence-lo e isso podia durar muito tempo.
   Estava num dos corredores do imenso castelo, estava anoitecendo entao ele estava praticamente vazio, todos ja se prepavam para sair. Marcus, Aro e Caiu haviam acabado de se reunir. Levaria quase uma hora até que se separassem. Ela teria que esperar.
   Apertou as temporas quando uma leve onda de dor a atingiu e ela escutou mais uma vez os gritou furiosos de Michael. Era realmente uma grande droga ser a única vampira que podia ter uma enxaqueca.
   Suspirou ruidosamente se lembrando das irmãs. Rosalie ja havia achado Zafrina. Bella sabia que a tarefa de Rosalie era com certeza a mais prazerosa das três. Afinal, elas amavam Zafrina e vice-versa. Infelizmente, para Rosalie achar Zafrina é que foi o problema, ela sabia se esconder como ninguem.
   Alice tambem já havia encontrado Benjamim. Mas só depois de muito enrolar com as compras e precisar levar uma bronca dela. Como sempre. Havia ficado feliz com a noticia de que ambos as ajudariam, não que ela pensasse que algum deles se recusaria, mas ela temia por Benjamim, afinal, ele seria fundamental.
   O fato realmente, era que estava com saudades. Morrendo de saudades. A última ligação que havia feito à elas já tinha quase dois dias. Ela havia avisado ambas as irmãs que não poderia mais telefonar, sair do castelo estava sendo dificil e ligar dali seria impossivel. Todos escutariam graças as malditas audições apuradas.
   Estava fazendo de tudo para ludibriar Alice e seu dom tambem. Porque? Nenhuma das duas sabia que ela estava no castelo Volturi. Quando ficou acertado dela ir para Voltera, não tinha nenhum plano concreto em mente ainda. As idéias começaram a surgir depois.
   Ela não poderia nem deixar que Alice e Rosalie desconfiassem que ela estava entre aqueles que as caçavam e que ainda por cima estava no controle total de uma mente deixando assim seu corpo real vulnerável. As duas pegariam o primeiro voo para Voltera e ela não podia deixar que fizessem isso.
   Felizmente. O fato de não estar no seu corpo parece que enfraquecia suas decisões, como se não fosse ela que as estivesse tomando e sim Michael mesmo. Isso estava sendo muito útil. Quando ela achava que Alice podia pegar alguma coisa, usava a velha tatica de sempre: tomava as decisões de última hora. Inesperadamente. Isso sempre funcionava.
   Quatro dias praticamente. Quatro longos dias longe das irmãs. Era uma verdadeiro martírio.
   Mas agora havia mais uma pessoa que a deixava com uma saudade imensa, quase sufocante. Edward. Não pode evitar sorrir ao pensar no vampiro de olhos ambares e cabelos rebeldes. Estava morrendo de saudade dele tambem. O jeito como a abraçava, como dava aquele sorriso de lado que era só dele e como ele a beijava.
   Bella se sentia quase humana novamente quando estava com Edward. Ele a fazia ter as sensações que só possuia quando era uma humana relativamente normal e sem as responsabilidades de sobrevivência de Swan. Com Edward ela se sentia despreocupada, relaxada. Alem dele inexplicávelmente a fazer incendiar por dentro. Coisa que ela nunca admitiria para ele obviamente.
   O mais dificil era os telefonemas que tinha qua fazer para ele. Sempre tinham que ser curtos. Provavelmente nem dois minutos duravam. Mas diferente da irmãs, para Edward ela não poderia deixar de ligar. Ele desconfiaria. Ainda mais sendo Edward Cullen. Maldito esperto. Sorriu. Meu maldito esperto.
   Uma movimentação no final do corredor a tirou de seus devaneios. Jane e Alec vinham andando por ele calmamente. Bom, se ambos estavam ali, significava que a reunião de Aro, Marcus e Caius havia acabado. Droga. Havia divagado demais.Ela pretendia sair dali antes que pudesse trombar com algum outro vampiro importante como acontecia naquele momentos. Havia sido descuidada.
   Não poderia sair dali, muito menos demonstrar a aversão que sentia aos irmãos. Permaneceu exatamente do jeito que estava. Encostada na parede, os braços cruzados e cabeça meio inclinada olhando para baixo.
   Escutou os passos de Jane e Alec diminuirem ao nota-la no corredor. Porcaria!
   - O que você ainda esta fazendo aqui, Michael? - a voz de Jane ecoou pelos corredores escuros.
   Bella ergueu os olhos do chão e fez uma reverencia para ambos.
   - Desculpem-me, estava distraido - respondeu vagamente. Infelizmente para ela, Michael era um verdadeiro puxa saco daqueles dois.
   - Então - Alec foi quem falou dessa vez - Não vai responder?
   Bella usou o que achou ser a melhor desculpa em se tratando de Michael.
   - Para ser sincero, confesso que estou entediado hoje. As caçadas estão sendo sempre iguais nos últimos tempos. Não tenho tido mais aquela emoção antiga. Oh, mas é claro que vocês não querem saber disso, desculpe-me por importuná-los com essas questão repugnantes. - tornou a fazer uma reverencia exagerada para os dois.
   Incrivelmente, Jane respondeu.
   - Não se preocupe Michael, todos nós temos dias assim. Mas você não pode ficar sem se alimentar. É um de nosso mais habilidosos guerreiros - Habilidoso? Onde? Bella não pode evitar pensar zombativa.
   - Agradeço profundamente por se preocupar comigo, senhorita Jane. Levarei seu conselho em consideração, afinal, não poderia ignorar algo de alguem tão superior a mim. - colocou a mão no peito em sinal de respeito.
   - Muito bem - foi Alec quem respondeu pela irmã dessa vez e ambos reiniciam a caminhada que faziam para sabe-se la onde.
   Será que ela gosta de Michael? Observou Jane se afastando com o irmão até ambos desaparecem pelo corredor. Bom há gosto para tudo afinal. Isso não me interessa mesmo. Preciso achar Marcus o mais rapido possivel.
   Seguiu discretamente pelo corredor, dessa vez prestando imenso cuidado para não trombar com mais ninguem. Passou pelo salão agora vazio e se certificou que os três irmãos já haviam saido. Marcus só podia estar num lugar naquele momento e Bella foi direto para lá.
   Para sua sorte Michael era um vampiro relativamente rapido. Atravessou as alas com cautela, embora a irritasse ter que diminuir e fingir que não estava fazendo nada toda vez que um outro vampiro cruzava seu caminho.
   Ao virar o corredor que levava ao quarto de Marcus, Bella avistou dois vampiros encostados na parede. Droga. É lógico que a realeza vampiresca não ficaria sem seus guardas.
   Colocou as mãos nos bolsos do casado e começou a andar calmamente, como se passar ali fosse mero acaso. Ao mesmo tempo lançou uma sugestão na mente dos dois vampiros.
   "Aro acharia melhor se ajudassemos patrulhar a segurança do castelo hoje. Afinal, Marcus passa a noite toda trancado ai dentro mesmo."
   Ambos os vampiros se  entreolharam.
   - Ei, não acha que talvez fosse melhor darmos um reforço na patrulha do castelo hoje? - disse um deles.
   O outro arregalou os olhos.
   - Estava pensando o mesmo. Afinal, mestre Marcus nunca sai do quarto durante a noite mesmo.
    Os dois se viraram e vieram andando na direção dela.
   - Olá Michael - os dois disseram.
   Maldito vampiro popular! Rosnou mentalmente.
   - Olá - foi tudo o que disse.
   - Não vai caçar hoje?
   - Estou entediado. Já cacei o bastante ontem. - respondeu dando de ombros.
   - Otimo, talvez possa tomar conta do quarto de Marcus no nosso lugar essa noite entao! - disse um muito animado.
   Bella não pode evitar arquear uma sobrancelha. Sorte? Devia ser um bom sinal. Você pode ser um maldito vampiro popular, mas pelo jeito é bem confiável, não é Michael? Muito obrigada.
   - Será um prazer - respondeu com um sorriso.
   Os dois vampiros deram uns tapinhas nas costas dela agradecendo e voltaram a andar. Bella ainda ficou parada no mesmo lugar olhando-os se afastarem. Assim que eles sumiram nos corredores ela olhou para a imensa porta do quarto de Marcus.
   Não pode evitar sentir uma pontada de apreenção. E se Marcus não se convencesse? Ela teria problemas para sair dali com o corpo de Michael e depois teria mais problemas para sair da cidade com o próprio corpo.
   Balançou a cabeça para afastar os pensamentos. Agora não é hora de duvidas Bella! Venceu as duas passadas seguintes, estendeu uma mão ate a maçaneta e girou-a.
   Assim que mirou o interior do quarto de Marcus não pode deixar de se surpreender. Não que ela achasse que todos os vampiros fossem soturnos, afinal, ela era uma vampira e não era soturna, mas defiitivamente não esperava que um quarto com aquele pertencesse a um dos vampiros mais temidos do mundo.
   As paredes eram claras, num tom de creme suave, como se pretendessem transmitir uma espécie de paz. Em duas delas estavam instaladas imensas prateleiras que iam do chão até o teto e que estavam recheadas de livros. Bella imaginou que tipo de livros Marcus teria ali, mas logo desviou os pensamentos. Não tinha tempo para aquilo afinal.
   A janela estava fechada com uma cortina branca de aparencia pesada. Nem um milimetro da luz noturna passava por ela. Imponente como o dono, Bella pensou. A única mobilia do quarto era uma mesa antiga com alguns papeis jogados e uma espécie de sofá, um divã, que ficava logo ao seu lado.
   E ali no divã era onde ele estava.
   Marcus a olhou no momento em que ela, ou Michael no ponto de vista dele, irrompeu pela porta. Ele estava sentado no divã, com um livro relativamente grosso nas mãos. Esperou até que ela fizesse sua rapida inspeção pelo quarto e pareceu perceber seu espanto.
   - Acho que você deve ter vindo aqui e entrado desse jeito por um motivo bem melhor do que apenas curiosidade sobre o meu quarto, estou certo? - a voz de Marcus a acordou de seu rapido devaneio.
   Fechou a porta atras de si e mirou o vampiro firmemente.
   - Olá, Marcus...
   Marcus arqueou uma sobrancelha e fechou o livro com cuidado, não sem antes marcar muito bem a pagina onde estava. Colocou-o sobre a mesa calmamente. E tudo sem nem ao menos retirar os olhos dela.
   - Você é um dos nossos relativamente novos vampiros, eu me recordo de você. Mas, por alguma razão, ao mesmo tempo que é você, não me parece você - ele declarou cautelosamente.
   Bella não pode evitar dar um discreto sorriso de canto. Finalmente alguem esperto o bastante! E o melhor, Marcus parecia não gostar de rodeios tambem.
   Notou que Marcus arqueou mais ainda as sobrancelhas quando ela sorriu. Sua pele parecia que ia desfarelar com aquele ato.
   - Tem razão Marcus... não sou Michael... não própriamente dito pelo menos. O corpo é dele, não há como negar... - viu que Marcus não relaxou a expressão nem um milimetro - Oh, desculpe, acho que estou tornando as coisas ainda mais complicadas...
   - Se você não é Michael... - Marcus a cortou, não asperamente, mas num tom que não permitia interrupções - ... então quem, exatamente, é você?
   Cruzou os braços confiante. O sorriso aumentou consideravelmente mostrando os dentes salientes.
   - Fazia muito tempo que não viamos Marcus, espero que não tenha esquecido de mim - ela tinha que provocar, não tinha? Se não não seria ela - Sou eu, Isabella Swan.
   Marcus apertou mais ainda os olhos antes da compreensão lhe abater e ele arregala-los no mesmo momentos em que se punha em pé num salto.
   Bella ao mesmo tempo colocou as mãos em frente ao corpo em sinal de paz.
   - Ei ei ei! Fique calmo Marcus, não vim fazer nada demais, nem contra você, nem contra ninguem.
   Marcus se manteve alerta.
   - Veio fazer o que aqui Swan? O que quer de mim?
   Bella ficou seria de repente. Marcus observou o modo como ela mudava rapidamente de expressão.
   - Vim conversar. - ela disse seriamente - Uma conversa que esta sendo adiada a muito, muitos anos.
   Devido ao seu tempo de existencia, haviam poucas coisas que despertavam seu interresse, o mundo era relativamente monotono para ele, e Marcus não podia negar que o assunto daquela Swan com ele era uma dessas coisas.
   Mas, como sempre, não deixaria ela perceber isso tão facilmente.
   - E o que te faz pensar que algo do que você tenha para dizer possa ser de meu interesse?
   Uma faisca de raiva passou pelos olhos de Bella!
   - Achei que a verdade sobre a morte de sua esposa fosse um assunto bem interessante ao seu ver - Bella disparou com um toque de raiva não contida.
   Marcus fechou os punhos no mesmo momento. Seus dentes trincaram e os lábios franziram fortemente. Ele estava com raiva, Bella percebeu. Ardendo em raiva.
   - Como você se atreve? Aquela sua irmã foi a responsável pela morte de Didyme e você ainda se atreve a vir me dizer essas baboseiras? - ele quase gritava.
   Ao que parecia a única coisa capaz de o tirar do seu estado letargico era a mensão de Didyme.
   - Não é baboseira - Bella se manteve firme e Marcus não pode deixar de admirar isso - Não é baboseira e você sabe disso!
   - Eu não sei de nada!
   Aquilo estava virando uma discussão ou era impressão dela? Bella revirou os olhos. Não podia deixar aquilo acontecer.
   - Ah, você sabe sim. Nunca desconfiou o modo como Daiana entrou aqui sem ser notada ou como escapou sem ser pega? Didyme tambem tinha um dom, porque ela não fugiu de Daiana ou pediu por ajuda? Ela era bem capaz de fazer isso e muito mais!
   - Coincidência! - Marcus ainda retrucou.
   Pensando bem, é, ela ia deixar aquilo virar uma discussão sim!
   - Pelo amor de Deus aqui o castelo mais protegido de todos os tempos, quais seriam as chances disso ser coincidência? Não minta pra mim Marcus, você não consegue mentir nem para si mesmo! Sabe que sempre houve algo de errado nessa história!
   - E por que eu deveria acreditar em você Swan! - ele avançou um passo.
   Otimo, agora era certo, aquilo era uma discussão!
   Bella respirou fundo.
   - Ouça Marcus, eu sei que você desconfia de tudo isso tanto quanto eu. Eu estou te dando a chance de descobrir a verdade. Uma única chance, esta, é o que você vai ter em toda a sua existência. A chance de descobrir porque sua esposa foi morta. Mas pra isso Marcus, você vai ter que me acompanhar. Agora.
   Marcus não moveu um musculo sequer enquanto parecia analisar as palavras dela. Bella sentiu uma pontada na cabeça novamente.
   "Você vai me pagar por isso sua vaga..." Droga! Fique quieto Michael! Bella o ouvia mais claramente agora. Isso definitivamente não era um bom sinal.
   Respirou fundo, prestes a dar o cheque em um dos mestres dos vampiros.
   - Sei que é dificil pra você Marcus, mas vai ter que confiar em mim... assim como eu vou confiar em você...
   - O que quer dizer com isso? - ele pareceu visivelmente mais calmo e muito mais interessado.
   - Eu preciso deixar a mente de Michael. Rápido. E nós precisamos sair daqui juntos caso você aceite descobrir a verdade. Você irá comigo buscar o meu corpo, Marcus.
   Um silêncio meio desconfortável pairou sobre eles. Bella analisou Marcus por um momento. Ele não estava mais naquela pose contida de agressividade, mas tambem não conseguia notar nenhuma curiosidade. Era como se ele estivesse muito empenhado em esconder qualquer emoção enquanto pensava.
   Quem diria que Marcus iria conseguir me enganar com sua expressão. Justo eu que as analiso tão bem.
   Marcus permanecia olhando para ela com um olhar indecifrável. Ele passou os olhos pelo rosto de Micael. Como era possível que ninguem havia notado a diferença? O jeito olhar era totalmente diferente. Com Bella no "comando" por assim dizer, eram mais astutos, como se viessem com a frase "vamos acabar logo com isso para que eu possa fazer algo mais interessante".
   Mas ele não podia deixar de ver tambem a fadiga neles. Aquela Swan não estava mentindo. Algo a estava cansando e muito.
   Ele se moveu devagar. Desviou os olhos dela e fixou-os em uma das enormes estantes abarrotadas de livros.
   Bella pareceu sentir a hesitação dele.
   Arragalou os olhos. Não era possivel. Era?
   - Você está... com medo Marcus? - perguntou cautelosa.
   A partir do momento em que Marcus não desviou o olhar dos livros e não retorquiu a afirmação dela, Bella soube que estava absolutamente certa.
   - Pois então somos dois - Bella disse finalmente chamando a atenção dele para si.
   - E porque você estaria com medo Isabella? - agora sim ele estava profundamente interessado.
   Bella sustentou o olhar dele.
   - Nós sempre temos medo quando nosso futuro está em jogo Marcus. Quando o que achavamos ser verdade se torna a maior mentira de nossas vidas. As mudanças nos dão medo Marcus. É inevitável.
   Bella nem se deu conta do que dizia. Sua cabeça latejava.
   - Você é muito inteligente para alguem da sua idade - a voz de Marcus a tirou de seus devaneios.
   Bella olhou espantada para ele.
   - Obrigada - falou sinceramente.
   Aquilo era meio surreal até para alguem como ela que ja havia passado por muitas coisas. Ela estava ali, no maior centro de concentração dos vampiros, dominando o corpo de um vampiro muito chato e popula e tendo uma conversa amigável com um dos mestres dos vampiros...
   Se ela fosse humana iria precisar de terapia.
   - E como vamos sair daqui Swan? - assustou novamente. Realmente estava divagando demais, já era a segunda vez que a voz de Marcus a pegava desprevinida.
   Olhou-o e viu-o observando-a atentamente.
   - Parece que resolveu finalmente confiar em mim.
   Marcus começou a andar ate ela lentamente. Bella não pode evitar se sentir um pouco apreensiva.
   - Você me disse muitas coisas que me deixaram intrigado e isso é algo muito dificil de se conseguir. Acho que realmente esta na hora de eu deixar a indecisão de lado e saber algumas coisas. Alem disso, você tambem esta confiando em mim, afinal, eu vejo o seu cansaço.
  Quando ele terminou ele estava bem perto dela. Marcus era uns bons centimetros mais alto que ela.
   Mas ao contrario do que ele imaginava, Bella sorriu, parecendo deliciada com alguma coisa.
   - Até que enfim um vampiro esperto entre os Volturi - ela brincou.
  Incrivelemente Marcus não se sentiu ofendido.
   - Então, como pretende nos tirar daqui? Não acho que vão me deixar sair daqui assim tão facilmente Swan.
   Bella deu mais um de seus sorrisos.
  - Troque de roupa, totalmente, deixe todas essas roupas aqui e coloque outras que você não usa a muito tempo. Você tem algo que você não usa a muito tempo? Se não tiver me diga que eu vou encontrar algo.
   Marcus observou uma certa euforia nela. Animação talvez?
   - Eu sou Marcus Volturi, é claro que eu tenho roupas, mais do que posso usar alias - ele arqueou uma sobrancelha - O que você pretende afinal?
   - Troque de roupa primeiro. Perguntas depois. A noite está passando e com ela o nosso tempo. - Bella decretou e não pode deixar de se sentir um pouco importante quando Marcus concordou com um aceno e se dirigiu ate uma pequena porta ao lado de uma estante a qual ela ainda não tinha reparado. Ao que parecia ali era o closet ou o mais perto daquilo.
   Nem três minutos depois Marcus surgiu um tanto... diferente. Ele usava uma especie de terno, impecavelmente negro e limpo.
   Bella sentiu o queixo cair um pouco. Ele parecia seculos mais novo.
   Marcus sorriu discretamente.
   - Algum problema Isabella?
   Bella balançou a cabeça um pouco contrangida.
   - Nenhum mesmo, só meio... inesperado. Muito inesperado.
   - Achou que eu não teria roupas descentes alem daqueles mantos?
   - Não, mas eu espera... bem, não sei exatamente o que esperava. Onde estão as roupas que estava usando? E por acaso você teria ai um manto ou algo assim com capuz? - Marcus olhou zombativo para ela que suspirou - É claro que tem... me traga tambem sim?
   Marcus sumiu e voltou em menos de dois segundos e entregou a ela as roupas que havia acabado de tirar e o manto tambem negro.
   - Bom, você passa bastante tempo no seu quarto, o que me poupa o trabalho de ter que esfregar as suas roupas em cada canto para manter o seu cheiro. Mesmo assim, melhor me certificar quanto ao divã pelo menos.
   Marcus observou-a ir até o divã e esfregar suas roupas em todo ele como se fosse um pano de lustrar móveis. Logo depois ela deixou as roupas ali mesmo.
  - Muito bem, isso deve bastar ate a nossa volta. - Bella disse satisfeita farejando o ar e sentindo o cheiro de Marcus ali. Definitivamente serviria para enganar aquela noite - Tome - ela entregou-o o manto - Para você se cobrir e ninguem te reconhecer, obvio. Vamos.
   Foi se dirigindo até a porta, mas parou quando notou que não ouvia outros passos alem dos seus. Virou e viu Marcus ja com o manto, mas com os braços cruzados para ela.
   - O que exatamente você vai fazer? - ele perguntou simplesmente, mas estava implicito que ele não se mexeria até que ela dissesse o que faria.
   - Não é obvio? Vou esconder nossos cheiros, ou melhor, o seu cheiro. Agora vamos, por favor, a voz de Michael está me incomodando.
   Marcus pareceu que queria perguntar mais, mas algo no rosto dela fez com que ele se calasse e assentisse.
   Ambos sairam silênciosamente do quarto dele e Marcus ainda teve o cuidado de trancar a porta e trazer a chave consigo. "Por via das duvidas" disse ele.
   Para quem estava todo irritado no começo da conversa, se é que podia ser chamado de conversa, até que ele esta cooperando muito bem agora. Bella pensou. O que a curiosidade não faz com as pessoas...
   Andaram por alguns corredores sem encontrar nenhum vampiro. Marcus pareceu intrigado.
   - Todos estão nas ruas, caçando - Bella explicou antes que ele perguntasse - Se formos por esses corredores menos movimentados não teremos problemas, mas espero que você ainda saiba correr muito rapido Marcus, porque as coisas começarão a se complicar assim que sairmos daqui se não formos rapidos.
   - Fique calma Swan, sou capaz de muitas coisas ainda apesar da idade.
   Ele parecia confiante. Bella esperava que ele realmente estivesse falando a verdade.
   Bella condiziu-o por uma espécie de rota de fuga que ja havia tramado naqueles dias que permancer ali. Eram os corredores mais vazios, com as salas que não tinha utilidade alguma. E em uma dessas salas havia uma única janela sem grades. E era por ali que eles passariam.
   - Você está falando sério? - Marcus indagou quando ela lhe mostrou a janela - Você quer que EU pule pela janela?
   Bella permaneceu olhando para ele com os braços cruzados como que esperando.
   Marcus suspirou.
   - É, pelo jeito quer... - ele murmurou.
   Bella revirou os olhos sem que ele visse.
   - Você vai primeiro e eu vou logo atrás. Corra até o terceiro predio a nossa esquerda, é onde os vampiros se concentram menos embora eu nao saiba o porque. Pare la e me espere por dois segundos, eu tomarei a frente e dai você me seguirá. Ok?
   Mas Marcus já estava preparado para saltar.
   - Ok Swan - e sumiu pela janela.
   Bella não teve tempo de praguejar embora quisesse muito. Saiu em disparada logo atrás dele e parou ao lado dele no prédio.
   - Levou três segundos - ele sussurou muito baixo segurando o capuz firmemente e olhando para frente - E você estava enganada ao que parece...
   Bella olhou para frente para ver ao que ele se referia e viu três vampiros olhando para eles. Ao que parecia os vampiros finalmente haviam notado aquele predio.
   Os três vampiros estranhos os olhavam desconfiados.
   - Ei, o que querem aqui? - um deles disse já se levantando e aparentando estar irritado.
   - Não tenho tempo para isso agora... - Marcus escutou Bella sussurar antes dos três vampiros arfarem e cairem imoveis no chão - Vamos, antes que eles acordem.
   Marcus não hesitou em segui-la.
   - O que você fez lá trás? - não pode evitar perguntar.
   - Só uma pequena pane no cerebro por assim dizer. Eles aparam por alguns minutos, tempo suficiente para que estejamos bem longe e eles não possam nos se...
   Em seguida Marcus ficou perdido. Num momento ele e aquela Swan conversavam sobre o que ela havia feito com os outros vampiros e de repente, ela havia arfado e caido no chão.
   Bella mantinha as duas mãos na cabeça e rangia os dentes fortemente.
   - Isabella? - Marcus perguntou sem saber o que fazer com a Swan estatelada no chão. Sentiu alivio quando ela parou de gemer. Abaixou-se e ajudou-a a se sentar no próprio chão frio.
   - Desculpe por isso... - Bella murmurou baixinho. Marcus notou que ela respirava fortemente.
   - Não sei se é algo que eu tenha que desculpar - Marcus foi sincero - Algo me diz que não é algo que você seja culpada.
   Bella respirou profundamente e levou as mãos as temporas e pressionou-as fortemente. Fechou os olhos.
   - Talvez seja, talvez não. Alice diz que sou meio negligente e faço mais coisas do que sou capaz de aguentar. Talvez ela esteja um pouco certa - fez uma nova careta - Dê-me uns segundo e ja poderemos seguir.
   Marcus assentiu embora ela estivesse com os olhos fechados e não pudesse ver seu gesto. Observou-a ficar totalmente imóvel por uns momentos antes de abrir novamente os olhos.
   Bella levantou-se e não dispensou a ajuda de Marcus quando ele a ajudou. Sua cabeça latejava. Muito. Ela realmente estava se esforçando demais.
   - Vamos - disse a Marcus - Precisamos ir mais rapido ainda.
   - Precisa do seu corpo - Marcus não perguntou, ele afirmou.
   Suspirou.
   - Exatamente.
   - Vamos logo então, não quero que você consiga o impossível me matando de susto com outro ataque desses - Marcus disse em seu tom monotono de sempre.
   Bella sorriu.
   - Ficou preocupado comigo Marcus? -perguntou provocativa. Marcus desviou o rosto e não disse nada. O sorriso dela aumentou. - É por aqui.
   Assim que se puseram a correr um silêncio se instalou sobre eles. Marcus finalmente começou a se indagar se estaria fazendo a coisa certa. Afinal, desde a morte de Dydime ele não fazia nada sem o conhecimento e consentimento do irmão.
   Aro. Marcus sempre teve uma certa duvida com relação a ele. Na verdade, as duvidas não eram dele, eram de Dydime. Ela sempre lhe dizia que não tinha nada contra o vampiro, mas que tinha algo nele que não a fazia se sentir bem ou segura. Por isso eles iriam deixar o lar dos Volturi em Voltera. Mas isso não chegou a acontecer.
   Fitou as costas de Michael que no momento era controlado por Bella. A primeira coisa que devia ter feito quando ela revelou quem era devia ter sido chamar todos os guardas possiveis, imobiliza-la, obrigá-la a contar onde estava o verdadeiro corpo e mante-la prisioneira.
   Se ele sabia o que deveria ter feito então porque não o fizera?
   A verdade é que sentia que Isabella Swan e suas irmãs tinham muito a lhe revelar. Quando ela o convidou a descobrir a verdade sentiu medo. Sabia que o que quer que descobrisse mudaria sua vida para sempre. E tambem sabia que a verdade que fosse envolveria Aro.
   Marcus sempre foi o mais intuitivo dos irmãos e ele sempre soube que era por causa de Dydime. A esposa o incentivava a cultivar o que existia de melhor nele e a confiar em seu dom e seus pressentimentos.
   Pressentimento que ele não seguiu com relação ao próprio irmão. Aro havia ficado furioso quando descobriu que Dydime e ele pretendiam deixar Voltera, mas Marcus pela primeira vez enfrentou o irmão e disse que a decisão estava tomada. Mas dias depois Daiana Swan matara Dydime.
   Coincidencia? Iria descobrir naquela noite.
   - Diga-me Isabella...
   - Bella - ela o interrompeu - Só Bella por favor, Isabella me lembra quando eu ainda era humana e embora não sejam lembranças ruins, me trazem saudades. Por isso, só Bella, se não se importa.
   Ela não havia diminuido a corrida e nem olhado para ele ao falar, mas Marcus notou algo na voz dela.
   - Sente saudade de ser humana... Bella?
   - De certas coisas sim, da maioria não. Descobri muito mais coisas depois de vampira do que teria descoberto numa vida toda humana. - ela respondeu sem hesitar.
   - Então do que sente saudade exatamente? Pude ouvir a saudade transbordando em sua voz quando me disse para chamá-la de Bella.
   Marcus ouviu o riso dela.
   - Sinto saudades das pessoas que me apelidaram de Bella. Simples assim.
   - Suas irmãs?
   - Exatamente.
   - Mas não era isso que eu queria perguntar - Marcus continuou - O que, exatamente aconteceu com você lá atras?
   Ele notou que Bella hesitou por um momento.
   - Entenda Marcus, meus poderes tem dimensões que você e seus irmãos nem imaginam. Porem, tanto poder assim... me traz consequências. Foi por isso que eu disse que eu confiaria em você tambem Marcus, você verá algumas das consequencia do uso excessivo do meu dom. O que você fará com a informação depois, será uma escolha sua.
   - Sabe que não posso esconder nada de Aro...
   - Não se preocupe com isso agora... tenho algo que desenvolvi especialmente contra o dom de Aro... - Bella disse enigmatica.
   - Você esta me deixando confuso. Vai me explicar?
   - Tudo na hora certa - Marcus via vacilar por um momento e ela diminiu um pouco a corrida para depois retomá-la mais rapido. Será que ela teria outro ataque? - Respondendo sua primeira pergunta Marcus, estou ficando cansada.
   - Cansada? Como assim cansada?
   - Cansaço mental para ser mais exata. Como ja disse antes, estou fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Controlando Michael, dando leves sugestões na mente de outras pessoas, escondendo cheiros, "apagando" vampiros... e tudo isso de um corpo que não é o meu, o que aumenta meu esforço. Minha mente está fadigada. Esta querendo descanso.
   Marcus estava abobalhado.
   - Como... como isso é possivel?
   - Existem muitas coisas possiveis Marcus, muitas. Temos realmente muito o que conversar. Chegamos.
   Marcus observou o modesto prédio que se estendia sua frente. Era pintado num tom marrom como que para imitar tijolos e deixar a construção com uma cara mais rustica. Era alto e ate um pouco imponente.
   - Ultima janela do canto direito - a voz de Bella o tirou de sua observação - É o quarto que aluguei. Vou primeiro e você vem logo após, tudo bem?
   Marcus assentiu e Bella deu um impulso e em seguida alcançou a janela e sumiu dentro dela. Não hesitou antes de dar um impulso tambem e segui-la. Agora não haveria mais volta mesmo.
   Assim que passou pela janela, as cortinas brancas serpentearam a sua volta. Ele observou o interior do modesto comodo, mas o que chamou sua atenção foi o canto que estava a cama.
   Deitada nela estava o corpo de Bella, muito pouco diferente do que ele se lembrava de seu ultimo encontro com ela. Ia aproximar-se da cama quando Bella ainda controlando o corpo de Michael surgiu da porta que dava para o banheiro.
   Era meio surreal. Bella controlava Michael, então aquele enorme Michael se movendo era Bella. Mas o corpo na cama tambem era Bella... é, realmente muito surreal.
   Bella sentou-se na beirada da cama e observou o proprio corpo. Obviamente nada havia mudado desde que ela saira dali a praticamente quatro dias. Havia deixado ordens de que ninguem entrasse naquele quarto, arrumadeira ou quem quer que fosse.
   - Isso é meio estranho sabia? - Marcus falou e ela não pode evitar sorrir.
   - Eu mais do que ninguem concordo com isso Marcus. Não vejo a hora de me livrar desse maldito Michael e voltar a ser somente eu.
   - Já que tocou no assunto... o que você fará com Michael?
   Bella olhou para ele, mas Marcus mantinha os olhos no verdadeiro corpo dela. Ele parecia curioso.
   - Vou apagar a mente dele. Mas isso fara com que ele fique como que em coma por assim dizer. Quando tudo estiver seguro pedirei a Rosalie para vir aqui e traze-lo de volta.
   Marcus finalmente a olhou e seus olhos estavam arregalados.
   - Não entendi uma palavra do que disse... como isso é possivel? - Bella sorriu calmamente e lhe explicou como aquilo de apagar memorias funcionava. - Entendo... o que esta esperando então?
   Marcus viu-a suspirar.
   - Nada na verdade, mas estou analisando as chances de Michael recuperar seus movimentos antes de eu recupere os meus e poder faze-lo esquecer de tudo. Estou cansada e ele esta a toda e furioso. - levou uma mão a tempora novamente - Muito furioso.
   Marcus viu o olhar dela se voltar para o proprio corpo na cama.
   - Há algo que eu possa ajudar? - não pode hevitar perguntar. O que aquela Swan tinha afinal que o deixava com a guarda baixa? Quando Bella o olhou surpresa ele se sentiu envergonhado pela primera vez em seculos.
   Mas logo Bella sorriu.
   - Você é forte Marcus?
   - Porque a pergunta? - Marcus perguntou desconfiado.
   - Porque acho que vou realmente precisar de ajuda. Assim que eu voltar totalmente para minha mente, levara alguns segundos, tanto para mim quanto para Michael recuperarmos nossos movimentos. Preciso que segure Michael caso os movimentos dele voltem antes que os meus. Acha que pode fazer isso?
   - Sem problemas - respondeu sem hesitar e viu que Bella ainda mantinha os olhos nele - O que foi?
   Bella desviou o olhar do dele ao reparar que o estava deixando sem graça. A vontade dela era gargalhar na verdade, mas estava se contendo. Voltou a olhar para o seu corpo na cama.
   - A cada minuto você me surpreende mais Marcus Volturi.
   Marcus ficou intrigado com a afirmação dela, mas não teve tempo de perguntar, pois ela ja se inclinava sobre o proprio corpo e abria as palpebras antes fechadas. Ele pode ver as enorme iris douradas dela. Imoveis e sem brilho.
   - Muito bem, prepare-se Marcus. Vai ser rapido, vou liberar a mente de Michael de uma vez.
   - Estou pronto - ele disse se aproximando e ficando pronto para segurar Michael.
  Assim como Bella havia dito, foi realmente tudo rapido. Num momento estavam naquela cena: Bella no corpo de Michael inclinada sobre o próprio corpo imovel e em numa fração de segundos, Michael arregalou os olhos e deu um impulso para trás, caindo sentado no chão, enquanto Bella piscava inumeras vezes na cama.
   Marcus observou, agora cada qual em seu corpo, respirar profundamente embora desnecessario. Ambos olharam em volta, os dois ainda de olhos arregalados.
   Viu Bella mexer levemente a cabeça para o lado em que ele estava e mirar os olhos dourados nos vermelhos descrentes dele. Ja Michael parecia estar com certa dificuldade para mexer as mãos, que era o que ele tentava fazer no momento.
   Era muito estranho. Tanto Bella quanto Michael pareciam desnorteados e perdidos no espaço.
   - O que... aconteceu... - ouviu Michael ainda no chão perguntar e tentar se levantar - o que... você fez comigo...
   Marcus voltou o olhar para Bella. Ela tentava firmar os braços na cama para se levantar, meio sem sucesso ao que parecia. Então voltou seus olhos novamente para ele.
   - Segure-o... agora... - embora ela tivesse murmurado Marcus obviamente havia entendido. E não hesitou em fazer o que ela havia dito.
   Agarrou os braços de Michael e os puxou para tras. Fez um esforço para levantá-lo ja que Michael ainda não conseguia se manter em pé direito. Felizmente tambem, Michael era muito menor que ele, o que facilitava para Marcus imobiliza-lo totalmente.
   Bella pareceu relaxar visivelmente e fechou os olhos enquanto mexia as mãos. Marcus notou que as penas dela tambem ja estavam voltando ao seu comando.
   Talvez ela conseguisse voltar a se mexer totalmente antes de Michael.
   - O que... - Michael olhou ao redor e sem conseguir ver quem o imobilava ficou mais confuso ainda, mas tudo se esclareceu quando botou seus olhos em Bella. As lembranças lhe vieram a mente, inclusive as pequenas partes que tinha pego quando ela o controlava - Ora sua vagabunda!
   Ou talvez Bella não se recuperasse antes de Michael. Foi o Marcus pensou quando o jovem vampiro começou a espernear para livrar-se dele e a gritar incessantemente.
   - Sua vampira imunda! Como se atreveu a fazer isso comigo? Você vai se arrepender, eu vou fazer você se arrepender! - no meio dos gritos Michael tentava olhar para o rosto do ser que o segurava, mas era em vão - E você tambem me largue! Vou fazer você dois se arrependerem! Eu sou um Volturi!
   - Que coincidência! - Marcus nao pode evitar zombar - Mas não creio que você seja capaz de fazer algo contra mim.
   Michael parou um pouco de espernear. Aquela voz lhe era familiar, muito familiar. Da onde a conhecia?
   - Já se lembrou? - Marcus voltou a perguntar quando notou que ele havia relativamente se acalmado. 
   Michael congelou. Ele sabia exatamente de onde conhecia aquela voz.
   - Mestre... Marcus? - perguntou incerto, torcendo para estar errado.
   - Ao seu dispor - Marcus continuou zombando.
   Michael pareceu  sem saber o que fazer.
   - Mestre Marcus... essa mulher... essa vagabunda... ela me enganou! Eu não tenho culpa de nada do que ela possa ter feito! São poucas as coisas que eu me lembro de quando ela me controlava, por favor, piedade mestre Marcus!
   - Não é a ele que tem que pedir piedade Michael... mas sim para mim - a voz de Bella, suave e imponente ao mesmo tempo, cortou o ambiente.
   Os dois homens olharam para ela e viram-na sentada na cama com os braços apoiados ao lado do corpo. Levou uma mão ate os cabelos e os ajeitou despreocupadamente. Fez um leve esforço e pos-se em pé. Tranferiu o peso de uma perna para outra ate se acostumar e só depois olhou para eles.
   - Michael, Michael... - Bella murmurou enquanto dava um pequeno passo meio inseguro - Sabia que de todas as mentes que ja controlei ou invadi, você está entre as mais irritantes?
   - Sua vagab... - Michael começou a gritar mas parou quando sentiu os braços de Marcus se fecharem com mais força a sua volta - Mestre Marcus, fuja! O senhor não pode ficar perto dessa imunda ou ela vai controla-lo tambem!
   Marcus olhou para Bella por cima da cabeça de Michael. Ela parecia se divertir enquanto dava pequenos passos ate eles.
   - Não me lembrava dele ser tão burro... - sussurrou para ela.
   - Acredite, ele é mais burro do que você imagina - Bella começou a sorrir e estava a pouco mais de um metro deles - Agora... Michael... sinto lhe informar, mas você tera que ficar um tempo, indeterminado, fora das vistas...
   Michael arregalou os olhos.
   - Eu ja vi do que você é capaz, não é possivel que tenhas mais truques com você...
   - Hum, você acha mesmo? - Bella parou a quase trinta centrimetros do rosto dele e olhou bem fundo naqueles olhos agora negros - Que pena pra você, odeio ser subestimada, talvez deva lhe mostrar mais um ou dois de meus "truques"... adeus, Michael e... obrigada pela ajuda.
   Marcus sentiu o corpo inteiro de Michael se retesar, como se ele estivesse com dor. Michael por sua vez só teve tempo de soltar um grito curto e baixo antes de seu corpo amolecer e ele fechar os olhos por tempo indeterminado.
   - Coloque-o na cama por favor Marcus - Bella pediu gentilmente e foi se dirigindo ate o banheiro.
   Marcus fez o que ela pediu sem contestar. Depositou o corpo imovel do jovem vampiro onde minutos antes estava o de Bella.
   Bella. Ele não podia evitar sentir-se um pouco inseguro agora que ela estava de volta ao corpo dela. As lembranças do ultimo encontro deles ainda estava viva na memoria dele. Mas ele havia percebido que aquele tempo que eles não se viram haviam mudado-a de um jeito que ele não sabia explicar.
   Ela tinha jeito de lider. Era calma, poderosa, seria uma excelente Volturi. A melhor provavelmente. Riu do próprio pensamento, ela nunca aceitaria ser um deles, nem ela e nem as irmãs. E tinha que admitir que não a culpava por isso.
   Seguiu para o banheiro com passos lentos e encostou-se no batente.  Observou Bella parada em frente ao espelho observando suas feições com cuidado, como que procurando por algum erro. Logo depois, de repente, ela abriu um sorriso inesperado.
   - É ótimo ser só eu... - Bella murmurou e olhou para Marcus pelo reflexo do espelho - Desculpe Marcus, nós ja vamos.
   - Vamos? - Marcus ficou confuso - Vamos para onde?
   - Se você não se importar, quero levar você para um lugar que sempre tive a curiosidade de conhecer. E lá poderemos conversar com calma, sem que corramos o risco que algum vampiro passe e nos escute.
   - E onde seria esse lugar? - Marcus perguntou incrivelmente mais curioso do que desconfiado.
   - Deixe-me te surpreender Marcus - foi tudo que ela disse e voltou a mirar sua própria imagem no espelho.
   - Surpreender? Mais? - Marcus arqueou a sobrancelha e se surpreendeu quando Bella gargalhou levemente. Ela parecia a vontade com ele e incrivelmente Marcus sentia o mesmo com ela.
   Bella fez com que ele esperasse cinco minutos. Ficou o tempo todo em frente ao espelho, observando a própria imagem, mas na verdade, estava dando um descanso a sua mente antes que enfrentassem mais um pedaço de caminho até chegarem onde o lugar que ela pretendia conhecer com Marcus.
   Depois de um tempo ajeitou os cabelos e suspirou. Virou-se e viu Marcus ainda parado no batente da porta, exatamente igual a última vez que o tinha olhado.
   - Desculpe a espera, acho que devemos ir ou não teremos tempo suficiente - ela disse a ele que somente assentiu e deu passagem para que ela voltasse até o quarto.
   Bella passou os olhos pelo corpo de Michael agora na cama e teve uma terrivel sensação de dejà vú, mas na última vez foi pior pois era o corpo dela que estava ali.
   - Muito bem - disse e virou-se de repente para Marcus, teve a impressão de o ter assustado, mas não mencionou nada - Faremos quase igual como quando saimos do castelo: saia e espere na rua mesmo, aqui não é muito movimentado nem mesmo por vampiros, me espere e eu passarei a frente e você me seguirá. Mantenha o rosto coberto e eu vou esconder nossos cheiros. Teremos que ir um pouco mais devagar, afinal vou me guiar por memórias.
   - Por memórias? - Marcus perguntou embora ja tivesse se dirigido a janela e observava se realmente não havia nenhum vampiro por perto naquela rua.
   - Entenderá quando chegarmos lá - Bella garantiu.
   Marcus assentiu e cobriu a cabeça com o capuz ao mesmo tempo em que saltava da janela. Bella se surpreendeu mais um vez por Marcus estar colaborando tão facilmente. Olhou para o brasão em seu pulso.
   - Obrigado pela ajuda Daiana...
   Pulou para a rua e parou por dois segundo as lado de Marcus, só para ambos começarem a correr logo depois. Bella dirigiu-se até quase a entrada da cidade, depois virou-se e entrou na imensa folhesta. Marcus não perguntou nada, mas a medida que iam se embrenhando cada vez mais na mata fechada, ele sentia o receio crescendo.
   - Fique calmo Marcus - Bella disse como se lê-se seus pensamentos - Sei que isso é estranho, mas acho que estamos quase chegando.
   - É impressão minha ou você esta meio na duvida se estamos no caminho certo? - ela pode sentir a tensão na voz dele.
   Resolveu ser totalmente sincera com ele.
   - Não é impressão. É um lugar que nunca fui... só espero que ainda esteja lá...
   Marcus abriu a boca para reclamar incrédulo. Como assim ela não sabia direito para onde estavam indo? Mas quando ia faze-lo, Bella parou abruptamente o que fez com que ele quase esbarrasse nela.
   Bella olhou para os lados naquela mata fechada. Estavam no caminho certo. A floresta podia ter ficado mais densa naqueles anos todos, mas o lugar era aquele. Passou a andar em passos humanos dessa vez, apenas ouvindo os passos de Marcus atrás de si.
   De repente ela removeu um arbusto enorme e estacou novamente, mas dessa vez Marcus não conseguir evitar esbarrar nela.
   - Você pederia avisar quando for fazer essas pausas... - ele reclamou mas ela não respondeu - Bella?
   - Chegamos... - Bella murmurrou com um tom de voz novo para Marcus. Ela parecia... emocioanada? Finalmente olhou para frente e viu no que Bella mantinha o foco tão firmemente.
   Ali, entre a floresta, havia uma pequena casa, quase uma cabana praticamente. A madeira parecia desgastada pelo tempo, embolorada e com musgos crescendo por ela. A porta estava fechada, mas quase caindo e as janelas quebradas. O telhado simples faltavam em alguns pedaços. Ao lado da porta uma espécie de banco que outrora devia ter sido realmente muito bonito, mas que agora falatavam algumas tabuas, deixando-o meio desleixado. O tempo havia realmente feito um enorme estrago ali.
   Havia outras casinhas quase iguais a aquela, elas mantinham uma distancia razoavel umas das outras, mas agora todas estavam abandonadas, sem sinal nenhum de vida. Era como um pequeno conjunto de casas que havia sido engolido pela floresta e esquecido de todos.
   Mas era aquela, bem na frente deles, que Marcus resparou que chamava a atenção de Bella.
   - Bella? - ele arriscrou chamar, mas ela não respondeu de imediato.
   Bella estava sem folego. Figurativamente claro. Estava sem palavras, sem ação... finalmente estava conhecenco aquele lugar... ouviu a voz de Marcus ao fundo e olhou levemente para ele.
   - Desculpe... disse algo?
   Marcus franziu as sobrancelhas.
   - Te chamei algumas vezes mas você parecia estar realmente longe - voltou a olhar para a pequena casa - Que lugar é esse exatamente?
   Bella suspirou e começou a andar em direção a casinha. Calmamente e sem tirar os olhos dela nem um minuto. Sua mente absorvendo cada milimetro daquela visão.
   - A muitos anos, pouco mais de dois séculos na verdade, isso aqui fazia parte do povoado - Bella começou a explicar sem pressa alguma. As palavras pareciam decoradas, como se ela tambem ja as tivesse escutado muitas vezes - Podemos dizer que as pessoas mais simples de Voltera viviam aqui. Mas com o tempo, as familias foram deixando esse lugar e se mudando mais para a cidade. Nesse lugar só restou floresta e lembranças.
   - E... - Marcus sabia que havia algo mais, uma razão maior, para Bella tê-los atrazido até ali.
   Bella sorriu sem olhar para ele. Os olhos ambares fixos na porta caido aos pedaços que agora eles paravam em frente.
   - E era o lugar onde Daiana vivia. Esta, era a casa que Daiana viveu quando era humana.