O Som de Um Romance escrita por Risurn


Capítulo 8
8. Hoje A Noite Não Tem Luar


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas. Tô' morrendo de gripe aqui. Que horror. Parece que tô' tossindo o pulmão.
Enfim, como vão?
Gostaram da minha nova foto de perfil? *Ri*
Boa leitura ^^



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P.O.V. Percy

Dirigi até minha casa com um pensamento me incomodando. O que raios estava acontecendo com Annabeth? Estaria ela enlouquecendo de vez? Eu sabia que seria uma questão de tempo até ela perder aqueles parafusos soltos... Mas foi rápido demais. Repentino demais.

Primeiro diz não querer me ver; depois quer que eu a leve pra jantar? Mas que loucura é essa?

Parei no sinal vermelho tentando entender aquilo. Pude ver nos seus olhos que ela sabia algo que eu não sabia. Mas o que seria?

Quando finalmente cheguei e deitei na cama comecei a pensar sobre tudo o que estava acontecendo. Se eu amava Annabeth? Óbvio que sim. Se meu orgulho estava ferido? Ainda mais óbvio.

Porque precisava ser tão difícil viver com Annabeth? Eu sentia falta do almoço dela. Falta das discussões antes de dormir. Saudades, saudades.

Bufei encarando o teto. Maldito dia em que ela entrou na minha vida.

Escola idiota. Pais idiotas. Vida idiota.

Rolei os olhos, encarando o céu aberto enquanto tentava me concentrar em algo que não fosse aquela confusão na minha cabeça.

Caminhei mais um pouco por entre as árvores do Parque Laker tentando chegar ao meu lugar favorito, o pequeno lago secreto – que, aliás, não era tão secreto assim, mas meus pais não sabiam na existência dele, então era secreto.

Sentei em uma pedra e procurei por um cigarro. Um só seria suficiente para esquecer. Para me distrair. Eu sabia que estava matando meu corpo lentamente, mas quem liga? Era só um minutinho. Tudo bem, eu ligo. E odeio esse hábito.

Fiquei ali por alguns segundos, encarando o reflexo da lua na água calma e transparente. Fico surpreso por esse pequeno lago ainda não estar poluído como o rio aqui por perto. Algumas coisas não fazem sentido.

Fui interrompido do que quer que estivesse pensando quando ouvi um grito. Tenho quase certeza de que era um grito de raiva.

Levantei olhando em volta, sem ver nada. Tentei ouvir mais alguma coisa, agora estava mais próximo.

— ...idiota! Celular imprestável! – de repente vi entre as árvores uma garota com os braços erguidos e girando com um pequeno aparelho entre os dedos, ela estava de costas então não conseguia ver seu rosto. – Anda, pega sinal vai!

Ela parecia realmente irritada. E perdida.

— Ei. – falei baixo, esperando que ela não escutasse, mas ela escutou.

— Oi? Ai meu deus, tem alguém ai? – ela veio andando em direção a minha voz e finalmente veio para a claridade da lua.

Precisei tomar cuidado para minha boca não abrir, era linda. Olhos de uma cor que eu nunca havia visto. Era possível serem cinza? Só pode ser reflexo da lua. Seus lábios se moviam rápido demais para que eu acompanhasse.

— Ei! – gritou ela, passando a mão na frente do meu rosto, me despertando do transe.

— Ah, oi? O que foi?

— Pare de olhar pra mim assim! – murmurou ficando corada. Sorri de lado. – E não sorria desse jeito também!

— Por que não?

— Tem um celular?

— Por que não?

— É que eu preciso mesmo ligar pra minha mãe e dizer pra ela que eu não fugi de casa nem nada do tipo.

— Por que não?

— É que eu me perdi sabe?

— Por qu... Espera. – murmurei prendendo o riso. – Você conseguiu mesmo se perder no Parque Laker? Jura?

— Ah, então é assim que esse lugar se chama? - Assenti. – Sou nova nesse cidade, não conheço quase nada.

— Bom... Bem vinda então a Pedra do Reino, a Montanha do Leão, sei lá, chame como quiser. – disse, apontando para as pedras onde estava sentado e indo para lá.

Ela levantou a sobrancelha loira.

— Jura? “Pedra do Reino”? Não tá meio velhinho para Rei Leão, não?

— Não mesmo. – murmurei sorrindo, enquanto ela se acomodava ao meu lado. Acendi meu cigarro.

— Fala sério. – ela murmurou, se levantando. — Você acabou com toda a magia do momento. Não acredito que você fuma.

— E o quê que tem? Cerca de seis a cada dez jovens fumam.

— Jura?

— Não sei. Mas acho que é um número bem próximo a esse.

Ela riu baixinho, como se não quisesse admitir que me achou engraçado. E lindo.

— Qual seu nome?

— Percy Jackson.

Ela assentiu, olhando para os lados.

— Você sabe onde fica a clareira daqui? Meu namorado me disse pra encontrar ele lá e...

Meu sorriso confiante murchou um pouco. Namorado?

— Segue uns noventa metros naquela direção – apontei – e depois você vai ver claridade vindo de algum lugar, como aqui. Chegou.

— Ah, certo. – ela olhou pra onde apontei – Obrigada.

E então se virou, prosseguindo viagem. Uma ideia me surgindo a mente.

— Ei! Qual seu nome? – ela virou, sorrindo.

— Annabeth. Annabeth Chase.

Que nome bonito. Me levantei, seguindo-a.

— Posso te acompanhar, Annabeth Chase?

— Pode. – ela murmurou tentando ajeitar o cabelo.

— Então... Seu namorado. Como se chama?

— Luke. – ela falou sorrindo um pouco. – Luke Castellan.

Parei, a encarando.

— Só pode ser piada.

— Que foi?

— Acontece, minha querida Annabeth – falei enquanto passava um braço por seus ombros, a guiando – que seu namoradinho me odeia.

— Mesmo? Por quê?

— Pequenos desentendimentos. Namoradas roubadas de ambas as partes. Lutas injustas. Uma carnificina, devo dizer.

— Namoradas roubadas? – perguntou, dessa vez sendo ela a parar.

— É. – cocei a cabeça. – Coisas de garotos.

— Quem foi a última?

Desfiz o sorriso. Da última vez, eu perdera.

— Rachel Elizabeth – falei devagar.

.— Espera, espera. Rachel Elizabeth? Rachel Elizabeth Dare? Era namorada de quem? Sua?

— É. – falei calmo.

— Quanto tempo tem isso?

— Não sei. – tentei pensar. – Umas... sete semanas? Oito? Algo por ai.

— Não. – ela sorriu sem humor nos olhos. Uma pena, o sorriso era lindo. – Tem certeza?

— Olha, sendo que a namorada era minha e quem levou o “chifre” fui eu, então, sim, eu tenho certeza.

— Só pode ser piada.

— Essa frase é minha.

— Não interessa. Aquele filho da mãe... – ela parecia vermelha de ódio. – Isso é verdade mesmo?

— Se estivermos falando das mesmas pessoas... Sim. Isso é verdade.

— Ai que ódio!

Ela me olhou, parecendo pensar em algo, quase pude ver as engrenagens girando e a luz acendendo quando seus olhos se arregalaram.

— Preciso da sua ajuda. – dei um passo para trás.

— No que, exatamente?

— Troco. Eu fui traída. Quero dar o troco. Acontece que eu nunca fiz isso. Acho que nem sei o que fazer.

Arqueei uma sobrancelha enquanto a ouvia.

— Você quer que eu fique com você pra dar o troco no Castellan? Você sabe que a partir do momento que fizer isso vai estar envolvida em uma competição idiota de garotos, não sabe? Vai ser ponto pra mim.

— Eu sei. E não ligo.

— Tem certeza? Eu posso fazer isso agora. – murmurei, me aproximando dela e a puxando para perto de mim.

— Não! – ela me afastou. – Lá, na frente dele. Na frente “do encontro romântico à luz da lua”. Ele é um idiota por usar essa lua linda como cúmplice da sua canalhice – murmurou ela fazendo careta, acompanhada por mim.

— Tá, vamos logo então. Anda, anda.

Chegamos a beirada da clareira, entre uma árvore e outra pude ver Luke. Idiota.

— Pronta? – perguntei.

Ela negou.

— Eu nunca fiz isso antes.

— Eu já. – pisquei. – Deixa comigo.

— Certo. Ah, espera! – ela começou a procurar algo na bolsa. – Aqui, pra você.

— O que é isso?

— Balinha de menta. Você deve estar com um hálito horroroso de cigarro.

Revirei os olhos.

— Sério?

— Sério. – disse ela, séria.

Revirei os olhos, enquanto mordia a bala. Depois de uns dois minutos, falei:

— Satisfeita?

— Demais. – ela murmurou feliz.

Revirei os olhos mas sorri também. A garota parecia legal.

Sai dentre as árvores e surgi na clareira.

— Annabeth eu já estava pre... – ele interrompeu a fala ao me ver. – O que está fazendo aqui Jackson?

O loiro levantou e me olhou.

— Eu? Bom, eu vim aqui pra ficar com uma garota muito gata.

Então Annabeth apareceu e se apoiou no meu corpo, sorrindo fria.

— Agora? – murmurou ela nervosa.

— Agora. – respondi firme, a virando para mim.

Coloquei minhas mãos em sua cintura e a puxei para perto. Suas mãozinhas tímidas foram para minha nuca tentando me manter ali, parado. Eu não sairia dali mesmo que ela quisesse, não havia dinheiro que pagaria ver a cara do Luke. E ela até que beijava bem. Ok. Ela beijava muito bem.

Senti meu corpo ser separado do dela e logo eu estava no chão.

— Sai de perto dela!

Ri como se nunca tivesse rido em toda minha vida.

— Ela que quis chegar perto de mim idiota – agora já estava de pé, na frente dele. – Não é minha culpa de você não dá conta do recado.

— Seu... Vai se arrepender por isso. – e então me deu um soco. Estava pronto para revidar quando Annabeth parou atrás de mim, colocando a mão na minha cintura, beijou meu ombro e disse calmamente:

— Espera Percy, nós já estamos indo. Antes eu quero falar com o Luke. Calma, tudo bem?

Assenti sem entender o jeito que ela havia me feito ficar calmo. Esquisito.

— Recebendo ordens de uma garota Jackson?

— Não são ordens. Foi um pedido. Se ele quisesse ir ai agora e quebrar você de tanta pancada, eu não me importaria. Mas eu quero você consciente, porque todo mundo sabe que você é péssimo de briga. Sempre corre antes do final e quando volta, nunca está sozinho. Sempre acompanhado. Não cansa de tanta covardia? Como se não bastasse, você tinha que ter outra Castellan?

— D-do que está falando?

— Eu já sei de tudo! Dos joguinhos bobos! Das apostas! Das garotas! Tenho nojo de você. – ela cuspiu no chão a frente de Luke e virou para mim, me beijando outra vez. Se eu recuei? O que você acha?

Quando ela finalmente se separou de mim, tive a impressão de ouvir Luke falando algo como: “E você sabe que eram com ele as apostas?”. Não sei. Estava atordoado demais pelo beijo para pensar.

— Eu sei. Quem disse que me importo com isso? Percy – ela se virou pra mim – pode me acompanhar até a saída do parque?

Assenti com a cabeça e sorri vitorioso para Luke.

— Mais um ponto pro Jackson.

E então saímos andando, e soube que Luke não nos seguiria. Ele era como Annabeth havia dito: um valentão na frente de todos, mas na verdade não faz nada.

Caminhei com ela pelas ruas do bairro Laker, sendo iluminados pela lua até ver um carro estacionado logo a diante.

— É o seu?

— Da minha mãe. Mas... Estou com ele sim.

— Entendi.

Paramos em frente ao veiculo, ela abriu a porta.

— Olha Percy, obrigada mesmo, viu? Eu continuaria sendo enganada por ele se não fosse você.

Revirei os olhos enquanto ela entrava no carro e girava a chave.

— Não precisa de tanta cerimônia. Você me fez ganhar um ponto gatinha.

Ela sorriu de lado.

— Se não fosse por isso... Eu podia jurar que você era um cara legal.

— Ei! – resmunguei ofendido – Eu sou um cara legal.

— É, pode ser. Será que vou te ver de novo?

— Eu te encontro por ai. – sorri de lado enquanto a via acelerar rua a fora.

Caminhei feliz até a minha casa, esquecendo aquele ódio eterno que estava sentindo. Olhei para o céu. A lua nunca havia parecido tão bonita mesmo.

Soquei meu travesseiro ao lembrar. De repente, tive uma luz do que poderia fazer.

Olhei para o céu estrelado pela janela do meu quarto. Não havia lua lá fora. Ela não estava me acompanhando, assim como Annabeth não estava mais. Maravilha.


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Notas finais do capítulo

Ficou grandão né? Ah, mas ficou fofo *-*
E então? O que acharam? Reviews?
Espero que sim. Beijos ^^



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