O Som de Um Romance escrita por Risurn


Capítulo 22
22. Imbranato


Notas iniciais do capítulo

Atrasei Seis Minutos. Dá pra acreditar? Não dá!
Leiam e aproveitem ^^



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— Cara! Eles tão vindo pela sua direita! Deixa de ser um boca mole e mira pra direita!

— Você acha que é fácil assim? Mirar e atirar?

— CARA, é isso que se faz nesse jogo! Mirar e atirar!

— Claro que não! Tem toda uma filosofia de honra, glória, heroísmo e coragem!

—Acho que você tem lido demais o enredo do jogo, simplesmente mate todo mundo.

— E aquelas pessoas? Nós temos que salvar!

— Não temos não! Eles são feitos de imagem digital. Eles vão morrer assim que nós tirarmos o jogo da tomada. Agora, por favor, ATIRE NOS MALDITOS!

— Cara. – pausei o jogo e olhei sério para Nico – É só um jogo, pra que tanta violência.

Ele começou a bufar e achei que eu fosse morrer ali mesmo.

— Agora. É. Só. Um. Jogo?

— Sempre foi cara!

— Te dou três segundos pra ir pegar um suco pra mim antes que eu te mate.

— Tá brincando né?

— Um. – ele me encarou fixamente, olhos negros. Ok.

— Estou indo. – levantei rápido e corri até a cozinha. – Suco de quê?

Ouvi a campainha tocar.

— Abrindo a porta! – gritou ele – Tanto faz o sabor!

— Quem é que está ai Nico? – perguntei.

— A Thalia! E... Uma amiga! Traz mais dois copos!

— Com quais mãos?

— Já ouviu falar em bandeja? Tenho uma amiga que leva oito copos cheios sem bandeja!

— Que amiga Di Ângelo? – pude ouvir Thalia perguntar. Thalia. Meu coração apertou. Onde estaria Annabeth agora?

— Sem DR aqui em casa casal! – falei voltando pra sala com os tais quatro copos de suco de morango. Morando. É a fruta favorita dela. Droga. – Então crianças, aqui está...

Parei a frase antes de chegar ao fim. Uma garota estava olhando para os quadros na parede: quadros de mar, de florestas, de corujas, campos de morango... Os quadros que ela mesma escolheu. Seu cabelo estava solto, mas jogado por cima de um ombro, usava o vestido azul que eu gostava tanto e estava linda.

Annabeth Chase estava de pé na minha sala. Por quê?

— Annabeth? – o nome escapou de meus lábios sem que eu permitisse, como se ansiassem sentir a sensação de ser dito e sentido por ela. Ter o prazer de ser ouvido por ela. Palavras idiotas.

Lentamente, ela girou a cabeça e me olhou por cima do ombro. A loira parecia surpresa, mas eu sabia que não estava. A timidez estava em seus olhos, mas não em seu rosto.

— Olá Percy.

— O que... Por que... Como...

— Então, meu suco? – estendi a bandeja para Nico e fiquei encarando a garota.

— O quê você quer?

— Acho que precisamos conversar.

— Por favor – disse Thalia revirando os olhos – todos nós achamos isso. Anda Nico, levanta essa bunda gorda daí.

— Mas eu ainda nem tomei meu suco!

— Não interessa, eu compro um milk-shake pra você.

— Certo, me convenceu. Tchau Jackson, boa sorte Annie!

Annabeth seguia os dois com os olhos e lhes deu um pequeno sorriso, mas eu não fiz o mesmo. A única coisa que consegui fazer foi encarar a garota.

— O quê você quer? – repeti.

— Eu já disse.

— Não, falando sério. O quê é? Me enlouquecer?

— Percy eu não...

— Não. Não comece.

— Não comece você! Só... Me ouça!

— Por que eu faria isso?

— Porque eu te ouvi todas às vezes.

— Nem todas.

— Quase todas.

— Então, posso te ouvir quase todas às vezes. Não pretendo começar com essa.

— Percy, não se faça de difícil.

A encarei, abismado.

— Me fazer de difícil? Jura? Eu me faço de difícil?

Ela respirou fundo e deu um passos em minha direção.

— Olha, desculpe, sério, não vim até aqui pra discutir, brigar ou sei lá o quê. Quero uma conversa civilizada. Ou, tentar.

Fiquei observando Annabeth por longos segundos, ela estava muito bonita, não posso negar. Devo ouvi-la? Devo dar essa chance? Suspirei derrotado, sou um idiota.

— Seja breve.

Ela sorriu e virou de costas, começando a andar, como sempre fazia quando ficava nervosa.

— Eu sei que as coisas entre nós não começaram de um jeito muito convencional, ou sei lá o que mais. Com o tempo eu fui me sentindo usada, traída e enganada. E o sentimento foi piorando. E foi aí que eu vi você naquela festa. E você beijou Rachel.

— Annabeth eu... – ela me cortou.

— Não explique, eu realmente não preciso saber, já passou. Como eu dizia, isso me quebrou, então eu parti. – ela parou e me olhou nos olhos. – Desculpa se eu não ajo normalmente, mas se eu agir eu morro. Desculpa se eu sempre me entrego à incerteza da ilusão, mas acontece que a lucidez é ainda mais enlouquecedora e incerta. Aqui, olhando pra você, encarando seus olhos, eu tremo, me arrepio toda, só com a ideia de poder voltar a te ter do meu lado. – ela suspirou. Eu sei como ela se sente Conheço a sensação – Eu não sei se você sabe que eu te amo, mas acho que você nem tem como saber depois das últimas semanas.

— Annabeth...

— Por favor, eu não terminei. Eu digo e faço coisas inúteis, mas acontece que o amor me torna previsível. Falo pouco, fico desatenta, estranha, atrapalhada... Deus como fico atrapalhada! Eu ainda sinto vontade de sorrir todas as vezes que olho pra você. Eu sei que te acusei e não te dei chances pra defesa, mas tente enxergar pelo meu ponto de vista. Eu estou aqui engolindo todo o meu orgulho e te pedindo. Te pedindo com todo o meu coração: volta pra mim Percy.

Senti a minha garganta seca, Annabeth tinha os olhos cheio d’água.

— Eu não posso. – falei baixo, voz rouca e olhos marejados. Como sou fraco. – Eu não devo.

— Por que não?

—Eu te quebrei – falei devagar. –Não posso piorar as coisas. Não devo.

— Mas... Você queria uma chance de me consertar? – perguntou ela sorrindo, mas as lágrimas já corriam. – A chance está aqui! Aceite!

— E-eu não sei se posso... Não sei se consigo.

— Você consegue. – murmurou ela, andando até mim. – Eu sei que consegue meu amor.

Respirei fundo fechando os olhos.

— Eu preciso de tempo. Não posso agora. Vá embora, por favor.

— P-percy...

— Annabeth. Vá, por favor.

Sem abrir os olhos pude ouvi-la respirar fundo e prender o choro, conheço minha menina. Calmamente a porta abriu, e eu sabia que ela estava lá, parada, olhando pra mim, mas eu não posso me atrever a olhar. Não devo. Ouvi a porta fechar com um estouro e então me joguei no sofá.

Que raios eu estou fazendo da minha vida?


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Notas finais do capítulo

*Desvia de pedras e sei lá o que mais podem jogar*
Sem violência!
O que acharam? Opiniões sinceras!



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