P.O.V. Nico

— E ai? – gritei abrindo a porta de supetão.

Percy, em toda sua lerdeza demorou cerca de trinta segundos pra reparar que havia um estranho em sua casa e finalmente gritar.

— Como... Como entrou aqui?

— Pela porta?

— Mas...

— Ela tava destrancada. – falei. Não acredito que estamos discutindo isso.

— Já ouviu falar em bater? Quase morri. – perguntou com uma mão no peito. Parece uma garotinha.

— Que gay cara.

— O único gay aqui é você.

— Talvez – dei de ombros. – Mas pelo menos eu dormi com a Thalia. E você dormindo com a Annabeth? Não. Ponto pra mim.

— Quem disse? – falou ele se fingindo de ofendido.

— Eu. E Thalia. Se bem que ela tá desconfiada. Algo sobre “bilhete maluco”, “casa do Percy” e “Annabeth”. Não entendi muita coisa porque ela começou a me beijar e...

— Sem detalhes cara, sem detalhes.

Disse ele se jogando no sofá.

— O que tem de bom na TV? – perguntei pegando o controle.

— Sei lá. Soube que voltou com a Thalia.

— Pois é. – virei pra ele, com minha expressão de empolgado. Que não parecia realmente empolgado. – Ela apareceu do nada lá na empresa do Hades e se declarou toda fofamente. E você sabe que a Thalia não é fofa.

— Não mesmo! – disse Percy surpreso.

— Então! Ai ela saiu igual uma doida e eu fui atrás dela e beijei ela. Falando assim ficou bem clichê.

— Ficou mesmo.

— Nem ligo.

— Eu sei.

— É.

— Mas, eu também tive meu momento com a Annabeth.

— Jura? Safadinho! Aproveitou que ela não tinha onde dormir? Cara, você não vale nada! Mentira. Você é meu herói. Me abraça!

Pulei em cima dele, rindo. Eu sei. Não é tão difícil assim me ver rir. Isso é tudo estereótipo. Tipo loiras burras. Obrigada por servir de exemplo Annabeth.

— Cara, sai daí. Eu sou homem pô.

— Eu sei, por isso eu te amo.

— Ok. Eu também te amo. Agora para com a viadagem porquê se não eu vou ligar pra Thalia vir te buscar.

— Ok. Mas, como foi com ela?

— Ah cara... Foi demais. – disse ele com olhar sonhador, sorri de lado. – Ela me pediu pra não desistir, me pediu pra não deixar ela ir. – ele olhou, sorrindo triste. – Ela dormiu nos meus braços, e quando eu acordei e vi ela ali não sabia se era um sonho. – e então olhou pra baixo.

— O que aconteceu? Vocês voltaram?

— Não. Ela pirou. Começou a gritar comigo e dizer como eu era culpado por tudo.

— E você é cara.

— Eu sei! Mas... Eu tinha bebido... Perdi a cabeça... Tá. Eu quis ficar com a Rachel aquele dia. Saber que ela estava com o Castellan e poder dar o troco com a mesma garota... Sem preço. Mas ai eu recuperei a consciência. E pensei na Annabeth. Em casa. Me esperando. Acho que foi tarde pra arrependimento.

— E depois que você terminou com a Annabeth você ficou com a Rachel de novo. Super sensato.

— Momento de fraqueza.

— Eu entendo.

— Certo. Ai ela me deixou com a consciência lá no pé.

— E ai?

— E ai?

— É.

— E ai que eu desisto.

— Desiste? Como assim?

— Desisto. Ela disse que eu destruí ela. Não vou piorar isso.

— Cara não...

— Não Nico. Sério. Melhor não. Eu já decidi.

— Tem certeza?

— Absoluta. Não vou mais quebrar ela. Nunca mais.

Ficamos em silencio por alguns minutos. Comecei a pensar no peso daquilo. Percy não me olhava, seus olhos perderam o foco e encaravam algum ponto invisível. Não estava certo. Era errado. Errado.

— E ai, - tentou ele – que tal um vídeo game?

— Claro. – respondi. – Espera só um minuto? Preciso mandar uma mensagem.

— Beleza, vou ligando aqui.

Assenti com a cabeça e peguei o celular. Preciso de ajuda e isso exige uma profissional. Thalia vai saber o que fazer.