Abri os olhos lentamente sentindo a claridade entre as frestas da janela chegar até mim. Não quero acordar. Não quero pensar. Não quero descobrir.

Girei meu corpo e minhas mãos encontraram algo. Algo levemente musculoso. Droga.

Minha mão foi automaticamente para a minha testa. O que eu fiz?

— Não, não, não, não. – murmurei sentando na cama, puxando os lençóis para me cobrir. – O que eu fiz?

Percy se mexeu ao meu lado, abrindo os olhos devagar, antes de abri-los, já sorria.

— Bom dia meu amor.

— Sem essa! – gritei, puxando os lençóis e levantando, enrolada neles. Percy ficou descoberto – Por favor, se cubra.

Virei de costas corada enquanto Percy vestia uma calça.

— O quê você tem? TPM?

— Nós não devíamos ter feito isso.

— Isso o quê?

— Isso - apontei para a cama, corada - você sabe.

— Ah. - disse ele, pensativo.

— Que seja, não devíamos ter feito nada.

— Por que não?

— Porque não Percy! – gritei me virando.

— Mas eu não entendo! Eu quis. Você quis. Você me disse pra não desistir.

— Não era bem isso que eu tinha em mente quando falei para não desistir.

— Mas você não me impediu! Nem tentou. Não te ouvi reclamando ontem quando começou a me beijar. Você não me impediu. Fim.

— Deveria? Nós não temos nada Percy. Nada.

— Ah. Claro. Tava’ demorando pra’ sua parte bipolar aparecer né? Vai me enxotar da minha casa agora? Vai me expulsar a chute? Jogar um vaso na minha cabeça?

Coloquei uma mão no meu peito, me sentindo ofendida.

— Você não disse isso!

— Disse sim! E repito.

— Olha – disse, respirando fundo. – a noite passada, isso tudo, foi um erro. Só isso. A gente só fica se arranhando, se prendendo. Nós temos que deixar essa mania estúpida pra lá...

— Pra quê? Pra depois você reclamar que fui eu que me afastei? Reclamar de tudo? Me dizer pra não desistir? Você tá brincando comigo, não é?

— Mas eu não posso viver nessa mentira! Não consigo! Saber que você me traiu... Que preferiu a ela...

— Eu sempre vou querer você. Entenda isso. É você, só você.

— Mas isso não te impediu de beijar a Rachel!

— Ela que me beijou! Não eu! Que merda! Quando você vai perceber que não fui eu que fiz aquela coisa estúpida? Eu não quis! Não quis! Se você viu ela me beijando como pode não ver eu a empurrando depois?

Respirei fundo, Percy estava vermelho. Isso mudava os fatos. Mas não tudo. Não pode ser.

— Você esperava mesmo que eu ficasse pra ver o quê iam fazer depois?

— Por que não foi brigar comigo na hora então? Por que esperou tanto tempo?

— Entenda uma coisa Percy... Eu nunca me apaixonei desse jeito. Eu fiz tudo o quê eu podia para entrar na sua vida, quando devia ter feito você entrar na minha. E a única coisa que você fez foi me deixar em pedaços! – gritei, sabendo que tinha os olhos cheios de lágrimas. Percy abriu a boca para falar, mas a fechou logo em seguida, com uma expressão surpresa. – Sim Percy! Você. Me. Quebrou. – gritei mais alto.

— Annabeth e-eu...

— O quê? – sorri com lágrimas – Você não sabia? Eu coloquei você em um pedestal, lá no alto – apontei – Bem em cima. E a única coisa que eu te peço é pra descer, por que eu não consigo te tirar de lá. E você quer descer? Não! Você não quer! Quer continuar me destruindo devagar. De novo e de novo. Como sempre faz.

— Eu nunca quis começar uma guerra entre nós Annabeth! Você é mais do que um fruto de aposta, você entrou em mim. Você faz parte de mim agora meu amor. Me deixe consertar o que eu quebrei.

— Eu só queria que você tivesse me deixado entrar. – murmurei chorando.

— Me deixe cuidar de você. – pediu ele suplicando. Neguei.

— Não posso. Você vai destruir o que sobrou.

Comecei a juntar minhas poucas peças de roupas que estavam espalhadas e me preparei para sair do quarto.

— Me perdoe Annabeth. – falou ele de costas, sem se mexer.

— Não sei se posso.

Me vesti correndo saindo da casa de Percy as pressas, estava atrasada para o trabalho. Ártemis vai arrancar minha pele.

Não que eu me importe, agora eu só quero chorar um pouco.