Fiquei parada. Tentando absorver aquilo: as mãos grandes e possessivas no meu cabelo e as minhas que foram automaticamente para seus ombros, sem que eu tivesse escolha. Meu corpo se movia sem permissão agora, assim como o dele. E então, ele se afastou.

— E-eu... Me desculpe, não sei o que deu em mim. - ele abafou um grito com as mãos.

— T-tudo bem.

— Não, sério, não sei o que deu em mim. Ah! Que droga!

— Tudo bem Percy.

— Não...

— Percy.

— Ok.

Ele não me olhava nos olhos, encarava a parede oposta a nós, cabeça entre as mãos.

Também desviei o rosto e olhei em direção à parede.

— Eu não devia ter feito isso.

Sim, você devia.

— Não, tudo bem.

— Porque você não está olhando pra mim?

— E-eu não sei. Isso... Não parece real.

— Por quê?

— Não sei... Parece que não aconteceu nada.

E olhou em minha direção e agarrou minha nuca.

— Mas aconteceu – falou ele baixo. – E vai acontecer outra vez.

Seus lábios tomaram os meus novamente. Droga. Eu não vou conseguir.

— Percy...

— Não diz nada.

— Mas...

— Por favor, sem motivos. Só... Fique comigo.

— Percy.

—Não inventa nada. Só diz que vai ficar comigo.

Eu não posso dizer isso. Eu não posso mentir pra ele. Não posso mentir pra mim. Mas eu posso não dizer nada.

E então, beijei-o, como a muito estava com vontade. Como sentia saudades dele. De seu abraço, seu jeito. Dele. Ele. Só ele.

Percy me ergueu do chão, segurando minhas pernas.

— Senti sua falta – murmurou enquanto me beijava.

— Pois é. Acontece.

E então o beijei outra vez. Eu não podia falar. Não podia pensar. Tinha que me manter ocupada, caso contrário, eu fugiria. Tenho certeza disso.

Suspirei, eu queria mais. Agarrei seu cabelo tentando mantê-lo ali, como se a qualquer momento ele fosse sair correndo. Fugir. Me deixar.

Percebi Percy nos guiar até seu quarto, eu sabia o que viria a seguir e não sabia se queria fugir. Acho que não.

Passamos pelo batente da porta e ele fechou a mesma com o pé, ocupado demais para pararmos o que estávamos fazendo. Não queríamos saber o que ia acontecer depois, eu só queria sentir o corpo dele pesando sobre o meu.

O que estamos fazendo da nossa vida? O que não fazemos por amor? Tanto faz, não quero saber, pelo mesmo amor já esqueci. Só quero ser o desejo dele. A fonte de alegria. É tudo o que quero agora.

Percy nos deitou na cama e logo eu estava sentada em sua barriga.

— Tem certeza do quê está fazendo Annabeth? Lembra da parte do ódio mortal?

— Eu juro que se você falar mais uma palavra eu saio e te deixo aqui sozinho.

—Tudo bem, sem palavras.

Eu só queria beijá-lo e acalmar aquilo que estava acontecendo comigo. Acho que aquele resto de noite ia ser mais longo do que eu imaginava - o que não era exatamente ruim.

E pensar que eu só queria resolver um assunto inacabado. Agora vou criar um ainda maior, mas eu não ligo nesse momento. Vou esperar o arrependimento vir durante a manhã.