O Som de Um Romance escrita por Risurn


Capítulo 10
10. Like a Virgin


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey Não tenho tempo.



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— Ei, ei calma. O que aconteceu?

Thalia estava com uma camiseta de banda que não pude distinguir pelas lágrimas em meus olhos. Droga de vida.

Não respondi, só a abracei. Eu não entendia porque havia ficado com aquele cara, ou porque estava bebendo. Nem porque ele estava fumando ou se agarrando com aquela mulher. Nada disso fazia sentido.

— Não quer falar agora? – Neguei. – Tudo bem, tudo bem, calma. Shii. Vamos? Eu vou te levar pro quarto, de manhã a gente conversa.

Assenti e caminhei até o quarto, para me jogar no colchão e chorar. E chorar. E chorar. Onde está o erro? Tudo começou tão bem.

(...)

— Certo. Onde será que eu vou encontrar um bom lugar pra colocar fogo nas roupas do Luke que ficaram comigo? – murmurei para mim mesma, tentando encontrar uma estação de rádio que me agradasse.

Depois de rodar pela cidade por quase duas horas tive uma ideia. Ok. Não era uma ideia grande ou boa, mas era uma ideia.

Procurei por entre as ruas o bairro Laker até finalmente encontra-lo. Já estava escuro, então as pessoas provavelmente veriam fumaça saindo do meio do parque. Mas quem liga?

Desci do carro com a bolsa e os fósforos, julgando que seria suficiente. Tentei calmamente chegar até o ponto em que me perdera na noite anterior, e, por incrível que pareça, consegui encontrar. Depois de meia hora.

Aos poucos fui me acomodando na pedra que vi o misterioso Percy Jackson sentado enquanto via as roupas queimarem.

Enquanto via meus sonhos para o futuro se esvaírem em fumaça. E foi ai que percebi o quanto eu estava triste com tudo aquilo. O quanto ele havia me feito mal. O quanto tudo estava ruim.

E foi ai que reparei as lágrimas. Uma a uma escorreram lentamente pelo meu rosto, enquanto a fumaça aumentava.

— Acho bom que você, quem quer que seja, tenha um bom motivo para estar colocando fogo no meu cantinho, na minha floresta. Sério.

Virei lentamente reconhecendo a voz, tentando secar meu rosto.

— Não sabia que você tinha comprado os direitos autorais desse lugar. – meio que ri, meio que chorei.

— Ah. Ora essa, vejam se não é Annabeth Chase, a garota da vingança. Aliás, muito bom o seu beijo .Gostaria de repetir a dose?

Ri fraco.

— Você é sempre assim?

— Quase sempre.

— E funciona?

— Sempre.

Ri mais uma vez, agora olhando diretamente pra ele.

— O que tem de errado com essas garotas?

Ele sentou ao meu lado, jogando mais uma blusa no monte que queimava.

— Eu não faço ideia. Mas tenho um palpite.

— E qual é?

— Nenhuma delas é você – disse ele baixinho, sorrindo de lado.

— Não! – gritei, dando uma gargalhada – Você não usou essa cantada. Por favor, diga que não?

— O que foi? - Ele disse – sou um cara romântico.

— Estou percebendo. – ri, mais calma agora. Era quase como se Luke não existisse. Como se rir apagasse a decepção. E talvez apagasse mesmo.

— E ai, porque a donzela estava chorando?

Revirei os olhos, mas continuei sorrindo.

— Bom, eu fui enganada, traída, vencida, me sinto triste e incompleta.

— Só isso? Mais nada não.

Parei para pensar.

— É, é só isso ai.

— Ah, que bom! Isso é fácil de resolver.

— E como?

— Uma noite com Perseu Jackson melhora qualquer coisa!

— Perseu? – ri – Seu nome é Perseu?

— Sim, e o quê que tem?

— Como o grego? O herói?

Ele sorriu galanteador e tentou ajeitar o cabelo, o jogando para trás, em vão.

— Heróis são tudo de bom, assim como eu. Então é isso ai.

Ri mais um pouco.

— Meu deus! Suas cantadas são horrorosas.

— Não são não. Mas essas precisam ser engraçadas. Tem uma garota que me ajudou a deixar o Castellan com mais um chifre chorando. Não posso ignorar isso.

Olhei para ele de canto de olho.

— E você se importa com isso de verdade?

— Mais ou menos. – respondeu ele, se deitando na grama do Parque. – Eu sei que isso faz parte daqueles dramas eternos de terminar um relacionamento com alguém que se ama e blá, blá, blá. Mas eu não tenho isso, nem nunca vou ter.

Deitei ao seu lado.

— Nunca é uma palavra forte senhor Seguro de Si.

— Eu sou forte e seguro de mim, como você mesma disse. Amor é para os idiotas.

— Obrigada.

— De nada, sabia que iria entender. Não ia ser dessas frescas que ficam se sentindo ofendidas por acreditarem no amor.

— Eu acredito no amor.

— Sério? E por quê? Leve em conta que você acabou de descobrir que seu namorado te traiu e você também o traiu. Ah, e vocês supostamente se amam.

— Bom... – tentei começar – Nem sempre quando se ama se acerta. As vezes você erra, e erra de novo. Atena não era uma mulher muito boa para o Senhor Frederick. Mas ele desistia dela? De jeito nenhum. Nem quando ela jogou um vaso nele, deixando cheio de cortes. Ela sempre foi muito fria em relação a ele, nem demonstrava o que sentia. Mas quando ele adoeceu, não saiu do lado dele um minuto sequer. E quando ele finalmente veio a falecer... Eu nunca vi alguém chorar tanto quanto ela.

— Quem são eles?

— Meus pais.

— Ah. – ele assentiu silenciosamente.

— Por quê não acreditar no amor?

— Essa é fácil. Ele arde, dói, é descontente, é dor pura, cheio de não querer, solitário, perdedor, e contraditório. Como entender o amor?

— Ele arde sim. Como um fogo, que aquece bem devagar, de dentro pra fora. Ele dói, mas você não sente, ele só é descontente quando não se sabe sentir e, como eu disse, você está tão preocupando querendo amar, que é como se a dor não existisse. Eu realmente acho que é cheio de não quereres mesmo: não querer mal, não querer triste, não querer magoado... Não querer. Entende? Só é sozinho até o momento em que você encontra a pessoa certa. A partir daí você ganha um companheiro, um alguém. E só perde quem não experimenta. Então eu não acho que seja contraditório.

Ficamos em silêncio por um segundo, pensando no peso daquilo. Acho que eu estava certa ao menos daquela vez.

— Isso foi bonito.

— Eu sei. Estou falando com o mesmo Percy do inicio da minha conversa?

— Está, - ele disse rindo – só que agora eu acho que você é muito Sabidinha.

— E eu acho que você só deve ter algas nessa cabeça.

— Ei! – ele exclamou, como se eu realmente o tivesse ofendido.

— O que foi? Achei que você não fosse esse tipo fresco de cara que se ofende por qualquer coisinha. – fiz uma imitação genérica de sua voz.

Pude ouvi-lo rir e então, girar seu corpo sob o meu.

— Sabe aquela história de querer repetir a dose? - ele murmurou, os lábios rentes aos meus – Eu estava falando bem sério. Só pra constar, não importa muito a sua resposta porque eu...

Não o deixei terminar. Não precisava.

Eu necessitava daquilo. Qualquer coisa que me fizesse esquecer. Qualquer coisa que me fizesse afastar a dor. Qualquer coisa. E ele tinha o que eu precisava.

— Eu... Devia ter te dado uma bala. – murmurei, invertendo nossas posições. Coloquei minha mão em seu peito, sentindo seus batimentos: acelerados. Parecíamos estar na nossa primeira ficada. Tensos e temerosos.

— Deixa pra próxima. – sorri, não era hora pra contrariar.

E então, o beijei novamente.


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Notas finais do capítulo

Bom? É. Eu sei. Postando Like a Ninja. 23:59!
Vaaaaaai! Rápidoo



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