O Som de Um Romance escrita por Risurn


Capítulo 1
1. Can't Remember To Forget You


Notas iniciais do capítulo

Então pessoinhas que me acompanham, aqui estou eu tentando sobreviver ao meu primeiro desafio. Espero que dê tudo certo.
Enfim, capítulo fresquinho!



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Virei na cama, desconfortável.

Esperei o sono chegar até mim, mas não funcionou. Esperei, esperei e esperei mais um pouco. Nada.

Olhei para o moreno ao meu lado que dormia tranquilamente, inspirava e expirava devagar. Cada lufada de ar me fazendo ansiar ficar um pouco mais, mas eu sabia que não podia.

Peguei o celular e tentei ver as horas, a claridade da tela do aparelho fez meus olhos arderem, mas eu já não me importava. Quatro e trinta e dois.

Afundei a cabeça no travesseiro tentando pensar. Não sei se é a ansiedade ou a adrenalina pelo que estou prestes a fazer que não me permite dormir. Espero que seja.

Mordi os lábios, nervosa. Era agora. Não adianta, não tem jeito. Sem opções.

Levantei em um salto, tentando vestir alguma coisa que me aquecesse. Já estava tudo pronto, cada caixa escondida estrategicamente, cada peça de roupa organizada em pilhas fáceis de colocar em qualquer bolsa. Tudo tramado com perfeição horas antes.

Já havia ligado para dona Atena pedindo que deixasse o portão aberto e ela nem perguntou o porquê. Deve ser por isso que amo essa mulher, sorri.

O carro dela estava estacionado lá fora o dia todo e agora seria finalmente utilizado. Aos poucos, todos os meus objetos estavam lá dentro, seguros.

Estava prestes a ligar o veículo e sair quando lembrei.

- Droga! – minha voz saiu mais seca do que eu esperava – Maldito celular.

Voltei para dentro da casa daquele que a partir de agora era meu ex-namorado e rumei em direção ao seu quarto, a procura do pequeno aparelho.

Metade do meu corpo já estava para fora do quarto quando o garoto se remexeu na cama. Cada músculo do meu corpo tencionou no mesmo segundo e lentamente virei para observa-lo.

A boa notícia? Ele ainda estava dormindo.

A má notícia? Ele ainda estava dormindo.

Apoiei meu corpo na porta para vê-lo melhor antes de ir, acho que não terei mais essa chance.

O rosto com expressões fortes quando está acordado e suava quando dorme estava amassado pelo travesseiro, os lábios finos estavam levemente abertos e quase pude ver uma pequena centelha do que imagino ser baba entre eles. Não segurei o riso.

Era tão difícil ir ser ver os olhos verdes pela última vez. Os olhos pelos quais me apaixonei, mas eu sabia que se os visse não teria coragem de ir.

Mas é preciso, eu sinto que é. Andei até a escrivaninha e peguei papel e caneta. Ri. Eu devo ser realmente uma filha da mãe fazendo isso. Deixei o bilhete em cima do travesseiro, mas não sei se ele chegará a ler.

Sai da casa apressada, tentando não chorar. Pude ver os primeiros raios solares surgindo no horizonte, mas não quis ver isso. A única coisa que eu queria era ir embora.

Entrei no carro e girei a chave. Era agora.

Acelerei a toda velocidade em direção à casa de minha mãe, o vento me atingia com força pelas janelas abertas bagunçando meu cabelo, mas eu não me importava. Eu só queria sentir a adrenalina que é o vento no rosto e a velocidade correndo pelas veias, mas não parecia suficiente, eu queria mais.

Queria conseguir esquecer Percy. Conseguir larga-lo. Deixá-lo longe de mim.

Sem nem perceber, lágrimas corriam sem a minha permissão, quer dizer, não que eu fosse deixa-las de qualquer forma, mas ela consegue me deixar com uma facilidade enorme. Queria ter essa facilidade para deixar Percy também, e talvez eu tivesse. Afinal, é isso que estou fazendo, não é?

Eu já sabia a resposta, e ela não era animadora.

Mas eu também sei que se não correr com todas as minhas forças em direção contrária a Percy eu nunca sairia. Nunca me recuperaria, ele era um problema. Mas era o meu problema.

Tentei afastar essa ideia, mas ela sempre voltava pra minha cabeça.

Gritei frustrada. Eu queria que ele me entendesse, mas acho que não consegue fazer isso. Eu sou jovem demais para isso, sinceramente. Eu deveria enfrentar minhas crises de relacionamento lá pela casa dos trinta e não com dezenove. Sinceramente, isso era uma tremenda sacanagem do destino.

A parte mais irônica da coisa é que eu nem acredito em destino.

Já estava na parte norte da cidade a essa altura do campeonato, ainda assim não diminuía a velocidade nem um único quilômetro, nem iria diminuir. A sensação que a velocidade me proporcionava nesse momento era demais para deixar ir. Agora sei por que ele gostava de correr e ficava realmente furioso quando lhe pedia para reduzir. Mas isso não muda os fatos, logo me pego pensando nele outra vez. Droga.

Respiro fundo e paro no sinal. Abaixo a cabeça e a apoio no volante, deixando o som da buzina ecoar pelo bairro. Eu não me importava com os vizinhos agora. Não me importava com o trânsito quase inexistente das cinco e meia da manhã. Não me importava com quase nada.

Levantei o rosto e olhei para cima. Verde. Prossegui meu caminho, agora não tão rápido. Acho que deixei a adrenalina escorrer por entre meus dedos e a sensação de solidão me agarrar novamente.

Tentei observar a paisagem para pensar em outra coisa, algo que realmente não funcionou. Nem um pouco.

Mais adiante avistei um parque – que se parecia mais com uma floresta do que outra coisa, diga-se de passagem – e me arrependi no mesmo instante por ter pegado aquela rota, foi ali, bem ali que o conheci. Foi ali que ele me contou a primeira piada e me fez ficar instigada pelo jeito misterioso e a sensação de que a qualquer momento algo pecaminosamente proibido e prazeroso poderia acontecer comigo.

Aliás, eu ainda tenho essa mesma sensação, só pra constar.

Então percebi que havia estacionado o carro ali, a frente da entrada do parque. Apertei a mão contra o volante até ver os nós dos meus dedos ficarem brancos.

Foi ali que pela primeira vez eu quis dar a volta e retornar para o aconchego do abraço dele. Foi ali que quis desistir de toda essa loucura e estar disposta a aguentar mais alguns períodos da loucura que é o amor. Foi ali. Bem ali.

Então acelerei o carro e voltei para o meu caminho. Não ia voltar atrás agora, havia muito em jogo. Eu sei que eu seria capaz de dar até o meu último centavo para ficar perto dele, mas não hoje.

A casa de Atena nunca pareceu tão longe quanto hoje.


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Notas finais do capítulo

E ai? Bom? É. Espero que sim. Eu gostei.
Reviews e críticas sempre bem vindas, certo?
Até amanhã!



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