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Desculpa se não falo baixo

Mas se não grito morro

Imbranato (Tiziano Ferro)

Que dia, que dia! Você se lembra de quando você disse, naquela sua voz mais complacente, passei minha vida toda em meio a velhos retratos de parentes perfeitos, eram todos perfeitos, e os que não eram deviam ser estrangeiros ou loucos, obviamente; minha avó de olhos risonhos mas a boca muito séria, tinha a boca séria, a nossa família... A nossa família, ela dizia e olhava em volta cheia de piedade, pobres almas aquelas que não faziam parte da nossa família. Sansa incluída. Ela olhava Sansa com muita pena, uma pena fingida, pobre passarinho, pobre, pobre! Não pode cantar. Mas na nossa família todos os pássaros cantam. Aqueles parentes de mentira que não eram perfeitos, sua mãe com sua música, as mãos assim longas, as piscadas lânguidas, ela tinha muito medo, aquela sua mãe. Muito medo. É genético, passou pra você, minha filha, sua avó dizia, a boca séria, o lado dela é podre. Seu sangue é podre como o da sua mãe mas vai ficar tudo bem, porque na nossa família... Suspirou, fraca.

Disse tudo para Sansa num fôlego só, gostava de iluminá-la com esses retratos, logo ela que tinha tido uma velha boa família (não mais), não sabia o que era crescer assim, a voz calma naquela boca séria, na nossa família... Disse de uma vez só, não parou nem pra respirar. Quando terminou, sorriu. Estendeu a mão, entrelaçou seus dedos nos dela. Posso ver seu álbum de retratos? ela perguntou, muito calmamente, olhando bem nos seus olhos, você nunca tinha notado como os olhos dela eram azuis, os irmãos todos de olhos azuis. Você balançou a cabeça, pode, pode sim. Ela passou a noite olhando as fotos em sépia, algumas poucas coloridas, seus velhos parentes. Fechou sem uma palavra.

Não falaram mais no assunto dos retratos.