Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 3
Eu Preciso Dizer Que Te Amo


Notas iniciais do capítulo

Música do Mestre Cazuza, aeeeeeeeeeee! *---*
Então, eu amo essa música, mas o capítulo ficou bem tristinho e um pouco confuso. Espero que gostem e boa leitura.



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Era complicado compreender os meus próprios sentimentos, e quando se tratava de Tobias, eu me sentia totalmente a mercê dos perigos que ele causava estando por perto. Sabia que não tinha direito algum de sentir ciúmes ou de ficar extremamente irritada pela cena presenciada no banheiro feminino, mas no fundo, sentia que doía demais e que não daria para disfarçar.

Sai da universidade sem me dar o trabalho de avisar Christina, mas deixei um recado na secretaria, inventando dor de estômago e tontura para não ganhar falta nas aulas que seguiriam durante todo o dia. Um grande problema em ainda não ter um veículo próprio era depender de Chris e dos meus pais para me locomover dentro da cidade, mas eu não iria incomodar ninguém por causa de um carona.

Em passos largos e pesados, não demorei mais que quarenta minutos para chegar em casa. Mamãe já havia saído para o trabalho e meu pai, provavelmente, estava na garagem cuidado de seu amado Ford Mustang 1964. Minha mãe trabalhava na área de arquitetura, numa agência de publicidade, e meu pai, antes de sofrer um acidente que o deixara lesionado e impossibilitado de continuar a exercer sua profissão, trabalhava como engenheiro mecânico numa montadora de automóveis que viera da Alemanha.

Não cheguei a entrar em meu quarto, corri para o banheiro e vomitei toda a comida ingerida no almoço. Lavei o rosto e a boca em seguida e, devagar, segui para minha cama. Joguei-me no colchão e fechei os olhos, sem querer, lembrando-me da cena do banheiro. A praga de Christina havia me acertado, mas ao invés de Tobias estar beijando um homem, ele recebia um oral de uma garota.

– Argh! Sua idiota! Pare de pensar nele! – Cobri o rosto e grunhi comigo mesma, desejando apenas esvaziar a cabeça e relaxar.

Enfiei a mão dentro do bolso do jeans, procurando por meu celular, mas então lembrei que havia atirado o aparelho em Tobias ao apanhá-lo no banheiro.

– Eu, definitivamente, sou a pessoa mais burra do mundo!

(...)

Antes de escurecer, eu já havia tomado banho e me metido debaixo do edredom. Havia roubado alguns quadrinhos da Marvel no quarto de Caleb e estava matando o tempo daquela maneira, lendo embaixo do edredom com a ajuda de uma lanterna.

Minha mãe não havia falado comigo desde o surto por causa da nova tatuagem, mas também não fiz esforço algum para trocarmos palavras. Eu não era culpada por gostar de uma coisa que minha mãe era contra. Natalie era extremamente complicada, exatamente como eu, mas eu não estava disposta a ceder.

Duas batidas vieram da porta. Retirei a cabeça para fora do edredom e encarei a maçaneta.

– Está aberta – minha voz estava rouca e eu não sabia o motivo. Estar a tanto tempo em silêncio provocava uma sensação estranha quando ouvia minha própria voz.

A porta se abriu devagar e Caleb olhou-me curioso, abrindo um pequeno sorriso enquanto entrava em silencio. Aproximou-se da cama e sentou próximo aos meus pés.

– E ai, o que aconteceu com você?

– Não aconteceu nada comigo.

– Tris, esqueceu que somos irmãos? Você não comeu nada desde que voltou da faculdade, está deitada ai há horas... Está doente?

Rolei os olhos, rindo com a preocupação excessiva.

– Não estou doente, Caleb. Só estou cansada.

– Christina ligou mil vezes. Ela deve estar vindo aqui, estava preocupada no telefone. – Meu irmão suspirou e olhou-me dentro dos olhos, buscando por algo que me denunciasse.

Apesar de nossa relação ser mais que ótima, não gostava de falar a respeito dos meus sentimentos. Caleb era um rapaz de ouro, eu o amava e ele sempre seria meu irmão mais velho protetor, mas contar sobre Tobias não parecia ser o melhor a se fazer. Eu não sabia se conseguiria contar nem a Christina.

– Ela é um pouco paranoica. Juro que está tudo bem, só quero ficar deitada, matando meu tempo. Não estou animada para ficar zanzando pela casa.

– Mamãe viu a tatuagem, não viu?

Os olhos de Caleb ficaram mais escuros, hostis, talvez, e acabei assentindo, deixando que pensasse que minha indisposição vinha daquilo. Era mais saudável mentir naquele momento.

– Não se preocupe, está bem? Natalie é cabeça-dura, mas te ama e por isso vai acabar aceitando.


Cazuza - Eu Preciso Dizer Que Te Amo

Sorriu e aproximou-se até depositar um beijo carinhoso no alto de minha cabeça. Sussurrou para que eu descansasse e saiu do quarto, fechando a porta. Ao ficar novamente sozinha, gemi baixinho e afundei a cara no travesseiro, quase chorando de raiva.

Quando a gente conversa

Contando casos, besteiras

Tanta coisa em comum

Deixando escapar segredos

E eu não sei em que hora dizer

Me dá um medo, que medo

Por que eu simplesmente travava quando o assunto era me abrir para os outros? Estava começando a cogitar que eu pudesse ter um problema cerebral ou algo assim. Chris era boa em se abrir, Marlene, Lynn, todas elas conseguiam se abrir e contar como estavam se sentindo. Desabafavam sobre os problemas e isso fazia com que elas se sentissem melhor. Eu era defeituosa, não conseguia.

Guardar o que sentia em relação a Quatro era o que mais estava me incomodando. Eu precisava contar para alguém que me sentia fortemente atraída por ele, e que eu já não sabia mais se me considerava sua amiga. Eu temia tanto perde-lo! Temia contar a verdade e acabar afastando-o de mim. Conhecia Quatro o suficiente para saber que ele não era fã de relacionamentos. Nunca tivera nenhuma namorada, nunca ficara com a mesma garota por mais de uma semana. Isso piorava tudo.

E até o tempo passa arrastado

Só pra eu ficar do teu lado

Você me chora dores de outro amor

Se abre e acaba comigo

E nessa novela eu não quero

Ser teu amigo

Encolhi o corpo na cama e fechei os olhos, tentando me lembrar de quando aquela confusão de sentimentos havia começado. Fechei os olhos com mais força quando a imagem dos olhos de Tobias me veio como um flash de luz. Me sentia tão infantil agindo daquela maneira, fugindo do cara pelo qual eu sentia algo mais forte, me escondendo dos outros, temendo me magoar.

Abri os olhos de uma só vez, sentando-me na cama.

– Isso não está acontecendo! – Murmurei e passei as mãos no cabelo, tencionando o maxilar. Eu já estava confessando para mim mesma que gostava de Quatro e isso não era nada bom.

Eu já nem sei se eu tô misturando

Eu perco o sono

Lembrando em cada gesto teu

Uma bandeira

Fechando e abrindo a geladeira

A noite inteira

Respirei fundo, tentando me acalmar. “Calma, Tris, relaxa! É só uma atração, só uma vontade de saber como é o beijo dele. Não se apavore, você não gosta realmente dele. É curiosidade!” repetia as palavras como se fosse uma espécie de mantra da salvação, algo que fosse me impedir de saltar no fogo e me queimar toda.

Sai de meus devaneios ao escutar passos pesados no corredor. Vozes distintas conversavam juntas, bagunçadas, sussurradas. Pareciam discutir. Uni as sobrancelhas e retirei o edredom de cima de mim, jogando os pés para fora da cama e já ficando em pé.

A porta do quarto se abriu e revelou Christina e Quatro, emburrados um com o outro, tentando entrarem juntos por um espaço onde só cabia um de cada vez.

Eu vou falar com ela primeiro!

– Mas, eu cheguei aqui primeiro!

– Ei! Ei! Calma ai! – Dei dois passos adiante e coloquei as mãos na cintura, observando-os com a cara fechada. – Quem disse que eu quero receber visitas?

Não devia ter sido tão dura. A presença de Quatro estava me deixando nervosa e descontar em Christina, minha amiga, não era justo.

– Não quero... – pigarreei baixo, cruzando os braços. – Não quero você no meu quarto, Tobias. Por favor, vai embora.

Christina entendeu rapidamente o clima ruim entre nós dois e, como uma boa filha da mãe, encolheu-se feito um passarinho e foi se afastando da porta. Desapareceu pelo corredor sem fazer nenhum barulho, deixando-me sozinha frente a frente com Tobias.

Minha respiração tornou-se pesada e sentei-me na cama, esperando que ele fosse embora. Ao invés de fazer o certo, ele entrou e fechou a porta com cuidado. Ouvi seus passos macios se aproximando e logo em seguida, o peso a mais sobre meu colchão, bem perto de mim.

Eu preciso dizer que eu te amo

Te ganhar ou perder sem engano

Eu preciso dizer que eu te amo tanto

– Você vai me ouvir agora, não vai?

Virei o rosto devagar em sua direção. Meu coração deu um salto ao notar a proximidade de nossas faces. Nossas respirações se misturavam e eu podia sentir o cheiro fresco de seu hálito. A barba estava por fazer e aquilo o deixava sexy. Precisei de muito alto controle para me manter distante de seus lábios. Eu queria beijá-lo.

– Sim, eu vou ouvir.

Fechada na máscara de Cold Bitch, falei firmemente, olhando-o dentro dos olhos.


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Notas finais do capítulo

N/A: Boa tarde! Olha só, consegui postar bem mais cedo hoje! Que beleza! Que gracinha! *-* UAHSUAHSUHAUSHAUSHAUHSA não se esqueçam de comentar. Não dói a mão e assim eu fico animada e inspirada para continuar escrevendo.

Até amanhã, galera. Beijo a todos! ♥