Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 21
Wicked Game


Notas iniciais do capítulo

Não se esqueçam de ler a nota final!

Boa leitura, galera!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/542385/chapter/21

Eric parecia ter desaparecido de Chicago após o acontecido e por mais que eu quisesse encontra-lo para obter respostas, parecia simplesmente impossível encontra-lo. Envergonhada, me sentindo totalmente humilhada e guardando uma raiva gigante dentro do peito, nos dois últimos dias fiquei por conta apenas de procura-lo em bares afastados, já que esses locais pareciam ser seus preferidos.

Ninguém o vira. Mesmo descrevendo-o da melhor maneira que podia, ele parecia nem sequer existir. Queria que aquela noite no Moondust tivesse sido apenas um fruto de minha imaginação, mas Tobias era a prova real de que não era um sonho. Christina e William já estavam sabendo do ocorrido, mas implorei para que eles mantivessem em segredo até encontrar Eric e conseguir fazê-lo pagar.

Apesar de acreditar que eu não tivera culpa, Tobias quis manter-se afastado. Eu o entendia, mas não conseguia aceitar o fato de que Eric Weissman era um completo filho da mãe. Cansada de correr em círculos, decidi que começaria pelo começo. Decidi voltar ao Moondust, sozinha, para procura-lo. Confessei meus planos à Christina, mas minha amiga impediu-me de agir sem ter pelo menos dois planos traçados em mente.

– Você é maluca! Ele acabou de sair da cadeia, sabe-se lá do que ele é capaz! Não vou te deixar ir sozinha! Nunca!

– Eu sei me defender, e além do mais, minha dignidade já era... – Falei entre um suspiro e outro, passando as mãos no cabelo.

– Eu e Will vamos com você. – Christina levantou-se da cama e me encarou tentando sorrir.

Olhei-a surpresa, demorando um segundo para realmente entender o que acabara de dizer. Rapidamente me levantei também e aproximei-me, já negando qualquer ideia do tipo.

– Não! Não vai se meter nisso. Não vai meter o Will nisso!

– Nós somos amigos, lembra? Sei que é orgulhosa demais para pedir ajuda, mas eu conheço você o bastante para saber que está desesperada.

Christina estava certa. Completamente certa, mais uma vez. Suspirei e fechei os olhos, assentindo, mas já sabendo que me arrependeria por coloca-la naquela bagunça.

(...)

Entrei no Moondust de cabeça baixa, sentindo um arrepio percorrer minha espinha, desfazendo-se em minha nuca. Sentia o estômago se retorcer conforme eu adentrava o estabelecimento. Era o dia típico de maus elementos frequentarem o local. Olhei discretamente para os lados sem cessar meus passos, só parando ao chegar ao balcão, onde me sentei e pedi uma dose de whisky com bastante gelo.

– Sabia que ia te encontrar por aqui de novo...

Meu maxilar enrijeceu. Mesmo sabendo de quem se tratava, não consegui olhá-lo. Meu corpo todo mandava sinais de alerta para que eu me afastasse. Eric significava perigo e eu não precisava de Tobias para confirmar este fato. Movi-me desconfortavelmente no banco alto e beberiquei o whisky, tentando fingir que o papo não era comigo.

– Ah, Tris – esticou seu dedo para meus cabelos e fez uma leve carícia – vamos deixar esse charme de lado, sei que gostou da noite passada...

Prestes a sair correndo, precisei me controlar e me lembrar dos motivos que havia me levado para aquele bar. Fechei os olhos e respirei fundo, empurrando para longe o copo de whisky ainda cheio junto com uma nota de vinte dólares.

– Não quero conversar aqui, Eric.

De alguma forma ele pareceu se animar com meu comentário. Levantou-se do banco em que estava sentado e esperou que eu o seguisse. Contra minha vontade e sentindo o medo puro percorrer minhas veias, repeti seus gestos e caminhei logo atrás do rapaz. Saímos pela porta da frente e percorremos um trajeto curto até uma ruela escura.

Parei diante de Eric e olhei para os lados, nervosa, tentando imaginar onde Christina e William poderiam estar. O local era pouco iluminado e havia diversas caixas de papelão vazias, empilhadas num canto, junto de duas latas de lixos. Provavelmente, era o local onde o Moondust depositava seus resíduos.

Cruzei os braços, evitando encará-lo.

– Está com medo de mim, Tris?

– Não estou... Só quero saber o que rolou naquela noite. – Criei coragem e ergui o rosto, vendo meu reflexo nos olhos claros de Eric.

Seus traços, a forma como me olhava, o discreto modo como se movia e respirava, absolutamente tudo nele era um pacote que conseguia me deixar sem ar e sem reação. Não da mesma forma que Tobias, Eric me dava medo. Muito medo. Não conseguia acreditar que fiquei em sua companhia e ainda deixei que me levasse para cama.

Ao contrário do que eu esperava, Eric soltou uma risada e lançou a cabeça para trás, divertindo-se com algo que não consegui compreender.

– Acha que rolou alguma coisa? Não seja idiota! – Fitou-me demoradamente, mantendo o sorriso nojento estampado nos lábios. – Você tem algum tipo de retardamento ou o quê? Eu jamais dormiria com você. Aquilo que rolou foi uma dose de heroína no seu terceiro copo de whisky.

Dei um passo para trás, trêmula com as revelações. O pior não era saber que havia sido dopada e sim como Eric mudara da água para o vinho em segundos. Ele parecia um psicopata.

– Sabe os efeitos da heroína, Tris? – Eric deu um passo à frente e, para distanciar-me, dei mais um passo para trás. – Uma quantidade média dessa droga e qualquer um apaga, ainda mais se ingerida com álcool. Sabe, foi muito fácil descobrir quem era você, Tobias tem fotos sua em demasia espalhadas no quarto dele.

Minhas bochechas arderam de raiva quando o nome de Tobias fora pronunciado. Senti uma vontade imensa de avançar com unhas e dentes para cima do loiro, mas mantive-me imóvel, aguardando pelo momento certo. Eric continuou avançando e quando me dei conta, eu já estava com as costas pressionadas contra a parede úmida da ruela. Ele parou a poucos centímetros de distância e cercou-me com seus braços, respirando perto demais de meu rosto.

– Você deve estar se perguntando quais os meus motivos, bem... Eu tenho vários. Tobias é um filho da puta! Por culpa dele eu passei dois anos na cadeia! Por culpa do seu querido namoradinho que, por coincidência, é meu priminho, eu fui preso!

Eu me encolhia a cada palavra, mas não consegui deixar de sustentar seu olhar. Sim, eu estava com medo, mas o enfrentaria caso fosse necessário.

– O mais engraçado disso tudo é que você caiu na rede feito um peixinho burro. Pensei que seria mais difícil, mas você simplesmente veio para mim. Tive sorte, afinal, encontrei você num dia ruim, não é mesmo? Você e ele brigaram naquele dia. – O sorriso torto me enojava.

Tentei afastar-me, mas Eric agarrou-me pelos ombros e apertou-me contra a parede.

– Solta ela! – A voz de Christina, seguida de passos apressados, me fez olhar para o lado direito.

O casal estivera o tempo todo ali e, como combinado, a qualquer sinal de violência, eles entrariam em ação. William segurava um taco de baseball e Christina mantinha o soco inglês encaixado no punho, pronta para bater, mas aquela cena só fez Eric rir. Rir histericamente.

– Isso é alguma piada, Tris? Você trouxe amigos para ajudar? – Soltou meus ombros e afastou-se, acabando-se em mais risadas. – Isso é tão ridículo!

– Você é nojento! Não sabe como me sinto aliviada em saber que você não me tocou. Não faz ideia de como você é escroto, Eric!

Minha súbita coragem fez com que o rapaz cessasse sua risada de uma só vez e se virasse para mim feito um touro. Com um tapa extremamente forte, desabei no chão, acertando a cabeça com tudo no chão. Os sons misturaram-se, assim como as imagens, e sentindo que havia algo errado com minha cabeça, levei erroneamente os dedos para entre meus cabelos e senti o liquido morno.

– TRIS! ELA ESTÁ SANGRANDO! – Era a voz de Christina.

– Ela vai sangrar ainda mais...

Eric não conseguiu concluir sua ameaça. Pensei estar vendo coisas no primeiro instante, mas após esforçar-me, tive certeza que era Tobias. Sim, Quatro estava ali e iria enfrentar o primo.

– Se tocar nela de novo, eu mato você.

– Relaxa primo, já toquei em tudo o que podia tocar. – Irônico, Eric comentou, lançando olhares odiosos para Tobias.

Rolei o corpo no chão e espalmei as mãos para conseguir me levantar. Recebi ajuda de Christina e Will, que colocaram-se de pé e apoiaram-me em seus ombros. Minha cabeça latejava ferozmente e a visão ainda estava turva.

– Seu nariz também está sangrando – o comentário de Will pareceu irritar Christina.

– Cala a boca, precisamos tirá-la daqui e leva-la ao hospital. O nariz nem se compara com o ferimento na cabeça.

– Vocês são ótimos para me manter calma – Sorri sem forças, tentando firmar melhor as pernas no chão para andarmos mais rápido.

Ouvia a voz de Tobias e Eric ficando para trás e isso deixou-me desesperada. Soltei-me de Will e Christina e girei o corpo, fitando os rapazes que se enfrentavam com olhares e ameaças. Estava claro que Tobias não queria brigar com o primo, mas o ódio estava diluído em seus olhos escuros. Eric parecia estar numa brincadeira de provocar, estava adorando ver Tobias nervoso.

– Você não merece meu tempo. – Foi a última frase que Tobias pronunciou antes de virar-se e caminhar na nossa direção.

Abri um sorriso aliviado ao vê-lo se aproximar em passos largos. Ele parou na minha frente e abriu um pequeno sorriso preocupado ao encarar o filete de sangue que escorria de minha narina. Seus olhos, apesar de furiosos, diziam “Vamos para casa” e eu quase acreditei que seria mesmo possível sair dali sem maiores ferimentos.

Meus olhos captaram o movimento estranho que Eric fizera ao enfiar a mão nas costas e retirar algo escuro. Demorou só um segundo para meu cérebro processar que aquilo era uma arma. O rapaz apontou para as costas de Tobias num ato covarde e destravou o revolver. Apesar de tudo estar em câmera lenta, eu sabia, não durou nem três segundos.

Christina soltou um grito no exato instante em que o som estourou dentro de nossos ouvidos e também no exato instante em que entrei-me entre o tiro e as costas de Quatro. Queria que fosse como nos filmes, que não doesse e que a ambulância chegasse logo, mas era a vida real e não uma série policial.

Cai deitada com as duas mãos pressionando o peito enquanto todo o ar ia sumindo de meus pulmões. Queimava feito o inferno! Era muito pior que a fratura já curada.

– Respire, Tris! Respire!

– MEU DEUS! FOI DO LADO ESQUERDO!

Eu queria vê-los sem os malditos borrões, eu queria enxergar Christina, William e Tobias sem os borrões enegrecidos que iam tomando conta da minha visão, mas no momento, a única coisa que me mantinha acordada era a dor.

– Eu já chamei a ambulância e a polícia. Eric não vai conseguir ir muito longe...

– Tris, está me ouvindo? – Era a voz de Quatro. Mesmo sem ter forças, eu sorri. Era bom saber que ele estava bem. – Tris, não pare de respirar. Concentre-se. Estou aqui com você...

Tudo apagou.

• • •

Wicked Game – Gemma Hayes

Uma cirurgia de quase três horas para a retirada da bala e mais três horas para reconstituir tecidos e veias rompidas e repor todo o sangue perdido. Caleb fora o doador. A sala de esperava estava repleta de gente, a maioria alunos da UC e amigos de Tris, mas seus parentes também estavam ali. Grande parte encontrava-se em silêncio, rezando pela segurança da garota que só não morrera por um milagre. Quatro milímetros de distância do coração. A distância que salvara a vida de minha namorada.

– Tobias, eu peguei para você. Dê alguns goles, vai fazer você se sentir melhor.

Demorei algum tempo para erguer a cabeça e fitar Uriah, que estava acompanhado de Marlene. Ele me estendia um copo plástico com líquido quente e um comprimido azul.

The world was on fire and no one could save me but you

It's strange what desire make foolish people do

I never dreamed that I'd meet somebody like you

And I never dreamed that I'd lose somebody like you

– Vamos lá. É chocolate quente.

Eu não estava a fim de beber chocolate quente. Por mais que o clima de Chicago naquela madrugada fosse propício para aquele tipo de bebida, só de imaginar que Tris estava correndo risco de vida meu estômago recusava qualquer coisa. Qualquer coisa.

– São quatro da manhã e está chovendo pra caramba. Vamos, só um gole.

Apanhei o copo e o comprimido, mas não consegui beber. Mantive o corpo estático na cadeira, observando a parede branca a minha frente. Os murmurinhos deixavam-me ainda mais tenso e a falta de notícias estava começando a me deixar num estado ainda pior que podia beirar o desespero.

O som do tiro ainda estava muito vivo em meus ouvidos e as imagens de Tris se esvaindo em sangue eram ainda mais claras. Vê-la desabando com uma perfuração no peito deixou-me sem chão. Saber que o tiro era para mim fez com que a sensação de culpa se instalasse em meu peito para torturar-me de segundo a segundo.

Após Natalie saber do ocorrido, logo depois de Tris ser encaminhada para a emergência inconsciente, a primeira coisa que ouvi dela foi “A culpa não é sua”, mas eu acreditava que era sim. Acreditava que era, pois foi nossa briga idiota por causa do meu ciúmes bobo com Peter que levou Tris a ir beber sozinha no bar. Christina e William gravaram a conversa entre ela e Eric e já tinha ficado provado as verdadeiras intenções de meu primo. Ele queria vingança.

What a wicked game to play, to make me feel this way

What a wicked thing to do, to let me dream of you

What a wicked thing to say, you never felt this way

What a wicked thing to do, to make me dream of you and

Usar Tris para se vingar fora, além de tudo, covardia. Dopá-la e fazê-la acreditar que tinham tido uma noite íntima só para me atingir era um golpe sujo e baixo mesmo vindo de Eric Weissman.

– A polícia já encontrou Eric. Sua liberdade provisória já era. – O comentário ecoou pela sala de espera e a maioria pareceu contente em saber da notícia. Mesmo que Eric estivesse novamente preso, a vida de Tris não seria poupada caso houvesse uma complicação nos procedimentos cirúrgicos.

Ainda imerso em meus próprios pensamentos e dores, desviei o olhar perdido para o rosto de Natalie, Andrew e Caleb. Estavam desolados, pálidos, cansados e quase tão perdidos quanto eu. Christina e William pareciam ainda estar abalados demais e isolaram-se num canto. O som da arma sendo disparada assombraria todos nós por um bom tempo.

The world was on fire and no one could save me but you

It's strange what desire make foolish people do

I never dreamed that I'd love somebody like you

And I never dreamed that I'd lose somebody like you

– Quem são os familiares de Beatrice Prior? – Uma mulher de meia idade se aproximou com uma prancheta nas mãos. Usava óculos de grau e jaleco branco.

Todos levantaram-se esperançosos, encarando a mulher na espera de uma boa notícia.

– Bem, a bala foi retirada com sucesso e não há mais riscos de vida. Ela está respondendo muito bem, é uma garota forte.

Era bom poder respirar menos preocupado, mas o peito ainda doía com o medo de perdê-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Não tenho muito o que comentar. O capítulo ficou dramático, mas não me culpem! UHASUHUSHAUSHAUHSUA espero que tenham realmente gostado. Espero reviews, principalmente nessa reta final. Pois é, o mês está acabando e com ele a minha fanfic.

Não se esqueçam o comentário!

Até amanhã.
XOXO ♥