Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 2
Meu Erro


Notas iniciais do capítulo

Segundo dia, segundo capítulo. Bem, eu me atrasei pelo simples motivo: faço faculdade a noite e sempre me atraso um pouco para chegar em casa. No mais, espero que gostem! Um beijão e boa leitura.



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Três meses antes...

Difícil. Uma ótima palavra para descrever o seguimento monótono, mas ao mesmo tempo agitado, da minha adorável vida.

– Beatrice, Christina está esperando você na sala.

Mamãe entreabriu a porta do meu quarto e avisou, mas não saiu em seguida. Eu estava de costas, terminando de vestir uma blusa, e o momento foi perfeito para que ela visse a mais nova marca em meu corpo.

– BEATRICE!

Girei o corpo em sobressalto e, de olhos arregalados, vi minha mãe se aproximar feito um touro enquanto eu tentava abaixar a blusa o mais rápido possível. Mas, já era tarde, ela havia visto. Quando se aproximou-se, agarrou meu braço e forçou-me a lhe mostrar as costas, vendo então, minha nova tatuagem.

– Você disse que não ia mais marcar o seu corpo!

– Mãe! Eu já tenho dezoito anos! – Soltei-me de seu aperto e ajeitei a roupa um pouco amarrotada devido à agressividade de minha mãe. – Você poderia me dar um tempo, não acha? Caleb é quem precisa de atenção.

Sustentei o olhar reprovador que ela me lançava até que desisti de tentar fazê-la aceitar. Apanhei minha mochila sobre a cama e sai do quarto em silêncio. Na sala, Chris me esperava sentada na ponta do sofá. Assim que colocou os olhos em mim, sacou que alguma coisa havia acontecido dentro do quarto. Levantou-se e foi ao meu encontro

– Vai me contar no caminho.

Foi o que sussurrou ao encostar seu ombro no meu. Caminhamos lado a lado até a porta e assim que saímos, deixei que meus ombros relaxassem e minha respiração pesada se acalmasse pouco a pouco. Eu detestava discutir com minha mãe. Já éramos uma família um pouco desunida, brigar não era algo que eu gostava de fazer, ao menos, não com eles.

– Ela viu a tatuagem.

Senti Chris me olhar de rabo de olho, mas nada dizer até entrarmos em seu carro. Ela passou o cinto, colocou a chave na ignição e deu partida. Em poucos segundos já havíamos deixado minha casa para trás, e com ela, os problemas familiares.

Soltei a respiração pela boca e afundei no banco, passando o cinto pelo corpo. Esperei que Christina perguntasse alguma coisa, mas eu sabia que ela iria esperar que eu falasse sem ser pressionada. Minha amiga me conhecia o suficiente para saber que eu preferia daquela forma, sentir segurança para fazer algo ou falar algo.

– Eu vou ficar de castigo – Cobri o rosto com as mãos, já imaginando o que me esperava em casa quando voltasse da faculdade.

– Você não vai ficar de castigo, Tris! Para de bobeira! – Balançou seus cabelos negros e curtos, fazendo uma careta engraçada. – Sua mãe vai acabar entendendo que você gosta de tatuagens. Caleb gosta de ménage-a-trois e ninguém diz nada a respeito.

Rolei os olhos, desviando a atenção para a cidade que passava rápida pelo vidro. Àquela hora tudo já estava muito movimentado, era incrível como Chicago acordava cedo!

– Se meu irmão mais velho é ou não um maníaco sexual, se gosta ou não de pegar duas mulheres ao mesmo tempo, não muda o fato de minha mãe não gostar das minhas tatuagens. – Virei o rosto para Chris e gesticulei um pouco nervosa. – Mas, quer saber?! Foda-se isso tudo.

Christina riu, ligando o som do carro.

– Vamos nos concentrar em outra coisa. Você vai na festa do Peter?

– Você sabe que eu não gosto do Peter e que o Peter não gosta de mim, com certeza, não serei bem-vinda. – Soltei uma risada irônica, não me importando em agradar ou não o jogador de futebol mais metido de toda a Chicago University.

Peter era o tipo de rapaz que não aceitava que as coisas não fossem de outra maneira se não da forma como ele queria. Filho único, pais ricos, avós melosos, casa na praia, casa de campo, presentes fora de datas comemorativas... Era de se esperar que se tornasse uma pessoa estragada pelo excesso de carinho e atenção. Quando entrei na universidade e fui intimada a sair com ele – e recusei –, o mal-amado passou a me perseguir, de forma extremamente doentia, pelos corredores.

Não era o tipo de perseguição romântica, Peter me cercava para me humilhar na frente dos outros. Gostava de me deixar envergonhada, adorava se sentir superior com suas roupas de jogador e sua jaqueta grossa e pesada com o símbolo do time da universidade, mas isso já não mais me afetava. Não depois do soco no olho que marcou a vida do mauricinho quando perdi totalmente a paciência no refeitório. Desde então, ele passou a me odiar, oficialmente.

Ganhar a antipatia de Peter pouco fez diferença em minha vida. Eu tinha amigos que compensavam qualquer rinha dentro da universidade. Christina, Will, Marlene, Lynn, Uriah e Edward eram meus pequenos tesouros, meus verdadeiros amigos. E ainda tinha Tobias, ou Quatro. Que ainda se encaixava na categoria ‘amigo’, mesmo que meus sentimentos apontassem algo um pouco além disso.

– Você vai contar para ele hoje?

Christina arrancou-me de meus devaneios e quando percebeu que eu estava longe, riu, batucando os dedos no volante seguindo o ritmo da música.

– Contar o quê e para quem? – Arqueei uma sobrancelha, fazendo-me de desentendida.

– Beatrice Prior, não tente me enganar! Eu faço psicologia e sei ver quando estão mentindo!

– Não! Muito antes disso você já sabia quando as pessoas estavam mentindo. Isso é como um dom, ou sei lá! – Ri bem humorada, tentando desviar o assunto delicado que Chris estava querendo adentrar.

– Ah, você entendeu! Estou perguntando se vai falar com Quatro...

Estacionou o carro numa vaga folgada no estacionamento da universidade. Retirei o cinto, joguei a mochila nos ombros e sai do veículo, batendo a porta em seguida. Ajeitei a blusa e passei as mãos pelo cabelo, tentando parecer menos destruída possível.

– Eu não vou falar com ele.

Minha amiga se aproximou e ajeitou meu cabelo, retirou um batom de sua bolsa e deslizou-o agilmente por meus lábios e entregou-me um delineador preto para que eu desse um up em meu rosto sem graça. Eu adorava aquilo nela! Chris, apesar de ser uma futura psicóloga, era uma excelente personal style. Era ela que tratava de me alertar quando eu estava desarrumada demais ou cafona demais.

– Vai sim! Está linda, então, agora pode ir! – Agarrou meus ombros, girou meu corpo e deu um empurrãozinho para que eu seguisse em frente para falar com Quatro.

Parei e volte-me para ela, as sobrancelhas unidas de raiva.

– Não! – Falei entredente. – Isso é ridículo!

Eu não estava apaixonada por Tobias, eu apenas sentia uma pequena atração por ele, meu melhor amigo, nada demais, nada que pudesse atrapalhar alguma coisa.

Christina rolou os olhos e cruzou os braços.

– Ok, vamos entrar. Tomara que você pegue ele beijando outro cara no banheiro masculino.

Gargalhei, puxando a baixinha comigo ou ela não pararia de falar nunca mais.

(...)

As aulas passaram arrastadas e acabei cochilando várias vezes, já que minha noite pouco tranquila não me permitira ter boas horas de sono. Quando o sinal para o intervalo do almoço soou, Marlene precisou me cutucar ou ficaria dormindo tranquilamente dentro da sala.

– Noite ruim, bad girl?

– Não me chame de bad girl, por favor. – Bocejei, tentando ajeitar o cabelo que provavelmente estava desgrenhado.

Marlene riu, seus dentes branquinhos combinados com os olhos azuis e cabelos pretos cacheados a faziam parecer uma bonequinha de porcelana.

– Gosto do seu apelido, Tris. É um apelido merecido.

– Peter mereceu o soco, se eu não desse, outra pessoa acabaria dando.

Peguei minhas coisas sobre a mesa e sai da sala. Marlene me alcançou no corredor junto de Lynn e Uriah, mas não entrei na conversa do trio, eu estava doida para encontrar Quatro e perguntar sobre a festa de Peter. Eu bem sabia que não era bem-vinda na casa do rapaz, mas talvez, acompanhada por Quatro, eu conseguisse entrar sem problemas, afinal, ele era o capitão do time de futebol.

Almocei às presas na mesa com o pessoal e, por sorte, Chris não me encheu mais o saco com as ideias fracas de que eu falasse com Quatro a respeito do que eu poderia estar sentindo por ele. Alheia aos papos da minha turma, estranhei não encontrar Tobias em lugar algum. Ele sempre almoçava em nossa mesa, afinal, éramos todos amigos apesar da diferença de idade. Esquadrinhei o refeito, mas não havia rastros dele.

– Eu vou... – Apoiei as mãos no tampo da mesa e ergui o corpo, encarando os rostos que viraram na minha direção. – Nossa, que medo de vocês! Eu vou a biblioteca.

Afastei-me do refeito e segui pelo extenso corredor repleto de cartazes coloridos nas paredes, avisos, anúncios e convites para eventos dentro do campus. Apressei os passos, repassando a lista de lugares que Quatro costumava ficar quando não ia almoçar e imaginei que, talvez, ainda estivesse no campo, ou nos vestiários.

Virei a direita ao fim do corredor e continuei seguindo, mas antes de continuar, um estranho som, acompanhado de uma voz conhecida, me fez parar para tentar ouvir melhor. Eram gemidos que vinham de dentro do banheiro feminino. Eu não era uma pessoa curiosa, mas tinha certeza ter ouvido uma voz masculina, o que despertou meu interesse em saber o que estava acontecendo.

Os Paralamas Do Sucesso - Meu Erro

Aproximei-me da porta e coloquei a cabeça para dentro. Sem enxergar muita coisa entrei no banheiro cautelosa, encontrando uma cena que eu, com certeza, não devia ter visto. Quatro estava de costas e uma garota de cabelos negros estava ajoelhada diante dele. A julgar pelos sons que eles soltavam, dava para imaginar o que estava acontecendo.

Eu quis dizer

Você não quis escutar

Agora não peça

Não me faça promessas

– Isso é nojento, Tobias! – Cuspi as palavras, fazendo-o virar a cabeça para me olhar.

– Ah! Tris! Que bom te ver aqui... você poderia ajudar a gente aqui?

Eu não quero te ver

Nem quero acreditar

Que vai ser diferente

Que tudo mudou

Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado

Bastaria

Ah! Meu Deus

Era tudo o que eu queria

Eu dizia o seu nome

Não me abandone

Minha boca se abriu de nojo, de surpresa, de ciúmes, de raiva e não pensei, apenas atirei meu celular contra as costas do rapaz sem raciocinar direito o que estava fazendo.

– Babaca! Idiota! Como tem coragem de me dizer uma coisa dessas?!

Mesmo querendo

Eu não vou me enganar

Eu conheço os seus passos

Eu vejo os seus erros

Não há nada de novo

Ainda somos iguais

Então não me chame

Não olhe pra trás

Ofendida e profundamente magoada com o que tinha acabado de ver, dei as costas ao que estava na minha frente e sai em passadas largas, tentando me manter longe de Tobias e daquele banheiro.

– TRIS! TRIS, ESPERA!

Apressei os passos ao ouvir chamar meu nome, quase correndo pelos corredores. Não queria olhá-lo, não queria ouvir sua voz. Eu não tinha direito algum de ficar com ciúmes, mas simplesmente não havia conseguido controlar. Por que na faculdade? Por que no banheiro feminino? Precisei piscar muito para evitar as lágrimas de raiva e também precisei correr e entrar numa sala qualquer, trancando a porta para impedir a aproximação de Tobias.

Você diz não saber

O que houve de errado

E o meu erro foi crer

Que estar ao seu lado

Bastaria!

Ah! Meu Deus!

Era tudo o que eu queria

Eu dizia o seu nome

Não me abandone jamais

Eu queria ficar sozinha, afinal, o erro fora todo meu ao pensar que poderíamos dar em alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

N/A: E ai, o que acharam? Tobias é um canalha ou não? hehehehe pobre Tris. Então, se você leu até aqui, deixa um comentário né? Não dói e eu adoro! AUHSUAHSUHAUSH são os comentários que motivam um autor a continuar. E outra, leitores fantasmas, POR FAVOOOOR, APAREÇAM!

Até amanhã galeris! ♥