Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 14
Pra Ser Sincero


Notas iniciais do capítulo

Leiam a nota no fim!

Boa leitura.



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Engenheiros do Hawaii - Pra Ser Sincero

Uma semana. Uma semana parecia demorar muito, mas naquela situação passou rápida demais. Ao mesmo tempo em que sentia os dias se arrastarem e me arranharem por dentro, sabia que o tempo não estava a meu favor. Eu estava sentindo o que eu mais queria escorrer por entre meus dedos, como se tudo fosse feito de areia. Como se tudo não passasse de areia.

Não estava esperando que Tris voltasse atrás e me pedisse perdão por tudo. Ela era orgulhosa demais para fazer aquilo e eu entendia perfeitamente seus motivos. Só não conseguia aceita-los. Deprimido, arrasado e derrotado, já não mais me importava por não gozar da confiança da garota. Se Tris não conseguia acreditar que aquelas mensagens não fossem minhas, eu nada podia fazer a respeito. Nada. E por esse motivo, omiti minha partida para Rússia que aconteceria em dois dias.

Pra ser sincero

Não espero de você

Mais do que educação

Beijo sem paixão

Crime sem castigo

Aperto de mãos

Apenas bons amigos

– Devia ter me contado antes!

– Will, por favor, não quero ouvir sermão. – Balancei a cabeça, retirando a camiseta úmida de suor.

– Tobias! Isso é sério! – Will empurrou sem muita força o meu ombro, fazendo-me olhá-lo. – Você está indo embora do país sem avisar seus amigos. Sem avisar Tris!

Minha expressão endureceu e logo percebi que meus dedos apertavam a camiseta do time com força, quase rasgando-a. Eu não queria falar sobre Tris e nem sobre a viagem. Era um assunto delicado que eu preferia não expor, nem mesmo para Will.

– Tris não se importaria. – Abri meu armário com raiva, sem me importar com o barulho que chamou atenção dentro do vestiário. – Afinal, ela nem sequer consegue acreditar em mim...

Me virei para sair, mas William segurou meu braço com força. Apertei o maxilar e voltei a fita-lo, totalmente sem paciência.

– Então isso é tudo por causa da Tris? Está indo embora por causa dela? Tobias, você é burro?! Você sabe muito bem que aquela garota te adora!

Pra ser sincero

Não espero que você

Minta

Não se sinta capaz

De enganar

Quem não engana

A si mesmo

– ADORAR NÃO É SUFICIENTE! – Empurrei Will contra os armários e soquei o metal atrás do rapaz deixando uma marca na forma de minha mão. – Tris não consegue dizer o que sente! Ela não é capaz de sentir alguma coisa por mim que não seja amizade. Eu me culpo a todo o momento por não querer a amizade dela. Só a amizade não é o suficiente... Eu a amo.

Afastei-me com a respiração pesada. Nos últimos dias a ira tomara conta de mim de uma forma surpreendente e me via socando e gritando qualquer um e qualquer coisa por motivos banais. Se a loira estava me fazendo tão mal, eu realmente deveria me afastar, ir morar longe, num lugar onde apenas a saudade iria incomodar.

Nós dois temos

Os mesmos defeitos

Sabemos tudo

A nosso respeito

Somos suspeitos

De um crime perfeito

Mas crimes perfeitos

Não deixam suspeitos


• • •

Meus pés batiam com força contra o assoalho da sala de dança enquanto meu corpo movia-se com agilidade num rodopio forte e rápido demais para a música que tocava. O suor molhava minha testa e meus cabelos, minhas costas também estavam úmidas e eu já tinha perdido a conta de quanto tempo passara ali, treinando os mesmos passos, os mesmos giros e sempre com a mesma intenção: não pensar em Tobias.

Força. Força. Mais força. Suspiros. Eu estava cansada. Meus músculos doloridos clamavam por uma trégua. Eu precisava de água. “Não pare de dançar! Não pare de se mover!” fechei os olhos com força, sentindo as lágrimas queimarem minhas pálpebras. Soltei um gemido de dor quando minhas pernas ficaram bambas e senti que não poderia mais continuar. Não daquela forma forçada que eu insistia em seguir apenas para evitar pensamentos. Era inevitável, minha pele ardia nos locais em que ele já havia tocado e meus lábios tornavam-se dormentes quando me lembrava dos beijos.

Tão profundo... Doía e eu não queria aceitar o fato de que continuaria doendo. “Mova-se! Mova-se! A dor desperta um corpo entorpecido!” e eu acreditava estar entorpecida pelos sentimentos que mantinha por Quatro. Não queria aceitar minha dependência e não conseguia acreditar que poderia ir tão longe, sentir algo daquele nível. Realmente, eu sentia minha sanidade descendo pelo ralo.

Ergui os braços e dei um novo giro, seguindo os passos ensaiados como se estivesse presa naquela coreografia pela eternidade. Outro gemido de dor. Cerrei os punhos, fechei os olhos, dobrei o corpo e movi a cabeça, deixando um soluço escapar. “Esqueça-o de uma vez!”.

– Eu não consigo! – Parei de dançar e fitei o teto do estúdio de dança da universidade, deixando as lágrimas escorrerem. Os soluços que se seguiram ecoavam e precisei segurar na barra para não cair. – Eu não posso simplesmente esquecer!


• • •

– Juro que ouvi isso no vestiário! Christina, por favor, precisa acreditar em mim... Tobias vai embora em dois dias e não pretende voltar. Ele quer esquecer a Tris!

– Peter, espera! Espera! – A garota me fez parar de gesticular e me olhou dentro dos olhos, tentando acreditar naquilo tudo.

– É verdade – suspirei, cansado por estar insistindo há dez minutos – você tem que avisar ela.

– Sim, nós vamos avisá-la! Agora! Mas, antes, precisamos de mais uma pessoa...

• • •

Apanhei a mochila largada no canto do estúdio e a joguei no ombro, sentindo todo o peso de um treino puxado pesar em todo o corpo. Respirei profundamente o ar do local em que me sentia mais a vontade, desejando, na verdade, sentir outro cheiro. Fixei o olhar em meu reflexo no espelho e senti-me inútil. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis? Ou melhor, menos conturbadas?

– TRIS!

Me virei na direção da voz, vendo Christina adentrar o estúdio sem ar. Ela parou e apoiou as mãos nos joelhos para conseguir respirar. Meu estômago se apertou, congelando instantaneamente ao sentir que havia alguma coisa errada.

– O que aconteceu? Você está bem?

– Precisamos... precisamos contar uma coisa!

Logo Peter entrou no estúdio arrastando Edward pelo colarinho. Dei um passo para trás ao notar a gravidade dos ferimentos espalhados no rosto do rapaz e, não, não era no rosto de Peter. Trêmula, já imaginando o que tinha acontecido, cobri a boca e encolhi os ombros.

– Agora você vai contar direitinho o que aconteceu! – Com um forte impulso, Peter jogou Edward no chão, que deslizou até parar aos meus pés.

– Você pode começar pela parte em que sacaneou Tobias – Christina cruzou os braços.

Peter fechara as portas do estúdio e cuidava para que ninguém entrasse ou saísse. Sem entender direito o que estava acontecendo, busquei por algo em minha cabeça que pudesse explicar alguma coisa. Havia ouvido por alto que uma briga acontecera no estacionamento e que Edward e Tobias estavam envolvidos, mas não podia imaginar que Quatro havia feito aquilo no rosto do garoto.

– O que está acontecendo? – Nervosa, questionei.

– Tris, eu...

Edward começou, mas parou. Estava visivelmente abalado e cansado. Aquilo era tortura!

– Vamos! Diga tudo! – Peter gritou e notei Edward estremecer.

(...)

Meus pés batiam contra o chão com demasiada força e o barulho não era agradável. Eu ainda estava suada e cansada, mas após ouvir tudo aquilo não conseguiria ficar parada enquanto não colocasse a história toda a limpo. Encontrei Tobias saindo da sala de aula, acompanhado de Justine. Freei os passos imediatamente e encarei-os perplexa.

A morena despediu-se de Tobias e se afastou e foi nesse instante em que ele percebeu minha presença. Desconfortável, tentou não olhar em meus olhos, mas algo parecia errado demais.

– Você vai embora – afirmei, precisando ser forte para manter-me indiferente.

– Sim, eu vou embora.

– Por que? – Relaxei os ombros e dei dois passos em sua direção, sentindo-me pequena e fraca diante de Quatro, que era grande e forte. – Por que escondeu isso? Não iria se despedir?

– Eu não vou me despedir.

Sua frieza me machucou.

– Existe alguma coisa que eu... Existe uma maneira de você ficar?

– Não. É tarde demais, eu já desisti.

Meus olhos lacrimejaram. Respirei fundo e assenti rapidamente, virando-me de costas para voltar.

– Tris – parei e olhei-o imediatamente – diga o que sente. Diga o que sente e o quer, diga alguma coisa e eu fico.

Muitas coisas passaram por minha cabeça. Frases eram formadas, mas ao tentar pronunciá-las, acabava me perdendo e voltando ao ponto inicial. Com o coração apertado e lágrimas quase escorrendo, senti que não era capaz de dizer o que Tobias queria ouvir. Infelizmente, senti que algo profundo e inexplicável estava me impedindo de fazer o que era certo. Eu não conseguia me expor. Eu era gelo.

– Foi o que eu pensei. Você não se importa.

Era indescritível a dor de vê-lo se afastar e sumir pelo corredor. Fiquei parada, sozinha, encarando o local por onde ele fora. A sensação de vazio me tomou, mas não chorei. Não conseguia exteriorizar absolutamente nada e mesmo que eu quisesse agir, estava travada e impossibilitada de tudo.

Tobias desistira de mim. E eu também.


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Notas finais do capítulo

N/A: Preciso expressar minha felicidade por ter recebido TRÊS recomendações de uma só vez AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH OMG OMG OMG! *----------* gente, que coisa mais linda! Obrigada, de verdade, obrigada à MadCap, Mrs Poison e Prior. Vocês são a coisa mais linda, obrigada do fundo do coração. Quase chorei! ♥

Preciso agradecer também aos reviews! Sério, eu amo todos vocês!

Agora, sobre estar dois capítulos atrasada: estava organizando uma festa de aniversário surpresa, ou seja, tudo muito corrido. Amanhã teremos DOIS capítulos, então, preparem seus coraçõeszinhos! HU3HU3HU3

Gostaria de convidá-los a ler minhas duas novas fanfics. Uma é one de PJO e a outra é uma long de Divergente.

http://fanfiction.com.br/historia/546160/Deadly_Nightshade/
http://fanfiction.com.br/historia/546565/A_Proposta/

Prometo que não irão se arrepender!
That's all folks! xoxo ♥