Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 12
Oceano


Notas iniciais do capítulo

Momento fofo entre Tris e Peter *-* UHASUHASUAHSA adoro os dois juntos, mas não shippo, of course. Espero que gostem do capítulo!

Beijos e boa leitura!



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Cabeça repousada, olhos fechados, respiração compassada. Poderia ser um momento qualquer de descanso, mas não era. Nunca poderia ser, não depois do que acontecera no refeitório da UC. Por fora eu realmente estava tranquila, mas por dentro... Bem, eu já podia sentir os estragos que gostar de alguém causavam internamente.

– Tris, seu irmão não gostou de me ver entrando com você. Estamos trancados no seu quarto... Provavelmente, ele não deve estar pensando coisas muito legais a meu respeito.

– Cala a boca, Peter! – Apesar de ser uma ordem, não fui grossa. Estava cansada demais para trata-lo mal.

O garoto estava no canto do quarto, encolhido, como se estivesse tentando se afastar de algum tipo de veneno ou estivesse morrendo de medo de morrer. Eu não era assim tão perigosa, mas Peter estava em meus domínios e se eu ficasse magoada com qualquer coisa que viesse dele, provavelmente, apenas o seu cadáver sairia dali.

– Não precisa se preocupar com o Caleb, depois me viro com ele.

– O que viemos fazer aqui exatamente?

Abri os olhos e encarei-o, um tanto brava com tantas perguntas desnecessárias. Eu queria a companhia de alguém que não fosse me julgar e mesmo Peter não sendo a pessoa mais indicada para o posto, em algum lugar no meu cérebro – a parte mais burra, eu presumo – queria que ele ficasse. Sentei-me na cama e cruzei as pernas sobre o colchão, tentando encontrar uma maneira de começar.

– Hm, por que não se senta?

Peter então puxou meu pufe lilás e sentou, ainda mantendo certa distância de mim. Contei tudo. Desde o começo, passando pelas idas e vindas no relacionamento com Quatro, finalizando com a descoberta da traição. Apesar de estar certa que Tobias tinha sim culpa no cartório, as expressões de Peter pareciam dizer o contrário.

– Ele não é assim – foi a frase que me fez arquear as sobrancelhas. – Eu sou homem e conheço um canalha... Tobias não é e nunca foi assim. Talvez isso seja uma armação.

Estreitei os olhos, desconfiada, observando com cuidado os gestos do rapaz, prestando muita atenção em suas palavras. Era estranho vê-lo calmo ou acuado daquela forma, Peter sempre fora debochado e esnobe. Dava para ver a drástica mudança, mas era muito difícil de acreditar e confiar. Mas, mesmo assim, eu estava contando tudo para ele.

– Ele pode muito bem ser um ótimo ator, sabe, digno de um Oscar. Ninguém nunca iria perceber. – Cruzei os braços, não conseguindo aceitar que aquilo poderia ter sido apenas uma confusão.

Peter deu de ombros ao ver que não conseguiria me convencer e suspirou, desviando o olhar perdido para o chão. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Sem saber o que dizer ou como reagir, acabei me jogando sobre o colchão, cobrindo o rosto com as mãos conforme eu voltava a me agitar por dentro e por fora.

– Uma coisa eu não entendo – sua voz quebrou o vazio e imediatamente o olhei, mantendo o corpo deitado – você e Tobias poderiam ter tentado isso antes, muito antes.

– Eu também acho, mas de qualquer forma, acabaria em merda.

O garoto pareceu ponderar ao coçar o queixo e observar a parede branca atrás de mim.

– Por que usou cocaína? E por que me bateu? Aliás, por que me persegue, ou melhor, perseguia, eu acho?

As perguntas o pegaram desprevenido e vi que sentiu-se totalmente desconfortável com aquele assunto. Mesmo que tentasse, Peter não conseguiria evitar as respostas por muito tempo, afinal, estávamos em minha casa e a vantagem era minha. Ele contou, hesitando em determinados momentos, mas contou. Contou absolutamente tudo o que perguntei.

Eu ainda achava que ele era um babaca completo, mas saber da história por trás dos acontecidos deixou-me levemente sensibilizada. Todos os problemas de Peter resumiam-se em uma palavra: família. Ou a falta dela. Usar drogas era uma forma de tentar chamar atenção dos pais, arrumar problemas na universidade também, me perseguir era sua saída para se afirmar e provocar Tobias satisfazia sua vontade de ser melhor que Quatro, pelo menos por alguns segundos. Não precisava de nenhum curso de psicologia para entender o quanto ele era frágil por dentro.

O rapaz levantou-se do pufe onde manteve-se sentado o tempo todo e caminhou até mim. Sentou-se na beirada do pé da cama e me encarou, parecendo buscar as palavras certas para dizer alguma coisa. Esperei pacientemente pelo o que viria, mas não imaginei que fosse ouvir aquilo.

– Tris, me perdoe por tudo o que te fiz.

Meu lábio inferior tremeu um pouco e não consegui manter o olhar sobre ele, acabando por desviar a visão para o chão.

Djavan - Oceano

– Sei que dei muitas mancadas com você, te machuquei e te meti em encrencas muitas vezes. Mas, me perdoe... – Ele estendeu a mão e segurou a minha que estava sobre o colchão.

Só então eu o encarei. Vi que falava a verdade, Peter estava sendo sincero e fiquei tentada a perdoá-lo e esquecer os momentos ruins, mas era difícil. Era difícil vencer a minha mágoa e pronunciar “Eu te perdoo”.

– Peter, eu...

Assim que o dia amanheceu

Lá no mar alto da paixão

Dava pra ver o tempo ruir

Cadê você? Que solidão!

Esquecera de mim

Não pude concluir a frase, a porte do meu quarto foi escancarada por um Tobias com ódio diluído nos olhos escuros. Sua atenção, que estava focada em mim, passou imediatamente para Peter e parou em nossas mãos juntas sobre o colchão. Imediatamente eu me levantei, fitando-o com raiva.

– Você precisa aprender a bater na porta. E que parte do “eu morri” você não entendeu, heim?! – Cuspi as palavras, cruzando os braços sem deixar de olhá-lo.

– Então era isso? Queria apenas ficar sozinha com ele?

Tobias lançou um olhar mortífero para Peter e avançou um passo, deixando claro que o mataria em segundos se lhe fosse permitido. Fui mais rápida e o empurrei, fazendo-o voltar para a porta do quarto.

Enfim, de tudo o que há na terra

Não há nada em lugar nenhum

Que vá crescer sem você chegar

Longe de ti tudo parou

Ninguém sabe o que eu sofri

– Você está dentro da minha casa! Se tentar algo idiota, chamarei a polícia, entendeu?

– Tris, por que não me escuta? Seria bem mais fácil para nós dois. – Ele bufou, segurou meus ombros e aproximou seu rosto do meu.

Prendi a respiração e travei no lugar. Por mais que eu estivesse com raiva, meu corpo ainda o queria e, apesar de tudo, dentro do peito ainda nutria os sentimentos por ele. O momento estático durou apenas alguns instantes e eu logo me desvencilhei de seus braços.

– Não vou te escutar! Vai encontrar desculpas ridículas para uma coisa que ficou bem clara hoje: você-não-presta. – Tratei de pronunciar as últimas palavras devagar para fazê-lo entender de uma só vez o que eu pensava a respeito. – Agora, por favor, vai embora.

Abaixei os olhos, esperando que ele saísse do quarto. Isso não aconteceu, claro, Tobias era cabeça-dura demais para desistir de imediato.

– Por que não acredita em mim? Porra, Beatrice! Você me conhece há anos! Sabe do meu caráter, sabe dos meus segredos, da minha família, sabe da minha vida toda! Por que diabos eu faria uma coisa dessas com você? Tris... eu... Tris eu te amo!

Amar é um deserto e seus temores

Vida que vai na sela dessas dores

Não sabe voltar, me dá teu calor

Foi como ser jogada dentro da água gelada e emergir no ar quente. Meu sangue esquentou e meu coração batia tão forte que pensei que acabaria explodindo meu peito. Não consegui explicar as sensações múltiplas que me deixaram arrepiada e com os olhos cheios de lágrimas. Eu sentia tanta coisa ao mesmo tempo que não poderia me decidir se aquilo era bom ou ruim. Trêmula, sem ar e ainda sem acreditar no que tinha escuta, tentei mandar comados a meus músculos, mas estes não mais me obedeciam.

Travada no lugar, eu estava presa na imensidão desconhecida e atrativa que eram os olhos de Tobias. Ele me encarava com tanta firmeza do que tinha acabado de dizer que eu poderia muito bem acreditar, jogar-me em seus braços e beijá-lo, se não fosse os acontecimentos recentes. Lembrar do que li no celular de Quatro me trouxe de volta para a realidade, me trouxe de volta para a verdadeira dor de ter sido passada para trás e, novamente, eu estava envolta de gelo e de ódio.

– COMO TEM CORAGEM DE DIZER ISSO?! COMO TEM CORAGEM DE VIR NA MINHA CASA E MENTIR DESSA MANEIRA?! – Gritei desesperada, já sabendo que tinha perdido o controle de todas as minhas ações. Irada, não pensei duas vezes antes de soca-lo no peito diversas vezes, sem ter certeza se aquilo lhe causaria alguma dor. – VAI EMBORA! VAI EMBORA AGORA E NÃO VOLTE NUNCA MAIS!

Empurrei-o para fora e, assim como da última vez, bati e tranquei a porta. Encostei as costas na madeira fria e deslizei para o chão como um monte de merda, desabando no assolhado completamente destruída por dentro. Soltei o choro preso como uma criança que teme o escuro e cobri o rosto, envergonhada por tudo, por sentir que eu gostava de Quatro e por não querê-lo longe da minha vida.

Vem me fazer feliz porque eu te amo

Você deságua em mim, e eu, oceano

Me esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você!

Senti alguém sentar-se ao meu lado e lembrei-me que Peter havia escutado tudo, ele estivera no quarto durante toda a confusão como um ouvinte. Quando senti seu braço repousar em meus ombros e puxar-me para seu peito, quase empurrei-o para longe num surto. Se ele estivesse tentando aproveitar-se do meu momento de fraqueza, eu não iria deixar.

– Quer que eu seja educado ou que eu seja sincero?

– Quero que você fique calado e seja o amigo gay que eu nunca tive... – Soluçando, consegui finalmente dizer, sentindo Peter apertar ainda mais os braços ao meu redor.

– Mas eu não sou gay, Tris! – Falou um pouco ofendido.

Apesar de a frase ter soado estranha, eu só queria que Peter fizesse o papel de amigo que Tobias sempre fizera antes de tentarmos ser mais do que devíamos. Continuei chorando e Peter não disse mais nada. Manteve-se fora da situação, até que me pronunciei.

– Quero que seja sincero...

– Tobias te ama. De verdade.


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Notas finais do capítulo

N/A: SUUUUPER atrasada né? Eu comecei o capítulo ontem, mas tomei uma vacina que me travou o braço direito e mal consegui digitar. Hoje já está melhor, mas ficou pequeno por esse motivo, ainda estou sentindo dores. Agora, sobre o capítulo, e ai? O que acharam? Tobias disse que ama a Tris. Será que é verdade ou só uma jogada para fazê-la esquecer da suposta traição? Huum, muito drama ainda está por vir hehehe

Galeris, não deixe de comentar ok? Os reviews são importantes sim e eu preciso deles para saber o que estão achando e o que preciso mudar para deixar a fanfic melhor a cada capítulo. Deixar um comentário não faz seu dedo cair e você gasta só dois minutinhos. Vamos lá! SEM LEITORES FANTASMAS! o/

Espero que tenham gostado e até o próximo.
Beijos na bundinha de vocês ♥