Memories of the Living escrita por BlindBandit


Capítulo 5
A Rosa e a Serpente




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Eu cresci rodeada de amor. Não me refiro ao amor de meus pais por mim, meu amor por meu irmão ou pelos meus primos, não,eu me referia ao amor romantico, que estava por toda parte na casa onde cresci.

Começava com meus pais. Eu comecei a notar ainda quando era pequena, a maneira que meus pais se olhavam, se tocavam, como se seus movimentos fossem uma dança sincronizada. Acho que nem eles próprios notavam, sempre que meu pai olhava para mamãe, ela virava instantaneamente, e ambos sorriam em perfeita sincronia. Depois, haviam todos meus outros tios e tias. por exemplo, meu tio Harry e minha tia Gina sempre sabiam o que o outro queria, eles faziam piadas e riam o tempo todo, eles se beijavam de manha e antes de ir dormir, aquela bitoquinha cheia de carinho, só um lembrete do amor que havia entre eles. E por fim, havia o mais doce dos amores, que eu vira brotar diante dos meus olhos. Minha prima Victorie, sempre tão delicada como uma flor, se apaixonar por Teddy Lupin. Eu via como Vic era obcecada por ele quando era pequena, e como ele sempre cuidara dela, eu vi o amor deles mudar e se transformar, eu vi uma rosa desabrochando na minha frente, e aquilo me encantava.

Eu tinha visto o amor em varias pessoas, mas eu nunca havia exprimentado o amor.

Quando pequena, eu achava que olharia para alguém e saberia que aquela pessoa era minha alma gêmea. Nunca ninguém me contou a historia de meus pais ou de meus tios, e como fora demorado e complicado até que enfim eles acabassem como estavam.

Acho que foi por isso que não percebi o amor quando ele finalmente aconteceu comigo, não de inicio.

Eu tinha onze anos, e nós eramos amigos. Eu sempre fora muito amiga que meu primo Al, e sua nomeação na Sonserina não fez com que nossa amizade mudasse, eu continuei a andar com meu primo, e com o amigo dele, Scorpius Malfoy.

Meu primo me contou sobre ele antes de nos apresentar. Ele sabia o que meu pai pensava dos Malfoy, então ele foi claro em me explicar que Scorpius era diferente. Eu decidi dar uma chance ao garoto, e lembro das exatas palavras que disse a ele, resgatando-as de uma das historias de meu pai.

– Pele pálida, cabelos loiros, você deve ser um Malfoy.

Eu me lembro dele sorrindo para mim, compartilhando meu bom humor. Ele também devia ter ouvido a historia pela boca de seu pai, porque apertou a minha mão dizendo.

– Rosto sardento, cabelos ruivos, você deve ser uma Weasley.

Eu notei a alteração dele na fala original, para não me ofender de maneira alguma, e eu instantaneamente passei a postar dele. Sorri ao imaginar o que meu pai faria quando soubesse.

A garota Weasley que anda com os meninos da Sonserina. Era assim que eu era conhecida, durante meus três primeiros anos em Hogwarts, foi no quarto ano, que tudo mudou.

Até ai, eramos melhores amigos. Fazíamos tudo juntos, e eramos inseparáveis.

Scorpius estava la para mim quando ninguém mais estava. Ele me ouvia e compreendia meus problemas.Tão diferente da imagem mental que eu tinha de um Malfoy. Eramos grandes amigos, os melhores. Foi no quarto ano que as coisas começaram a mudar.

Eu votei das férias aquele ano com minha energia renovada. Me lembro da ansiedade que me invadia, querendo contar tudo para Scorpius, mas algo que impediu assim que eu o vi. Ele estava conversando com James, e como todos os garotos da nossa idade, tinha crescido excepcionalmente durante o verão. Seus cabelos pálidos, que sempre estavam sempre tão bem penteados para trás, estavam bagunçados e caindo em seus olhos. Ele sorriu de alguma coisa que James tinha dito, e meu coração de pulinhos.

Eu sai correndo, sem ter certeza do que tinha acontecido. Meu coração batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor, e meu rosto estava tão vermelho quanto meus cabelos. Foi só depois de vários minutos de reflexão, que eu descobri que estava me sentindo atraída por Scorpius.

Com quem mais eu poderia conversar? Minha família sempre fora o melhor de mim, então, quando mandei uma mensagem para Dominique e uma para Roxanne, pedindo que elas me encontrassem, elas vieram imediatamente. E eu lhes contei tudo. Tirei a aflição do meu peito. Desabafei sobre como o sorriso de Scorpius, de repente tinha me tirado o ar.No final da conversa, eu esperava por algum tipo de retalhação, como algo que eu esperava de meu pai, mas as duas sorriram como bobas e me abraçaram.

– Nossa pequena Rose - tinha dito Roxanne. - Está apaixonada.

E eu estava. Eu estava perdidamente apaixonada. As semanas foram passando, e eu não sei como sobrevivi a cada dia. Meu coração dava pulos todas as vezes que Scorpius sorria para mim, e as borboletas batiam suas asas avidamente quando ele encostava a mão em mim. Eu acho que corei mais em uma semana do que uma pessoa normal cora em uma vida.

Eu estava tão imersa em meus próprios sentimentos, que nem notei as mudanças de Scorpius em relação a mim. Foi Albus que me apontou que Scorpius andava corando, e que falava de mim mais do que devia. Ele me disse que ele estava desatento nas aulas, e passava os dias sonhando acordado. Scorpius estava apaixonado.

Ah, como eu era tola. Nunca sequer passara por minha cabeça que meu sentimento poderia ser reciproco. Então, é claro, como toda garota enciumada faz, eu fui tirar satisfação.

Encontrei Scorpius sentado fora da estuda de Herbologia. Ele estava com seu caderno de desenhos na mão, tão concentrado em suas linhas e traços que nem me viu chegar. Quando eu pigarrei para anunciar minha presença, ele saltou com os olhos arregalados, a situação teria sido cômica, se meu sangue não estivesse fervendo em minhas veias.

– Você está apaixonado - eu afirmei com certeza. Os olhos de Scorpius voltaram a se arregalar.

– C-como você sabe? - ele gaguejou. Os olhos acinzentados mostravam uma expressão de surpresa.

– Você vem estado diferente - eu disse, dando de ombros. Não incluiria Albus nessa confusão.

– E o que você acha disso? - ele perguntou, se aproximando de mim. Como ele estava alto! Eu precisava olhar para cima para encontrar seus olhos.

– Bom, se a garota for bem legal, eu posso até deixar ela anda com a gente - eu disse, engolindo meu ciumes.

A gargalhada de Scorpius preencheu o ar . Ele me olhou, incrédulo, mas com um sorriso no rosto. Aquela expressão presunçosa que ele fazia tão bem.

– Eu acho que ela é muito digna de andar conosco - ele disse.

– Ah é? - eu respondi, sentindo minhas bochechas ficando vermelhas de raiva. Ugh, quem ele achava que ele era.

– Ah sim - Scorpius respondeu, com um ar sonhador, mas ainda com o sorriso desafiador no canto da boca. - Ele é uma bruxa de extremo talento. culta, e muito, muito bonita.

A esse ponto, eu já estava vermelha como uma pimenta, e o sorriso de Scorpius só se alargava.

– Bom, então me diga, quem é essa garota perfeita? - eu perguntei.

– Você vai descobrir por sí só - e então Scorpius virou as costas, e caminhou lentamente de volta para o castelo. Eu baixei os olhos para o caderno de desenho, que ficara no chão, aberto, na pagina que ele vinha trabalhando, e foi então que caiu a minha ficha.

O retrato era perfeito. Não estava terminado, e parte do cabelo faltava, mas eu sabia quem era. Eu via aquele rosto todos os dias no espelho, mas eu nunca o vira de forma tão bela. Até minhas sardas estavam retratada de um modo que o conjunto formava alguém muito bonita.

Uma onda de impulso me atingiu. E eu agradeço todos os dias por essa coragem repentina. Scorpius já estava quase no fim do corredor, agora andava lentamente, os ombros caídos, se sentindo rejeitado. Ele achava que eu tinha percebido e o ignorado. Um sorriso se formou em meu rosto e eu corri, corri o mais rápido que pude, e joguei meus braços no pescoço dele, quase derrubando nós dois no chão. Scorpius teve que se apoiar em uma parede, as pernas enroscadas na minha, arfando de surpresa, enquanto o sorriso voltava a se formar em seus lábios. Ah, como eu queria beijar aqueles lábios, e foi então que me atingiu, que eu podia.

Scorpius pensara o mesmo, porque ele se inclinou, e no momento que os lábios dele tocaram os meus, eu entendi.

Eu entendi meus pais e suas trocas de caricias, meus tios e os beijos roubados, e até os amassos de Vic e Ted. Eu entendi a urgência e a necessidade de alguém. De precisar do beijo ou de um simples toque de alguém como se a vida dependesse disso. Naquele momento, eu entendi o que era amor.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! per favor em gente, review!