Memories of the Living escrita por BlindBandit


Capítulo 4
A Ovelha Verde e Prata - Albus Severus.




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Haviam dias, que eu me sentia tão abençoado por pertencer a família que eu pertencia. Eu me sentia parte de algo, algo grande e barulhento. Mas era onde eu pertencia.

Isso mudou quando eu fiz onze anos.

Meu irmão James, fazia de tudo para me provocar quando eu recebi minha carta de Hogwarts. Ele contava historias assustadoras e dizia varias outras coisas para me deixar preocupado e assustado, mas nenhuma me incomodava mais do que a possibilidade de entrar para a Sonserina.

Quando meus pais não podiam nos ouvir, ele me dizia que os bruxos mais perversos iam para a Sonserina. Dizia que sua sala comunal era fria e solitária, e que la ninguém tinha amigos. Ele me falava que eu iria para lá. E eu chorava.

Se ele soubesse o que aconteceria, ele nunca teria feito essa brincadeira.

Eu conheço meu irmão. Aquele era o tipo de maldade que todo irmão fazia, para colocar medo nos pequenos, mas ele nunca, nem por um momento, achou que eu seria realmente selecionado para a Sonserina. Ele me queria no mesmo lugar que ele. Mas a vida prega peças em todos nós.

Quando cheguei em Hogwarts pela primeira vez, estava nervoso como qualquer outra criança do primeiro ano. Nós entramos no refeitório e eu vi James sentado na mesa da Grifinória, orgulhoso, sorrindo para mim. Reconheci vários de meus familiares também, como Fred, e Dominique.

Rose foi para o chapéu antes de mim. Ela sentou na banqueta e o chapéu foi colocado sob o amontoado de cachos rebeldes que ela tinha na cabeça. Não demorou muito tempo até que o chapéu gritasse, em alto e bom som.

– Grifinória! -Todos aplaudiram. Eu vi James abraçando a prima, enquanto Fred enrolava um cachecol no pescoço dela.

Eu fui chamado em seguida, e o salão voltou a ficar em silencio. Todos queriam saber para onde o pequeno Potter iria, e todas as apostas me colocavam na Grifinória. Eu vi James, sorrindo para mim, antes que o chapéu grosso cobrisse parte da minha visão. A voz na minha cabeça começou a relatar qualidades e defeitos sobre mim,o medo se instalou sobre mim quando ele disse que eu era ambicioso. Tudo o que eu pensava era no que meu pai tinha dito.

“ Sonserina não, por favor, sonserina não…”

“ Ah” o chapéu respondeu. “ Essas foram as mesmas palavras de seu pai. Sabe, eu sempre achei que ele teria sido ótimo na Sonserina. “

Eu fiz de tudo, expliquei para ele que toda minha família estava na Grifinória, e eu desapontaria a todos se fosse para a Sonserina, disse que eu ficaria sozinho, usei todos os argumentos que me faziam sentir repulsa da casa com a serpente. Mas o chapéu foi insistente. Ele disse que varias de minhas qualidades seriam desperdiçadas, somente em pro do meu conforto, e que isso não era nem atitude de um Grifinório, e sim de um Sonserino, que tentava todos os meios para conseguir o que queria.

“ Eu sei que a casa não tem uma boa reputação, mas você pode mudar isso se quiser Albus. Você é um bom menino, um menino honesto. eu acredito que você possa melhorar uma casa que a muito tempo não é a protetora de alguém ilustre. “

Ficamos tanto tempo argumentando que algumas sobrancelhas começaram a se franzir no refeitório.

“ Confie em mim Albus, eu nunca errei “

Eu por fim concordei, e o chapéu, triunfante, anunciou - Sonserina!

Eu nunca vou esquecer a expressão de James, incredulidade, passando para raiva e por ultimo, magoa. Enquanto eu caminhava para a mesa verde e prateada que comemorava aos gritos a adição de mais um aluno, James socou a mesa, e saiu do refeitório batendo os pés. Eu queria muito ir atrás dele, mas eu não podia, não naquela noite.

E de repente, mesmo com todos de cumprimentando e se apresentando, eu me senti extremamente solitário.

A sala comunal da Sonserina não era nada como eu imaginara. Na minha cabeça, era como uma masmorra úmida. mas aquele lugar, mesmo com uma iluminação esverdeada, era aconchegante, cheio de alunos rindo e fogo crepitando na lareira, assim como qualquer outra sala comunal. Eu sentei em um dos sofás e respirei fundo, mal podia esperar para falar com James. Foi quando um garotinho sentou na minha frente. Eu o reconheci do trem e do passeio de barco, e até mesmo da estação, quando meu tio Ron disse para que Rose mante-se distancia dele.

– Meu nome é Scorpius - ele disse estendendo a mão pálida em minha direção - Eu sei, é um nome estupido.

– Eu nome é Albus. Albus Severus. - eu apertei sua mão - E ninguém tem um nome mais estupido que o meu.

Desde daquele momento, nós tornamos amigos. Um Potter e um Malfoy. O dia estava mesmo cheio de surpresas.

Quando eu encontrei James, ele ja sabia que precisávamos conversar. Ele se levantou de sua mesa e fomos pelos corredores. Um silencio trucidante pairou entre nós até que chegássemos um um lugar reservado o suficiente.

Eu o encarei, James estava com a expressão indecifrável, então eu decidi ser o primeiro a falar.

– Me desculpe

James piscou, sem entender, então se abaixou na minha altura, como adultos faziam com crianças pequenas. Ele me olhou nos olhos e sorriu.

– Você não precisa se desculpar por nada.

– Mas…

– Al, você foi para a Sonserina, tudo bem. A verdade é que eu queria meu irmãozinho seguindo meus passos, na mesma casa que eu, jogando no mesmo time de quadribol. Mas eu não deixei de amar você só pela sua casa. Somos muito mais do que isso. Somos irmãos.

– Lily vai seguir seus passos - eu disse, limpando algumas lágrimas que tinham brotado em meus olhos, a aceitação do meu irmão me livrou de um peso que vinha me acompanhando e que eu tinha certeza que me esmagaria eventualmente.

– Ah, do jeito que aquela menininha é - James disse, todo orgulhoso - É capaz que ela entre na Sonserina com você.

Naquele momento, toda a tensão entre nós se dissipou. James continuaria sendo meu irmão, foi o que eu percebi depois daquela conversa. Eu torcia para que James não apanhasse o pomo, e dizia isso a ele, mas ele só me dava um tapa na cabeça como resposta. No fundo, eu torcia contra minha casa, no fundo, eu torcia para o meu irmão.

Meu pai não ficou chocado com minha ida para a Sonserina. Como ele estivera a um passo de ser selecionado para a mesma casa que eu, ele sabia que era possível que algum de seus filhos tivesse puxado seu gene. O que o deixou surpreso, foi a minha amizade com Scorpios.

Scorpius era diferente de tudo o que minha família havia me contado sobre os Malfoy. Ele era um menino engraçado e espirituoso, que não tinha nenhum tipo de preconceito e fazia amizade com todos. Até James concordou que ele não era mal. Eu contei a meu pai que Rose também andava com a gente, mas pedi a ele que não contasse ao tio Ron, porque ele ficaria furioso.

Era verdade que muitos dos sonserinos eram pessoas ruins e mesquinhas, mas haviam aqueles que eram bons de coração. Como em todas as casas, sempre havia dois lados de uma moeda, a diferença é que a Sonserina sempre fora colocada como o lado ruim.

Meu primeiro semestre em Hogwarts foi ótimo. Depois de me sentir sozinho e desajustado, eu tinha feito amigos. Foi só quando eu fui para casa naquele natal que eu voltei a sentir aquela sensação de solidão novamente.

Como era de costume, todos foram para minha casa. Teddy nos buscou na estação e nos levou em sua combi. Depois de muita insistência, ele finalmente tinha tirado carteira de motorista trouxa.

Nós tiramos nossos robes e desamarramos os cachecóis assim que entramos na casa aquecida. Eu fui o ultimo a entrar, então fui o único a notar o contraste de meu cachecol por com os outros. A maioria dos cachecóis eram vermelho e dourado. Pertencentes a meu irmão James, a Fred, a Dominique, a Victorie e a Molly. Haviam também alguns azuis e prateados, de Roxanne, e Lucy. Teddy colocara seu agora aposentado cachecol amarelo e preto na coleção, só para fazer graça. Foi aquele solitário cachecol que me deu coragem para desamarrar o meu e colocado ali.

Isso, e os gritos vindos da sala, me chamando. Lily apareceu logo em seguida, ela me avaliou, com as sobrancelhas cerradas.

– Porque você está demorando tanto? - ela perguntou. - Estão todos ansiosos para ouvir suas historias sobre a Sonserina. Papai e tio Ron juram que já estiveram na sala comunal da Sonserina, mas eu não acredito, e precisamos de você para provar a verdade.

Eu sorri enquanto Lily me conduzia pela mão até a sala. Que bobagem a minha, pensar que, logo minha família, me trataria diferente pela casa que eu tinha sido selecionado. A única reclamação viera de minha mãe, e foi porque eu não poderia aproveitar os uniformes antigos de James. Meu pai só queria que eu entrasse no time de quadribol, não importava de qual casa, e até meu tio Ron, o qual eu pensara que estaria esquisito comigo, bagunçou meus cabelos como sempre tinha feito, e me faz narrar todos os detalhes da sala comunal da Sonserina, para provar que sua historia e de meu pai era verdadeira.

Eu fora tão tolo de achar que me tratariam diferente. Eles eram minha família, me amariam do mesmo jeito se eu fosse Sonserino, Grifinório ou até Corvinal. Eu era o mesmo Al que tinha embarcado no trem alguns meses atrás, e a casa da escola não mudaria quem eu era, e muito menos, o que eles sentiam por mim.


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Notas finais do capítulo

eai gente? gostaram? por favor reviews!