Memories of the Living escrita por BlindBandit


Capítulo 3
Pelos Olhos de um Irmão - James Sirius.




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A memoria dos olhos verdes dela, me olhando com tanta inteligencia, nunca saiu da minha mente. Lily Luna, meu pai disse que ela se chamava, quando chegamos a ala da maternidade do St Mungos. Eu já sabia como me portar com a chegada de uma nova criança, mas meu irmão de dois anos, não levava muito jeito. Então meu pai se ajoelhou e explicou pra ele que Lily era sua irmãzinha como ele era meu irmãozinho, e disse para ele ser cuidadoso e amoroso com ela.

Eu ficara enciumado quando Albus nascera. Minha mãe quase não tinha mais tempo para me pegar no colo, mas quando eu vi Lily, nos braços de minha mãe, foi diferente. Eu tinha quatro anos na época, e me lembro de subir na cama, me ajoelhando de frente para mamãe, que estava com o rosto vermelho e os cabelos embaraçados.

– Posso pegar ela mamãe? - eu perguntei.

– Harry - minha mãe chamou - Entregue a pequena Lily para James, por favor.

Eu só fui entender mais tarde porque essa frase fizera com que os olhos do meu pai se enchesse de lágrimas.

E então la estava ela, com um tufo de cabelos ruivos Weasley os quais nem nem nem meu irmão tínhamos, e os olhos verdes, como os de meu irmão, mas no exato formato dos olhos do meu pai.

Lily estendeu a mãozinha e afagou meu rosto.

– Ela é linda - eu disse, e foi ai que minha mãe começou a chorar.

E ela era.

Os anos se passavam, e nos meus olhos, minha irmãzinha ficava cada vez mais adorável.

– Minha leoa - meu pai costumava chamá-la, quando ela pegava o cachecol da Grifinória dele, e saia correndo pela casa, rugindo.

Eu sempre ouvia os adultos falando o quanto ela se parecia com Gina, mas eu achava meu irmão mais parecido de atitude com a minha mãe do que Lily. Ela me lembrava uma mulher no porta retratos, que eu nunca soube quem era. Na foto, ela sorria, seu sorriso era doce e encantador, assim como o de minha irmã. Seus olhos também eram iguais aos dela.

Eu e Lily sempre tivemos uma ligação. Era a mim que ela vinha quando ralava o joelho, e era na minha cama que ela se deitava quando tinha pesadelos. Albus não tinha a paciência que eu tinha com Lily, mas eu não tinha com ele a paciência que eu tinha com ela, então acho que estávamos quites.

Eu sempre acreditara que, como irmão mais velho, ou irmãozão como Lily me chamava, eu tinha a obrigação de cuidar dela. Lily, com seus cabelos ruivos e seus olhos verdes doces. Lily, que parecia tão frágil como uma boneca de porcelana, mas era tão durona quanto uma rocha.

É claro que nós brigávamos. Eramos irmãos, isso está no regulamento dos irmãos, acredito eu. Temos que brigar de vez em quando.

Mas nós sempre fazíamos as pazes.

Um dia antes de eu ir para meu primeiro ano de Hogwarts, Lily entrou em meu quarto. Ela tinha oito anos na época. Ela estava chorando, agarrada a seu elefante de pelúcia. Um de seus dentes da frente tinha caído, e a trança que Gina fizera em seu cabelo aquela manha estava toda solta. Ela era uma combinação de engraçadinha com muito fofa.

– Eu não quero que você vá - foi a primeira coisa que ela disse, entre lágrimas.

– Lily, vai chegar sua vez - eu disse confortando-a.

– Mas eu não quero ir. Eu quero que você fique - ela choramingou. - Quem vai beijar meus ralados? Albus não gosta tanto de mim.

– Besteira Lily flower - eu disse chamando-a pelo apelido carinhoso que todos usavam com ela. Ele gosta sim de você, e eu vou estar de volta antes que você possa sentir minha falta.

Ela assentiu, não muito convencida, e se aninhou na minha cama. Eu esperei até que ela dormisse e então a carreguei com muito esforço de volta para seu quarto.

Quando eu voltei aquele natal. Ela se recusou a falar comigo. Eu tentei falar com ela, entender o que a irritava tanto, mas ela simplesmente virava as costas e ia embora todas as vezes. Eu estava frustrado e magoado quando minha mãe veio conversar comigo. Ela se sentou ao meu lado nas escadas, e sorriu para mim.

– Sua irmã só está chateada que você ficou tanto tempo fora. Esse é o jeito dela de mostrar que tem ciumes da vida que você tem fora daqui.

– Mas ela precisa mesmo ficar sem falar comigo?

– É a maneira dela. Mas você sabe o quanto ela te adora, e alem do mais, terei uma conversinha com ela. Ok?

Eu assenti, e naquela mesma noite, Lily entrou no meu quarto, me abraçou, beijou, e se deitou ao meu lado na estreita cama. Dessa vez, eu deixei com que ela ficasse.

Mesmo em famílias, é comum as pessoas serem mais apegadas a umas do que a outras. Eu pro exemplo, não tinha muito apreço por minha sempre emburrada prima Lucy, mas adorava Vic e seus cabelos loiros, e Molly com seus óculos fundos. Mas a minha joia rara da família sempre fora minha irmãzinha.

Minhas tias sempre ficavam encantadas quando Lily vinha até mim com uma flor e eu lhe beijava o topo da cabeça. Elas diziam que eu seria um cavalheiro e eu não entendia muito bem na época. Eu só queria o bem de minha irmãzinha.

Mal eu sabia que ela precisaria muito mais de mim quando o problema não fosse um joelho ralado, mas um coração partido.

Ao ponto que crescíamos, eu e Lily ficamos cada vez mais amigos. Ela ainda contava coisas para Albus e nossos pais, mas seus segredos mais íntimos eram sempre confiados a mim.

Eu já tinha me formado em Hogwarts da primeira vez que ela realmente precisou de mim. Depois que eu me formara, Lily e Albus ficaram muito mais próximos, pelo fato de se verem quase todos os dias. Ele fazia parte do dia a dia dela, eu não. Mas foi em uma tarde de verão, eu estava sentado no jardim, arrumando minha vassoura, quando Albus chegou. Seus olhos verdes sinceros pareciam aflitos.

– Lily está chorando - ele disse. - E ela não me deixa entrar.Você sabe como ela confia em você. Por favor, faça nossa garotinha parar de chorar.

Não há nada no mundo que una mais dois irmãos do que alguém ter partido o coração da irmã deles. Eu assenti e coloquei a mão no ombro de Albus, que tomou meu lugar no concerto da vassoura, enquanto eu subia os degraus.

Eu bati na porta, e a voz chorosa de Lily respondeu.

– Vá embora Al. Eu não quero conversar.

– Sou eu Lily Flower - eu disse. O choro parou por um segundo, então a porta se abriu.

Os cabelos ruivos de Lily estavam bagunçados e embaraçados. Seus olhos estavam fundos e vermelhos, e, quando ela me viu, jogou os braços ao meu redor, fazendo com que meus óculos caíssem no chão.

Lily então, se apoio em mim, e começou a chorar. Seus soluços faziam com que todo seu corpo tremesse. Eu tive que segurar minhas próprias lágrimas. O que quer que machucasse minha irmãzinha, também doía em mim. Depois de algumas horas, Albus entrou no quarto, e dessa vez, Lily deixou que ele ficasse. Cuidamos do coração partido de nossa irmã por todo o verão. Nós faltamos em quase todos os jantares familiares, em tantos que Vic, Teddy e Rose vieram nos visitar, preocupados. Perdemos tempo assistindo a filmes trouxas que Teddy arrumava para nós, e fazendo de tudo para Lily sorrir ao invés de chorar. Ela nunca nos disse o que a tinha magoado, e nós nunca perguntamos. Só fizemos nosso papel como irmãos mais velhos e remedamos um coração partido da melhor maneira que podíamos, até ele se quebrar de novo.


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