Memories of the Living escrita por BlindBandit


Capítulo 1
Capítulo 1




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É engraçado as lembranças de infância que ficam guardadas na sua memoria. Eu por exemplo, não me lembro de vários de meus aniversários, e só lembro de ter ganho uma bicicleta quando eu tinha quatro porque meu tio Harry me contou. A memoria mais antiga que eu guardo é do chalé de praia. Faz anos que eu não vou para aquele lugar, mas mesmo assim as memorias são tão vividas como se eu estivesse estado la ontem.

Se eu fechar os olhos, consigo sentir a areia da praia por entre meus dedos. Posso sentir o cheiro do mar e a brisa suave soprando constantemente. E a voz de Victorie vibra tão alto em minha mente como no dia que ela me chamou.

- Teddy! - eu ouvi sua voz infantil gritando meu nome. Victorie tinha seis anos na época. Eu tinha oito. - Teddy! Minha mãe disse que eu posso entrar na água se você entrar comigo!

- Fale para a Roxanne entrar com você - eu disse. Eu não me sentia bem naquele dia. Toda a família estava reunida, e por isso, eu sentia que faltava alguma coisa.

- Mas isso não faz sentido! - Ela exclamou, claramente não entendendo que eu só queria me livrar dela para ficar um pouco sozinho. - Ela é só um bebe!

- Então chame Molly - eu disse suspirando - ela tem quase sua idade.

- Mas eu preciso entrar com alguém mais velho! Se eu entrar com a Molly, eu que vou ter que cuidar dela.

- Então chame a tia Gina, o tio Rony, sua mãe, seu pai, qualquer um, mas me deixe em paz! - eu gritei. Os olhos azuis piscina de Victorie se encheram de lágrimas. Ela finalmente notara minha indireta, que eu admito ter sido muito direta. Victorie fungou e esfregou seu rosto sardento, provavelmente esperando o pedido de desculpa que eu sempre dava imediatamente depois de ofendê-la. Mas eu não estava afim, então o rosto dela ficou vermelho como os cabelos de seu pai, e ela correu de volta para a casa, os cabelos loiros balançando atrás dela.

Eu suspirei. Sabia que fora indelicado com Victorie e que deveria ter me desculpado, mas eu só queria ficar sozinho, e se magoa-la era o preço a se pagar eu estava disposto. Eu sabia que Vic contaria a algum dos adultos o que eu tinha feito e era só uma questão de tempo até alguém ir me dar uma bronca, então eu tinha que aproveitar o poco tempo de solidão que ainda me restava.

Quando eu era bem pequeno, eu me lembro de ter sonhado com meus pais. Eu sonhei que eles entravam pela porta da frente da casa da minha avó, me enchendo de beijos e abraços. Minha mãe carregava uma bolsa grande, e meu pai, uma maleta. Eles só estavam voltando de um dia comum de trabalho, e eu tinha pais. Eles estavam indo na casa da minha vó para me pegar e agradecer ela por ter cuidado de mim enquanto eles trabalhavam. Eu lembro de minha mãe se ajoelhando na minha frente e dizendo. “ Ah meu querido, a mamãe sentiu tanto a sua falta. Eu te amo tanto, nunca se esqueça disso. “ e de meu pai me pegando nos braços, afagando meus cabelos e dizendo. “ Estamos sempre com você, mesmo que você não possa nos ver. “

Eu acordei aquela manha e contei o sonho a minha avó, que quase caiu para trás. Ela tinha sonhado com meus pais na mesma noite, e quando eu descrevi a imagem deles para ela, ela ficou branca como neve. Veja, minha avó nunca tinha me mostrado foto de meus pais naquela idade, porque ela achava que eu era muito pequenininho para entender. Eu tinha só três anos. Quando ela finalmente abriu o álbum de fotos, eu os apontei imediatamente. Eles eram idênticos aos que eu vira no sonho. Daquele dia por um ano em diante, eu ia até a porta e esperava que eles entrassem por ela, como naquele sonho, que nunca se repetiu.

Era essa a sensação que me invadia agora. A casa estava cheia com todos os meus parentes, e eles eram muitos. Pra começar havia meu padrinho e tia Gina. Eles tinham um filho chamado James, que chorava mais alto do que eu gostaria. A melhor amiga de minha tia Gina, que também era casada com o irmão da tia Gina, estava grávida. Alem disso, havia meu tio George com a esposa e sua filha de meses de idade, que também, era muito barulhenta. Meu tio Percy estava lá. Um pouco contra a vontade, mas minha avó do coração, Molly, que era mãe dele, o obrigara a ir. A filha dele, que também chama Molly, era a criança mais boazinha. Eu não a via muito, mas ela era de longe, a mais quieta e centrada daquela família barulhenta. E por fim, tinha a família de Victorie, que ela filha de um dos Weasley também. Ela tinha uma irmãzinha, Dominique, que era muito parecida com Vic, mas seus cabelos não eram tão loiros.

Tudo isso contando três gerações, filhos, filhas esposas e maridos, deixava a casa muito, mas muito barulhenta e agitada. E mesmo com tantas pessoas, eu ainda sentia um vazio.

Eu pensava que seria minha tia Gina, ou minha avó Molly que viria brigar comigo por ser maldoso com Victorie, mas foi meu padrinho Harry quem eu vi caminhando até mim. Eu baixei a cabeça. Meu padrinho era a ultima pessoa que eu queria que me passasse um sermão. Eu odiava decepcioná-lo. Mas Harry não fez nada disso. Ele se sentou ao meu lado, olhando para o mar.

- Muita gente, não é? - ele disse sem me encarar. Eu assenti.

- Sim. Como você sabe? - Eu perguntei, sentindo as lágrimas em meus olhos.

- Eu também sou um órfão Teddy. - ele disse - E algumas vezes era tudo demais para mim. Algumas vezes, eu só queria correr da casa de meus tios e sumir.

Eu balancei a cabeça, ele me entendia.

- Mas diferente de você, eu não cresci com uma família que me amava - ele disse, agora perdido nos próprios pensamentos. - Os Weasley me adotaram como um deles, e eu só muito grato por isso. Você cresceu cercado de amor Teddy, e eu sei que as vezes pode ser um pouco demais, tantas pessoas, mas não as que você queria.

- Me fale sobre meu pai. - eu pedi, e Harry assentiu, com um sorriso no rosto.

- Seu pai e o meu… eles eram muito amigos. Meu padrinho Sirius também era. Foi ele quem me contou sobre os marotos, e agora está na hora de passar a memoria deles a diate.

Foi naquele dia que eu realmente conheci meu pai. Não foram as fotos que minha vó tinha me mostrado que me apresentaram a ele. Foram as historias de meu padrinho. Ele contou do problema peludo de meu pai, e como seu amigos faziam para ajudá-lo. Ele me contou de quando ele foi professor em Hogwarts, e como ajudara meu padrinho com os dementadores. Foi por ele que eu fiquei sabendo da incerteza, e depois da alegria de meu pai quando soube que eu estava a caminho, e foi por aquelas historias, que eu finalmente senti meu pai como alguém real, aguem que realmente tinha existido e deixado sua marca no mundo, não só um fruto da minha imaginação.

Ambos meu padrinho e eu voltamos para o chalé com os olhos inchados, mas ninguém falou nada a respeito.

Algo mudou para mim aquele dia. Mudou para melhor.

- Vic, me desculpe? - eu disse, assim que pude. Victorie assentiu, mas segundos depois virou a cabecinha loira, da maneira que ela fazia quando tinha uma ideia mirabolante.

- Só te desculpo se você entrar na água comigo, - ela me chantageou.

- Mas está a noite! - eu exclamei, mas Victorie continuou a me avaliar com aquele olhar, e eu não tive escolha se não aceitar.

Assim que deram por nosso sumiço, a mãe de Vic, Fleur, apareceu na praia, ela estava com os olhos arregalados e preocupada, mas assim que nos viu, jogando água um no outro, ela entrou conosco, não sem antes nos lavar com um feitiço de sua varinha. Não demorou muito até que quase todos estivessem na água. Minha avó Molly e meu vô Arthur ficaram para olhar os menores. o Tio Percy e a esposa ficaram dentro da casa com eles e com a filha pequena, Lucy. Todos os outros estavam conosco, jogando água e gritando como crianças. a pequena Molly estava na areia, um pouco tímida, mas não demorou muito para que meu tio Rony e meu tio George a pegassem nos braços e levassem para a água. No fundo eu sabia que era isso que ela queria.

Eu fui dormir naquela noite depois de um bom banho e uma caneca que chocolate quente. Eu me sentia aquecido por dentro e por fora. Eu me sentia grato pela família que eu tinha. Nós brigamos muitas e muitas vezes depois daquilo, com cada um deles em particular, mas naquele momento, eu não podia amá-los mais. Se minha família era tudo o que eu tinha, então eu tinha muito, e amava isso.


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Notas finais do capítulo

Então gente, a proposta da fanfic é fazer uma coleção de memorias de todos da nova geração de Harry Potter, e entrelaçar as memorias para que elas sigam uma linha do tempo. Eu espero que vocês gostem.