Seus olhos cinzentos escrita por Polly Lovegood


Capítulo 10
Really Don't Care


Notas iniciais do capítulo

Sei que sumi e o propósito do desafio não era esse, mas junta escola com uma vida emocional perturbada com Doctor Who e dá nisso: dois dias sem capítulo. Desculpem-me e agradeçam à Maga Clari que me fez resolver postar :) Espero que gostem!



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O plano era até que simples, bolamos em uma noite só. Eu só queria saber exatamente qual o nível da minha oponente, nada além disso. Amélia Parkinson era esperta, isso ninguém podia negar, mas eu era mais. Só queria saber o quanto do meu tempo deveria gastar com esse projeto de gente.

Aparatei no Beco Diagonal, onde ela e Scorpius haviam marcado um encontro falso. Eles haviam marcado na frente da sorveteria e eu e Domi estávamos dentro, eu com um enorme sorvete de chocolate e ela com um de morango. O que ela não sabia é que Scorpius passaria o dia inteiro ao meu lado debaixo da Capa da Invisibilidade que Lily pegou de Alvo.

Falando em Alvo... já faz algum tempo que não falo com ele. Ou meus pais. Ou alguém da família que não seja Lily ou Domi. Oh céus.

Ela aparatou e ficou olhando em volta, esperando o loiro aparecer de algum canto segurando um buquê de rosas vermelhas, pois isso era bem típico dele.

– Aquela é a Amélia? – ele perguntou num sussurro apontando para ela e eu afirmei discretamente com a cabeça. – Ok, calça é a Amélia, vestido é a Rose – murmurou para si mesmo, acho que tentando estabelecer diferenças entre nós, afinal, ela era igual a mim na cabeça dele. Ela esperou, esperou, esperou mais um pouco. Nada de Scorpius.

Quando olhou para dentro da Sorveteria e me viu ali com Dominique ela abriu um sorrisinho malicioso e veio até nós. Parou à minha frente, olhou de mim para o sorvete e começou a rir.

– Não importa, mesmo que seja bruxa continua usando o sorvete pra consertar seu coraçãozinho quebrado, mestiça? – ela disse num tom falsamente inocente e eu sorri sem mostrar os dentes.

– Nada melhor do que sorvete – Dominique levantou sua casquinha e deu uma lambida. Senti vontade de rir, mas me segurei. Aparentemente, eu deveria estar no meio de uma depressão porque o loiro maravilha me largou pra ficar com a piranha à minha frente.

– Claro – Parkinson concordou com um tom de nojo e revirei os olhos.

– O que você quer, menina? – perguntei com um tom cansado. Mesmo que fosse um fingimento, eu odiava essa menina.

– Vocês não viram meu namorado por aí, viram? – ela perguntou sorrindo e eu dei de ombros, assim como Domi. – Ah, é mesmo Weasley, nós estamos namorando, eu e Scorpius – ela contou vantagem e senti a mão de Scorpius na minha perna por baixo da mesa. Era incrível como ele conseguia se manter silencioso.

– Bom pra vocês – respondi com o sorriso mais falso que consegui por no rosto. – Ele já sabe?

– Ele quem propôs – ela continuou e pude sentir pela mão de Scorpius que ele queria esmagar essa víbora tanto quanto eu. Ok, ok, para ele eu e ela éramos a mesma pessoa, mas isso é um detalhe a parte.

– Tão rápido? – fiz um olhar magoado e ela sorriu vitoriosa.

– É, não é mesmo? Acho que foi o dia mais feliz da minha vida – ela se permitiu um momento de boba apaixonada e eu gargalhei por dentro. Ela fingia que era eu para ter o... amor? Não, carinho dele.

– Ele muda rápido, não é? – Domi se enfiou na conversa e Amélia gargalhou.

– Vocês nunca mais vão falar com ele, então posso contar – ela foi para trás de nós, ficando entre eu e minha prima, se abaixando para falar na altura das nossas cabeças. – A Seção Reservada tem uns livros bons sobre Magia Negra, assim como o Sr. Malfoy. É só procurar na coleção do Malfoy-pai e você acha dezenas de feitiços. Tem um que faz o alvo esquecer tudo sobre a amada, tem outro que faz você assumir a forma da amada do alvo...

– Então você está com a minha aparência, aos olhos dele? – perguntei fingindo surpresa e ela gargalhou.

– Exatamente. Eu tenho essa sua cara nojenta pra ele, porque infelizmente ele gosta demais de você pra te esquecer – ela me fuzilou com o olhar. – Eu já tentei.

– Deve ser horrível o sexo então, ouvindo ele gemer o meu nome – eu provoquei e ela respirou fundo. Claramente isso era algo que a irritava na relação falsa deles.

– Eu me acostumei – ela se ajeitou em pé e olhou em volta, procurando por Scorpius outra vez. – Afinal, é comigo que ele está dormindo – ela murmurou e sorriu vitoriosa, não sei porque se aquilo não era vitória nenhuma. – Até mais, traidorazinhas – ela disse se afastando, descendo o Beco à procura de Scorpius.

– Ela é muito esperta e muito burra, puta que pariu – Scorpius xingou por baixo da capa e eu ri fraco. – Ela nem suspeita que eu estava aqui, não é mesmo?

– Espero que não – confessei e virei para Domi. – E agora o que a gente faz?

– Espera para o Gran-Finale – Domi abriu um sorriso malicioso e terminou seu sorvete. – Vou ver se o James está na Gemialidades, até mais pombinhos – ela se levantou, jogou o guardanapo no lixo e saiu em direção à loja colorida.

Fiquei ainda mais um pouco tomando sorvete com o Scorpius invisível ao meu lado. Ele estava bastante quieto, não sabia dizer se era algo ou bom.

Terminei e levantei, saindo da sorveteria sem nem olhar para trás, mas senti a capa roçar uma de minhas mãos. Fui até uma rua mais vazia do Beco, sendo seguida por Scorpius. Quando paramos ele tirou a capa e se encostou a uma parede.

– Você... você está bem? – preguntei mesmo que fosse óbvio que não estava.

– Eu estou me sentindo tão... sujo – ele pareceu ter dificuldade para encontrar uma palavra para resumir seu estado. – Eu não lembro dela me enfeitiçando, não lembro de nada, só de um vazio na minha mente e acordar deitado ao seu lado na manhã seguinte. Ou ao lado dela.

– Você foi enfeitiçado, não tem porque se cobrar tanto – tentei ajudar, passando uma mão por seus fios finos e loiros, completamente bagunçados.

– Tenho sim – ele encostou suas costas numa parede e olhou para o céu cinza de Londres. – Eu deveria saber diferenciar a mulher que eu amo de um feitiço – ele disse olhando nos meus olhos e senti o chão desaparecer debaixo dos meus pés.

Ele me amava? Como isso era possível? Que eu saiba, ele nunca foi do tipo que se apaixona. Ele era mais do tipo “a gente pode ficar junto até você começar a dar problema”, era mais ou menos assim que as relações afetivas dele em Hogwarts eram descritas por mim e minha família.

– Falei cedo demais? – ele perguntou meio hesitante e eu concordei com a cabeça num impulso. – Descul...

– Não se desculpe – fechei os olhos e respirei fundo. – Foi bom ouvir isso. Mesmo que agora eu não tenho cara pra olhar pra você – virei para o outro lado e abri meus olhos. Eu estava completamente sem filtro, parecia uma adolescente de quinze anos que não sabe lidar com suas emoções, isso era ridículo.

– Não tem cara por que não sente o mesmo ou por que ninguém nunca te falou isso antes? – ele perguntou meio hesitante e senti que ele ia se aproximando meio com cuidado.

– Mais para a segunda opção – e era verdade, ninguém nunca tinha me falado aquilo. Que me amava. Ele falar isso depois de umas três semanas de relacionamento era um choque.

– Ok... – ele também ficou sem saber o que falar. Virei e o abracei, ainda sem olhar em seus olhos. Eu queria chorar mas não conseguia. Parecia que todas as minhas lágrimas tinham desaparecido naquele momento.

Ficamos ali, abraçados naquela rua escura até que Dominique nos achou, segurando um James pela mão.

– Pombinhos, já deu de amor, agora vão lá – ela gritou do começo da rua e nos soltamos assustados.

– Ela é sempre assim? – Scorpius perguntou na minha orelha depois de já termos passado por Domi e James, este bastante confuso.

– Vai ficando pior – disse rindo e ele riu junto. Chegamos na rua que, na esquina, dava para o Beco, a rua da Gemialidades, e Amélia estava para sair da loja, perfeito. – Ignore tudo o que eu falar – sussurrei.

– Você também – ele também sussurrou e eu saí andando como se não quisesse conversa com ele. – Rose, espera... – ele pediu segurando meu braço, mas eu puxei com força.

– Esperar para quê? Eu realmente não me importo com qualquer coisa que diga, Malfoy – reuni todo o nojo em mim para cuspir seu nome. – Você teve sua chance e escolheu ela, você mentiu sobre escolher ela e ainda por cima quer vir com palavras bonitas e me fazer esquecer que vi você e aquela... coisa juntos na sua cama? – eu praticamente gritei e pude sentir os olhares de todos em volta sobre mim. – Nem chegou a falar que nós tínhamos terminado, mas tudo bem, suas ações disseram por você.

– Você não entende... – ele tentou me puxar de novo, mas eu me afastei e quase dei um tapa na cara dele. Quase.

– Não preciso entender, eu já vi – me aproximei dele e disse numa voz baixa e cortante. Peguei um pedaço de pergaminho do bolso da minha saia, onde estava escrito “Desculpa pelas palavras grossas” e enfiei no bolso da calça dele.

Dei dois passos para trás e desaparatei para minha casa, onde Domi, James, meu pai e minha mãe me esperavam. Isso sem falar no resto dos Potters. To ferrada.

To ferrada, mas pelo menos amanhã de manhã terei uma ideia de quão longe Amélia está disposta a ir para ter uma ilusão de que está com Scorpius.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D Sim, eu sei que o começo está muito nada a ver com a música, mas foi o que saiu hehe
#aindaqueroumScorpius
Beijooooo e até amanhã (ou hoje, já que já passou de meia noite) com Djavan haha



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