Seus olhos cinzentos escrita por Polly Lovegood


Capítulo 1
Can't take my eyes off you


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui é onde tudo começa. A música não se faz exatamente presente, foi mais uma inspiração, mas fica legal ouvindo junto :) Espero que gostem!



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Ele estava me encarando fixamente já devia ter uma meia hora, isso porque já tinha passado uma hora antes de ir beber algo. Se isso fosse há dois anos estaria me sentindo no céu, mas agora tudo o que eu queria era que ele desviasse o olhar de mim.

Scorpius Malfoy era tudo de errado numa pessoa só. Bebia, fumava, cheirava e como se não bastasse, uma vez espalharam boatos de que ele havia engravidado uma menina. Bom, foi o jeito com que ele tratou essa menina que me fez começar a pensar que ele era um idiota sem sentimentos.

Era mais que visível que a menina tinha sido iludida por ele, a menstruação estava atrasada e ela estava com medo. Foi falar isso para ele, mas como sempre ele armou um escândalo e gritou no meio do corredor alguma coisa como “Eu não sou pai dessa coisa que você pode ou não estar carregando nessa barriga”. A menina chorou por dias, eu nem conhecia e fiquei com pena.

As luzes da pista de dança piscavam fortes e a batida ensurdecedora da música perfurava meus tímpanos. Comecei a andar em direção à saída, estava sozinha naquela festa já fazia duas horas e não aguentava mais aquele olhar insistente sobre mim.

Faltavam alguns poucos passos para chegar à porta, mas uma mão segurou meu braço, uma mão bastante branca. Virei e encontrei cabelos loiros bagunçados e os olhos cinzentos de Scorpius Malfoy que vinham me encarando há algum tempo.

– Eu estava te olhando... – ele começou.

– Você não estava sendo muito discreto – interrompi sorrindo de lado. Soltei meu braço, voltando a andar para dentro da festa, sentindo ele atrás de mim.

– É um prazer vê-la novamente, Weasley – ele estendeu a mão sorrindo galanteador, olhos nos olhos. Eu quase suspirei. Quase. Não sou mais aquela garotinha de 15 anos que vai ter um ataque de histeria porque ele se lembra do meu sobrenome.

– Fala como se não tivesse me visto todos os dias no corredor da escola – respondi rindo de lado.

– Na escola você é... diferente – ele ainda olhava para mim e senti minhas bochechas quererem ficar vermelhas.

– Deviam ser os óculos e o cabelo bagunçado e as roupas que faziam parecer que eu era uma grande bola de gordura – disse um tanto irônica sentando naqueles bancos altos que geralmente se tem em bar.

– Você não parecia uma grande bola de gordura – ele respondeu rápido. – Na verdade era bastante claro que aquelas roupas eram grandes demais para você.

– Obrigada, Malfoy – sorri irônica. – Se não se importa, eu estava indo embora.

– Mas eu me importo – ele impediu que eu levantasse da cadeira.

– Você se importa com a mina que você vai pegar – sorri para ele. – E ela com certeza não vai ser eu, então é melhor você ir em direção à sua caça – apontei as meninas na pista de dança com saias que mostravam seus úteros de tão curtas, saltos maiores que o Empire State e maquiagens dignas de palhaços.

– Prefiro ficar aqui – ele se ajeitou melhor na cadeira à minha frente, de um jeito que conseguisse me manter ali.

– Por que você está fazendo isso? – perguntei sussurrando em seu ouvido e ele soltou um risinho.

– É a nossa formatura – ele disse como se respondesse a todas as minhas perguntas. – Se não fosse hoje, agora, não ia ser nunca. Eu não conseguiria passar a minha vida toda sem saber como seria beijar você, tocar você... – ele foi deslizando sua mão pelo meu braço, que logo puxei para longe dele.

– Isso está parecendo um daqueles discursos muito bem ensaiados para levar qualquer uma aqui para a cama – retruquei e ele revirou os olhos com um sorriso que aposto que ele usava para seduzir as menininhas.

– Qualquer uma não – ele pareceu irritado, ouso dizer que até ofendido com essa afirmação. – Você.

– Que cantada ruim! – eu exclamei rindo e senti sua mão passando pela minha cintura, ele tinha descido da cadeira e me puxava para fazer o mesmo.

– Está funcionando? – ele perguntou esperançoso, olhando mais uma vez dentro dos meus olhos.

– Talvez depois de mais algumas bebidas – menti. Por mais que ele fosse minha paixão de dois anos atrás, não passava disso, minha paixonite de dois anos atrás.

Virei mais um copo de Vodka. O líquido mal escorreu pela minha garganta e ele me olhava em expectativa. Abri a boca para pedir para ele parar de me encarar, mas ele foi mais rápido e me beijou.

Se eu tivesse 15 anos, estaria realizada. Agora, infelizmente, não queria mais nada dele. Ele podia beijar bem, ele podia ter sido meu sonho de consumo um dia, mas agora a simples menção do nome já me faz querer mudar de assunto. Por que simplesmente não o empurro para longe?

Nos separamos e ele estava ofegante, já de olhos abertos a me encarar outra vez.

– Isso é bom demais para ser verdade – murmurou para si mesmo. – Você é boa demais para ser de verdade – eu me senti corando, mesmo que me xingasse por dentro por causa disso.

– Scorpius, não – tentei empurrá-lo para longe. – Nós dois sabemos que isso é errado.

Eu não podia fazer isso. Não podia me deixar levar por ele, ele e seus olhos cinzentos que me olhavam fixamente, mais uma vez. Seus olhos que já encontraram com os meus através dos óculos mais vezes do que posso contar.

Olhares esses que sempre eram combinados com um sorriso, respondido por outro meu, até o dia da suposta gravidez. Logicamente era tudo uma farsa, a menina apareceu com uma mancha vermelha de sangue em uma calça branca três semanas depois da acusação, mas mesmo assim.

Minhas primas diziam que era ciúme. Que eu só parei de responder aos olhares e sorrisos porque não queria aceitar que ele pudesse ter realmente transado com alguma garota que não eu, porque na minha mente éramos almas gêmeas. Não vou falar que a teoria delas era completamente errada, mas não era apenas ciúme. Era também um pouco de raiva de mim mesma.

Naquela época já tinha plena consciência que gostava dele, mas ficava esperando que ele atravessasse o corredor e viesse falar comigo o que, sejamos realistas, era muito pouco propício a acontecer. Talvez, só talvez, se eu tivesse tentado atravessar aquele corredor, agora não estaria tendo esse monólogo interior, nós poderíamos ter tido dois maravilhosos anos juntos e tudo estaria na mais perfeita ordem. Mas eu era covarde demais. Ele era bom demais pra ser verdade.

Senti sua mão acariciando minha bochecha e voltei à realidade. Aquilo era real, ele na minha frente, após ter atravessado não apenas um corredor, mas todo o salão de uma balada, deixando mais do que claro que queria ficar comigo. Depois de dois anos de gelo.

Você sempre vai poder usar a desculpa de que estava bêbada se a Dominique vier te perguntando sobre isso.

– Rose? – ele chamou minha atenção e nossos olhares se encontraram mais uma vez.

Puxei ele na minha direção e beijei seus lábios antes que me convencesse de que aquela era a escolha errada, como eu sempre fazia. Parecia prova teste, você fica em dúvida entre duas alternativas e a que você escolhe é a errada. Mas não naquele momento. Pelo menos uma vez na vida eu escolheria a alternativa certa.

Afinal, eu mesma não conseguia tirar meus olhos dele.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã! (eu espero)



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