– Aonde ele foi? – Thor perguntou aflito assim que Bucky voltou à mesa.

– Não sei. Pediu pra que o deixasse sozinho e sumiu pelo corredor.

Loki disparou em direção à saída da escola e não podia ficar mais satisfeito ao ver que ninguém estava vigiando a porta. Saiu sem se importar com nada, nem com aula perdida, nem se alguém notaria sua ausência – o que, em sua cabeça, não iria acontecer. Yesterday tocava na playlist de seu celular. Era, praticamente, a única música que ele ouvia desde que voltara de Londres, era a que parecia expressar toda a dor que sentia em seu íntimo. Loki apenas caminhou aparentemente sem rumo, mas havia apenas um lugar para onde gostaria de ir.

* * *

O grupo de amigos passou o resto do almoço em silêncio, nunca tinham imaginado que viriam Loki chorar. Thor estava consternado demais para sequer continuar comendo, assim, apenas se recostou em sua cadeira, de cabeça baixa, e esperou a hora de ir para o teatro, para os últimos tempos de aula.

Maria estava pensativa por algo mais que a preocupação com Loki, olhava todos na mesa indecisa se ficava com vergonha agora ou só na hora que chegassem à aula. Havia lido a ficha de sua personagem (repassada pela professora na sexta-feira), aliás, havia lido e relido várias vezes, mas ainda não conseguia processar em sua mente como executaria aquele papel. Nem mesmo com Natasha teve coragem de comentar.

Antes que chegasse a qualquer conclusão, o sinal do fim do horário do almoço chegou e o grupo pôde se dirigir ao teatro. Começariam a ensaiar o musical e estavam até ansiosos para isso, embora ficassem meio acanhados, naturalmente. O único que não estava tendo problemas de timidez era Steve, deixando sua personalidade Zac Efron florescer cada vez mais.

Quando chegaram ao teatro, a professora pediu que deixassem as mochilas sobre as poltronas e subissem ao palco com a honra e a reverência que o teatro merece. Quando a turma toda estava no palco, a professora explicou o que fariam naquele dia: os principais seriam apresentados às suas versões das músicas que cantariam juntos, logo, Steve e Sharon foram juntos para um canto com uma pilha de letras de músicas nas mãos; Bucky faria o irmão da personagem de Sharon e um conquistador de corações que sentia falta de ter alguém para amar e Natasha, seu par, tinha uma personagem semelhante ao personagem dele, juntos descobririam o amor de verdade, fazendo-os dar adeus à vida de arrasadores de corações (Steve achava que a srta. Sprout tinha investigado as vidas dos dois antes de escrever o musical), foram para outro canto para ensaiarem; Tony e Bruce seriam os cientistas rivais responsáveis por todos os efeitos especiais da peça, ou seja, a competição dos personagens era o que abrilhantaria a produção; Sam, Thor e Clint seriam líderes da turma de delinquentes que perseguiria o casal principal e seus amigos; por fim, Maria era a líder do grupo de garotas populares e poderosas, nem um pouco frescas, que praticamente dominava a faculdade na qual os personagens estudavam, e ela estava extremamente nervosa porque não conseguiria se soltar.

– Srta. Hill, eu confio no seu potencial. Poderia ter escolhido qualquer outra das três garotas que tem o seu timbre vocal, mas escolhi você. Sei que consegue.

– Mas professora, eu...

– Eu sei o que vai dizer. Que não se vê nesse papel e tudo o mais. Maria Hill, minha querida, você é a única que eu vejo capaz de realizar esse papel. E eu quero que você mostre isso pra mim. Vamos!

– O que, agora?!

– Sim, claro. Acredito que conhece sua música solo, não?

– Sim... Sim, eu conheço, mas... tem certeza?

– Anda, Maria! – Tony instigou – Mostra pra nós o que você tem!

– Calado, Stark! – ela ralhou, com vergonha e sem a menor ideia de onde tiraria uma garota popular e poderosa, sendo tão quieta e meiga.

– Vamos, srta. Hill. Respire fundo e mande ver – a professora incentivou, com certeza absoluta de que sua aluna conseguiria.

Maria respirou fundo, prendeu o cabelo num coque, fechou os olhos e contou até dez. Ao abri-los novamente, sua expressão era totalmente diferente da que costumava ser.

– First things first, I'm the realest! Drop this and let the whole world feel it! And I'm still in the Murda Bizness, I can hold you down, like I'm givin' lessons in physics. You should want a bad bitch like this. Drop it low and pick it up just like this! Cup of Ace, cup of Goose, cup of Cris! High heels, somethin' worth a half a ticket on my wrist! Takin' all the liquor straight, never chase that. Rooftop like we bringin' '88 back. Bring the hooks in, where the bass at? Champagne spillin', you should taste that! – ela deu três passos cheios de atitude em direção ao centro do palco e começou a cantar o refrão, fazendo o queixo de Sam cair – I'm so fancy! You already know! I'm in the fast lane from LA to Tokyo. I'm so fancy! Can't you taste this gold? Remember my name, 'bout to blow!

Ela começou a caminhar entre os meninos, fazendo questão de levantar o queixo caído de Sam e dançar de modo sedutor diante dele. Se alguém contasse, ninguém jamais acreditaria que aquela era a mesma Maria Hill de meia hora atrás.

– I said baby, I do this, I thought that, you knew this. Can't stand no haters and honest, the truth is and my flow retarded, they speak it, depart it. Swagger on super, I can't shop at no department. Better get my money on time, if they not money, decline! And swear I meant that there so much that they give that line a rewind. So get my money on time, if they not money, decline! I just can't worry 'bout no haters, gotta stay on my grind. Now tell me, who that, who that? That do that, do that? Put that paper over all, I thought you knew that, knew that. I be that I-G-G-Y, put my name in bold! I been working, I'm up in here with some change to throw – e ela começou a bater as palmas na batida do rap, cantando o refrão duas vezes – I'm so fancy! You already know! I'm in the fast lane from LA to Tokyo. I'm so fancy! Can't you taste this gold? Remember my name, 'bout to blow! I'm so fancy! You already know! I'm in the fast lane from LA to Tokyo. I'm so fancy! Can't you taste this gold? Remember my name, 'bout to blow!

E todos bateram as palmas mais efusivas que podiam bater. Céus, ela própria estava surpresa consigo mesma. Sam estava a ponto de explodir, os batimentos a mil por hora, vendo Maria com olhos totalmente diferentes agora.

– Eu lhe disse, srta. Hill, você é perfeita para o papel!