You Are The Best For Me escrita por Silvia Moura


Capítulo 3
Baby, You Mess With My Head


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: "Can't Remember To Forget You", Shakira ft. Rihanna



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– Você realmente não sabe disfarçar! – Steve, deitado na cama de Bucky, jogou uma almofada com força no peito do amigo, que acabava de sair do banho.

– Do que você tá falando, maluco?!

– De você se declarando pra Nat no teatro hoje. Nhonhonhooo!!

Bucky franziu o cenho, olhando para Steve.

– Cara... eu tô estranhando você, sério. “Nhonhonho”?

Steve riu.

– Não disfarce! Você ficou com as bochechas vermelhas, Bucky! Eu nunca pensei que você se declararia pra ela daquele jeito.

– Não foi uma declaração! Quer dizer... não era pra ter sido tão abertamente assim.

– Aham... – Steve arqueou as sobrancelhas sugestivamente.

Bucky se sentou na poltrona, os cabelos molhados pingando água sobre seu peito escorrendo até a bermuda preta, a toalha pendurada sobre seu pescoço. Teria sido tão explícito assim? Será que a turma toda sabia agora? Que droga... até onde ele se lembrava, pelo menos, odiava chamar atenção.

– Há quanto tempo você sabe?

– Desde que você ficou irado quando ela bebeu vodka pela primeira vez e ficou com o Trio Pateta. Lembra, o baile de Boas-Vindas do nosso primeiro ano?

– Céus... Por que nunca me disse que sabia?

– Ah, eu quis esperar você me contar. Você nunca se abre com ninguém, parceiro!

Bucky sabia que era verdade.

– Cara... eu nunca vou ter chance com ela! Já viu como ela é segura de si? Ela tem quem ela quer na mão dela sem jamais ficar na mão de ninguém. E ela é linda... Nunca vai olhar pro estranho aqui!

– Ah tá. Ela é linda. E você acha que você é o quê, bonitão?

– Steve... você tá me assustando. Primeiro me agarra, depois vem com “nhonhonho” e agora vem me elogiar assim. QUAL É A TUA?

– Relaxe, meu caro, você não faz meu tipo. Mas sério, por que ela não olharia pra você? Bucky, você é um dos caras mais desejados dessa escola!

– Desde quando?!

– Eu realmente subestimei sua amnésia. Você se esqueceu que metade da população feminina do primeiro e segundo ano deixou cartinhas pra você quando éramos calouros no prédio do ensino médio? E que no primeiro semestre do ano passado elas se juntaram às calouras novas e fizeram o movimento “Bucky Mania” a fim de oficializar o fã-clube e ganhar alguma notoriedade vinda de você?

– Ok, você só pode estar de brincadeira comigo.

– Quisera eu! Tá, não foi tão exagerado. Elas não fizeram uma passeata nem nada, mas que rolou bottons da Bucky Mania sem dúvida rolou. Até eu ganhei um! Olha aqui.

Steve tirou de um bolso da mochila um botton com alfinete quebrado. Era uma foto de Bucky olhando para cima casualmente, mas depois de tanto photoshop, ele parecia um personagem dramático de filme adolescente, do tipo que as garotas olham e dizem “vem chorar no meu colo, bebê”. Embaixo, com letras super frescas e rosinhas, lia-se “Bucky Mania”.

– Certo... Você... é um... Bucky Maníaco, então?

E foi impossível não cair na gargalhada. Um cara grande como o Steve, forte como o Steve, andando por aí com um botton da Bucky Mania era algo cômico demais! Nem o próprio Steve aguentou e começou a rir também.

– Eu sou, parceiro! E usei esse botton quase todo o período que você esteve fora. Ele quebrou no dia em que o ônibus da escola quase bateu num caminhão desgovernado, pouco antes do verão. O motorista parou bruscamente e minha mochila voou do assento. A única coisa com a qual me importei foi o botton. E ele estava quebrado.

Bucky fez as contas. O verão tinha começado havia três meses, o incidente aconteceu pouco antes. Ele ainda estava em coma nesse período. Steve só queria sentir o amigo perto dele o máximo que era possível. A risada se tornou um sorriso de agradecimento, um sorriso de emoção. Steve era um verdadeiro irmão. Ele amava aquele projeto de Zac Efron super musculoso.

– Como foi que eu reagi à Bucky Mania na época? – sentiu medo da resposta.

– Bom... Na frente delas você sorria e dizia “Quê isso, meninas, não exagerem, não sou tudo isso, não”. Por trás, você saía correndo com medo de elas te raptarem e te forçarem a ficar com elas. Não que pudesse ser algum sacrifício, várias delas são umas gatinhas, mas você não queria graça com nenhuma. E olha que você nunca foi essa santidade toda.

– Ei! Eu nunca fui um canalha, não. Eu só saí com garotas que valiam à pena.

– Mas não teve um relacionamento sério com nenhuma das... três.

– Porque depois elas mostraram que eram tão fúteis quanto as outras. As três só serviram pra me engordar, levando em consideração que meu passeio habitual é levar a menina pra um fastfood.

– Por isso você não arruma ninguém. Elas querem que você as leve pra comer salada, seu idiota.

– Deus me livre! Isso é frescura demais pra mim. É só pegar firme na academia depois, qual é o problema delas?

Eles ficaram calados por um tempo, perdidos em pensamentos sobre o porquê de garotas serem tão exageradas com a aparência e se esquecerem de viver a vida de um jeito mais feliz – na cabeça deles, isso é sinônimo de “não ter problemas com fastfood”.

– Você não faz ideia do que foi a Grande Comoção, cara... – Steve disse, pensativo.

– A Grande o quê?

– A Grande Comoção. Imagina aquela massa de garotas inundando os corredores do colégio porque o super muso estava hospitalizado gravemente. Só imagina. Elas sentiram falta do seu sorriso brilhante. Mas, àquela altura, todas já sabiam que você não daria chance a elas. Só houve quatro garotas que posso dizer que realmente se preocuparam com você.

– Quais foram?

– Nossas amigas. Sharon Carter e Pepper Potts, que estão em intercâmbio na França...

– Ahá! Por isso você entrou pra aula de francês! A Sharon fala francês não é?

Steve ficou vermelho feito uma cereja gigante.

– Isso não vem ao caso agora, ok? A conversa é sobre você, não sobre mim...! Enfim... elas duas, Maria Hill e, derreta-se, meu amigo, Natasha Romanoff.

Bucky não escondeu o sorriso e se jogou pra trás na poltrona. Ela se preocupou comigo. Ela sentiu minha falta. E sentiu-se derreter por completo ao fechar os olhos e visualizar aquela menina perfeita diante dele, ao mesmo tempo que tinha medo que ela apenas quisesse brincar com seu coração, como fizera com outros.

* * *

Natasha rolava na cama de um lado pro outro. Chegara em casa disposta a fechar os olhos e esquecer aquele dia! Aquele sentimento já estava fazendo mal a ela, começava a ver coisas! Por que ele estaria cantando aquela música pra mim? Logo pra mim, que fui capaz de entornar vodka e ficar com os Três Patetas no primeiro ano e colecionei garotos no segundo? Nat sabia o poder que tinha sobre os meninos e, por várias vezes, fez questão de quebrar o coração deles. Aqueles que tinham coragem de se aproximar dela se achando os maiorais, reis da cocada preta que finalmente domariam aquela fera, eram os que mais sofriam.

O processo era rápido. Ela dava chance, o cara andava de peito estufado na escola por uma semana. Durante essa mesma semana, ela fazia o pobre coitado se apaixonar perdidamente por ela, e então dava um pé na bunda do otário. Todos já sabiam como funcionava, mas mesmo assim sempre tinha o metido – geralmente do time de futebol americano – que pensava que mudaria o quadro e seria o grande detentor do coração dela. Tony a apelidou de Viúva Negra por causa disso.

Mas nenhum deles realmente tinha chance. O coração de Natasha foi tomado por Bucky Barnes no nono ano, na primeira vez que ela o viu com uma garota. Foi insuportável vê-lo conversando com Steve sobre chamar a menina mais sonsa da escola pra sair. Ela queria dizer pra ele que ela era uma falsa artificial que não tinha sentimento algum por ele, quase chegou a fazer isso, mas se deteve no meio do caminho. Ele a acharia ridícula se fizesse aquilo, acharia que ela estava simplesmente com inveja e todos perceberiam que ela estava interessada nele. Não! Isso não! Era melhor esquecê-lo. Se ele era do tipo que ficava com meninas falsas e fúteis, não valeria à pena investir nele. Decidiu largar de mão. Mas nunca conseguiu.

O telefone do quarto toca, a fazendo despertar das lembranças.

– Nat? Tá tudo bem? – a voz de Maria soa do outro lado da linha.

– Oi, amiga, estou bem sim...

– Tem certeza? Você saiu à mais de mil por hora quando a aula de Artes acabou. Nem parece que arrasou no palco. Aconteceu alguma coisa?

Nat apenas suspirou fundo.

– É o retorno do Bucky?

Novo suspiro.

– Tô indo pra aí!

Cerca de quinze minutos depois, Maria Hill aparecia feito uma espiã pela janela do quarto de Nat. Um dia ela com certeza ainda iria entrar pra Inteligência Americana. Nat sorriu ao ver a amiga entrar no quarto e se sentou na cama quando ela fez o mesmo.

– Anda, desabafa comigo.

Nat suspirou de novo, mas conseguiu falar dessa vez.

– Eu não consegui falar com ele hoje, Maria... Eu cheguei atrasada e só fui vê-lo no terceiro tempo, mas, antes que eu conseguisse me levantar da cadeira pra ir lá dizer oi, a aula começou. Nunca senti tanta raiva da Madame Lupin!

Maria riu.

– E depois, no almoço, quando eu ia falar com ele, o Barton me interrompeu, arrumou lugar pra mim, me fez sentar e não me deixou retomar a conversa, ou o que quer que eu tenha conseguido dizer, com o Bucky. Eu preciso dar um jeito nisso!

– Clint... Sempre atrapalhando...

– É! Poxa, ele é legal e tal. Por um tempo eu até cogitei a ideia de dar uma chance a ele mas... sei lá! Ele gruda demais em mim! E eu não conseguiria machucá-lo. Não posso ficar com ele pensando no Bucky.

– Já tentou falar com ele sobre isso?

– Ah tá, e ver um cara do tamanho dele fazendo manha? Nem pensar!

– Que tamanho? Ele é dois centímetros, no máximo, mais alto que o Tony! Tamanho tá é em falta ali!

As duas se olharam sérias por dois segundos pra depois caírem na gargalhada. Nat precisava mesmo rir um pouco. Vivia em uma tensão constante desde o acidente de Bucky, ansiando pela volta dele, tentando tomar coragem para se declarar para ele, mas não tinha coragem. Principalmente depois de vê-lo cantar daquele jeito.

– Pra quem você acha que ele cantou hoje?

– O Clint?

– Nããão. O Bucky...

– Ah, de onde eu estava, tive a impressão que ele estava olhando pra você.

– Pareceu... mas duvido muito. Eu sou a Viúva Negra, lembra? O Bucky não é do tipo que perde tempo com meninas que ficam com vários caras. Essa história de tentar fazer ciúme nele foi um tiro pela culatra. Você bem que me avisou né?

– Eu não ia falar nada, mas... – Maria encolheu os ombros.

– Tinha uma das Bucky Maníacas bem do meu lado. E... ela parece uma modelo! Loira, de pele bronzeada, alta e torneada! Que chance eu teria contra ela? E o pior de tudo: ela não é das fãs escandalosas dele. É das mais quietas. É bem provável que ele não conseguisse mesmo “tirar os olhos de cima dela” como ele cantou.

– Então por que você não canta pra ele? Se por música você está tirando conclusões, dê conclusões musicais a ele também.

– Não posso...

– Por quê?

Natasha apertou o play no controle remoto de seu aparelho de som. Uma batida meio raggae, meio pop de um playback começou a tocar e Nat soltou a voz:

I left a note on my bedpost. Said not to repeat yesterday’s mistakes, what I tend to do when it comes to you. I see only the good, selective memory. – olhou para Maria e sorriu, cantando: – The way he makes me feel, yeah, gotta hold on me! I’ve never met someone so different... Oh here we go! He a part of me now, he a part of me – ela pegou uma foto que havia tirado com Bucky no Halloween do primeiro ano, que estava em sua mesa de cabeceira – So where you go I follow, follow, follow!

As amigas se olharam sorrindo e cantaram juntas:

Oh, oh, oh, oh! I can’t remember to forget you! Oh, oh, oh, oh! I keep forgetting I should let you go! But, when you look at me, the only memory is us kissing in the moonlight – no sonho mais perfeito que Natasha já tivera – Oh, oh, oh, oh! I can’t remember to forget you! Oh, can’t remember to forget you!

Natasha olhou para Maria com um certo desespero:

The way he makes me feel like... the way he makes me feel... I never seemed to act so stupid! Oh here we go...! He's a part of me now, he's a part of me. So where he goes I follow, follow, follow! Oh, oh, oh, oh! I can’t remember to forget you! Oh, oh, oh, oh! I keep forgetting I should let you go! But when you look at me, the only memory, is us kissing in the moonlight... Oh, oh, oh, oh! I can’t remember to forget you!

As duas se jogaram na cama rindo de si mesmas. Natasha se sentia mais leve quando cantava, mas cantar exatamente o que se passava em seu coração a deixara um pouco mais deprimida. Ela gostava demais de Bucky, mas tinha certeza absoluta que depois de ter aprontado tanto com outros meninos, ele não olharia para ela como ela gostaria. Não poderia estar mais enganada. Nem imaginava que, naquele exato momento, ele também se jogava deitado em sua poltrona, com os pensamentos totalmente voltados para ela.


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Notas finais do capítulo

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