You Are The Best For Me escrita por Silvia Moura


Capítulo 2
I Really Missed You




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– Bucky... – Steve chamou – Bucky!

– Hã? Oi? Que foi? – o garoto acordou de seu torpor.

Bucky estava distraído demais desde a aula de Francês, no terceiro tempo. Nem ouvira o sinal soar para a hora do almoço. Steve agitava a mão diante dos olhos do amigo para tentar trazê-lo de volta à realidade.

– Cara, o que você tem? Tá estranho desde a aula da Madame Lupin!

Bucky se segurou pra não rir.

– Aula de quem?!

– Ah para! Você sabe que eu fico estranho falando francês...

– Eu não sei porque você entrou nessa aula – tentou ganhar tempo pra inventar uma desculpa – Sempre odiou francês!

– Perdi uma aposta com o Tony. Um ano de pagamento, isso é malvadeza! Mas não muda de assunto, anda. Me fala por que você tá estranho. Tá sentindo alguma coisa na cabeça?

– Não, não é isso. É só... eu fico assim às vezes. Como se estivesse tentando me realocar.

Os dois se levantaram, pondo as mochilas às costas. Steve desconfiou da resposta, mas preferiu não falar nada. Talvez Bucky estivesse sim sentindo alguma coisa, mas não queria dizer. James Buchanan Barnes sempre fora o ideal de fortaleza de Steve. Era sempre aquele que dava apoio aos amigos, aquele com quem todos sabiam que podiam contar, em quem sempre poderiam confiar. O lado ruim disso era que ele nunca pedia apoio, nunca dizia quando estava triste ou chateado, assim, ninguém sabia quando ele precisava de alguma coisa. Steve tinha medo que algum dia isso sobrecarregasse demais seu amigo.

Chegaram ao refeitório dois minutos depois, onde se sentaram à mesa com Tony Stark e Bruce Banner, os Science Bros., Clint Barton, Sam Wilson, Phil Coulson e Thor Odair. Todos falavam loucamente, menos Bucky, que se mantinha quieto, sorrindo levemente de algumas piadas que ouvia, mas sem prestar atenção realmente a quase nada da conversa. Percorria os olhos por todo aquele local, tendo, vez ou outra, flashes de alguns momentos vividos ali (para sua tristeza, lembrou-se da primeira vez que Steve declarou publicamente seu desejo de ser um High School Musical e começou a dançar Stick To The Status Quo na frente de todos). Dentre os rápidos flashes, lembrou-se de um garoto um ou dois anos mais novo que costumava ficar perto da turma, apesar de, às vezes, não parecer muito à vontade com eles. Era um cara alto e magro, de pele bem branca, cabelos muito pretos bem penteados para trás sempre e olhos verdes sagazes.

– Você tem um irmão, não tem, Thor?

– Tenho sim. Lembra do Loki?

– Isso, Loki! Eu não lembrava o nome... Me veio à memória a lembrança de tê-lo sentado com a gente. Ele não falava muito não é?

– Não. Só quando a Nat se juntava a nós, aí ele ficava elétrico.

– Hmmmm ele ficava elétrico!! – Tony não perdeu a chance de zoar, o que fez Bucky se sentir estranho.

– Que foi, Bruce? Não entendi a piada. Ele gostava dela? – perguntou a Tony.

– Sei lá se gostava. Loki é um cara impossível de entender. E eu sou o Tony, parceiro.

– Ah sim, perdão. Ainda confundo os nomes de vocês, tô meio zonzo ainda...

– Relaxa, cara. A gente entende.

O vento trouxe um perfume de rosas à mesa – se é que havia alguma corrente de ar naquele ambiente fechado. As três garotas da trupe se uniram aos rapazes. Natasha Romanoff, a russa ruiva que vivia na América desde os cinco anos e Maria Hill, a modelo de cabelos castanho-escuros e olhos azuis. Ambas lindas, ambas derretedoras dos corações masculinos da escola.

– Oi, meninos – Nat cumprimentou, com sua habitual segurança e sorriso charmoso.

– Olá, senhoritas – Thor fez as honras.

– Oi, meninas – Bucky cumprimentou de volta, estranhamente tímido.

– Oi, Bucky! Como voc...

– Nat! Senta aqui ó! – Clint cortou a conversa com sua nem um pouco disfarçada paixonite por Natasha.

Bucky olhou para Clint curioso. Mais um afim dela? Sério? E olhou de volta para Nat, não conseguindo ficar muito tempo sem admirar aquele rosto tão belo que agora dava cor e alegria àquela roda de amigos. Tony fez alguma piada sobre Clint disfarçar os sentimentos, mas Bucky não prestou atenção. Todos conversavam animadamente novamente, bom, quase todos, como sabemos.

Steve notou a quietude do melhor amigo e quis inteirá-lo na conversa, mas antes de citar seu nome para trazê-lo à tona, notou que o mesmo só desviava os olhos de Natasha para direcioná-los às batatas fritas que regava com ketchup e maionese. E Natasha Romanoff arrebata mais um coração, pensou consigo mesmo. Sorriu e decidiu deixar Bucky quieto mesmo.

* * *

Depois do almoço, naquele dia, a turma tinha aula de Artes – também conhecida como Show de Horrores dos Backstreet Bobos – e então estariam liberados para irem para casa. Bucky precisaria ainda passar na coordenação e regularizar sua situação em relação às disciplinas que perdera no semestre anterior, quando esteve ausente. Depois de começar a se recuperar, Bucky fez um intenso estudo autorizado pelos médicos. Este estudo o ajudaria tanto a passar nas avaliações de aptidão para o último ano, quanto para o exercício de sua memória e recuperação da mesma. Tendo estudado diariamente, Bucky precisava agendar sua bateria de avaliações para até o fim daquela semana e então estaria totalmente regular.

Na aula de Artes, que ocorria no teatro da escola, a professora anunciou que haveria um musical de inverno e que o último ano havia sido escolhido como o responsável pelo espetáculo. Bucky quase ficou sem ar quando Steve passou o braço esquerdo por seus ombros e bateu com a mão direita no lado esquerdo de seu peito, como sempre fazia em si mesmo ou em quem fosse o coitado que estivesse ao seu lado.

– Senhor Rogers! Quer parar de agarrar a mama esquerda do sr. Barnes por favor?! – a escandalosa srta. Sprout berrou.

Mama esquerda? Essa mulher tá me feminilizando?, Bucky quase teve um troço enquanto seus amigos riam.

– Desculpe, eu fiquei empolgado... – Steve ruborizou.

– E por isso precisa agarrar a mama esquerda do Bucky? – Bruce não se aguentou e arrancou mais risos.

– Querem parar com essa história de mama esquerda? Isso doeu, cara, vai arrumar uma namorada pra agarrar os peitos, eu hein...

Mas Bucky também ria da situação. Depois da algazarra gerada por Steve, a professora iniciou as audições e logo percebeu que não havia muitos talentos no último ano. Cada bizarrice passou pelo palco, cantando (assassinando) as mais diversas músicas, que ela já estava quase sem esperanças quando Steve subiu no palco e cantou – pasmem – Don't Cry For Me Argentina. A mulher deu um grito tão exagerado que, de início, todos pensaram que Steve seria jogado do teatro para fora. Mas ela estava chorando de emoção, vá entender. Resultado: foi escalado para o papel principal.

Natasha veio logo depois dele e cantou Love You Like a Love Song, provavelmente só pra arrasar com os corações dos meninos presentes, todos achando que ela cantava para eles, mas o objeto de sua canção não era nenhum dos retardados que efusivamente batia palmas para ela.

Três alunos vieram depois dela e, para encerrar, foi a vez de Bucky, que permanecera quieto o tempo todo, desde o episódio da mama esquerda, na última fileira de alunos, seu olhar fixo nos brilhantes cabelos ruivos de Natasha.

A professora o chamou e ele se levantou em silêncio. Estava pensando em momentos vividos antes do acidente, no primeiro rosto que viera à sua memória quando acordou, naquela voz que costumava dizer “Jamais vencerá de mim nesse tatame, Barnes” durante as aulas de karatê, no olhar que não saía de sua mente desde o terceiro tempo, quando ela o viu e começou a se levantar para falar com ele pela primeira vez em seis meses, mas foi impedida pelo início da aula, assim como foi cortada pela explosividade de Clint Barton à mesa do refeitório. Não havia outra música para cantar, nenhuma que expressasse o que se passava naquela mente confusa e naquele coração acelerado. Bucky se posicionou diante do microfone e, com a voz mais suave do mundo, cantou, olhando nos olhos de Natasha Romanoff:

You're just too good to be true, can't take my eyes off you. You feel like heaven to touch, I wanna hold you so much! At long last love has arrived and I thank God I'm alive. You're just too good to be true... Can't take my eyes off you...


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