You Are The Best For Me escrita por Silvia Moura


Capítulo 11
It's Time For Blues


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: "Back To Black", Amy Winehouse.



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No dia seguinte, a turma se encontrou diante da entrada da escola, como sempre fazia. Quando o carro dos Barnes estacionou diante do edifício, Rebecca piscou para o irmão e ele sorriu-lhe de volta. Hora do Soldado Invernal. Os dois se despediram dos pais e desceram. Caminharam pela parte cimentada entre os dois campos grandes de grama do jardim até chegarem ao grupo de amigos de Bucky. Bex cumprimentou o grupo e continuou caminhando, Bucky foi até eles e cumprimentou a todos como sempre fazia, Natasha ainda não tinha chegado. Nem Clint.

Bucky agia normalmente e conversava com Sam e Steve quando o carro do pai de Maria estacionou e ela saiu com Sharon e Natasha logo atrás. As três logo avistaram os meninos e caminharam diretamente para eles, fazendo Bucky respirar fundo e incorporar seu novo alter ego de Soldado Invernal. Steve notou claramente a mudança de humor em seu amigo e fez uma anotação mental de se lembrar de conversar com ele depois.

– Oi garotos! – as três cumprimentaram, recebendo um olá dos meninos em resposta.

Steve logo esqueceu de Bucky ao se perder nos lindos olhos azuis de Sharon Carter, que lhe sorria com seu jeito meigo e fofo. Os dois logo engataram uma conversa que mudava de pauta a cada dois segundos. Natasha se aproximou de Bucky como sempre fazia, enquanto Maria falava com Sam sobre um novo filme de ação que estava prestes a estrear.

– Teve uma boa noite?

– Aham, tive sim – ele respondeu seco e desviou o olhar, procurando a irmã. Não conseguiria bancar o malvado com a ruiva por muito tempo. Rebecca o viu de longe e caminhou ao seu encontro.

– Tá tudo bem?

– Sim, está.

– Você tá esquisito...

– Impressão sua – ele respirou fundo e fechou os olhos, tentando segurar a maldade por um pouco mais de tempo. Era preciso. Ela precisava decidir o que queria.

– Tem certeza?

– Absoluta. Por que o interrogatório?

– Eu não tô interrogando você...

– Pareceu estar.

– Bom, desculpa... Eu só... – ela foi interrompida pela chegada de Bex, que abraçou o irmão pelas costas carinhosamente.

– Você disse que ia me ajudar a encontrar o livro na biblioteca, ô esquecido!

– Ah, está você! – ele se virou pra irmã, ficando de costas para Natasha como se ela nem estivesse ali – Eu perdi você de vista quando as suas amigas hienas cor-de-rosa te cercaram com gritinhos.

– Me cercaram pra falar de você, sabe disso...

– Infelizmente, eu sei. Vamos logo à biblioteca, hm? Ah... até depois, Natasha.

– Até... – ela respondeu, sem entender mais nada.

Esperou os irmãos se afastarem uns bons metros antes de puxar Steve pelo colarinho e perguntar se ele sabia por que Bucky estava tão esquisito. A resposta foi algo balbuciado e engasgado que pode ter sido “não sei do que está falando, ele está normal”, o que deixou a ruiva ainda mais intrigada. O que eu fiz de errado?

* * *

Bucky passou os três primeiros tempos calado, sem sequer responder aquelas perguntinhas chatas que os professores fazem para a turma toda responder. Estava tão esquisito que não demonstrou reação alguma ao show de chatice da Madame Lupin no terceiro tempo, aliás, ficou inclinado para frente copiando tudo que a mulher falava, enquanto Natasha, atrás dele, esperava que ele se cansasse daquela aula horrível e se recostasse na cadeira para que ela fizesse o cafuné disfarçado que já estava acostumada a fazer. Mas nada aconteceu.

Era hora do intervalo, Bucky saiu logo da sala sem nem olhar para trás, fazendo Natasha e Steve se entreolharem, totalmente confusos. Assim que saiu da sala, o loiro correu atrás de seu amigo e, ao encontrá-lo, o levou para um canto a fim de perguntar o que estava acontecendo. Bucky explicou tudo, suas dúvidas, suas chateações e o plano de sua irmã para resolver a situação. Steve ponderou por uns minutos no que isso implicava e acabou concluindo que, realmente, aquela era a única opção que o amigo tinha, embora achasse difícil ele aguentar por muito tempo.

Ao sinal do fim do intervalo, os amigos foram juntos para a sala de aula e Bucky permaneceu em silêncio, assim como fora nos três primeiros tempos. Por três ou quatro vezes, o display do celular dele piscou, indicando sms de Natasha.

Toc toc, alguém aí?

Bucky... responde, por favor

Bucky, qual o problema? Você tá tão diferente hoje... Me diz o que tá acontecendo, por favor

Bucky não respondeu a nenhuma das mensagens, ao contrário, largou o celular sobre a mesa junto com o resto de seu material na primeira oportunidade: quando a professora de Literatura os autorizou a pegarem um dos livros da bancada dos fundos para lerem e fazerem um resumo detalhado da história, que deveria ser entregue uma semana depois. Ele se isolou num canto e se desligou completamente do aparelho até a hora do almoço, quando reuniu seus materiais novamente.

– Nat mandou mensagens? – Steve perguntou, vendo o amigo olhar o celular.

– Mandou. Não vou responder, não. Não sou palhaço.

Steve respirou fundo. Aqueles dois se amavam e não se assumiam um para o outro, coisa complicada esse negócio de amor. Ele bem sabia disso, apesar de estar vivendo quase um mar de rosas com Sharon.

O grupo se sentou junto para almoçar, como sempre faziam, mas Bucky foi se sentar com Tony, Bruce e Phil naquele dia, de modo que nada impediu Clint de marcar presença ao lado de Natasha, embora ele também estivesse quieto, sem puxar assunto ou encher a paciência dela em momento algum. Quase todos estavam reunidos ali. Somente Thor e Loki, que tinham ido falar com a professora de Artes antes da aula, e Sam não estavam à mesa. Phil se entretinha com Tony e Bruce em algma coisa bem engraçada quando Maria o chamou, perguntando por Sam.

– O Sam...? Ah! Ali, ó. Com a doidinha da biblioteca, de novo.

Maria se virou para onde Phil apontava e sua expressão fechou completamente, sem que ela conseguisse sequer pensar em disfarçar, embora somente Phil e Bruce tivessem notado alguma coisa. Sam estava no maior amasso com a tal garota da biblioteca nos degraus mais altos da escada.

– Mas... ele não tinha terminado com ela? – a pergunta saiu sem que ela percebesse.

– Até tinha. Mas a garota não parava de persegui-lo e, convenhamos, ela é gata – Tony respondeu no lugar de Phil.

– É. Ela é bem bonita mesmo.

Maria virou-se para frente e sua expressão tristonha chamou a atenção de Natasha, que estava entusiasmada demais numa conversa com Clint – o próprio garoto estava surpreso com tanta alegria na ruiva –, o que na verdade era só uma tentativa desesperada de chamar a atenção de Bucky.

– Tudo bem, Maria?

A resposta foi apenas um aceno com a cabeça. Um “sim” que claramente queria dizer “não”. As fracas suspeitas de Natasha se confirmaram: Maria estava gostando do Sam, era por causa dele que ela sempre dava um jeito de se unir a Thor, Phil e, é claro, ao próprio Sam quando a ruiva estava com Bucky. Natasha percebera até que Maria andava mais moleca, deixara de ter tanta atenção ao America's Next Top Model para saber quais eram os filmes de ação mais badalados do momento – não que houvesse algum problema nisso, eram os filmes favoritos de Natasha, só que Maria sempre foi um pouquinho mais... digamos... fresca e tímida.

O fim do almoço chegou e o grupo se levantou para ir em direção ao teatro. Ao subir as escadas, Maria ficou o mais distante de podia de Sam, não queia sequer olhar nada cara dele. O garoto nem percebeu o que tinha feito e, apesar de ter olhado muito para Maria nas últimas semanas, seu jeito inconsequente não o permitia ver o tesouro que ele simplesmente estava deixando escapar.

Depois de dispensar a garota da biblioteca, ele se uniu ao grupo e caminhou com eles em direção ao teatro. Bucky conversava com ele entre risos e piadas, como sempre faziam, quando Natasha o chamou e ele fingiu que não ouviu. Sam ficou quieto e observou os dois, sem saber por que Bucky estava ignorando a ruiva. Ela chamou de novo e dessa vez ele respondeu.

– Quê?

– Posso conversar com você?

– A gente tá indo pra aula, Natasha. Outra hora você fala comigo – e se virou para frente novamente, indiferente à ela e morrendo por dentro, mas ele precisava manter a maldade pelo menos por um dia de aula inteiro!

Ela tentou chamar de novo e Sam interferiu, não querendo que Bucky acabasse sendo cruel com ela, mesmo sem saber o que estava acontecendo.

– Menina! Não tá vendo que esses olhos azuis agora só tem atenção em mim? Ele enjoou de você, sua sem-sal. Bucky Barnes agora é meu, tá? – ele brincou e carregou Bucky pra longe, que se segurava para não soltar uma gargalhada – Ok, Branquelo Magia, pode me falar qual o problema.

– Depois eu explico, cara. Mas valeu por interferir. Ser malvado com ela tá me corroendo por dentro.

À chegada no teatro, onde encontraram Thor e Loki ensaiando Remember The Name juntos, o grupo e mais os outros alunos da turma receberam as ordens da professora. O grupo de desordeiros do qual Thor, e agora Loki, faziam parte deveria ensaiar com a professora a coreografia da música principal deles. Era algo trabalhoso, então ela queria acompanhar de perto. Os outros poderiam ensaiar sozinhos, em duplas ou grupos, como quisessem, desde que ensaiassem. Assim, a turma se dispersou pelo teatro, cada um ensaiando sua parte no musical de inverno.

Bucky pegou seu fone de ouvido, plugou-o ao celular e foi se sentar no canto do palco, logo depois da escada, isolando-se novamente, para ouvir a música que ele e Steve deveriam cantar na peça quando seus personagens assumem o amor pelas meninas. Natasha o olhou de longe e tentou um contato pela última vez naquele dia – começava a se sentir um Clint Barton na vida do Bucky e não entendia por que ele estava diferente somente com ela.

– Oi – ela iniciou, se sentando ao lado dele.

– Oi, Natasha – ele respondeu brevemente e fechou os olhos, tentando se concentrar somente na música.

A ruiva ficou em silêncio. Tentara puxar assunto com ele o dia inteiro e agora que estavam sozinhos, sem ninguém prestando atenção, ele estava tão indiferente quanto antes. Por duas ou três vezes ela pareceu querer falar alguma coisa, mas não sabia o que dizer. Da noite para o dia, Bucky Barnes havia se tornado um estranho para ela, com quem ela não sabia nem o que falar. Tocou-lhe a mão com as pontas dos dedos, devagar, e Bucky não conseguiu resistir a segurar a mão dela de volta. Não olhou para ela em momento algum, mas segurava-lhe a mão como se sua vida dependesse daquilo. Natasha entendeu que ele estava magoado, que durante todo aquele dia ele quis falar com ela, mas estava ferido demais para ceder às suas vontades. Brigou consigo mesma sem saber se o que o machucava era o fato de ela não dar um fora em Clint, ou ela não tomar uma decisão, ou disfarçar quando estavam juntos. Motivo não faltava para aquela chateação, mas palavras lhe faltavam até mesmo para pedir desculpas. Natasha se levantou, soltando a mão de Bucky e foi se sentar do outro lado do teatro.

Acordes de piano soavam ali perto. Uma melodia R&B começou a ser ouvida depois de várias notas disformes e sem sentido algum. Todos olharam na direção do instrumento e viram que Maria Hill estava tocando, surpreendendo novamente, pois ninguém sabia que ela tocava piano. Os tons graves ouvidos formavam uma melodia conhecida e ela apenas mantinha os olhos fechados, nem percebendo que todos estavam em absoluto silêncio. Sua voz soou grave, triste, em perfeita sintonia com a música:

We only said goodbye with words, I died a hundred times... You go back to her and I go back to... We only said goodbye with words, I died a hundred times! You go back to her and I go back to... black...

Ela abriu os olhos e viu a turma olhando para ela, mesmo assim, continuou tocando os acordes da música, como se fosse um playback do refrão. Seus olhos pousaram nos castanhos de Sam e ele leu seu olhar facilmente: “você fez uma burrada, adeus!”. Sentiu o coração martelar no peito ao perceber que estava mesmo tendo sentimentos mais fortes por Maria Hill e que pusera tudo a perder agindo como um idiota qualquer que só quer saber de pegar meninas. A música findou e Maria desviou o olhar, se levantou do banquinho e desceu do palco, caminhando em direção aos seus materiais. Sem pedir permissão ou sequer falar alguma coisa, deixou o teatro com todos calados e estagnados atrás dela. Céus, nem ela própria acreditava naquilo. Agora todos sabiam o que se passava em seu coração.


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