Ficaram apenas alguns dias naquela casa, o tempo suficiente para repor as forças e a esperança, os pôneis tiveram um longo descanso e estavam prontos para seguir viagem até o outro lado da montanha.

Depois de percorrerem milhas, as coisas ficaram ainda mais complicadas, e os perigos da natureza ameaçava a segurança de todos, rochas caíam na subida da montanha. As noites eram frias, Kili lhe aquecia como podia, seja cedendo o casaco a você ou a acolhendo num abraço. Um dia se depararam com uma tempestade repleta de trovoadas e relâmpagos, você tremia nos braços de Kili, depois de observarem ao longe viram que os estrondos eram causados por dois gigantes de pedra que estavam duelando e jogando pedras um no outro. Thorin se enfureceu e mandou que procurassem um local mais seguro para ficarem. Foi encontrada uma caverna não muito distante de onde vocês estavam e era vazia e seca. Gandalf alertou para o perigo das cavernas das montanhas, que raramente eram desabitadas. Mesmo assim não tinham muitas opções e decidiram passar o resto da noite ali.

— (y/n), você está com frio? — Kili lhe perguntou e você acenou que sim com a cabeça.

Ele aninhou você junto a ele e cobriu vocês dois com um cobertor, o frio passou rapidamente.

— Você fez mais uma promessa no caminho até aqui — você falou.

Ele olhou para você com ar de interrogação.

— Você prometeu não deixar que nada de ruim me acontecesse.

— Sim — ele disse se lembrando — Mais uma para a estrela Assemorp.

Você riu.

— Não importa o que aconteça ou o quanto você seja boa com espadas — ele fez uma pausa — Não haverá perigo algum de que eu não vá tentar te proteger. Mesmo que isso custe a minha vida.

Kili fez carinho por debaixo das cobertas até você dormir. Ele observou seu sono profundo, assim como cada detalhe seu, lembranças vieram em sua mente desde o dia em que ele a viu pela primeira vez, seu sorriso, sua voz, o que sua presença causava nele, o quanto você o fazia feliz. E por um segundo pensou em como seria sua vida caso algo acontecesse a você. Afastou esse pensamento, pois já estava se tornando insuportável apenas a simples possibilidade de lhe perder. Deu-lhe um beijo na testa e conseguiu finalmente adormecer.

De repente, um susto. Tudo aconteceu muito rápido. Vocês todos caíram por uma fenda que havia sido aberta no chão da caverna e foram parar em uma multidão com dezenas de orcs. Todos batendo, puxando, beliscando. Com todo o alvoroço, vocês foram escoltados até certo orc gigantesco que parecia ser o chefe daquele lugar horrendo.

Os anões foram insultados pelo tal chefe, que não tinha grande simpatia por eles nem muito menos pela família de Thorin. Os orcs começaram a revistar todos, houve um que beliscou você no braço fazendo-o ficar dolorido.

— Aí! — você gritou.

Kili olhou para você assustado.

— Ei! — ele gritou para o orc que havia lhe machucado — Cause mais uma dor a ela e eu juro que acabo com você.

O Gran-Orc perguntou a Thorin o que vocês estavam fazendo lá e ele respondeu de forma disfarçada que era uma viagem para visitar seus parentes. O grande chefe orc mandou seus servos revistarem todos e quando as criaturas viram a espada élfica que estava com Thorin, as criaturas soltaram gritos de puro pavor e chicotearam vocês. Você olhou para Kili que estava recebendo golpes nas costas e gritou agoniada.

— Kili! Não! — você não aguentava vê-lo sendo machucado.

Um orc também a bateu com um chicote nas costas e Kili vendo tudo não estava mais suportando, tentou ir até você, mas os orcs o puxavam para trás. E de repente, uma luz invadiu todo o lugar, uma névoa branca pairou no ar. Era Gandalf, ele ordenou que todos pegassem suas espadas e lutasse. Assim fizeram, sua faca e seu arco e flecha estavam perto, você disparava contra os orcs com tamanha fúria, assim como Kili. Gandalf matou com um só golpe de sua espada o Gran-Orc e depois guiou vocês para a saída, que estava abarrotada de orcs. Mesmo assim, conseguiram finalmente escapar da montanha.

Gandalf contou um por um e se deu conta de que faltava alguém.

— Onde está Bilbo? — ele perguntou preocupado — Onde está o nosso ladrão?

Todos olharam em volta e não viram nenhum sinal de Bolseiro. Até que finalmente ele apareceu. Antes que pudessem correr para longe dali, você sentiu sua perna doer e soltou um “ai” baixo. Mas Kili ouviu.

— O que houve? Você está bem (y/n)?

— Não, minha perna está doendo — você tinha sido atingida por uma espada orc e o sangue escorria até seus pés.

Kili estava assustado e preocupado, pegou você nos braços e disse:

— Não se preocupe, estou aqui, você vai ficar bem.

Naquele momento um uivo tomou conta da colina, eram lobos. Gandalf avistara as árvores à frente e mandou todos correrem até elas. Kili estava cansando e mesmo assim corria o mais rápido que podia. Depois de um bom tempo, chegaram a uma clareira e aquele era o local onde a alcateia se reunia.

— Subam nas árvores — Gandalf ordenou.

— Eu não consigo — sua perna doía cada vez mais e você não conseguiria subir.

Os lobos se aproximavam, o desespero tomava conta, apenas Kili e você ainda estavam em baixo, todos já haviam subido nos galhos.

— Kili, suba — você pediu, queria que ele sobrevivesse.

— Não sem você — ele falou seriamente.

Kili colocou você nas costas e pediu que segurasse firme enquanto tentava escalar o tronco. Ele estava com as pernas cansadas, pois havia corrido com você nos braços durante todo aquele tempo. Quando finalmente chegaram a um galho, os lobos formaram um círculo lá em baixo, e montado neles havia orcs. Rosnavam e tentavam subir, mas não conseguiam. Então começaram a bater na árvore, balançando-a bruscamente, em uma dessas batidas você se desequilibrou do galho e quando estava prestes a cair, Kili segurou seu braço.

— Kili! — você gritou, seu braço estava escorregando.

— Eu não vou soltar você! — ele gritou.

Mas agora sua mão também estava escorregando, você sentia que era o seu fim. Olhou mais uma vez para Kili, esta seria a última vez que veria aquele rosto?

— Kili, me solte — você disse — Não há jeito.

— Não posso deixar isso acontecer — uma lágrima descia pelo rosto de Kili — Eu não posso (y/n).

Aquilo abalou todo o seu ser. Mas você não conseguia se perdoar pelo fato de o último sentimento que causaria nele fosse de dor.

— (y/n)... — ele pronunciou seu nome delicadamente — Eu amo você.

Por um instante, não havia floresta, nem lobos, nem ninguém além de vocês dois. Aquelas seriam suas últimas palavras? Você não sabia. Mas mesmo assim, se fossem as suas últimas deveria ser aquilo que Kili guardaria com ele para sempre.

— Eu amo você, Kili — seus olhos lacrimejaram.

Seus últimos dedos se soltaram e à medida que você caía podia ver o desespero de Kili gritando seu nome.

— (y/n)! Não!

Sua vista começou a escurecer e o som de urros e gritos ficou abafado. Antes de apagar de vez você sentiu algo estranho, como se alguma coisa tivesse lhe agarrado. E então tudo desapareceu.